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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Num país em que o analfabetismo, segundo estimativas otimistas divulgadas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação, atinge cerca de 11 milhões de brasileiros, não fica difícil estimar a possibilidade da existência de um significativo número de dirigentes ou de pessoas, com cargos ou funções administrativas de relevância, com algo próximo a essa realidade preocupante.
Se formos analisar, ainda, a questão do chamado analfabetismo funcional, que atinge mais de 29% da nossa população e no qual se observa que o indivíduo, mesmo reconhecendo as letras e os números e outros dados em uma leitura, não consegue captar a ideia central e o conteúdo do que está expresso no texto, aí a questão adquire uma amplitude deveras preocupante. Mesmos os eleitores, já em diversas ocasiões, puderam verificar que muitos daqueles candidatos políticos ou mesmo ocupantes de cargos de relevância na administração do país podem ser enquadrados como analfabetos funcionais, guindados a esses postos por obra de acontecimentos fortuitos como o destino, à sorte, ou outra explicação de natureza, digamos, cordial.
Não seria o caso aqui de propor um movimento de discriminação de ordem cultural, perseguindo aqueles indivíduos com pouca escolaridade e que ocupam cargos de importância para a vida da nação, mas tão somente dar, àqueles que possuem o devido estofo intelectual e técnico, a oportunidade de ocuparem essas funções tão vitais ao país. Dito dessa forma, torna claro e sem sentimentalismos que o cargo e a função cabem apenas àqueles que para eles estão à altura e preparados. É assim em todo o país desenvolvido e tem funcionado muito bem até aqui.
A vanglória do analfabetismo e o combate à cultura, de um modo geral, como temos assistido até aqui, por lideranças, inclusive, por presidentes da República, que se gabam de não a possuir e até zombam daqueles que possuem, é um sinal bem claro de que já passamos da hora de interromper esse disparate.
Não se pode admitir que até em concurso para vaga de gari ou como dizem, “agente de limpeza pública”, exija-se currículo e formação em segundo grau, seguido de atestado de bons antecedentes e, para outras funções de maior relevância, algumas delas que dizem respeito à segurança do país, esses quesitos sejam simplesmente ignorados.
Temos visto e nos surpreendido com nomeações feitas, pelo Poder Executivo, de ministros para vagas nas altas cortes, de pessoas que, sabidamente, nunca exerceram a magistratura ou sequer envergaram a toga de juiz, numa afronta, inexplicável, aos princípios mais básicos e salutares para toda e qualquer democracia, e que, não raro, diminuem a qualidade dessas funções, transformando-as em instâncias para atendimentos de natureza pessoal, longe de seu objetivo primordial.
No mesmo sentido, vemos o loteamento de cargos vitais à economia, entregues nas mãos de indivíduos pouco ou nada qualificados para a função. O mais surpreendente, se é que ainda possuímos a capacidade de tal indignação, é ver, com assento no parlamento, um conjunto significativo de pessoas que, por seu passado e por suas vidas pretéritas, repletas de mal feitos e de ações na justiça, jamais deveriam estar naquela posição, exercendo funções que dizem respeito à vida e ao futuro da comunidade.
Talvez, o que falte neste país seja o estabelecimento de um movimento sério de sabatina, como feito nos Estados Unidos, para cargos como os da Suprema Corte, em que os indicados são submetidos a uma intensa e esmiuçada investigação, que levanta toda a existência do candidato desde o berço e que, em alguns casos, duram dias e dias de intensos debates e perguntas. Uma simples e escrupulosa sabatina em nossas elites dirigentes faria com que, ao menos, metade delas desistissem de suas pretensões. Fossem realizadas então para o cargo de presidente da República, pouquíssimos seriam aqueles habilitados para tal função.
A frase que não foi pronunciada:
“Os analfabetos do próximo século não são aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que se recusam a aprender, reaprender e voltar a aprender”
Alvin Toffler
Má vontade
Alguns postos de saúde da cidade anunciam a vacinação até 17 h e não recebem pacientes às 16 h 27 min.
Bombeiros
Homenagem a Sd Marizelli Armelinda Dias, que faleceu em serviço. Mário Sales, criou no Instagram @vidaspoliciaisimportam, onde lembrou de Marizeli, registrando todo o amor que ela tinha pela profissão. Veja a seguir no link Marizelli nos doou a vida em 15/09/2019.
História de Brasília
Já que o assunto é Minas e Energia o Dr. Gabriel Passos ainda não conseguiu a publicação do decreto de nomeação do sr. Eduardo Sobral para o cargo de diretor da Petrobras. Em casos políticos , deveria haver uma definição de não nomear por isto. (Publicada em 04.02.1962)
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Das inúmeras heranças amaldiçoadas, legadas pelos destrambelhados governos petistas, nenhuma outra tem sido mais deletéria e nefasta ao nosso país quanto aquela que reconheceria, pelos enviesados e vazios caminhos da ideologia, o status da China como economia de mercado. Com isso, de uma penada, em novembro de 2004, o governo empurrou, de uma só vez, e sem qualquer estudo preliminar de risco, todos setores da economia interna brasileira para o campo minado do comércio chinês, controlado, de modo camuflado e estratégico, pelo partido comunista daquele país.
