Educação digital

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Caminhos da Reportagem/TV Brasil

 

          Das muitas consequências trazidas pela pandemia do Covid-19, algumas delas podem muito bem ser incluídas no rol dos efeitos positivos dessa doença, mostrando, mais uma vez, não apenas a capacidade ilimitada de resiliência do ser humano frente às catástrofes, mas sobretudo sua aptidão para retirar, dessas tragédias, ensinamentos e novos modelos de sobrevivência e de adaptação a um mundo em rápida mudança e indiferente aos destino dos homens sobre o planeta.

         Por certo a pandemia, provocou mudanças em todos os setores da vida humana, alterando padrões de comportamento dentro das sociedades, mostrando também a necessidade de se adotar novos modelos de interação, no trabalho, na produção e nas relações pessoais. Uma dessas mudanças, e que mais vem chamando a atenção de todos, vem justamente do setor produtivo laboral e intelectual.

         Houve uma aceleração no uso das tecnologias digitais e uma expansão exponencial dos meios de comunicação via mídias sociais. O trabalho remoto, que antes parecia uma inovação ainda distante da realidade de nosso país, ganhou fôlego e uma necessidade imediata, multiplicando, por mil, o número de pessoas que passou a dar expediente diretamente de casa.

         A pandemia provocaria também uma verdadeira revolução no ensino à distância, mostrando a possibilidade prática na aplicação das tecnologias digitais na educação de crianças e adultos. Às vésperas da chamada 4ª Revolução Industrial, marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas, com automação total das fábricas e da adoção dos sistemas ciber físicos, de robôs, da inteligência artificial, no que vem sendo denominado internet das coisas, os sistemas educacionais devem, o quanto antes, adotar as novas tecnologias, modificando sensivelmente os antigos modelos de ensino, ao aproximar os alunos e mestres desse mundo em transformação.

          Daqui para frente o mundo será movido, essencialmente, pelas tecnologias já disponíveis e por aquelas que estão por vir num futuro próximo. De olho nessas mudanças, o plenário do Senado aprovou, nesta semana (20), Projeto de Lei vindo da Câmara dos Deputados, criando a Política Nacional de Educação Digital (PL 4.513/2020), prevendo o ensino, nas escolas públicas, das disciplinas de computação, programação e robótica. O projeto altera também dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, introduzindo, nos currículos da educação básica, o ensino das competências digitais ao longo de várias etapas, desde o ensino fundamental.

         Desse modo, todos os níveis de escolaridade incluirão, em seus currículos, aulas de programação, computação, robótica e outras disciplinas correlatas às tecnologias digitais. Também foram incluídas as demandas da educação digital no âmbito da Política Nacional do Livro. Os parlamentares que defenderam esse texto incluíram, ainda no Projeto, dispositivos que amparam e demonstram a necessidade de uma política de educação voltada para o mundo digital, observando as vulnerabilidades sociais e econômicas dos alunos brasileiros.

          Com isso, o projeto irá tratar, como prioritário, o atendimento aos alunos menos favorecidos. Diz a deputada Ângela Amin: “Os desafios, e os benefícios potenciais da educação digital são múltiplos. Do ponto de vista do mercado de trabalho, há uma lacuna de competências a preencher, pois um número crescente de empregos exige um alto nível de proficiência no uso de tecnologias e muitos novos empregos são baseados em habilidades digitais especializadas. Do ponto de vista social, o desafio é de inclusão: uma divisão digital entre aqueles com nenhuma ou apenas habilidades digitais básicas e outros com habilidades de nível superior pode ampliar as lacunas existentes na nossa sociedade e excluir ainda mais algumas partes da população.”

A frase que foi pronunciada:

“A tecnologia nunca substituirá os grandes professores, mas nas mãos de grandes professores, ela é transformadora.”

Jorge Couros

É Natal!

