Vai que

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Lula. Foto: Ricardo Chicarelli – 19.mar.22/ AFP

 

Ouvia sempre essa frase falada pelo filósofo de Mondubim: “O afoito come cru e fervendo. Felizmente queimará os lábios e a língua, o que o impedirá de falar antes de pensar”. Agindo desembaraçadamente como se fosse, de fato, o chefe do Executivo, o proprietário da legenda petista tem pressa.

Alguns de seus bajuladores falam até em pedir a antecipação da posse, se possível para ontem. Vai que o tempo e os desdobramentos do que acontece hoje nas ruas de todo o país atalhe seus projetos. É preciso, pois, mostrar serviço e agir em todas as frentes como se fosse aquilo que ainda não é. Vai que toda essa pantomima, acompanhada de perto pela torcida de boa parte da imprensa, consiga desviar as muitas dúvidas, que não cessam de aparecer. Não custa nada lembrar também o que repetia o filósofo de Mondubim: “A pressa é inimiga da perfeição e mãe do fracasso”.

Com uma estratégia dessa natureza, que parece forçar os acontecimentos, o negócio é não dar tempo para que os ventos mudem de rumo. Vai que a mudança na direção dos ventos obrigue aqueles que não possuem bússola ou direção a ficarem a meio caminho, parados no marasmo e na calmaria.

Para justificar tamanha correria, é preciso primeiro construir narrativas do tipo: “Nesses últimos quatro anos, o Brasil ficou estagnado”. Vai que o mundo, indiferente, acredite nessa hipótese. Há um modo para apressar a chegada do ano novo: sair correndo e gritando, sem parar, que esse dia chegou. Pode não resultar em coisa alguma, mas, ao menos, o tempo e o espaço serão percorridos de tal modo que, quando o dia chegar de fato, de tão exaustos, ninguém perceberá.

Vai que, por uma dessas incongruências da vida, esse tempo linear nunca aconteça. Ou passe a acontecer quando já se sabe ser tarde da noite. Outra característica da pressa é que ela impede a apreciação da paisagem em volta. Vai que, nessa paisagem, vislumbre-se o nervosismo de milhões de brasileiros agitando bandeiras do país. A pressa e a afoiteza ganham ainda mais contradições, quando se verifica que não é a velocidade imprimida e sim a direção que importa. Vai que, com essa correria, não se observe, a tempo, o sinal de rua sem saída ou o aviso de abismo à frente. A pressa, já ensinava o pai da História, Heródoto, gera o erro e a confusão. Por outro lado, é preciso ter em mente que mais proveitoso que a pressa é estar munido de meta. A ansiedade entorpece os sentidos.

Vai que, nessa destrambelhada correria, esse nosso distraído e agitado atleta esqueça de vestir as próprias calças e alguém grite: “ele está nu!” Vai que essa nudez lhe exponha a alma e todos passem a ver de que material é feita. O problema com a pressa é que ela gera promessas que não poderão jamais serem cumpridas. Ou por falta de lastro na razão, ou um tempo para reflexão. O que fica do trem que passa veloz é apenas a impressão de sua imagem que passou.

Vai que essa pressa toda seja um jeito inconsciente de não parar para pensar nas consequências que virão. Pode ser que não e tudo não passe de uma tentativa de correr atrás de todo o tempo perdido, na tentativa vã de reescrever um passado breve, como todo o passado, mas cheio de acontecimentos ruinosos que deixaram um rastro de escombros por todo o país. Vai que as pessoas fiquem sabendo que a pressa é também cega e parece correr num túnel escuro. Vai que tudo isso acabe sem sentido, bem na data que deveria começar.

 

A frase que foi pronunciada:

“Os homens ocasionalmente tropeçam na verdade, mas a maioria deles se levanta e sai correndo como se nada tivesse acontecido.”

Winston Churchill

Winston Churchill. Foto: wikipedia.org

 

Solidariedade

No Varjão, o Centro Social Comunitário Tia Angelina vai fazer uma festa de Natal para a criançada. Cestas básicas e panetones são bem-vindos como doação. Todas as crianças já foram apadrinhadas com material escolar. Quem quiser participar, a entrega das cestas básicas será até o dia 27 deste mês. A festa será no dia 9 de dezembro. Mais informações pelo número 34682480.

 

Erramos

Fundada em 2017, Bäckerei, que significa “padaria” em alemão, é o nome certo da confeitaria que fica no Brasília Shopping e não usa gordura trans nos produtos. Publicamos Bakery.

Foto postada por Kleber Porciuncula, no Google

 

Consumidor

Começa a ser uma alternativa muito importante para os brasileiros. As receitas de manipulação passaram a ter validade depois da aprovação do projeto da ex-senadora Ana Amélia. O controle é rigoroso e, para a manipulação, é preciso a receita médica e documento do paciente.

Ex-senadora Ana Amélia. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

 

História de Brasília

O DFL andou cortando luz de diversas residências em Taguatinga. Não houve explicação para essa atitude. Fica, entretanto, constatado que não foi por falta de pagamento, mesmo porque o Departamento nunca cobrou uma única conta. (Publicada em 13.03.1962)

O labirinto do Fauno

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Foto: Adriano Machado/Reuters

 

          Ao longo de sua trajetória, do sindicato para a política, muitos estudiosos e especialistas dos labirintos históricos da sociedade brasileira buscaram entender ou decifrar o fenômeno por detrás do fundador e proprietário do Partido dos Trabalhadores (PT). Aqueles que chegaram mais perto de desvendar essa charada humana concordam se tratar aqui de uma verdadeira metamorfose ambulante, capaz de enfeitiçar gregos e romanos, com sua lábia maia e ao mesmo tempo melíflua.

         Trata-se aqui de um personagem que parece ir além de um Pedro Malazartes ou de um Macunaíma, o herói sem remorsos de nosso folclore. De fato, o que temos aqui, em carne e osso, é um ser mitológico, como Saci Pererê, por suas proezas e até mesmo pelo seu destino pessoal.