De lá para cá, o que se viu e se vê por toda a parte é a invasão avassaladora dos produtos chineses, de duvidosa qualidade, em toda a cadeia produtiva do país, com prejuízos seríssimos, não só às indústrias nacionais, mas a todo processo de produção, que, da noite para dia, parece ter recuado aos tempos da total dependência externa. Não seria exagero considerar hoje que nosso país passou a integrar, juntamente a outras nações financeiramente quebradas do ocidente, a grande carteira de investimentos da China. Existe, inclusive, quem prefira falar num restabelecimento de uma espécie de neocolonialismo, em que o governo central da China passa a explorar, de modo cabal, o que seriam suas novas colônias no Ocidente.
Já foi dito aqui que, por detrás dessa estratégia mista entre economia e política expansionista, está o fato de a China ligar pouco para investimentos tradicionais, preferindo a compra pura e simples de alguns setores importantes das economias dos países. Assim é que eles preferem assumir o controle acionário, ou mais diretamente todas aquelas áreas ligadas aos bens de produção, indo também, com grande sede ao pote, aos setores de infraestrutura dos países, onde o poder de barganha e pressão é muito maior e onde os limites para os lucros, simplesmente, não existem.
Nesse capítulo, os grandes empresários chineses, pretensamente donos das grandes empresas privadas, funcionariam como testas de ferro dos dirigentes do Partido Comunista Chinês (PCC), numa pantomima que os igualariam aos empresários do Ocidente. Tão logo demonstrem alguma independência ou sinal de rebelião, são prontamente postos de lado, acusados de corrupção e crimes. De fato, absolutamente nenhuma empresa chinesa, seja de qualquer setor, está livre da influência pesada do governo, devendo todo o esforço econômico ser orientado segundo objetivos traçados pelos dirigentes partidários. Essa é, na visão dos economistas, o mais definitivo e acabado conceito de capitalismo estatal, onde todo o potencial da economia é voltado para objetivos estratégicos de dominação expansionista.
De acordo com dados fornecidos pelo próprio Ministério das Relações Exteriores, entre 2003 e 2019, os chineses ingressaram no Brasil mais de US$ 72 bilhões, ou seja, 37,3% do total investido por outros grupos estrangeiros. Ao contrário de outros países investidores, os chineses preferem comprar participação em setores inteiros da economia, seja na área do pré-sal, nas hidroelétricas, no que for, que possa garantir domínio e poder de pressão. É desse modo que se age e é assim que se garante sua aceitação na Organização Mundial do Comércio (OMC) como economia de mercado.
Trata-se, no jargão popular, de “um jogo bruto”, com visão de médio e longo prazo e que pode ser resumido na palavra domínio. Ainda é incerto se a disseminação do vírus da Covid-19 pelo mundo fazia parte dessa grande estratégia de hegemonia e dominação, mas, em todo caso, o que é fato é que, com isso, as economias de todo o mundo, ao contrário da chinesa, foram à bancarrota e tornaram-se mais vulneráveis ainda e mais sujeitas à pressão do dragão chinês.
A frase que foi pronunciada:
Dica para a PM: Um casal tem feito uma festa dentro dos ônibus da linha 0.101. Sem vigilância, furtam celulares e o que estiver fácil. Sem agressão, sem violência.
Espaço Público
Nada como uma pandemia para deixar os órgãos de administração e vigilância adormecidos ou fora de combate. Em plena luz do dia, operários erguem um barracão de madeira no comércio local do Lago Norte, ao lado do supermercado Pão de Açúcar. Nenhuma iniciativa da Administração Regional ou da Brasília Legal foi tomada. Talvez estejam esperando a obra ficar pronta para destruir, o que causa mais estrago.
Liberar
Agora com o home office instituído e a calmaria no trânsito, fica sem sentido impedir os moradores das primeiras quadras pares do Lago Norte de fazer o retorno no local, que foi criado para isso e impedido por canaletas instaladas.
Contra mulheres
Foi preciso que Kelli Patrícia da Luz criasse a Associação de Mulheres Vítimas do Essure Brasil (Amveb) para buscar justiça às pacientes que fizeram implante com esse contraceptivo, autorizado pela Secretaria de Saúde do DF. Na verdade, mulheres de todo o mundo protestam contra o Essure da Bayer. No Reino Unido, o Sistema de Saúde Pública é similar ao brasileiro. O Essure era uma alternativa não cirúrgica aos métodos de esterilização. Depois das dores crônicas nas pacientes, intoxicação por níquel, órgãos perfurados e até a necessidade de histerectomia, o escritório PGMBM, líder em ação coletiva, responsabilizou a Bayer pelos estragos, ganhando a causa na justiça em favor de milhares de mulheres afetadas. A Secretaria de Saúde do DF não reconhece o problema.