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Com exceções

O CPF pode passar a ser o único número de identificação geral para os brasileiros. A notícia divulgada pela Agência Câmara de Notícias informa ainda que a partir da vigência da futura lei, o CPF será usado como número em certidões (nascimento, casamento e óbito), como identificação perante o INSS (NIT), na carteira de trabalho, na CNH e outros. A matéria vai para a sanção presidencial

Foto: Divulgação/ Receita Federal

 

História de Brasília

Fechou o Chez Willy. O primeiro bom restaurante de Brasília, teve toda a promoção gratuita que um homem de negócios poderia desejar. Seu proprietário não entendeu assim, e passou a explorar. Fêz reformas no edifício, sem autorização do dono, e sublocou a sobreloja sem poder, pelo contrato. (Publicada em 14.03.1962)

Como armar a liberdade

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Foto: correiocentralro.com

 

         Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, já dizia Camões há cinco séculos. Com base nesse aforismo, é possível levar essa ideia para o campo do desarmamento da população. Se, no passado, até pelos impedimentos burocráticos e legais, era difícil o acesso ao porte de arma pelos cidadãos de bem, a população chegava a acreditar que bastavam as ações do aparato de segurança de Estado para conter a violência urbana. Esse mito foi desfeito com o passar dos anos e com o aumento surpreendente da criminalidade. O incremento nos índices de homicídios, na esteira do surgimento espantoso de grupos organizados e bem armados para a prática de crimes de toda a natureza, deixou visível que todo esse florescimento da bandidagem se dava à medida em que as leis e a própria justiça começaram a transferir e a debitar esse problema aos condicionantes sociais do país, transformando o delinquente numa vítima da sociedade e, portanto, digno de todo o tratamento e amparo do Estado.

         A população que ganha o pão de cada dia honestamente a tudo assistia de forma passiva e passou a desacreditar na polícia e mesmo na justiça, quando via que bandidos recém detidos, eram logo postos em liberdade, sob uma variada gama de desculpas. Mesmo aqueles bandidos condenados, que logo estavam de volta às ruas, beneficiados por uma série infindáveis de recursos protelatórios. Certa de que já não poderia mais contar com a onipresença e a eficácia da polícia no combate aos crimes e desgostosa dos rumos tomados pela justiça, que parecia lavar as mãos para esse problema, mandando soltar bandidos até de alta periculosidade, a população teve que recorrer a processos de segurança pessoal, transformando suas residências em verdadeiros bunkers, cercados de câmeras e redes elétricas. Aqueles que podiam arcar com os custos de blindagem dos carros, não perdiam tempo e passaram a andar em carros forrados em aço e com vidros à prova de balas de fuzil. Condomínios fortemente policiados por empresas particulares se espalharam por todo o país. Quem podia, vivia em fortalezas que muito se assemelhavam a presídios de alta segurança.

         Em pouco tempo ficou comprovado que, mesmo essas medidas de segurança, pouco ou nada podiam fazer para deter a onda de assaltos e assassinatos. Descrente nas autoridades e nas estratégias particulares de segurança, muita gente chegou à conclusão de que o preço da liberdade, e mesmo da vida, passava por uma medida extrema: armar-se pessoalmente contra a criminalidade.

         A exemplo do que sempre ocorreu na maior democracia do planeta, os Estados Unidos, a população se convenceu de que era preciso abandonar o modelo passivo e passar a agir de modo proativo para defender-se a si próprio, seus entes queridos e sua propriedade.

         Na verdade, a sociedade brasileira chegou à conclusão de que existe um preço a ser pago pela liberdade e pela preservação da vida. Esse preço, que os americanos sempre souberam, passa pelo porte e uso de armas de fogo. Com isso, surgiram, por todo o país, escolas de tiro e de uso defensivo e a correta utilização das armas de fogo. Diante de uma realidade que coloca o Brasil como um dos países mais violentos do planeta, e pela constatação de que nem a polícia, nem a justiça estão dando conta do recado, assegurando a paz social e provendo a segurança de todos, é que a sociedade aderiu, em peso, a ideia de possuir armas próprias.

         Diante desse fato, qualquer medida de governos futuros que venha a promover políticas de desarmamento da população deve primeiro assegurar que essa medida foi previamente cumprida com o desarmamento do crime organizado e de todos os bandidos que andam soltos e impunes pelas ruas de nossas cidades.

         Por outro lado, a população passou a observar, com mais atenção, os acontecimentos em outros países, nos quais a sociedade foi totalmente desarmada pelo Estado, tornando-se, em pouco tempo, presa fácil para o avanço de ditaduras sanguinárias. Mudaram os tempos, agora, mais do que nunca, é preciso estar alerta e, se possível, de arma em punho. Os inimigos e todos aqueles que querem sua vida e sua liberdade estão em toda a parte, armados até os dentes.