         Quem já teve a oportunidade de observar de perto as pinturas e os desenhos de Pablo Picasso (1881-1973), em que esse artista dedicou parte de sua arte em retratar a figura do fauno, por certo, a primeira vista já pode identificar certa semelhança física e facial entre essa figura da mitologia romana e o demiurgo de Garanhuns.

         Há, numa análise mais detida entre esses dois personagens, mais verossimilhanças do que assimetrias. Mais certo, para alguns mitólogos, seria aproximar essas semelhanças, misturando-se o folclore brasileiro, em que aqueles personagens aparecem, com a mitologia greco-romana do Fauno e de Pã. Essa comparação, um tanto exótica, ganha ainda mais sabor e densidade, quando esse amálgama de personas passa a transitar dentro do labirinto construído pela engenhosidade de seu ego perturbador.

         Mesmo a sua reentrada no cenário político, orquestrada por um conjunto de forças obscuras do tipo sobre-humanas, confere ao personagem que agora retorna das cinzas de metais óxidos, uma áurea mítica, capaz de reascender as fornalhas de Hades. Para os muitos detratores que acumulou ao longo de sua jornada, esse é, de fato, uma personificação da figura do fake moderno ou daquele que é sem nunca ter sido.

         Com sua flauta típica, que nesse caso se resume ao seu falatório, nosso Fauno, por sua proverbial parlapatice, encanta principalmente os representantes do povo, que esqueceram de representa-lo. Representantes que marcham alheios ao passado desastroso e indiferente ao futuro que virá na antessala do matadouro.

         Sua possível volta ao Palácio do Planalto marcará, também, o que pode ser descrito como “Labirinto do Fauno”, não o da ficção do cinema, mas o da realidade construída a muitas mãos, todas elas empenhadas em reconstruir, a partir da argila crua, o que seria a imagem ou um deus de barro pagão. O que o nosso fauno moderno enxerga em seu labirinto fechado é o que ele acredita ser a realidade de um país em volta. Sua cegueira, no entanto, o impede de compreender um país que agora fervilha e arde em toda a parte. Uma das cenas reais, que muito bem poderia retratar o que seria esse labirinto, foi dada por ocasião das manifestações populares que chegaram a cercar o Palácio do Planalto. Lá dentro, no terceiro andar, o chefe de gabinete da então presidenta afastava a cortina para observar, assustado, o povo agitado que tomava a Praça dos Três Poderes. Naquela ocasião, eles viam, por detrás da cortina do labirinto, o que seria o mundo real e em preto e branco.

A frase que foi pronunciada:

“A inocência tem um poder que o mal não pode imaginar.”

O Labirinto do Fauno

Cena do filme ‘O Labirinto do Fauno’ //Divulgação

 

Dica de leitura na Internet

Veja, a seguir, “Caminhos percorridos por Dr. Jorge C. Bleyer nos campos da medicina tropical e da pré-história brasileira.” Por Terezinha de Jesus Thibes Bleyer Martins Costa. Para ter acesso ao texto na íntegra, acesse o link: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/wv4vv49kn6cPgRqJ4DTs46H/?lang=pt.

Pioneiros

Mariana Nogueira é a primeira neta de Ariomar da Luz Nogueira. Arquiteto e urbanista, que trocava ideias com Oscar Niemeyer, quando a nova capital do país nascia e crescia. O Gama deve homenageá-lo com uma praça.

Ariomar da Luz Nogueira. Foto: Márcio Almeida

 

Qualidade

Pode ser que o cliente não ligue para isso, mas Mac liga. Com vasto conhecimento em gastronomia, o dono da Backerei, no Brasília Shopping, jamais usa margarina. Escolhe os ingredientes como se fossem amigos. Vale conhecer o lugar. Fica perto da Hihappy.

Foto postada por Kleber Porciuncula, no Google

 

Isso pode?

No alto do conjunto 8 da QI 13 do Lago Norte, é possível vislumbrar, no Setor de Mansões do Lago Norte, uma construção colossal, no meio do cerrado. Veja a foto a seguir.

 

Eu vi

Um atropelamento perto do Pão de Açúcar, no Lago Norte, teve um cenário um pouco diferente. Ao perceber que se tratava de um acidente, um carro estaciona apressado no local e um bombeiro que, provavelmente, voltava para casa desce do carro para atender a ocorrência até que os colegas chegassem com o socorro. Uma cena que emocionou. Assista ao vídeo a seguir.

 

História de Brasília

Horrível, simplesmente horrível, o trânsito em Taguatinga. Na Avenida principal o asfalto vai até menos da metade, e o restante não recebe nenhuma conservação. Mesmo que fôsse cascalho, mas se recebesse tratamento, não seria motivo para tantos carros quebrados. (Publicada em 13.03.1962)

Não adianta esconder

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Foto: Gabriela Oliva/O TEMPO Brasília

 

          Muitos historiadores consideram que a Proclamação da República, nos moldes como foi realizada em 15 de outubro de 1889, constituiu-se, claramente, num golpe de Estado, que marcaria o fim do Brasil Império e o início de um novo sistema de governo. O que nascia, de forma torta e um tanto improvisada, não poderia gerar outras consequência que não crises institucionais cíclicas. Até mesmo a Constituição de 1890, dada a pouca experiência dos novos mandatários, teria que ser copiada dos Estados Unidos e imposta a uma cultura que muito se diferenciava dos irmãos do Norte.

          Tratou-se aqui de uma revolução circunscrita aos núcleos urbanos, defendida por jornalistas, advogados, médicos, latifundiários, parte do clero, maçonaria e outros grupos ligados às classes mais escolarizadas. O grosso do país, que residia na área rural, nem ao menos ficou sabendo dessas mudanças e do exílio imposto, da noite para o dia, de toda a família real.