História de Brasília
Ainda sobre os cartórios, resta agora, que tomem providências para que não haja morosidade proposital nos casos de casamentos gratuitos. (Publicada em 04.02.1962)
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Aos justos o que é de justiça. Pelo menos é o que ainda teimam em acreditar aqueles que sempre tiveram a ética como norte. Mas, como os tempos são outros, outros costumes também se estabeleceram, vindos, como uma espécie de invasão bárbara, não se sabem bem de onde. Com essas novas hordas também vieram novos sentidos e interpretações para as leis, transformando-as todas em letras a serviço daqueles que, pelo poder da força e da posição, podem, inclusive, feri-la de morte sem receio algum.
Muitos brasileiros já estão certos de que dobramos o Cabo da Impunidade e da injustiça, donde parece não haver mais regresso. A pandemia deixou patente para todos que, aqueles que mais mereciam ter o amparo do Estado, justamente por estarem nos postos avançados de combate à doença, foram os que menos receberam a ajuda devida. Erram aqueles que creem que a população aceita, conformada, essas distorções que fazem com que as elites do Estado possam, lá na longínqua retaguarda confortável e protegida de seus lares, receber toda a proteção e cobertura médica de ponta.
Não são poucos os que entendem que os reais merecedores de toda a proteção médica por parte do Estado deveriam ser aqueles que sempre arriscam a própria vida para assegurar a segurança de outros. Até por uma questão de reconhecimento e humanidade, os maiores beneficiados por planos de saúde de ponta, custeados pela União, deveriam ser médicos, paramédicos, enfermeiros, padioleiros, motoristas de ambulâncias e, sobretudo, os servidores do Corpo de Bombeiros, que, durante todo o período da pandemia, cortavam a cidade de um extremo ao outro socorrendo os necessitados, na sua grande maioria, pessoas de baixa renda, que, nas horas de dificuldade, só podem contar com esse apoio.
A esses servidores, que trabalham na beira do abismo, sem proteção e em troca de salários que, todos sabem, irrisórios, deveriam caber proteção e o escudo do Estado, para que, ao menos, sigam vivos e dispostos em suas tarefas de salvar outras vidas.
Infelizmente, não é o que se vê até aqui. Os números ainda são incertos e continuam a aumentar, mas dados coletados, apenas no ano de 2020, dão conta de que quase 6 mil profissionais de saúde morreram, vitimados pela Covid-19, numa média de uma morte a cada 19 horas. Os casos de mortes desses trabalhadores aumentaram 26% em relação a 2019, quando ainda não havia ocorrência dessa virose. Em 2021 não tem sido diferente, e segue em alta.
Se, até o final do ano, continuarmos nesse ritmo, o número de mortos desses servidores deve saltar para quase 8 mil. Isso é o que apontam os números da Arpen-Brasil. As maiores baixas foram registradas em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Dos profissionais de saúde mortos durante a pandemia até aqui, o pessoal de enfermagem ocupa o maior número, com mais de 2 mil mortes.
Mais do que simples estatísticas, dispostas em gráficos matemáticos, a perda desses trabalhadores representa uma brecha enorme, por onde a virose certamente irá penetrar para infectar e matar mais pessoas. Fossem colocados numa balança do tipo “utilidade para vida”, comparados vis a vis com a elite do Estado, digamos, um político ou alto magistrado ou outro da mesma espécie, quem vocês acreditariam que possuiria maior peso nesse quesito? Não precisam responder. Essa é apenas uma questão a explicar porque se deveria dar aos justos o que é de justiça.
A frase que foi pronunciada:
“A escala da maldade de um homem não deve ser medida inteiramente por suas consequências práticas. Os homens cometem o mal dentro do escopo disponível para eles.”
Theodore Dalrymple, Our Culture, o que resta dela: os mandarins e as massas.
Excelente
Impressionante a eficiência do aplicativo Moovit. Agora, é possível acompanhar os horários dos transportes públicos por todo o DF e região do entorno.
Humor
No Coro Sinfônico da UnB, a regra era a seguinte: faltas justificadas contariam como presença. Até que um espírito de porco deixou um bilhetinho na mesa da Secretaria. “Na semana que vem, estarei com amigdalite.”
Cores
Raimundo Neto nos envia uma foto bem candanga com a frase: só em Brasília o verde se encontra com o roxo e o azul. Veja a seguir.
Vale ver
Futuros radicais: liberdade para transformar. Como novas tecnologias podem contribuir para democracias mais saudáveis e eficazes? A Escola Nacional de Administração Pública acompanha as novidades no mundo para o uso da tecnologia na comunicação, na integração e na cooperação. O webnário ainda está disponível no Youtube. Muito interessante.
História de Brasília
Os cartórios estavam cobrando 2.500 cruzeiros por serviços em desobediência à Constituição, que está agora respeitada de acordo com a portaria do vice-presidente do Tribunal de Justiça do DF. (Publicado em 04.02.1962)
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Quando decidiu pela mudança da capital, no final dos anos cinquenta, Juscelino Kubistchek, seguindo os passos de José Bonifácio e, posteriormente, da Missão Cruls, não fazia a mínima ideia de que o interior do país, nomeado de Planalto Central, onde deveria ser fixada a nova capital, era em sua totalidade, formado pelo mais delicado e sensível bioma de todo o continente. E mais ainda: era nessa região que se formavam as principais bacias hidrográficas do país, responsável pela maior parte do abastecimento de água do Brasil e reconhecida hoje como o berço das águas ou a caixa d’água do Brasil.