A frase que foi pronunciada:

“Quando todas as armas forem de propriedade do governo, este decidirá de quem são as outras propriedades.”

Benjamin Franklin

Benjamin Franklin. Imagem: Joseph Siffrein Duplessis, en.wikipedia.org

 

É Natal!

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História de Brasília

Fechou o Chez Willy. O primeiro bom restaurante de Brasília, teve toda a promoção gratuita que um homem de negócios poderia desejar. Seu proprietário não entendeu assim, e passou a explorar. Fêz reformas no edifício, sem autorização do dono, e sublocou a sobreloja sem poder, pelo contrato. (Publicada em 14.03.1962)

Nuvens carregadas sobre a economia de 2023

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Lula. Foto: Fernando Bizerra/EFE

 

         Nessa altura dos acontecimentos, não chega a ser surpresa que o mercado, essa entidade invisível e desdenhada pelo próximo governo, já tenha acendido a luz vermelha com o anúncio das medidas que estão para ser implementadas na área econômica e com as indicações dos nomes para os dois principais postos dessas pastas, a saber, o Ministério da Fazenda e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De nada adianta fazer cara feia para o mercado, pois ele, por seu moto próprio, não se deixa intimidar. Caso haja ainda uma queda de braços entre o mercado e o governo, quem sairá perdendo, como sempre, é a população, que é colocada no meio dessa disputa insana, sendo obrigada a arcar com as consequências e custos econômicos dessas querelas.

         Quando se deixa ventilar a notícia de que quem irá dar a palavra final na área econômica será o próprio futuro presidente, aí é que a coisa desanda, pois já passa da hora de ter aprendido que populismo e arroubos autoritários nas decisões, com base em expectativas político ideológicas, não só não se ajustam a modelos matemáticos como também resultam em equações sem soluções e desastres certeiros nas finanças.

         Negar que os indicadores, como a alta no dólar e a queda recorde nas bolsas, são apenas sinais passageiros e sem importância, também é apostar na incerteza e na boa vontade do destino. A reação do mercado, à quebra da Lei das Estatais e à PEC Fura Teto, tem sentido e sinaliza para um período de incertezas e de um possível retorno a políticas econômicas que não deram certo no passado e ainda deixaram um passivo que perdura até os nossos dias.

         Temos, assim, dois nomes e duas medidas de anulações de leis econômicas sensatas, reunidas num mesmo momento e que, até para um leigo no assunto, apontam para o desastre iminente. Os aumentos nos juros, na inflação, no desemprego e na pobreza virão na sequência da insensatez. Obviamente que, para corrigir esses erros na largada, mais erros açodados virão, num ciclo perverso de medidas e que podem muito bem desaguar em decisões como o congelamento de preços e outras insanidades como as que vêm sendo praticadas agora em países do mesmo naipe ideológico, como a Argentina.

         Alimentar expectativas otimistas, quando os mesmos erros são repostos em práticas, não faz sentido. A questão aqui é saber em que momento exato tudo irá desandar e desembocar numa outra recessão econômica. Preocupa, sobretudo, os economistas mais realistas e que não se deixaram encantar com sibilos das sereias, a nova administração indicada pelo futuro mandatário para o BNDES. É, nessa instituição, fundada em 1952, e vinculada ao Ministério da Economia, que agora se voltam as atenções para o ressurgimento de ideias toscas com o financiamento dos “campeões nacionais”, que tantos rombos deixaram nas contas públicas e tantos escândalos de corrupção produziram.

         É preciso lembrar aqui que, entre 2008 a 2018, o BNDES acumulou, junto ao Tesouro Nacional, uma dívida de mais de R$ 650 bilhões. Justamente agora, que se anunciava a possibilidade de um cronograma para BNDES restituir essa dívida ainda em 2023. Parece que a medida foi posta de lado.

         É sabido que o BNDES foi convertido de banco de fomento nacional para instituição de apoio a projetos fora das fronteiras do país, emprestando a de taxas milhões de dólares, a taxas camaradas, a países, tanto do continente como da África, sendo que a maioria desses empréstimos foram sequer pagos. Entre 1998 e 2017, o BNDES emprestou, para cerca de 15 países, mais de US$ 10,5 bilhões.