          Dizer, pois, que a Proclamação de 1889 foi movida pelos ventos da modernidade daquele período é uma balela. Nem mesmo a população dos poucos núcleos urbanos existentes naquele período no Brasil ficou sabendo da novidade e de seus desdobramentos.

          Havia, nesse movimento tipicamente de gabinetes e de conchavos, um apelo falso pelas liberdades e pela democracia, embora o principal protagonista desses apelos, representado pelo povo, tivesse sido mantido à margem do processo. Era a tal da democracia sem povo, como ainda hoje se verifica, quando os próceres da atual República resolvem, em reuniões fechadas, o destino da nação. Talvez, por essa e outras razões ligadas a um passado ainda mal resolvido, todas as grandes manifestações populares são vistas com surpresa e até um certo temor pelos donos do poder.

          Nada assusta mais um mandatário neste país do que ver multidões nas ruas clamando por seus direitos. Acreditar que o povo só é importante no momento em que está diante das urnas tem sido um desses problemas que nos mantém presos ao passado. Essa questão ganha ainda mais relevância e mais riscos quando, em pleno século em que a interconectividade mundial das redes via Internet assume um papel crucial nos movimentos populares, elevando o clamor das gentes e incendiando cada canto do planeta, em especial a nossa pátria, pela liberdade.

         Por isso, fechar os olhos ao que ocorre hoje, nesse 15 de novembro de 2022, ao que acontece em todo o país, com famílias inteiras protestando nas ruas das principais cidades do Brasil, pode ser visto como uma repetição daquela Proclamação de 1889, em que as autoridades acreditavam que o povo era apenas uma concepção abstrata e sem maiores importâncias.

         As manifestações populares, chamadas, por uns poucos desavisados, de protestos da extrema direita, são, quer queira ou não, manifestações legítimas, vindas das ruas. Fechar os olhos e ouvidos ao que se passa agora, nas ruas de todo o país, não tem o poder de fazer com que elas inexistam. Há uma proclamação pela coisa pública e um clamor retumbante vindo agora das ruas, e isso é fato, não adianta esconder.

 

A frase que foi pronunciada:

“Bom cidadão é aquele que não tolera na pátria um poder que pretenda ser superior às leis.”

Cícero

 

Comissão de frente

Veja, no Blog do Ari Cunha, o vídeo da reunião que aconteceu no início do ano quando “A Convencional” María Rivera apresentou uma proposta de criação de uma Assembleia Plurinacional de Trabalhadores e Povos, que seria responsável pela gestão da justiça, economia e decisões políticas.

 

Antidemocrático

Autoritário, absoluto, arbitrário, dominador, despótico, opressor, tirano, tirânico, dominante, autocrata, déspota, ditador, dogmático, imperativo, imperioso, magistral, mandão, opressivo, oprimente, ditatorial, iliberal, autocrático, absolutista, cesarista, discricionário, dominativo, totalitário, totalitarista, impositivo.

Alethea

Nosso querido Ari Cunha adorava contar essa fábula, sempre atual. Era o sapo que ia atravessar o rio e ouviu o grito do escorpião pedindo uma carona. Mas promete que não vai me matar? Disse o sapo desconfiado. Claro que não! Argumentou o escorpião. Se eu matar você, morreremos os dois! Argumento irrefutável. No meio do rio não deu outra. As toxinas escorpiônicas espalharam pelas costas do sapo agindo nos neurotransmissores do sistema nervoso autônomo. A intensidade do veneno foi grande, mas o pobre sapo ainda perguntou: Por quê? Porque essa é a minha natureza.

Ilustração: JF

 

História de Brasília

A saída do dr. Magalhães, do Departamento de Edificações da Novacap tem sido muito sentida. Competente, e conhecedor dos problemas do seu Departamento, sua ausência está sendo sentida em tôdas as horas. (Publicada em 13.03.1962)

Guerra de palavras

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Foto: Lula e Bolsonaro | Arquivo Google

 

         Foi-se o tempo em que a expressão do Latim que ensinava que: “ verba volant, scripta manent” ou, em tradução livre , “palavras voam, a escrita permanece”, fazia algum sentido. Hoje, com o estabelecimento generalizado das tecnologias digitais, somadas às mídias sociais, tudo o que é falado em público, especialmente pelos políticos, é gravado e replicado ad infinitum.

         Capturados pelas redes, ficam como escritos em rochas e jamais desaparecem, nem por força de controles e de censuras. Posto isso, é fácil aferir, antologicamente, o que seria a quintessência de qualquer indivíduo. Somos a expressão do que falamos, até de modo inconsciente. Não é por outro motivo que a psicanálise recorre, basicamente, ao que o paciente expressa em palavras, para desnudar-lhe a alma e o âmago.

         Da mesma forma, é possível desnudar algumas dessas lideranças políticas, que estão atualmente sob o foco e a luz das atenções, para entendermos o sujeito e o objeto de suas falas. Tomando apenas os dois principais personagens políticos do momento e de posse do que disseram publicamente nesses últimos meses, e que podem ser conferidos em gravações que navegam pelas mídias eletrônicas, teremos farto manancial de palavras que podem, muito bem, servir de material para uma análise que mostre quem é, de fato, que pode estar por trás de cada fala.

         O trabalho de compilar uma e outra fala do atual presidente e de seu opositor, que ambiciona lhe tomar o lugar, não é tarefa fácil, em virtude da verdadeira guerra de palavras que foi estabelecida e declarada, tanto no campo das eleições como anteriormente, na pré-campanha. Assim, estabelecendo Lula como sendo o número (1), e Bolsonaro como número (2), temos: (1) “ainda bem que a natureza criou o Coronavírus”; (2) “Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, e especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo”; (1) “Eu não vou enganar o povo mais uma vez”; (2) “O povo armado jamais será escravizado”; (1) “Eu não posso ver mais jovem de 14, 15 anos, assaltando e sendo violentado pela polícia, só porque roubou um celular”; (2) “O sr. só promete, promete até picanha com cerveja, quando, da votação do Auxilio Brasil, seu partido votou contra a medida”.