Das oito bacias hidrográficas do país, essa região é responsável pelo abastecimento de nada menos do que seis bacias, ou seja, sua importância num mundo que parece caminhar para a escassez de água é vital para os brasileiros. Obviamente que, naqueles tempos, não havia nem a discussão de temas ambientais, nem tampouco preocupação com o fim dos recursos naturais. Eram tempos de otimismo e de apelo exacerbado ao progresso, além de outros temas inerentes daquele período, como o da integração nacional, capaz de reduzir as desigualdades regionais, que, naquela ocasião, já era o grande gargalo a impedir o desenvolvimento do país continental.
Por outro lado, havia ainda a questão de segurança da sede administrativa do país, que seria amenizada com o afastamento do litoral. Nesse quesito, contava ainda a importância que traria, para todos, o estabelecimento de uma capital num ponto equidistante em relação ao país. Em suma, eram essas questões que guiavam a decisão que tornou inquestionável a transferência da capital.
No início da segunda metade do século XX, a ecologia e as preocupações com o meio ambiente não eram sequer sonhadas. Mesmo que fossem aventadas sua existência naquele ambiente, o apelo pelo progresso era mais intenso e decisivo que tudo. Hoje é possível reconhecer que foi justamente graças ao total desconhecimento de questões relativas ao meio ambiente – e mais especificamente ao Cerrado, considerado hoje como o segundo maior bioma brasileiro em tamanho, sendo também a mais rica savana do mundo em biodiversidade –, que foi possível estabelecer a capital nessa região.
A movimentação de centenas de milhões de metros cúbicos de terra, nos processos de terraplanagem, a abertura de estradas e vias e infinitas obras de infraestrutura, para o estabelecimento daquela que seria a mais moderna capital do país, fez desaparecer, num curto espaço de tempo, toda a vegetação que havia nas áreas de construção de Brasília, com o assoreamento de diversos córregos e veios de água e de nascentes.
Com essa “limpeza” do canteiro de obras, muitas espécies de animais também foram mortos ou rumaram para outras áreas. Comum naquela época era considerar as áreas ocupadas pela vegetação nativa como campos feios e sujos e, por isso mesmo, passíveis de uma “limpeza” ou substituição daquelas espécies por outras mais vistosas do ponto de vista de um paisagismo artificial e importado de outras regiões.
O avião de Brasília, representado pelo desenho urbano e revolucionário de Lúcio Costa, ao pousar no coração do Planalto Central, trouxe para esse sítio, além do progresso que desejavam os políticos e estrategistas daquele período, uma intensa e paulatina interferência em todo o bioma da região, num processo que foi se intensificando ao longo dos anos, conforme era consolidada a nova capital, com a ocupação de áreas sensíveis ecologicamente.
Todo esse processo de ocupação ganhou ainda mais intensidade com o passar dos anos, sendo enormemente acelerado a partir da emancipação política da capital, quando o Distrito Federal foi, de certa forma, abduzido pela esperteza de políticos locais com a ajuda de empreiteiros gananciosos, formando uma turma que tem cuidado, nas últimas décadas, de dilapidar o que resta de patrimônio ecológico do quadrilátero da capital, sob a égide ainda de um progresso que nada mais é do que o avanço perpétuo da poeira.
Toda essa situação ganhou ainda mais impulso com florescimento intenso do agrobusiness, que, ao expandir sua produção de monoculturas pelos campos cerrados, literalmente, vem devastando todo o bioma em torno da capital, para a produção de transgênicos destinados à exportação e obtidos com largo emprego de pesticidas e outros venenos, muitos deles proibidos no exterior, contaminando o solo e a água dessa caixa d´água do país cada vez mais seca.
O que se vê hoje em torno da capital, que se pretendia exemplo para todo o mundo, é a desolação de descampados, com rios de pouca vazão, emoldurados pelo fogo, que nas épocas de seca, transformam-na numa região que arde e que vai sendo encoberta pelo pó e pela fumaça, o retrato acabado de um futuro que infelizmente chegou.
A frase que foi pronunciada:
“As trevas não podem expulsar as trevas: só a luz pode fazer isso. O ódio não pode expulsar o ódio: só o amor pode fazer isso.”
Martin Luther King
De olho
Jornal Contábil chama a atenção dos cardiopatas. O Instituto de Previdência Social atende pessoas nessa situação de saúde com auxílio-doença, aposentadoria por invalidez ou até Benefício de Prestação Continuada. No link Benefícios do INSS para quem sofre com doenças do coração, a matéria completa.
