Autor: Denise Rothenburg
Revisão de conselhos deve reduzir salários de ministros e outros servidores
A decisão do governo, de rever todos os conselhos vinculados a órgãos públicos, atingirá em cheio o “jeitinho” usado para elevar salários de ministros, secretários, chefes de gabinete e outros integrantes da administração pública que, praticamente, dobravam os salários ao acumular a participação em vários conselhos.
O “pente fino” nos conselhos foi anunciado há pouco pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, logo depois da reunião ministerial, que serviu, segundo ele, para “alinhamento” da ação governamental. “Vamos avaliar todos os conselhos. Há inclusive conselhos sobrepostos”, disse, com destaque à extinção do Conselhão, dissolvido logo no primeiro dia.
O governo decidiu ainda manter o mesmo critério para as nomeações de segundo e terceiro escalões. Todas as indicações vão passar pelos ministros da área fim, o que antes não ocorria, especialmente, no caso das nomeações para os cargos regionais. Esses cargos eram invariavelmente loteados a apadrinhados de deputados e senadores. “Indicações ocorriam dentro da Casa Civil sem guardar identidade com politicas públicas. O ministro vai analisar a sintonia entre as ações do governo e só depois do OK é que as questões regionais serão resolvidas”, disse Onyx.
Deputados querem nomear apadrinhados
Comentário do blog: Os deputados não desistiram de nomear seus apadrinhados. Essa briga começa agora e promete se aprofundar em fevereiro, quando o Congresso retoma suas atividades.
Bolsonaro precisa manter aceso o sentimento popular para pressionar o Congresso
Depois dos primeiros discursos do presidente eleito, muito se falou sobre a necessidade de “descer do palanque”, que a eleição acabou, etc. Porém, quem o conhece garante que não será bem assim. “Ele simplesmente não pode fazer isso”, diz o professor Paulo Kramer. O presidente Jair Bolsonaro optou por queimar a ponte com o presidencialismo de coalizão. Portanto, precisa manter aceso o sentimento popular para pressionar o Congresso a apoiar a agenda do Poder Executivo.
» » »
É esse sentimento de resgate da bandeira verde e amarela, e da necessidade do ajuste fiscal e das reformas, que ele pretende usar nos próximos meses. Só tem um problema aí, diz o professor: “Como alertava Max Weber, o carisma é inerentemente instável e fugaz, logo, a janela de oportunidade para implementar os pontos prioritários dessa agenda é estreita”. Portanto, o governo vai acelerar nesses primeiros meses e tratar de ganhar tempo onde for possível.
Guedes quer “desjudicializar” a economia
Muitos se perguntaram o que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, comentavam aos cochichos na transmissão de cargo de Guedes ontem à tarde. Era a necessidade de “desjudicialização” das matérias tributárias e a simplificação do tema na Constituição. Vem muita coisa por aí.
Guedes por Rodrigo
A presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na transmissão de cargo de Paulo Guedes, já estava acertada há tempos e a proximidade entre os dois foi fundamental para ajudar a levar o PSL a fechar com a reeleição do deputado para mais dois anos de comando na Casa. Até aqui, avisam alguns, Rodrigo Maia é quem tem mais trânsito e experiência para garantir a agenda de reformas econômicas.
Governo fora
A proximidade entre Paulo Guedes e Rodrigo Maia não garante o apoio fechado do governo ao demista. O presidente Jair Bolsonaro quer ficar distante dessa disputa. Prefere isso a fazer como a presidente Dilma Rousseff, que apoiou Arlindo Chinaglia (PT-SP) contra Eduardo Cunha (MDB-RJ) e perdeu.
Enquanto isso, no Clube do Exército…
Ao falar de improviso na transmissão de cargo do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, o presidente Jair Bolsonaro mencionou que o ex-ministro general Joaquim Silva e Luna “não vai colocar o pijama”. Ao fim da cerimônia, o general disse ao jornalista Leonardo Cavalcanti que ficou surpreso com a referência e garantiu não saber qual cargo poderá ocupar.