         A lista de parlapatices é imensa e pode muito bem ser pesada, na balança do juízo, por qualquer um. O fato, como disse o próprio Lula, durante sua turnê na Europa, é que “Bolsonaro só pensa em destruir aquilo que destruímos.” Fossem aferidas, segundo padrões de peso, cada frase poderia, muito facilmente alcançar algumas toneladas.

         Jogadas contra os adversários poderiam provocar grandes estragos. Nessa batalha de palavras, a maioria, saída da boca sem antes passar pelo crivo do cérebro, os mais prejudicados são os cidadãos de bem, que têm sua família, que vão à Igreja, pagam seus impostos e sonham com um país onde seus filhos possam expressar, livremente, seus credos, sua educação, exatamente como faziam nossos antepassados, quando essas ameaças de destruição de valores eram vistas apenas em livros de ficção distópica e que, de tão assustadores e tenebrosos, eram lidos apenas por uma parcela de masoquistas e niilistas renitentes.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“As palavras são gratuitas. É como você as usa que pode lhe custar caro.”

De KushandWizdom

Pela saúde

Ausente nos supermercados, a Vigilância Sanitária está perdendo os absurdos, principalmente, nas gôndolas de carne. No supermercado Dia a Dia do Novo Gama, as prateleiras do produto exalam o odor putrefato de longe. Pelo DF, a Vigilância também encontraria bastante trabalho.

Foto: Breno Esaki/Agência Saúde

 

Muito cuidado

Por falar em vigilância, com acesso aos limites de crédito dos clientes bancários, empresas que já tiveram busca e apreensão da polícia, continuam trabalhando com aposentados na mira. Mudam o nome e não se intimidam. Oferecem crédito consignado. Uma verdadeira armadilha. Marcam reunião, recebem a visita de consultores, tomam até cafezinho na própria empresa. O primeiro contato é feito por telefone. Quando o assunto for seu dinheiro, trate com o seu gerente.

 

Lado bom

Amor à primeira vista. Carlos Moisés e Antônia Souza Araújo. Esses são os nomes certos do casal que se conheceu no Varjão, enquanto votavam há 4 anos, e voltou, neste ano, para votar na mesma seção, já com aliança no dedo.

Foto: Tony Oliveira / Agência Brasília

 

História de Brasília

Já que o assunto é fiscalização, aqui está uma: as casas da Caixa Econômica, na W-3, estão abolindo dependências de empregadas, para alugar a escritórios e oficinas. E o pior. Já estão colocando basculantes nas paredes externas, não se sabe com ordem de quem. (Publicada em 13.03.1962)

Estratégia das tesouras

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Cahrge: oestenewsorg.wordpress.com

 

Ou a gente acaba com os ratos, ou os ratos acabam com o Brasil. Com essa frase, copiada de Monteiro Lobato, o marqueteiro político Duda Mendonça pregava a necessidade de voto no candidato Lula e no Partido dos Trabalhadores para acabar com a praga da corrupção que vinha destruindo o país, desde a chegada de Cabral por essas bandas. Substituindo as saúvas de Lobato pelos ratos políticos, a propaganda de Duda mostrava uma ninhada desses roedores devorando ferozmente a bandeira nacional, que, depois de estraçalhada, ainda era arrastada para dentro da toca. O ano era 2002 e a peça de propaganda levou muita gente a acreditar que, finalmente, o Brasil iria se livrar da peste secular, dando início a um novo ciclo de nossa história.

A peça publicitária era endereçada ao governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC, 1995-2002), atacado, naquela ocasião, pelos petistas e pelo próprio Lula com a mesma ferocidade com que os ratos se atiravam sobre a bandeira. Tratava-se, na realidade, de uma grande ingratidão cometida contra FHC, pois fora ele quem limpou as veredas e aplainou os caminhos que iriam permitir o acesso do PT ao poder. Sem Fernando Henrique Cardoso, dificilmente Lula teria chegado à presidência. Para conseguir essa façanha, o próprio FHC cuidou de obstar, o quanto pode, a candidatura natural de José Serra, do mesmo partido, e que vinha realizando um excelente serviço, tanto no ministério do Planejamento como frente à pasta da Saúde.

Pelo o que era apresentado pela imprensa naquela ocasião, FHC não media esforços para, ao mesmo tempo, dificultar a candidatura de um correligionário e abrir espaços para a chegada de Lula ao Palácio do Planalto. Essa manobra talvez tenha representado um dos primeiros movimentos da chamada “Teoria ou Estratégia das Tesouras “, na qual tanto o PSDB de FHC como o PT de Lula apresentavam, em público, discórdias e brigas, todas elas ensaiadas, e, nos bastidores, juntavam suas forças e estratégias com a única finalidade de trazer as esquerdas e todo o seu ideário para dentro do poder no Brasil, de modo permanente e indiscutível. Para os brasileiros que assistiam, de fora, essa peleja teatral, parecia haver um rivalidade política de fato entre as duas legendas. O fato é que, de 1995 até 2022, essa estratégia funcionou de maneira perfeita para as duas legendas e para seus principais caciques.

Com a adesão pública de Geraldo Alckimin, colocando-se como vice na chapa de Lula, todo esse trabalho cênico, bem elaborado e que, por anos, enganava os eleitores, desmoronaria na frente de todos, mostrando, de forma crua e até pouco decente, como agem os protagonistas da esquerda brasileira, sempre dentro da máxima: “Os fins justificam os meios”. Nesse jogo viciado de cara e coroa, a moeda sem lastro das esquerdas foi perdendo seu valor de face, quando uma sequência infinita de escândalos de corrupção foram vindo à tona. Infelizmente, a enorme relação desses escândalos e seus efeitos maléficos para a nação, durante todos os 15 anos de governo petista, não tiveram o condão de acender, junto à parcela da população e, principalmente, junto às elites políticas, o alerta necessário para dar outros rumos ao país, já que esses que aí estão transformam o filme publicitário de Duda Mendonça de uma peça ficcional em um documentário realista e de mau agouro.