         Somente Cuba e Venezuela devem, juntas, mais de R$ 3,5 bilhões ao banco e não apenas ignoram esses empréstimos, como já estão na fila, ao lado de Nicarágua e Argentina, em busca de novos empréstimos, tão logo o novo governo assuma. Essas e outras dívidas se transformaram, por seu volume e condições camaradas, em verdadeiras caixas pretas do banco.

         O que se sabe, por vias oficiais e com valores subdimensionados, é que o BNDES tem cerca de R$ 12,1 bilhão a receber de 11 países, apenas por obras no setor de engenharia, todas elas realizadas em países ditatoriais. Segundo o economista Joaquim Levy, ex-presidente do BNDES, esses empréstimos podem ser classificados como desastrosos e poderiam servir de lição para o futuro, mostrando que emprestar dinheiro para ditaduras é um erro e uma aposta em prejuízos.

         A falta de um regime fiscal confiável a partir de 2023, bem como o desmonte das Leis das Estatais e do limite de gastos, projetam um período sombrio sobre a economia do país. Nada do que não experimentamos antes e com os resultados que já sentimos na pele. De nada adiantarão falar em herança maldita para esconder um começo de governo pra lá de agourento.

A frase que foi pronunciada:

“A história nos lembra que ditadores e déspotas surgiram em tempos de grave crise econômica.”

 Robert Kiyosaki

 

Robert Kiyosaki. Foto: Divulgação

História de Brasília

Nosso amigo pediu a substituição de um fusível, e o DFL cobrou 130 do fusível, 45 de mão de obra, e 700 cruzeiros de transporte. Nem de taxi, meu Deus! (Publicada em 14.03.1962)

O vale dos escombros

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Fernando Haddad. Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasília

 

Seria possível, em alguma parte do universo, emitir-se uma moeda digital comum, como o SUR, proposto pelo futuro ministro da Economia, Fernando Haddad, válida para toda a região sul-americana, tendo como objetivo central e estratégico, acelerar o processo de integração político e ideológico de todo o continente?

Essa e outras interrogações estarão em pauta nos próximos dias. Conhecendo-se mais detidamente o universo da América do Sul e, principalmente, a que países essa ideia se liga, a resposta mais sensata à essa questão, seria um não. É impossível lastrear toda e qualquer moeda, digital ou não, a princípios ideológicos. Moedas, por suas características, ligam-se a modelos econômicos específicos e devem, para sua sobrevivência, ser atreladas às regras de mercado e às atividades do livre comércio, o que quer dizer, à iniciativa privada e toda à inércia que a demanda e a oferta proporcionam.

O Brasil que, a duras penas, vem tentando restabelecer um mínimo de respeito, seriedade e aceitação de sua moeda, desde a criação do Real, poderá embarcar nessa doidivana aventura, apenas para assistir, num curto espaço de tempo, o esfarelar da moeda nacional. Mas o que é esse desastre em face do que se pretende? Nas palavras do idealizador da proposta, “A criação de uma moeda sul-americana é a estratégia para acelerar o processo de integração regional, constituindo um poderoso instrumento de coordenação política e econômica para os povos sul-americanos. É um passo fundamental rumo ao fortalecimento da soberania e da governança regional, que certamente se mostrará decisivo em um novo mundo”. Esse novo mundo, não passa de restos dos escombros deixados pela Europa Oriental, após o colapso do Muro de Berlim.

Uma herança amaldiçoada que, por falta de espaço no velho continente, veio buscar novas raízes na América do Sul. Alguns economistas, menos enfeitiçados já se perguntam, como pode uma moeda comum, para todo o continente, dar certo, numa região onde sequer tem sido possível a formação de uma zona de livre comércio.

O Mercosul é ainda uma ideia que, pelos desdobramentos políticos sofridos em muitos países, sequer deslanchou de maneira aceitável. O que tem atrapalhado o Mercosul ou o livre comércio é justamente o domínio ideológico em muitos países, avesso à livre iniciativa e a tudo que diz respeito ao livre fluxo de bens serviços.

Economias centralizadas ou estatizadas com o dinamômetro apontando força de ideologias políticas são contrárias ao livre comércio. No máximo, poderíamos restabelecer, entre esses países, o antigo modelo de escambo ou a troca de produtos por produtos in natura. Tudo isso dentro de uma precária união aduaneira burocrática e comandada por sindicatos dos portos, aeroportos e rodovias.