Cada um no seu quadrado
Poucos deputados prestigiaram a posse de Sérgio Moro na Justiça. A maioria preferiu mesmo ir ao Planalto, Agricultura, Desenvolvimento Social, Turismo e Saúde, onde os ministros são políticos. Com Moro, estavam o Judiciário e policiais. Em peso.
Guedes, o informal/ O ministro da Economia, Paulo Guedes, não é muito chegado às menções protocolares. Em seu primeiro discurso oficial, dispensou a extensa nominata. Apenas saudou “as autoridades” e agradeceu a todos, “em primeiro lugar, minha família”.
Padrinhos/ Na posse, destaque para Winston Ling e Bia Kicis, que apresentaram Paulo Guedes a Jair Bolsonaro em novembro de 2017. “Jamais imaginamos que hoje estaríamos todos aqui”, disse a deputada. Guedes, à época, ainda sonhava com a candidatura do empresário Luciano Huck.
O Carlos das redes e do Rolls-Royce/ Funcionários que cuidam do Twitter do Planalto não têm feito o expediente completo. Ontem, houve até quem não aparecesse, uma vez que a gestão das redes sociais palacianas ainda não está definida. A culpa, agora, recai sobre Carlos Bolsonaro (foto) — o filho que acompanhou o presidente sentado sobre parte da capota e com os pés sobre o estofado do Rolls Royce presidencial . Há inclusive quem diga, “bem, já que o Carlos tuíta tudo…”
Por falar em servidores…/ Ao exonerar todos os servidores da Casa Civil, não sobraram funcionários nem para atender o telefone. O ministro Onyx Lorenzoni e seus principais assessores tiveram que resolver tudo sozinhos. A intenção da equipe é que, até amanhã, as coisas já estejam normalizadas. Pelo menos, o novo ministro não encontrou computadores apagados e sem HD, como ocorreu na passagem de Dilma para Michel Temer.
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, anunciou nesta quarta-feira (2/1) a exoneração de 320 servidores em função gratificada e DAS. A medida, segundo ele, é para “governar sem amarras ideológicas” e atinge todos os que trabalhavam no governo do presidente Michel Temer, que ainda não tinham pedido afastamento. Atinge, ainda, outros do tempo do PT que, na troca de governo de 2016, quando houve o afastamento da presidente da Dilma Rousseff, pediram para permanecer e foram atendidos. Na reunião ministerial desta quinta-feira (3/1), Lorenzoni pedirá aos demais ministros que façam o mesmo. As exonerações da Casa Civil já serão publicadas no Diário Oficial da União desta quinta-feira. “Vamos retirar de perto da administração pública federal todos aqueles que têm marca ideológica clara. Todos sabemos do aparelhamento que foi feito nos quase 14 anos que o PT aqui ficou”, afirmou o ministro.
Porém, no caso dos demais ministérios será apenas uma “sugestão”, uma vez que, em alguns, casos, os ministros mudaram as equipes. No Ministério do Desenvolvimento Social, por exemplo, o ministro Osmar Terra tinha lá toda a sua equipe, que permaneceu quando ele se desencompatibilizou em abril para concorrer a um novo mandato de deputado federal e quem assumiu foi seu secretário-executivo. Agora que ele retorna, não haverá muito o que exonerar, porque a “despetização” referida por Onyx Lorenzoni já havia sido feita em 2016, quando Temer assumiu o governo.
A ideia do governo de exonerar todos os que foram nomeados pelo PT vem de outros os tempos. A equipe que montou o organograma do governo fez ainda um mapeamento de todas as nomeações ocorridas ao longo dos últimos anos, conforme anunciou a coluna Brasília-DF em novembro. Além dos nomeados e indicados pelo PT, o governo faz ainda um pente fino nas estatais, para mapear quem está acusado de corrupção. Esse tema também será abordado na reunião de hoje, 9h, no Palácio do Planalto.