 

Fotos amareladas

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Foto: explicamais.com

 

           Quem observa, com atenção, antigas fotos em preto e branco, tiradas a pouco mais de meio século, mostrando cenas nossas principais das capitais, de suas ruas, avenidas, parques e centros de comércio, nota, logo de saída, uma diferença significativa e que ilustra um fato curioso: como eram bonitas e organizadas nossas metrópoles, com cada coisa em seu lugar. As principais ruas eram limpas, arborizadas, os prédios bem dispostos, bem cuidados. Os parques exibiam estátuas e monumentos intocados, haviam bebedouros públicos espalhados pela cidade. O trânsito fluía, as pessoas pareciam caber nas ruas. Tudo estava em seu lugar.

          Nos centros urbanos, não se via lixo, pichações, parecíamos estar vendo uma outra cidade, de um outro país distante. Vendo essas imagens e olhando em volta para o que temos agora, o sentimento que prevalece é de que, já naquela época, havíamos resolvido grande parte de nossos problemas urbanos atuais.

         Passados tanto tempo, a pergunta que se impõe é o que teria ocorrido com nossas principais capitais? Comparando esses mesmos sítios ontem e hoje, é visível a deterioração e o envelhecimento precoce de nossos espaços públicos. Por que esse mesmo fenômeno não afetou cidades como Paris e Roma, bem mais antigas e tão bem conservadas? Nossas principais cidades simplesmente envelheceram num ritmo alucinante.

         É certo que o Brasil de cinquenta anos atrás tinha seus problemas, mas o registro em imagens, gravado no papel, mostra as metrópoles brasileiras como um lugar outrora aprazível e seguro. Mesmo Brasília, tão nova e moderna, basta um olhar nas fotos captadas nos anos sessenta para se constatar que o passar do tempo maltratou muito a capital do país. Imagens mostrando a rodoviária central, o setor comercial sul, a W3 e outros endereços, nos anos 60, registram uma cidade que não existe mais, e que foi engolida pelo progresso ligeiro e oportunista.

         Nos últimos anos, esse processo de deterioração se acelerou com a entrada de novos personagens no comando da cidade, retaliada entre grupos políticos. O que se observa agora é a degradação dos espaços públicos, com os puxadinhos horrendos tomando conta de tudo, até de paradas de ônibus.

          O comércio sobre rodas, caracterizado pelos chamados food trucks, uma inovação importada às pressas dos Estados Unidos, não respeitam canteiros centrais, áreas verdes, nada. Vão invadindo cada canto, improvisando um comércio de alimentos que todos sabemos, não passa pelo crivo da vigilância sanitária.

         Leis, feitas sob encomenda e que irão beneficiar mais aqueles que as confeccionam do que a população em geral são produzidas em quantidade, favorecendo todo o tipo de empreendimento. Com isso, a cidade que deveria ser modelo para o mundo entra, pouco a pouco, num processo de decadência triste e irreversível, restando apenas lembranças gravadas em fotografias em preto e branco e que nos dão a certeza de que éramos felizes e não sabíamos.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Democracia quer simplesmente dizer o desencanto do povo, pelo povo, para o povo.”

Oscar Wilde

Oscar Wilde, 1882.
Courtesy of the William Andrews Memorial Library of the University of California, Los Angeles (britannica.com)

 

De presente

Conhecido como o mar de Brasília, o céu apresentou uma surpresa espetacular ontem na capital. Um halo em volta do sol chamava a atenção. A seguir, as fotos de João Andrade, aniversariante do dia.

 

Atuação

Engatinhando ainda no compartilhamento das informações de atividades parlamentares, a Câmara Legislativa tem o Senado Federal e a Câmara dos Deputados para se espelhar. Só assim vai se tornar transparente. Por enquanto, as informações são escassas.

Foto: Carlos Gandra/CLDF

 

Educação

Poeira e Batom é um documentário de Tânia Fontenele que deveria ter apresentação obrigatória nas escolas públicas e particulares da capital. Uma cidade tão nova precisa ter a origem conhecida pelos jovens.

Imagem: cultura.gov.br

 

Gestão

Mulher passa mal aguardando atendimento no CRAS. O problema é o horário de funcionamento. A demanda é enorme e o tempo de portas abertas é muito pouco.

Frame de vídeo gravado por usuários do CRAS durante socorro à mulher que passou mal enquanto esperava por atendimento – Reprodução

 

História de Brasília

Já que o assunto é fiscalização, aqui está uma: as casas da Caixa Econômica, na W-3, estão abolindo dependências de empregadas, para alugar a escritórios e oficinas. E o pior. Já estão colocando basculantes nas paredes externas, não se sabe com ordem de quem. (Publicada em 13.03.1962)

Entre a cruz e a espada

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Charge do Jarbas

 

           A saúde, lembra a Constituição em seu art. 196, “é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” Mais adiante, no art. 199, logo em seu parágrafo primeiro, diz: “As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.”

          A entrada da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), como reguladora dos planos de saúde, um setor que lucra no Brasil algo em torno de bilhões de reais por ano, não tem, na visão dos milhões de segurados desses planos privados, conseguido conter os aumentos absurdos nas mensalidades, nem tampouco estancar os abusos praticados por essas empresas na cobertura de assistência.

         Esse comportamento dúbio da ANS tem levado muitos brasileiros a desconfiarem que, a exemplo de outras agências reguladoras, faz o jogo imposto pelo poderoso lobby das operadoras de saúde, até porque são elas, e não o poder público, que dão razão à sua existência. Em qualquer país, mesmo naqueles que professam a mais radical interpretação do liberalismo econômico, a atuação das operadoras dos planos de saúde jamais ocorreria da forma como se encontra hoje no Brasil.