Sällbo
Imagine uma Casa de Repouso, onde jovens que precisam de moradia compartilham o espaço com idosos deixados lá pela família. Tudo começou na Suécia e está cada vez mais popular. Compartilhar o espaço foi além das expectativas. Ao assinar o contrato, tanto idosos quanto jovens se comprometem a socializar por, pelo menos, duas horas por dia. O sucesso é tão grande que muitas vezes esquecem da hora.
História de Brasília
O PSD de Pernambuco está brigando com o PTB por causa de um cargo, e como bode expiatório surge o nome de Alfredo Ramos Guarda Mot da Alfândega de Recife. Noticiário pré-moldado foi distribuído a toda a imprensa. (Publicado em 04.02.1962)
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Parodiando o saudoso jornalista e escritor Stanislaw Ponte Preta (1923-1968), que, em seus livros “Festival de Besteiras que Assola o País” (FEBEAPÁ), criticava a elite brasileira e os costumes de um povo naturalmente inzoneiro, prosseguimos, décadas depois, atualizando nosso festival das mais variadas e criativas formas, mostrando que nem mesmo o passar do tempo e as mudanças de costumes possuem forças necessárias para fazer evoluir uma civilização que já nasceu sob o signo do atraso.
Dizia com propriedade atemporal, aí pelos anos sessenta, Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo de Sérgio Porto: “A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento”. De lá para cá, a situação de descompasso entre as elites, principalmente do funcionalismo público, ficou não apenas congelada no tempo, como também ganhou ainda maior distanciamento e desigualdade.
Hoje, o que se observa, na atual estrutura do funcionalismo público, é um desnível salarial e de outras mordomias de tal ordem, que coloca a nossa máquina do Estado como um exemplo de mecanismo gerador da mais absurda e ilógica dissimetria. Uma megaestrutura que mostra, ao mundo, nossa infinita capacidade de montar um arremedo de organização pública, injusta para com os mais necessitados, justamente aqueles que bancam todo esse portentoso e intrincado mecanismo.
Nesse ponto, falar em reforma administrativa, capaz de interferir nessa estrutura salarial conflitante e geradora de injustiças, é tarefa quase perdida quando se sabe que, para tanto, seria necessário desalojar aqueles que sempre viveram sob esse guarda-chuva generoso. Ainda mais quando se nota que a classe política e todos aqueles que possuem a prerrogativa do lobby, para forçar essas alterações, não querem saber de mudanças capazes de retirar-lhes privilégios e outros ganhos paralelos, sempre extraídos, à fórceps, dos cofres públicos.
É a clássica e transversa situação que mostra que quem pode não quer, e quem quer não pode. A aprovação ocorrida agora na Câmara dos Deputados do projeto de Lei 6.726/16, chamado projeto dos supersalários de agentes públicos, é uma tentativa de, depois de mais de uma década parada naquela Casa, dar algum sentido ao que, na realidade, não tem sentido ou razão de ser, impondo um certo limite aos salários abusivos que superam, em muito, o teto permitido; que, em tese, seria de R$ 39.293 fixados para ministros do Supremo Tribunal Federal. Trata-se aqui de um teto esburacado e que nunca foi respeitado, inclusive e principalmente, pelo pessoal do Judiciário. Segundo o relator do projeto, deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR), a aprovação dessa proposta poderá gerar uma economia aos cofres públicos entre R$ 3 e R$ 10 bilhões, ao disciplinar o salário de aproximadamente 25 mil servidores públicos que possuem ganhos acima do teto, graças aos chamados penduricalhos.
O que temos aqui, apesar do mérito do projeto, é uma tentativa tímida em vista da enorme desigualdade salarial existente dentro da máquina do Estado, que faz, por exemplo, com que um certo desembargador possa receber, como salário da União, um valor mensal superior a R$ 500 mil, entre outras muitas aberrações já mostradas ao público, por meio da Lei de Transparência.
Numa país ideal, onde as normas seriam aquelas que trariam harmonia absoluta entre os cidadãos, o chamado teto salarial do funcionalismo seria fixado para o servidor que ocupasse, em tempo integral, o cargo de professor titular de Universidade Federal, com trabalhos acadêmicos publicados e em fim de carreira, ou à cientistas e pesquisadores de ponta, envolvidos com trabalhos de grande relevância para o desenvolvimento do país. Os demais altos salários ficariam escalonados entre o restante do corpo docente, colocando essa categoria como a mais bem paga de todo o funcionalismo.
A frase que foi pronunciada:
“A verdade sempre pertence à minoria, e a minoria é sempre mais forte que a maioria, porque a minoria é geralmente formada por aqueles que realmente têm uma opinião, enquanto a força da maioria é ilusória, formada pelas gangues que não têm opinião – e que, portanto, no instante seguinte (quando é evidente que a minoria é a mais forte) assume sua opinião… enquanto a Verdade volta a ser uma nova minoria.”
Soren Kierkegaard, filósofo, teólogo, poeta e crítico social dinamarquês.
Comunidade
A seguir, matéria completa sobre a palestra virtual de Pilar del Rio. Jornalista, escritora, tradutora e presidente da Fundação José Saramago, falará, na próxima segunda-feira, a calouros, graduandos e pós-graduandos, pelo YouTube da UnBTV, às 17h. Uma boa oportunidade para a comunidade entrar no espaço universitário.