Marun
O presidente Jair Bolsonaro, entretanto, não pretende mexer na nomeação de Carlos Marun para conselheiro de Itaipu Binacional. Segundo Onyx Lorenzoni, ele fará esse gesto de apreço ao presidente Michel Temer, uma vez que tudo foi feito dentro da lei vigente e do mandato do ex-presidente. Além disso, conforme o ex-ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, anunciou em seu discurso, houve muito boa vontade e entrosamento entre aqueles que chegam e a equipe que deixa a Casa Civil. O governo analisará caso a caso aqueles que, exonerados hoje, desejem, permanecer.
Em tempo: A funcionária que deu um tapa no hoje senador eleito Major Olímpio numa solenidade ainda no governo Dilma Rousseff, em que ele gritou “fora Dilma” dentro do Planalto, deixou o cargo na época em que Dilma se afastou.
Desencontro de informações no decreto de aumento do salário mínimo
Na pasta que o novo subchefe de Assuntos Jurídicos do Planalto, Jorge Francisco, levou para o segundo andar do Palácio do Planalto durante a posse, estava o texto do decreto que reajusta o salário mínimo para R$ 998. Estava tudo previsto para que fosse publicado na edição extra do Diário Oficial da União ontem. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, entretanto, dizia que o novo valor não entraria naquela edição do DOU. No fim do dia, o decreto estava assinado e pelo valor dito por Jorge.
O desencontro de informações indica que será preciso organizar a hierarquia palaciana. A subchefia de Assuntos Jurídicos responde à Casa Civil, que estará sob o comando de Onyx. Se o governo começar nesse tom, com o subsecretário dizendo uma coisa e o ministro, outra, daqui a pouco, terá problema.
Vai encarar?
O presidente do PSL, Luciano Bivar, passou parte da solenidade de posse tentando convencer o senador eleito Major Olimpio (SP) a concorrer à Presidência da Casa contra Renan Calheiros (MDB-AL) , Davi Alcolumbre (DEM-AP) e quem mais chegar. Olímpio ficou de pensar.
Enquanto isso, na Câmara…
A intenção de Eduardo Bolsonaro, de, se possível, pleitear a Comissão de Relações Exteriores, foi lida como uma possibilidade de jogar junto com um bloco de partidos na Casa e apoiar Rodrigo Maia. De concreto, entretanto, nada indica que o filho do presidente eleito seguirá nessa direção.
Novos ventos
Presente à posse de Bolsonaro, Luciano Hang, dono das lojas Havan, disse à coluna que pretende investir R$ 500 milhões. A empresária Cristina Boner, radicada em São Paulo, vislumbra novos investimentos decorrentes do novo governo.
Um porto problema
O governador de São Paulo, João Doria, disse à coluna que pretende voltar a Brasília em breve para conversar com o presidente Jair Bolsonaro sobre a privatização do Porto de Santos. Depois que o porto foi alvo de denúncias da Lava Jato, há quem considere que só a privatização acaba com a confusão por ali.
Ponto alto/ Nunca antes na história deste país uma primeira-dama arrancou lágrimas dos convidados à cerimônia de posse. Michelle Bolsonaro inovou com sua mensagem em Libras e já na largada marcou a diferença para todas as demais. É uma personalidade a ser observada no futuro governo.
Sem noção/ Enquanto a maioria das pessoas se mantinha em posição de sentido durante o Hino Nacional, um servidor com distintivo de Polícia Legislativa fixado no cinto ficou na área reservada à imprensa junto com um amigo posando para fotos, com o tradicional gesto de imitar uma arma.
Pressão sobre Garcia/ O jornalista Alexandre Garcia foi convidado para assumir a Secretaria de Imprensa do Planalto. No dia 31, já passava das 16h quando ele recusou o convite. O novo governo, entretanto, promete insistir.