         A transformação da saúde humana em mera mercadoria, pelos planos de saúde, só é párea, no quesito desumanidade, para os hospitais públicos nos quais brasileiros são amontoados em corredores infectos à espera de um mínimo de atendimento. Na dúvida, entre pagar o que exigem e a morte, muitos brasileiros, sobretudo os idosos, são obrigados a se render aos abusos nas mensalidades, principalmente quando inscritos nos planos individuais.

         Se a situação é ruim para quem possui plano individual, para as empresas, obrigadas por lei a disponibilizarem planos de saúde para seus funcionários, a coisa não é melhor, O custo crescente dos planos empresariais com saúde chega a consumir mais de 11% da folha de pagamento das empresas, lembrando ainda que hoje os planos empresariais são 66% do mercado.

         Os abusos no aumento das mensalidades têm feito com que mais de 2,5 milhões de pessoas abandonem os planos de saúde. O problema é que, quando a doença ameaça a existência de um indivíduo, dinheiro é a última coisa a se pensar. Nessa encruzilhada entre o público e o privado, o cidadão se depara ainda com desvios de toda ordem, quer na forma de malversação dos recursos públicos com corrupção, sobrepreços e outras ilegalidades, quer nas manipulações feitas pelos planos privados, encarecendo a toda hora a prestação desses serviços.

         A tudo, a ANS, tolhida em suas funções originais, quer pela pressão de políticos ou de operadoras dos planos, observa distraída, com cara de paisagem. Nesse comportamento esquizofrênico, que obriga a Agência Nacional de Saúde a caminhar no limbo entre o que querem as operadoras e o que determina a legislação, o Código de Defesa do Consumidor e as milhares de ações na justiça, resta aos brasileiros a certeza dos reajustes solicitados nas mensalidades dos planos pela Agência diante da inflação menor no período.

         Esse problema deixou a esfera administrativa e política e já adentrou para a esfera da investigação policial. Nesse sentido, a questão, por sua dimensão escandalosa, chegou ao Congresso, que concluiu, no relatório da CPI sobre os poderes à ANS, que deveriam ser ampliados para que a Agencia pudesse fiscalizar e denunciar, aos órgãos competentes de defesa do consumidor, as empresas que não são registradas na Agência como operadoras de planos privados de assistência à saúde, mas que atuam no mercado, muitas vezes induzindo o usuário ou consumidor a erro. Outra questão abordada no relatório final referia sobre a migração ou adaptação dos contratos, que deveriam ocorrer de forma coletiva, em cada plano de saúde, visando o menor reajuste das contraprestações e o menor prazo de carência possíveis; para garantir a livre escolha do usuário entre permanecer no contrato original; ou adaptar seu contrato com a incorporação de novas coberturas.

         A ANS não tem meios para controlar a higidez do setor de saúde suplementar se sua atribuição legal restar limitada à relação entre as operadoras e os usuários. A eficácia desse controle será ampliada se a Agência puder intervir para equacionar o sem-número de conflitos que se dão entre aquelas e os prestadores, conflitos estes que, em última análise, redundam em prejuízos maiores para os usuários, dizia o relatório final.

 

A frase que foi pronunciada:

“A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) suspendeu reajustes nos planos de saúde individuais devido à Covid-19 em 2021. Mas as pessoas voltaram a usar em um ritmo até maior, o que aumentou a variação do reajuste de 15,5%.”

João Matos, professor de ciências econômicas.

Foto: jornaldebrasilia.com

 

História de Brasília

A Disbrave está construindo uma oficina de conserto de automóveis no Setor Comercial Residencial. Residencial, vejam bem, até que os fiscais vejam também. (Publicada em 13.03.1962)

O fim da linha

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Urnas eletrônicas são preparadas para eleições, em Curitiba. Foto: 18/10/2022 – REUTERS/Rodolfo Buhrer

 

É como dizem: “a montanha pariu um rato”. No oceano de fake news, que banha o Brasil de Norte a Sul, o Relatório do Ministério da Defesa, montado ao longo de mais de 90 dias e aguardado como sendo a “carta na manga” do atual governo, por sua tibieza, falta de ânimo e tino politico/estratégico, foi, para dizer o mínimo, uma decepção e um balde de água fria sobre a outra metade, ou muito mais do que isso, do eleitorado brasileiro.

Mesmo que não represente um respaldo franco e definitivo ao processo eleitoral eletrônico, conforme defendido pelo TSE, o dito Relatório, deixa visível, em outras falhas, o total despreparo dos técnicos militares do país para aturarem no complexo universo das tecnologias digitais. Ou os militares adentraram num campo de batalha como bisonhos e não encararam a cruzeta, ou se fazem de jangais que não enfrentam o sanhaço. Num mundo em que boa parte das guerras de conflitos agrega grandes quantidades de elementos das tecnologias digitais, a demonstração de que nossas defesas armadas ainda patinam no beabá desses avanços deixa os cidadãos preocupados. Ademais, era, por muitos, já dado como certo, que o Relatório não avançaria significativamente dentro do sistema eletrônico de votação, não só pela falta de vontade com que o TSE demonstrava em aceitar as bisbilhotices, mas, sobretudo, porque a própria apresentação desse documento já vinha em uma hora em que, bem ou mal, o atual governo parecia ter jogado a toalha.