Para se ter uma ideia da paridade ou da disparidade entre as moedas do continente, a moeda venezuelana, depois de seguidas ondas de hiperinflação, foi cortada em nada menos do que 14 zeros para ter algum significado concreto no mundo das moedas. Para que o venezuelano possa comprar o que seria uma cesta básica, seria necessário hoje, um carrinho de mão cheio de dinheiro, pesando aí uns 50 quilos para essa operação. Igualar um Bolívar digital com o Real ou mesmo com o dólar é hoje uma tarefa surreal, tudo por conta do chamado “Socialismo do Século XXI”. É esse o novo caminho proposto. Um atalho pela velha estrada que leva a todos para um vale de escombros.

 

A frase que foi pronunciada:

“Eu não sou pobre, eu sou sóbrio, de bagagem leve. Vivo apenas com o suficiente para que as coisas não roubem minha liberdade.”

José Mujica

Foto: oglobo.globo.com

 

Reconhecimento

Glen Valente, da EBC, comemora mais um ano de premiação nível 1 na Certificação do Indicador de Governança IG-Sest, em indicador de governança corporativa.

Glen Valente. Foto, Alan Santos

 

Tecnologia

Continuam os estudos do Banco de Amostras, construído em parceria entre o Ministério da Saúde e a Fiocruz. Com condições de estudarem vírus potenciais que podem causar pandemias, o Biobanco recebeu o investimento de 40 milhões de reais. Mais de um milhão e meio de amostras são mantidas em baixa temperatura para os estudos. Essa era uma necessidade antiga do país.

Foto: Bio-Manguinhos/Fiocruz

 

Missão quase impossível

Deputado distrital José Gomes criou o selo Empresa Boa Pagadora no Distrito Federal, pela lei 6.298/2019. Estar em dia com as obrigações trabalhistas, previdenciárias e tributárias e não ter execuções cíveis e fiscais em tramitação. Imagine um selo desses conquistado pelo governo federal ou DF.

José Gomes. Foto: Carlos Gandra/CLDF

 

História de Brasília

Outro, construiu, dentro do próprio lote, um barraco de madeira, onde há residência e um bar para candangos. Essas irregularidades criam uma situação de descrédito para as repartições que são encarregadas de aprovar as plantas, e para as que dão “habite-se”. (Publicada em 14.03.1962)

Estatais de volta ao passado

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Foto: André Motta de Souza/Agência Petrobras

 

Uma das razões que levavam os políticos e outros próceres da República a almejarem sinecuras e acessos facilitados à fabulosa máquina pública do país é que, nesses nichos de riquezas, construídos com a poupança da sociedade, encontram-se uma miríade de empresas estatais reluzentes e rendosas, todas elas de portas escancaradas à espera de repetidos ciclos já conhecidos. Estatais são vítimas passivas de crimes que não resultam em punição. Trata-se aqui de um verdadeiro arquipélago formado por ilhas da fantasia, onde a pirataria política prepara uma festa à luz do dia, sem remorsos ou repreendas.

Fosse o Estado brasileiro desprovido totalmente desse tipo peculiar de empresa, que nunca entra em regime de falência, a carreira política perderia muito de sua atração, esvaziando as disputas. É, atrás dessas joias do Estado, que se engalfinham os partidos, sobretudo aqueles de maior poder de barganha. Até aqui, não há novidade alguma. O ultimo grande escândalo de corrupção, envolvendo o sumiço de bilhões de reais, ocorreu justamente numa dessas grandes empresas e, por isso mesmo, foi batizada de “Petrolão”. Da Petrobras, desapareceram, segundo estimativas subdimensionadas, apresentadas em estudos econométricos, algo em torno de R$ 19 bilhões, entre os anos 2004 a 2012. Das 187 empresas estatais existentes, mais da metade apresentou balanços negativos no período entre 2003 e 2014. A sangria dessas empresas, transformadas em cabide de empregos e em autênticos “caixas dois” dos partidos, só pode ser contida, em parte, a partir da promulgação da chamada Lei das Estatais (Lei 13.303/2016), no governo Temer.

Por meio dessa lei, aprovada pelo poder Legislativo, foi estabelecido o estatuto jurídico de empresas públicas e sociedades de economia mista que trabalham com comercialização de bens de prestação de serviços. Criou-se, a partir dessa data, uma espécie de governança interna nessas empresas, até para emprestar, a essas instituições, um certo ar de seriedade, exigidos nas transações com outros países.