Cristovam e Jucá/ Na posse do governador Ibaneis Rocha, os senadores Cristovam Buarque (foto) (PPS-DF) e Romero Jucá (MDB-RR), dois atores do mundo político, ficaram lado a lado, trocando impressões sobre o futuro. Até agora, poucas certezas e uma constatação: a política permanece necessária para promover consensos. E caberá aos novos governantes e congressistas estabelecer os parâmetros.
Além de formar a base política, o governo do presidente Jair Bolsonaro terá que, aos poucos, tentar harmonizar a sua relação com a imprensa. No Congresso, por exemplo, assessores informaram que, por ordem do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), foram retiradas todas as poltronas do Salão Verde. Uma jornalista grávida conseguiu uma cadeira graças a uma assessor da Câmara que enfrentou o segurança do Senado e levou uma cadeira até o Salão Verde para a repórter. Nos bastidores, houve quem dissesse que as cadeiras foram retiradas porque havia o receio que alguém jogasse uma cadeira nas autoridades.
Na chegada ao Congresso, 9h07 da manhã, depois de mais de uma hora de espera no CCBB, nem água estava liberada para os jornalistas. O acesso à sala de café anexa ao plenário foi cortado. Só depois de muita reclamação, houve a liberação do acesso ao Comitê de imprensa do Senado. O da Câmara ainda permanece fechado, mas o presidente Rodrigo Maia prometeu abrir. O vice-presidente, Fábio Ramalho, permitiu o acesso ao seu gabinete para café e água. A liderança do Democratas, idem.
Enquanto isso, no Itamaraty, jornalistas foram confinados numa sala, de onde só poderiam sair depois das 17h. Um grupo de jornalistas estrangeiros pediu inclusive para voltar ao CCBB, a fim de tentar fazer a cobertura por outros meios, que não a simples visualização da chegada das autoridades.
Alguns, entretanto, tiveram acesso privilegiado. Há um grupo seleto, escolhido a dedo pelo governo que assume daqui a pouco, convidado a fazer uma cobertura especial. Se uma boa relação não for estabelecida, à maioria dos jornalistas restará a frase da juíza Gabriela Hardt, estampada dia desses na camiseta da primeira-dama: “Se começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema”. Aliás, não são poucos os profissionais que agora de manhã repetiam essa frase aqui no Congresso. E segue o baile da espera pela posse do presidente Jair Bolsonaro.
Ministros são orientados a blindar Bolsonaro no caso Queiroz
Por mais frouxas que sejam as explicações do ex-assessor Fabrício Queiroz em relação à movimentação financeira atípica detectada pelo Coaf, o governo que assume daqui a três dias está com tudo preparado para manter esse assunto bem longe do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Entre todos os ministros, a ordem é dizer em alto e bom som que esse tema não é assunto de governo e que quem deve responder é o próprio Queiroz.
Ainda que, por hipótese, o ex-chefe de Queiroz, o deputado estadual Flávio Bolsonaro, senador eleito, seja chamado a dar qualquer explicação, ele estará lá como integrante da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). E, sendo assim, dizem alguns, o assunto morrerá nos gabinetes palacianos. Afinal, ali não faltam assuntos importantes a tratar, como a reestruturação do governo e a economia.
Ninguém sai
É bom o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, se acostumar com a prisão. A avaliação de promotores do Rio de Janeiro é a de que ele não sai de lá tão cedo. Foi por isso, inclusive, que seus advogados pediram e conseguiram que ele não seja enviado a outra prisão quando terminar o mandato daqui a três dias.
O PT e a democracia I
A decisão do PT de não comparecer à posse de Jair Bolsonaro é vista como um sinal de que não terá diálogo algum com o governo no futuro. Dentro do próprio partido, muitos estão preocupados, porque a posição do PT mostra desrespeito aos preceitos democráticos.
O PT e a democracia II
A avaliação de alguns é a de que o PT age hoje da mesma forma que agiu em 1985, ao não votar em Tancredo Neves no colégio eleitoral e punir os que votaram — Bete Mendes, José Eudes e Airton Soares. Resta saber se, desta vez, punirá quem decidir comparecer à posse.