A única estratégia, de fato, contida nas entrelinhas do documento do Ministério da Defesa, era a de não criar mais arestas com o governo que chega. De resto, ficou o dito pelo não dito. Cheios de dedos, dúvidas e escusas, o Relatório, que também tem o aval das Forças Armadas, diz, por detrás das linhas tortas, que essa Instituição, à semelhança do que já ocorre com o Legislativo e o Judiciário, está à disposição do novo governo. O mais lamentável, em todo esse drama, que vivem aqueles que se intitulam patriotas e conservadores, é a constatação de que, cedo ou tarde, terão que assistir os mais dignos oficiais das Três Forças baterem continência e outros salamaleques rituais para personagens que, ainda ontem, respondiam por um conjunto de crimes, que facilmente podem ser enquadrados como traição ao país.

Em outros tempos, crimes dessa natureza, pelos efeitos maléficos e de longa duração que provocam para toda a nação, eram punidos com a extradição e outras penas mais severas. Infelizmente, a não aceitação, por parte do Congresso, de que a corrupção fosse classificada como crime hediondo, à semelhança do que ocorre agora com o abuso sexual contra crianças, levou-nos a assistir a uma eleição totalmente atípica e fora dos padrões civilizatórios. Também o esfacelamento de leis, como a Ficha Limpa e a da prisão em segunda instância, contribuiu para que chegássemos a esse ponto de parada de nossa triste história. Daqui, onde nos encontramos agora, a próxima estação de parada desse trem pode ser também o fim da linha.

Não tinha teto, não tinha nada

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Foto: Sérgio Lima/Poder360 20.set.2022

 

Muita coisa não tem sido dita ou confessada aos eleitores do presidente “eleito”. A regra parece seguir os ensinamentos de Maquiavel: “faça de uma vez só todo o mal, mas o bem faça aos poucos”. Com isso, a maior parte do que poderá ser uma das linhas de governo, a partir 2023, fica em suspense ou seguida de três pontos.

De fato, ao não apresentar um programa sério e consistente de governo, o não tão novo assim ocupante do Planalto irá compor de fato seu gabinete de ministros, à medida em que forem surgindo os problemas. Contudo, uma coisa é certa: não há diretriz alguma assentada ou traçada no papel. As linhas de governo virão em conta gotas, ditadas apenas por uma pessoa: o chefe. Os demais, nesse baile anacrônico da Ilha Fiscal, figuram nesse governo como figurantes.

Outro fato que parece já ser decisivo é que o governo que ensaia voltar em 2023, irá ao Executivo com a ajuda subserviente de todo o Poder Judiciário, na figura do Supremo Tribunal Federal. Na verdade, pelo o que se tem visto até o momento, caberá ao Supremo um papel de coadjuvante no governo de esquerda.

O Legislativo entrará nesse salão, à medida em que seus membros forem submetidos ao lento processo de “amolecimento do coração”. Na novilíngua que reinará no Palácio do Planalto, esse processo se deve ao “poder encantador de convencimento do presidente”. No fim o que se espera é que todo o Congresso acabe sendo encantado pela flauta do líder. Com a abdução do Judiciário e do Legislativo, o próximo passo será trazer as forças de segurança para a área de influência do governo. Concluída essa etapa, o que a população assistirá será o festival de loas e salamaleques vindos de toda a mídia cativa e subserviente.

Em linhas gerais, esse é todo o enredo a ser desenvolvido até 2026. De posse das rédeas do poder, doravante, falar em independência dos Poderes soará como heresia. Estarão todos em perfeita harmonia. Não é por outro motivo que, para dar início a essa gestão singular, o governo que chega já adentra o cenário nacional com a proposta de furar o teto de gastos, acabando com esse modelo antiquado e certinho de responsabilidade fiscal.

Para tanto, já vem trabalhando pela aprovação no Congresso da chamada PEC dos gastos. Caso essa medida não avance no Congresso, como espera o governo que virá, a solução será recorrer ao Supremo, onde a proposta será facilmente acolhida e até defendida, podendo os opositores a essa PEC virem a responder por crime contra a nação.

O mercado, essa entidade apátrida e sem endereço, torce para que a junção do populismo com as finanças públicas não arruine as perspectivas de lucros e, principalmente, não atrapalhe o trabalho manicurto dos bancos. É preciso entender que a expressão “furar o teto de gastos” não assusta o mercado e seus objetivos materiais imediatos. Eles estarão muito bem protegidos contra as intempéries. Na verdade, o teto furado trará seus efeitos apenas sobre a cabeça da classe média, que sentirá os efeitos das goteiras que irão se alastrar pela casa toda, já com uma só televisão e nenhuma lancha.

O furo ou rombo no teto de gastos é apenas o primeiro estrago a ser realizado nas contas públicas. Outros virão na sequência e até por inércia. A começar pelo furo no piso. Pelo desmonte da estrutura econômica, pelo abalar dos pilares do livre mercado, pela demolição dos alicerces da poupança interna, pelo desgaste das reservas, pelo tremor nas vigas que dão suporte aos princípios da ética pública e pela destruição de toda e qualquer barreira dos cofres da União.

O Colapso de todo o edifício Brasil e seu desabamento espetacular será o grand finale dessa chanchada burlesca.

 

A frase que foi pronunciada:

“A França é um país que adora mudar de governo se for sempre o mesmo.”

Honoré de Balzac

Honoré de Balzac (Foto: Reprodução)

 

Pela saúde

Ausente nos supermercados, a Vigilância Sanitária está perdendo os absurdos nas gôndolas de carne. No supermercado Dia a Dia do Novo Gama, as prateleiras de carne vão dar bastante trabalho. Pelo DF, também encontrariam bastante trabalho.

Foto: Breno Esaki/Agência Saúde

 

Muito cuidado

Por falar em vigilância, com acesso aos limites de crédito dos clientes bancários, empresas que já tiveram busca e apreensão da polícia continuam trabalhando com aposentados na mira. Mudam o nome e não se intimidam. Oferecem crédito consignado. Uma verdadeira armadilha. Marcam reunião, recebem a visita de consultores, tomam até cafezinho na própria empresa. O primeiro contato é feito por telefone. Quando o assunto for seu dinheiro, trate com o seu gerente.