Oportunidade
Matrículas abertas para cursos profissionalizantes no IFB. Vários cursos, em várias regiões administrativas. Uma ótima oportunidade para quem já tem ensino médio completo e mais de 18 anos. Veja os detalhes no link IFB abre inscrições on-line em cursos gratuitos para o campus de Brasília.
História de Brasília
O Hospital do IAPI na W-3 está atirando atrás da construção restos de gesso em forma de braços e pernas e troncos. Também as ataduras sujas de sangue, remédios e todos os restos do hospital são queimados em frente às casas do HP-5. (Publicado em 04.02.1962)
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É sabido que promessa de político vale tanto quanto uma nota de três reais. Boa parte da população já aprendeu, com o processo farsesco das eleições, que é, nessa época, que os candidatos parecem surgir em grandes cupinzamas saindo do subsolo profundo da terra e logo querendo ganhar as alturas incomensuráveis dos céus.
Repetia o filósofo de Mondubim que formiga, quando quer se perder, cria asas. Hoje, já se sabe que político, quando busca esse acasalamento furtivo com o eleitor, promete o que ele reconhece, no íntimo do que lhe resta de razão e ética, não poder cumprir jamais. Como não existe ainda recall político ou cláusulas no código de leis, capazes de penalizar aqueles que fazem propaganda política enganosa, o vale tudo nessa área é a regra geral. A questão ganha relevância, chegando a prejudicar, diretamente, o cidadão, quando algumas dessas promessas irrealizáveis de mascate produzem crises sistêmicas a afetar, indistintamente, a vida de todos, atingindo, inclusive, o desenvolvimento econômico do país.
No caso do atual presidente, ficamos apenas naquela promessa de acabar com o instituto da reeleição, comprometimento esse que fez questão de enfatizar enquanto corriam soltas as campanhas. A decepção com esse perjúrio, em especial, acabou se estendendo e contaminando também todo o mandato do atual presidente, que segue, impávido, em procissões de motoqueiros por todo o país, ou em outros desfiles de fundo eleitoreiro, estendendo, sem interrupção, a campanha de 2018 até 2022. Fosse essa apenas mais uma promessa como outra qualquer, nada de anormal estaria no horizonte. Mas, além de permanecer 24 horas do dia em campanha, deixando as obrigações do Executivo de lado, o que mais afeta o país e o cidadão é que o instituto da reeleição para cargos executivos e mesmo no Legislativo, vem, a par i passo, minando a qualidade do nosso sistema democrático, pelo simples fato de que as premissas legais dessa recondução, não absolutamente respeitadas, fazem do detentor do mandato um candidato com todos os potenciais para ser reeleito e sem chances para os concorrentes.
O uso descarado da máquina pública em favor do mandatário que mira a reeleição, embora possa ser enquadrado em crime, jamais rende punição, o que estimula, ainda mais, o cometimento desse delito. Nove em cada 10 analistas da vida política do país já chegaram à conclusão de que o instituto da reeleição é prejudicial ao desenvolvimento e aperfeiçoamento da democracia e mantenedor de elites políticas, enclaves de partidos, e toda uma consolidação de exagerados poderes em mãos de mandatários, repetindo, em pleno século XXI, o modelo atrasado do coronelismo e do voto de cabresto, tão nefastos para o Brasil.
Ou caminhamos para a extinção da possibilidade de reeleição, ou estaremos fadados a repetição de enganos e do desmanche do que, minimamente, se entende como República.
A frase que foi pronunciada:
“Até outro dia, sobretudo no Nordeste, jovens talentosos beijavam a mão de velhos coronéis para ascender politicamente”.
Haddad, perdido no tempo
Proposta lançada
Participação de Paulo Costa no grupo de moradores do Lago Norte lança um desafio. “O lago norte tem todas as condições de ser a primeira cidade Lixo Zero do DF, através da compostagem.” Que se iniciem as parcerias para a divulgação da empreitada!
Clínica do Idoso
Médico estudioso, que atende olhando nos olhos do paciente, sem a preocupação constante no relógio? Existe. Dr. Vitor Machado, passa a atender no Centro Médico Lúcio Costa, na 610 Sul. Cartão postado a seguir.
Prata da Casa
Depois de 5 anos de treino, Califa Curi conquistou o prêmio de canoagem oceânica como o primeiro brasileiro a subir no pódio dessa modalidade de esporte. Veja as fotos a seguir.
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Pelo Brasil
Assim como o astronauta Marcos Pontes serviu a dois governos, o ministro Tarcísio de Freitas, se não ouvir o conselho do ex-presidente Temer, deve ter as iniciativas aproveitadas e continuadas pelos próximos presidentes. Mudar o Brasil pelos trilhos de trem. Assim falou o ministro Tarcísio: “A autorização ferroviária vai promover uma revolução no Brasil. As empresas estão bem estruturadas e podem fazer investimentos até bilionárias nesse modo de transporte”.