O PT e a democracia III
Naquele período, o papel do PT era “tensionar”, conforme mencionou em várias entrevistas o ex-presidente do partido José Genoino. Daqui para frente, não será diferente. É o PT voltando às origens.
CURTIDAS
Vai faltar lugar I/ No balanço geral, a turma ligada a Jair Bolsonaro nem esquentou com a decisão do PT de não comparecer à posse. É que, contando os 140 convidados do presidente eleito, os parlamentares deste mandato e do próximo, já são mais de 2 mil pessoas.
Vai faltar lugar II/ A solenidade no Congresso é considerada o ponto alto, porque é lá que o presidente eleito assina o termo de posse e profere o discurso político para os Três Poderes.
Menos um/ Quem vai faltar à posse é o atual ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab. Ele fez uma transmissão de cargo simbólica ontem no Ministério, quando se despediu dos funcionários e apresentou o novo ministro, Marcos Pontes, e o futuro secretário executivo, Júlio Semeghini. Kassab embarcou ontem para São Paulo, onde assumirá a Casa Civil do governador eleito, João Dória.
A pausa de Kassab/ O atual ministro não volta para a transmissão de cargo, mas não cortará laços com Brasília. É que a Casa Civil paulista será responsável pela representação do estado de São Paulo na capital da República. Logo, quando reassumir o cargo depois da licença não remunerada que vai tirar no início do governo, ele estará sempre por aqui.
No primeiro ano de governo, Bolsonaro terá dificuldades para investir
A decisão do futuro governo de começar seus serviços pela óbvia reestruturação das pastas, acrescida da revisão dos atos dos últimos 60 dias da gestão Michel Temer, significará uma lupa bem potente sobre os mais recentes leilões de distribuidoras de energia: o da Amazonas Energia e o da de Alagoas, marcado para hoje.
» » »
De quebra, o governo ainda vai jogar mais luz sobre os empenhos orçamentários editados nos últimos dias, que prometem incrementar os restos a pagar. Até aqui, pelas contas da futura equipe, o primeiro ano de Jair Bolsonaro terá muita dificuldade em investir, por causa da quantidade de restos a pagar. A conta, entretanto, só poderá ser fechada nos primeiros dias de janeiro, depois que a equipe econômica souber o total empenhado esta semana. A cifra já está na casa dos bilhões.
Olho neles
Cinco nomes abrem 2019 com um capital político de fazer inveja a muitos, porque tiveram mais de 10 milhões de votos: o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL); o adversário dele no segundo turno, Fernando Haddad (PT); o governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB); o terceiro colocado na disputa presidencial, Ciro Gomes (PDT); e o atual governador de São Paulo, Márcio França (PSB).
Hora da defesa I
O ministro de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, vai se licenciar da Casa Civil de João Doria nos primeiros dias de janeiro. Quer aproveitar o período para se dedicar à sua defesa no processo que o envolve no esquema de tráfico de influência da JBS. O sonho de Kassab é voltar à Casa Civil paulista como Henrique Hargreaves voltou ao cargo no governo Itamar Franco, no início dos anos 1990. Sem nenhuma mácula.
Hora da defesa II
Quanto ao ex-assessor Fabrício Queiroz e outros da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, continua o mistério das movimentações financeiras incompatíveis com os rendimentos. Queiroz, que movimentou R$ 1,2 milhão, somando-se saques e depósitos, não é quem chama mais a atenção dos investigadores. Eles estão de olho em Elisângela Barbiere, assessora do deputado estadual André Ceciliano (PT). Ela movimentou R$ 26,5 milhões. Essa turma vai começar o ano se explicando.
Aviso não falta
A agenda do futuro governo, divulgada ontem, foi classificada pelos integrantes do gabinete de transição como um “preventivo”. Ali, estão todas as regras sobre uso de aeronaves, requisição de passagens, diárias etc. Ninguém vai poder alegar desconhecimento das normas. Melhor assim.