 

Lado bom

Amor à primeira vista. Carlos Moisés e Antônia Souza Araújo. Esse é o nome certo do casal que que se conheceu no Varjão, enquanto votava há 4 anos e voltou nesse ano para votar na mesma seção, já com aliança no dedo.

 

História de Brasília

A Universidade de Brasília adotará cursos prévios intensivos de três meses, no início do ano letivo, a fim de tentar recuperar os alunos admitidos com nível insatisfatório. No fim do curso, o aluno reprovado poderá repeti-lo mais 3 meses, a fim de atingir o nível para prosseguir nos Cursos Técnicos. Só no fim dêsses seis mêses, é que receberão, então, “bilhete azul”. (Publicada em 13.03.1962)

Formigas assanhadas

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Charge: Nani Humor

 

          Um dos princípios da Física estabelece que a análise de um objeto, sua trajetória, tamanho, propriedades etc., só pode ter um sentido válido e compreensível se comparado com outros, e tendo como referência diversos elementos externos ao objeto. O mesmo entendimento pode ser levado também para aferir o tamanho do cidadão em sua relação ao Estado e à toda máquina pública. Em outras palavras, tem-se que, quanto maior e mais poderoso o Estado, menor, em relação a ele, será o cidadão.

          Um Estado gigante obriga, à sua volta, cidadãos que, na realidade, não passam de formigas atazanadas, com obrigações diárias que as forçam a trabalhar ininterruptamente para alimentar esse Leviatã. É como diziam os antigos: quanto maior a porta, menor serão aqueles que passarão sob ela. Eis aqui uma questão que nos leva direto ao conceito do estatismo e ao tamanho do Estado.

          Para os que defendem que o Estado seja um gigante, atuando em todas as áreas e, por isso mesmo, consumindo grandes porções de impostos e exaurindo, ao máximo, a força de trabalho de seus cidadãos, o indivíduo é sempre visto como um detalhe, descartável, quando não for mais conveniente sua presença. A ilusão do Estado provedor, imaginado pelas ideologias totalitárias como o “pai da nação”, tem levado a humanidade, em todo o tempo e lugar, às mais terríveis experiências.

         Exemplos atuais de Estados poderosos e gigantes ainda são vistos em todo o planeta. China, Rússia, Coreia do Norte e outros são referências de Estados gigantes no sentido de ascendência sobre seus cidadãos. Investem fortunas em poderio armamentista e de controle da população. Recursos que sempre faltam lá na ponta, em forma de serviços públicos básicos. Faltam papel higiênico, grãos e antibióticos, mas não faltam recursos para armas de destruição em massa e para os serviços de controle interno e repressão

          Nesse ponto, é válida a comparação entre um Estado agigantado e os processos infecciosos da metástase de um tumor. Quanto mais cresce, mais adoece e leva a população junto. Os riscos trazidos pelos ideais do estatismo são sempre maiores do que seus benefícios. E é isso que é ocultado da população. O estatismo, filho bastardo de ideologias, tanto de esquerda como de direitas extremadas, é impulsionado tendo, como premissa maior, o fortalecimento exclusivo daqueles que estão diretamente ligados aos processos de gerenciamento da máquina do Estado.

          Aos demais, as migalhas. Por isso se verifica, ad nauseam, que um Estado rico e poderoso é sempre aquele em que as elites no poder desfrutam de todos os privilégios materiais, restando, ao resto da população, o papel de mantenedora dessas benesses. Não por outra razão, o estatismo é defendido pelas elites políticas no topo da pirâmide social. As mesmas que não se acanham em recorrer ao uso de formicidas, sempre que o formigueiro se mostrar mais assanhado.

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando muitos trabalham juntos por um objetivo, grandes coisas podem ser realizadas. Dizem que um filhote de leão foi morto por uma única colônia de formigas.”

Sakya Pandita

Sakya Pandita. Imagem: asangasakya.com

 

Otimismo

Entre 30 de dezembro e 1º de janeiro, o Partido dos Trabalhadores estima que 200 mil pessoas cheguem a Brasília. Se assim for, o setor hoteleiro estaria com 95% da capacidade tomada. Em 2003, foram 70 mil pessoas.

Setor Hoteleiro Norte, em Brasília — Foto: Vianey Bentes/TV Globo

 

Bons tempos

Deputado Izalci Lucas traz, na memória, um fato bastante curioso. Nos anos 70, segundo o parlamentar, todos os jovens queriam casar com uma professora. O salário era muito bom na época. Equiparado ao salário do magistrado.

Senador Izalci. Foto: senado.leg

 

Caso de sucesso

Ioni Pereira Coelho, Thaise Souza de Carvalho e Sara Cristina Damásio, professoras do Centro de Ensino Fundamental 308, de Santa Maria, juntamente com a Vice-Diretora Profa. Marineide Martins, enaltecidas pelo Projeto Empreendedorismo, que colocou a escola como finalista do Prêmio Ibero-Americano de Educação. O Projeto Culinária, feito com sobras de alimentos, incentiva o empreendedorismo e resgata o prazer do estudante estar na escola.

 

Novidade

Projeto de proteção às mulheres iniciado pela ex-senadora Ana Amélia foi atualizado pelo deputado Capitão Derrite. Trata-se de impor o uso de tornozeleiras eletrônicas também por quem está no regime aberto, em livramento condicional ou por quem cumpre medidas cautelares. Mulheres do Brasil, que vivem o pavor da agressão e morte, agora sabem que esses homens violentos poderão ser detectados, caso tentem burlar as medidas restritivas.

Foto: TV Globo/ Reprodução

 

História de Brasília

Na primeira viagem, o sr. Jânio Quadros para fazê-la, vendeu um terreno. Depois, fêz outra viagem. Foi convidado especial. Na terceira, mandou hipotecar a casa. E na próxima? (Publicada em 13.03.1962)