História de Brasília
Há de fato, muitos redatores com nível superior, portadores de diploma universitário. Mas não é o caso de se encobrir uma imoralidade com outra. (Publicado em 04/02./1962)
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Cada dia com sua agonia, repetia o filósofo de Mondubim. O problema é quando a agonia de todos os lados começa a ficar cada vez mais intensa com o passar dos dias. Nesse caso o que se obtém é a formação, no horizonte, de uma tempestade perfeita, prestes a precipitar igualmente sobre todos. É justamente essa armação de um intenso temporal que vamos aguardando, aparvalhados, abater-se sobre o país, suas instituições e, por extensão, em cima da nação, com ameaças veladas de um retrocesso desejado por uns poucos que, dessa tormenta, sonham em colher os frutos da dissipação da democracia. Não se trata aqui de alarmismos sem fundamentos.
A antevisão de fissuras, que agora surgem estampadas e em uníssono, chama a atenção para uma sequência de fatos, muitos oriundos do destempero verbal do chefe do Executivo, das iniciativas do Judiciário e do desespero do Legislativo. Os grupos parecem ter atingido um perigoso ponto de ebulição. De um lado, um cipoal de denúncias que vão emergindo na CPI do Covid do Senado, de outro, senadores exaltados fugindo das suas atribuições e, mais para a direita, na Praça dos Três Poderes, ministros do judiciário arbitrando como no julgamento final.
As repetidas pilherias e outras troças continuam dirigidas aos fantasmas que parecem assombrar esse momento brasileiro. Tentaram evitar o futuro com uma faca afiada rodada no bucho do mais votado. A liturgia do cargo começou a sangrar aí. Sem apoio para divulgar os responsáveis pela tentativa de homicídio, Bolsonaro, amparado por seus eleitores, não consegue a grande mídia nem o Congresso como apoiadores por razões que a própria razão conhece. Poucas figuras do poder dignificam a posição ao criar no imaginário daqueles que prezam pela seriedade e liturgia de tão importante cargo.
A intenção de todos os lados, de enviar recados intimidatórios aos muitos inimigos, revelam personagens que parecem perdidos e amedrontados, em meio a mata escura, e, por isso, acionam a metralhadora verbal para todos os lados. O problema é quando esse temperamento ciclotímico, que mais lembra um arremedo da figura de Jânio Quadros, sai das raias da caricatura e passa a causar danos às instituições do Estado e a gerar crises sistêmicas, colocando em risco o próprio Estado Democrático de Direito.
Dessa vez, as ameaças de diferentes matizes que vêm surgindo de todos os lados ganharam um status de ataque frontal. Basta acompanhar o desprezo pelo voto impresso. Mais cara que a implementação da impressão do voto é a dúvida. A segurança é total, já que o voto não sai da urna, para quem zela pela democracia e a Carta Magna, a construção das justificativas contra a certeza do voto é frágil. Inimigos da Nação, ninguém mais sabe quem são.
Por outro lado, ao afirmar taxativamente que não haverá eleições em 2022, caso o voto impresso não seja instituído como deseja, Bolsonaro açulou os outros Poderes. Bolsonaro conseguiu a unanimidade de juntar, contra si, os ministros do STF e do TSE, além do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco. Os primeiros garantiram que as eleições acontecerão. O segundo afirmou não compactuar e aceitar retrocessos à democracia. Até mesmo onze partidos com assento do Legislativo já bateram o martelo, dizendo não apoiar a introdução do voto impresso nessas próximas eleições. Se seria mais seguro que os brasileiros pudessem ver a urna auditada, não há como compreender essa teimosia.
Qualquer um, de qualquer dos Poderes, que possa a vir a ser apontado, por sua performance, como inimigo da Nação, perde, nesse campo, o poder, a capacidade e o direito de comandá-la.
A frase que foi pronunciada:
“Não se interpreta a Constituição em tiras, aos pedaços”.
Eros Roberto Grau
Mais segurança
Já acontece há muito tempo noutros países, e agora o Senado acaba de aprovar o programa Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica. A iniciativa é da Associação dos Magistrados Brasileiros, foi apresentado ao Congresso pela deputada federal Margarete Coelho e contou com o apoio da bancada feminina. No Senado, a relatora da matéria foi Rose de Freitas. Trata-se de uma parceria entre o comércio e instituições públicas que trabalharão em conjunto para identificar os casos de abuso com casais que se comportem estranhamente em público.
Loucura
Uma prova da paciência e conivência com absurdos é o consumidor que paga mais de R$ 4 mil por um celular da marca mais cara do mundo e aceitar que venha sem carregador, obrigando a compra do dispositivo em separado.
Muito estranho
Por falar nisso, alguém encontrou uma explicação plausível para o horário de atendimento ao público feito pelos bancos? Se os supermercados ficam abertos 24h, a pandemia não é exatamente a razão.
Mais respeito
Lá está a obra inacabada no asfalto do Lago Norte. De repente a pista raspada, um degrau abaixo, é o que se tem para a passagem dos carros pela esquerda. O nome da empresa deve estar em sigilo máximo. Nenhuma placa identifica os responsáveis por esse serviço mal prestado.