CURTIDAS
Que seja proveitoso…/ Mal a agenda do governo foi divulgada, começaram as apostas dos políticos sobre quanto tempo vão durar as reuniões ministeriais marcadas para todas as terças-feiras.
… Enquanto dure/ É que muitos ministros têm viagens, reuniões fora e aí começa um tal de mandar representantes. Em outros governos, as reuniões só funcionavam quando se limitavam a pequenos grupos.
França, o enigma I/ O governador de São Paulo, Márcio França (foto), aproveitou a entrevista ao Valor para colocar João Doria como o maior contraponto a Jair Bolsonaro nos próximos quatro anos. Aí tem.
França, o enigma II/ Quem leu a entrevista com uma lupa faz suas apostas: ou Márcio França quer jogar Doria para a disputa presidencial, a fim de tentar voltar ao governo de São Paulo daqui a quatro anos, ou vai se lançar nessa corrida.
Maioria dos governadores deve anunciar corte de gastos logo após posse
Pelas conversas que a coluna manteve nos últimos dias com governadores eleitos, a maioria pretende assumir anunciando cortes de gastos, centralização de despesas e, em alguns casos, virá, inclusive, anulação de contratos. Alguns não descartam sequer entrar em regime de recuperação fiscal, aproveitando a popularidade inicial, para colocar as contas em dia. Ou seja, se alguém tinha esperanças de faturar nas posses, pode esquecer. O momento é de austeridade em todos os níveis de governo.
Campanha 24 horas
Se tem alguém que não parou de trabalhar nestes dias de festas foi o deputado João Campos (PRB-GO), candidato a presidente da Câmara. Esta semana, ele se reuniu com o futuro vice-presidente, general Hamilton Mourão. Hoje, tem encontro com o governador eleito de São Paulo, João Doria.
Amplitude
O deputado goiano quer mostrar que não está restrito aos votos evangélicos. Até aqui, os adversários têm dito que ele ficará no “gueto” de parte da bancada evangélica e não tem condições de agregar mais votos do que Fábio Ramalho (MDB-MG) ou Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Camata e a segurança
Num primeiro momento, o assassinato do ex-senador e ex-governador Gerson Camata (MDB-ES) deixou as autoridades em pânico, com o receio de que o estado tivesse voltado aos tempos dos grupos de extermínio. A vingança do ex-assessor e a facilidade de acesso a armas, porém, deixaram o mundo da política em estado de alerta. Ninguém está seguro.
CURTIDAS
Nunca antes…/ …na história deste país, os jornalistas foram proibidos de sair do Congresso em direção ao Planalto nas posses presidenciais da era democrática pós-ditadura militar. Desta vez, por questões de segurança, quem está credenciado no Congresso terá de ficar por lá e não ir ao Planalto.
Sigmaringa Seixas I/ De Bolsonaristas, caso da deputada eleita Bia Kicis (PRP-DF), à presidente do PT, Gleisi Hoffman, que também foi eleita deputada, todos os partidos estiveram representados no último adeus ao ex-deputado Sigmaringa Seixas, um exemplo do exercício do diálogo na política.
Sigmaringa Seixas II/ Ao longo do velório, muitos se perguntavam quem poderá assumir a missão de abertura de diálogo na ausência de Sig. Alguns nomes circularam nas rodas: no plano nacional, Heráclito Fortes, Paulo Delgado, Jaques Wagner e José Eduardo Cardozo. De todos, só Wagner terá mandato.
Sigmaringa Seixas III/ A falta de mandato nunca foi empecilho para o exercício por parte de Sigmaringa. E não fará falta aos quatro. Heráclito Fortes, aliás, é quem tem mais condições de assumir esse papel no plano nacional. No plano local, o nome mais lembrado para o exercício do diálogo foi o do deputado Chico Vigilante, escalado ontem para ler a carta de Lula.
