Uma bolha de sabão em meio aos espinhos

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

 

Pudesse voltar no tempo, quando ainda era um dos mais bem-sucedidos magistrados que o Brasil conheceu, com certeza o atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, não teria renunciado ao cargo que conquistou por concurso, abandonando uma carreira sólida de mais de duas décadas à frente da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba.
Ao se aliar a projeto político, em que lhe foi prometido plenos poderes para levar adiante seu plano de estabelecer um Brasil livre da corrupção que infesta as instituições públicas desse país, Moro não fazia ideia do passo que estava dando dentro do túnel escuro que é a vida política brasileira. Tivesse ele a noção do trabalho hercúleo que teria pela frente para pelo menos minorar essa situação, sua decisão seria ficar onde estava. Na antiga posição, poderia prosseguir com a tarefa de julgar e condenar as mais poderosas figuras da República que, há muito, rapinam os recursos públicos, certos da impunidade e dos benefícios que o foro privilegiado assegura para blindar os ladravazes do colarinho-branco. O que se pode concluir, agora, é que Sérgio Moro caiu, como um inocente, no canto da sereia, entoado por um candidato, milagrosamente eleito, no vácuo do descontentamento com os políticos de esquerda.
O atual presidente enxergou, astutamente, em figuras publicamente sacralizadas, como era o caso de Sérgio Moro, uma bengala em que se apoiar para se apresentar como novo paladino que, literalmente, iria “endireitar” o país. Sérgio Moro aparenta sentir a grande desventura em que se meteu. O então candidato Jair Bolsonaro, aproveitou a grande visibilidade no país, conferida pela exitosa Operação Lava-Jato e a levou, como estandarte pela Brasil afora, convencendo os eleitores de que essa era sua maior meta.
Sitiado entre velhas raposas políticas, que se exercitam para não perder antigos privilégios e o acesso livre aos cofres públicos, entre um Judiciário que, em boa parte, aí está para proteger essa turma de malfeitores, cercado ainda por seguimentos da imprensa que sempre apoiou esses grupos, Sérgio Moro vai, dia a dia, percebendo a inutilidade de seu idealismo, frente a uma elite que insiste em se apropriar do país como coisa sua.
Como tem acontecido, desde sempre, entre nós, a presença de Moro, em meio a essa gente que tem seus próprios e elásticos princípios éticos, começa a destoar da paisagem monótona. Com isso, vai dando início ao seu processo lento e covarde de fritura. Para tanto, seus muitos inimigos, que também são declaradamente inimigos da população, não se avexam em lançar mãos inclusive de escutas roubadas por hackers criminosos, tentando, a todo custo, desgastar a imagem do corajoso magistrado.
Enganam-se aqueles que pensam que ao retirar Moro do caminho, novamente estarão escancaradas as portas para o saque do Estado. Engana-se mais ainda o atual governo se pensa que, ao diminuir a estatura desse antigo juiz, tolhendo-lhe as iniciativas e esvaziando sua pasta, conferirá maior poderio a si e a esses grupos de interesseiros que voam ao redor. Sem meias-palavras e sem medo de errar, é possível afirmar que sem Sérgio Moro, Bolsonaro é apenas uma bolha de sabão em meio a um planalto de espinhos.
A frase que foi pronunciada
“Não entendo de leis, mas a “saidinha” deveria ser permitida somente no dia de finados. Para que visitassem os túmulos dos que eles mataram.”
Padre Fábio de Melo
Nossos queijos
Quem vai a Nova York sempre faz uma refeição no Eataly. Na saída do estabelecimento, um mapa múndi mostra a produção de queijo de cada país no mapa. No Brasil, está apenas escrito “Pão de queijo”. Bem que a prefeitura de Araxá poderia convidar o sr. Oscar Farinetti, dono da Eataly, para visitar o Concurso Mundial da cidade mineira onde mais de mil tipos de queijos serão avaliados.
Foto: italymagazine.com
Funciona?
Trata-se de uma resolução do Conselho Monetário Nacional. Os bancos são obrigados a implementar ouvidorias e resolver as pendências em, no máximo, 30 dias. A opinião dos consumidores é que os bancos deveriam investir mais no atendimento do que em advogados.
Sempre atual
Adirson Vasconcelos, história viva de Brasília, nos enviou a seguinte frase de Juscelino: “Não compreendo que o chefe da nação se conserve permanentemente na casa de governo, preso a seu gabinete, só examinando a situação do país por meio de papéis que, de modo geral, não lhe dão ideia nem medida do que se vai passando por este imenso continente que é o Brasil.” 1962” — Juscelino Kubitschek, in A Marcha do Amanhecer. Editora Revista dos Tribunais.
Foto: Gervasio Batista/Arquivo Público do Distrito Federal
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História de Brasília
Nos blocos JK, os moradores põem varais nas janelas, fazem cercas de tábuas em frente às janelas, transformam aquilo numa favela e, depois, reclamam que no Rio moravam em Copacabana, num apartamento com varanda. (Publicado em 26/11/1961)
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