História de Brasília
Está na comissão de revisão do Dasp o processo relativo ao reconhecimento de nível universitário, para os redatores do serviço público. No que valha a justiça que prega em alguns casos é simplesmente imoral a proposição. E mais: abre brechas para novas proposições tão perigosas quanto as atuais. (Publicada em 04.02.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
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Somente, num país do tipo “faz de conta”, os Três Poderes da República possuem, cada um a seu turno, a prerrogativa legal de desmanchar com os pés o que outro Poder tenta fazer com as mãos, numa ciranda ilógica e movida a interesses de grupos que se digladiam permanentemente entre si.
É o que, de modo eufemístico, convencionou-se pomposamente chamar de pesos e contrapesos. O pior é quando, dentro do mesmo Poder, esses movimentos de fazer e desfazer ocorrem de forma sistemática, dando o dito por não dito. Sem dúvidas, a imagem que surge na tela mostra o transatlântico da República Brasileira, depois de navegar, sem rumo e em meio a turbulências, encalhado entre rochas traiçoeiras, totalmente entregue aos humores de um mar bravio e imprevisto.
Se a imagem ainda não é adequada para retratar nosso atual momento, quando o Estado parece entregue e à mercê do que pretende o pior conjunto de indivíduos a compor, ao mesmo tempo, os três Poderes da República, em toda a nossa história, é porque vamos, em meio a uma pandemia devastadora, acostumando-nos aos absurdos do dia a dia e já nem fazemos questão de saber para onde seguimos.
E nem precisa ser mencionado aqui o desfazimento da Operação Lava Jato, realizado pelo Supremo, com a ajuda do Legislativo e Executivo, ocasião em que acabaram também com a possibilidade de prisão em segunda instância, para atender aos reclames de um pequeno grupo de meliantes. O que chama atenção agora, em meio ao vai e vem desse formigueiro açulado, foi a decisão da ministra do Supremo, Rosa Weber, em suspender a convocação dos governadores, que tinha sido aprovada, a contragosto, pela Comissão Parlamentar de Inquérito, sob o argumento de que a CPI não pode investigar o uso, feito pelos estados, dos recursos provenientes de repasses federais.
O mesmo impedimento foi estendido ao presidente da República. Com essa medida derradeira, o Supremo, ao mesmo tempo, desfez qualquer possibilidade de uma investigação séria de corrupção ocorrida em vários estados da federação, pondo uma pedra sobre o que seria o mote e o veio principal que levaria até aos gestores estaduais, onde a Polícia Federal já identificou um verdadeiro cipoal de malversações de recursos públicos, desvios, lavagem de dinheiro, compra superfaturada, pagamentos suspeitos, pagamentos por compras não entregues e todo um conjunto de crimes.
Ao mesmo tempo, essa decisão vem de encontro ao que muitos parlamentares com assento na CPI queriam, mas não tinham coragem de externar publicamente.
O mesmo vale para o Executivo, que viu, nessa decisão, um modo de quebrar as pernas da CPI no que ela tinha de mais sensível. O único a perder com essa decisão foi o cidadão e contribuinte brasileiro, que ficou impossibilitado de verificar os rumos que tomaram os bilhões de reais que foram despejados nos estados, pretensamente em nome do combate à pandemia.
Não chega a ser estranho que a pandemia tenha possibilitado, aos três Poderes da República, passar livres com suas boiadas pelas porteiras escancaradas desse latifúndio devoluto chamado Brasil.
A frase que foi pronunciada:
“Pois embora a lei da natureza seja clara e inteligível para todas as criaturas racionais; contudo, os homens, sendo tendenciosos por seu interesse, bem como ignorantes por falta de estudo dele, não estão aptos a admiti-lo como uma lei obrigatória para eles na aplicação dele a seus casos particulares.”
John Locke, em o Segundo Tratado de Governo
Como sempre
Se o leitor parar para pensar, vai concordar que a profissão de jornalista é só trocar o nome de personagens da História. Veja a historinha abaixo, registrada em fevereiro de 1962 e registrada pelo criador desta coluna, Ari Cunha. Jânio Quadros já usava seu próprio interesse com inverdades para atingir seus desafetos. Hoje o nome disso é fake news.
Nonato Notícias
Livros de Rogaciano Leite são lançados por editora cearense em evento do centenário do poeta. Helena Roraima, filha do escritor, organizou uma publicação preservando o conteúdo da primeira edição de 1950. Outro destaque dessa obra-prima é a qualidade da impressão.
Abuso
Uma idosa que paga, mensalmente, R$10 mil por um plano de Saúde teve que viajar às pressas para outro estado fazer um exame nos olhos em clínica particular, porque o plano não aceitou cobrir o procedimento. Um verdadeiro absurdo!
História de Brasília
Enquanto o sr. Jânio Quadros, em suas famosas sindicâncias atirava à execração pública os nomes de criminosos e inocentes, o se. Alfredo Nasser, com aprumo e justiça, aguarda o inquérito para indicar somente os nomes dos culpados. (Publicado em 04.02.1962)