Procuradores pedirão a Queiroz documentos que comprovem origem de dinheiro
Tudo explicadinho? Até agora, não. Pelo menos, na opinião de procuradores. Eles consideram que as declarações dadas ao SBT por Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, de que o dinheiro que transitou por sua conta foi fruto de negócios, como a compra e a venda de veículos, terão de ser comprovadas por documentos oficiais.
As dúvidas persistem
Além disso, dizem alguns, se ele tinha tanto dinheiro assim decorrente dessas transações, o Ministério Público quer saber por que os repasses de outros assessores para a conta dele, se estão declaradas no IR, e as razões da demora em falar a respeito. E alertam que quem está bem para conceder entrevista tem de estar em condições de falar também para o Ministério Público.
Corte de gastos com publicidade pode ser revisto por governo de Bolsonaro
Muitos na equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro, estão preocupados com o corte dos gastos em publicidade. É que isso pode terminar deixando em segundo plano o discurso do governo em relação à reforma previdenciária. No geral, dizem os bolsonaristas, as redes sociais são mais no sentido de destruir do que construir uma visão favorável nesse tema. E será preciso montar um sistema muito mais profissional para que prevaleça a visão governamental nessa seara.
» » »
Por isso, já tem gente pensando em propor uma revisão nos cortes desse setor. Afinal, além da reforma, o governo terá de explicar todas as medidas econômicas e o enxugamento da máquina que estão por vir. Logo, restringir as verbas de publicidade a um terço em meio a tantas mudanças pode ser pisar em falso na comunicação, ponto que o governo tem que se sair bem para poder promover todas as mudanças.
Investigação parada
O Ministério Público do Rio de Janeiro deu um tempo nas oitivas dos assessores da Assembleia Legislativa estadual suspeitos de movimentações financeiras volumosas captadas pelo Coaf. Só vão trabalhar nisso a partir de 6 de janeiro, quando começam a voltar do recesso.
Portal da fuga
Tem gente preocupada com essa paradinha de Natal e ano-novo antes dos depoimentos dos assessores. Pode ser a brecha para que uma galera deixe o país sem ser incomodada.
Ele já sabia
Não foi surpresa a decisão da Justiça de negar o pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para participar do velório do ex-deputado Sigmaringa Seixas hoje. Em conversas reservadas, advogados chegaram a alertar o ex-presidente que isso não seria possível. Lula, entretanto, preferiu insistir.
Testes a rodo
A intenção de Lula e de seus advogados é testar todos os recursos possíveis para ver se consegue tirá-lo da cadeia. A esperança agora reside na tentativa de antecipar a votação no Supremo Tribunal Federal, a respeito da prisão em segunda instância. O presidente da Suprema Corte, Dias Toffoli, porém, não deve acolher esse pedido. Afinal, abril está logo ali.
CURTIDAS
Sarney, o retorno/ O ex-presidente José Sarney (foto) passa as festas de fim de ano no Maranhão. Volta a Brasília depois de 10 de janeiro. Tudo para acompanhar de perto a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado.
Por quem ele torce/ Nos bastidores, as apostas são as de que Sarney vai ajudar Renan Calheiros a empinar a candidatura ao comando do Senado. Na Câmara, tende a ficar mais discreto na busca de votos por Rodrigo Maia.
Paula Mourão/ Este é o nome da esposa do general Hamilton Mourão. Saiu truncado na coluna de ontem.
Sigmaringa Seixas/ Políticos e juristas das mais diversas matizes vêm para Brasília hoje para o velório do ex-deputado Sigmaringa Seixas, considerado a ponte entre os Poderes nas crises dos últimos 30 anos. Que Deus conforte a esposa, Marina, os filhos, Luiza e Guilherme, e os irmãos, Vera Lúcia, José Carlos, Roberto Carlos, Antônio Carlos, Maria Lúcia e Regina. Vá em paz, amigo Sig.