Surpreendentemente, nesses últimos cinco anos em que a lei vigorou, essas empresas voltaram a apresentar balanços positivos, chegando, como no caso da Petrobras, a apresentar superávits seguidos. Somente esse ano, a empresa anunciou um lucro de R$ 44,5 bilhões, apenas no primeiro trimestre. No segundo trimestre, esses números saltaram para R$ 54,3 bilhões, superando todas as previsões anteriores. Os Correios alcançaram R$ 3,7 bilhões em 2021. São números extraordinários para empresas que conheceram o inferno. Agora, a Lei do Teto de Gastos e mesmo a Lei das Estatais voltam a ser letras mortas. Aprovada na Câmara à toque de caixa, a “flexibilização” da Lei 13.303 irá permitir uma volta ao passado, acabando com a quarentena de 36 meses para que a indicação ao Conselho de Administração e para a diretoria de estatais fosse feita.

Caso venha a ser aprovada também no Senado, como se espera, a Lei das Estatais valerá como no passado, o que leva a crer um desastre anunciado que desvalorizará as estatais, também como no passado.

O caso mais rumoroso nesse regresso a um passado que se acreditava morto é que o desmanche da Lei 3.303 foi pensada, num primeiro momento, apenas para alojar no comando do BNDES. Mas a senadora Gleisi Hofmann tranquiliza a população: “Nós sabemos como essas empresas funcionam. É a iniciativa privada que corrompe”, diz a atual presidente do PT.

 

A frase que foi pronunciada:

“O socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase decrépito despotismo, do qual quer herdar; suas aspirações são, portanto, no sentido mais profundo, reacionárias. Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como só a teve alguma vez o despotismo, e até mesmo supera todo o passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual lhe aparece como um injustificado luxo da natureza e deve ser transformado e melhorado por ele em um órgão da comunidade adequado a seus fins.”  

Friedrich Nietzsche, filósofo alemão do século XIX 1844 – 1900

Friedrich Nietzsche. Foto: Wikipedia

 

Expectativa

Na posse do dia 1º de janeiro, todos os convidados terão que mostrar, aos seguranças, com quem eles estão falando. É que a tecnologia aplicada não dispensa a apresentação do convite com QR Code. Outra novidade desenvolvida pelo Prodasen é a sincronização das informações sobre o convidado e o convite emitido. Segurança Prodasen, Relações Públicas e Secretaria de Comunicação estão sintonizados para o conforto de todos os presentes.

Cartaz: lula.com

 

Até hoje

Quem nos remete aos anos 60 é Geraldo Vasconcelos. Lendo as últimas histórias de Brasília, registradas por Ari Cunha, o pioneiro aponta para o problema dos boxes e mercadinhos das 700. Uma área nobre completamente abandonada.

 

Agenda

Quem perdeu algum concerto natalino, Razão do Natal, hoje e amanhã na Qi 13 do Lago Norte, na igreja Batista.

 

História de Brasília

A fiscalização da Prefeitura está complacente demais. No HP3, próximo ao Colégio D. Bosco, há um senhor que construiu uma residência de madeira, com todos os requisitos de conforto, o que não quer dizer que seja provisório. (Publicada em 14.03.1962)

Ecos

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Charge do Hubert

 

         Quando, em 2005, o filósofo e semiólogo Umberto Eco (1932-2016) deixou escapar, em um artigo, a afirmação de que “a internet deu voz a uma legião de imbecis”, o que, à primeira vista, parecia um comentário vindo de um professor e linguista cansado do ofício, transformou-se na mais acurada e crua análise do que viriam a ser as mídias sociais neste século XXI.

         Arrastada para o campo amoral da política, as mídias sociais ganhariam ainda mais visualidade e despudor ao influenciar os debates, tanto nas trincheiras dos partidos como junto às defesas dos eleitores e cidadãos. De fato, os imbecis, por sua multiplicação geométrica estão em toda a parte, quer no lado dos ideólogos, quer do lado da sociedade. As mídias sociais abriram palanques para todos. Até mesmo os insuspeitos intelectuais da política, com assento nas altas cortes, usam-na em desfavor da lógica, deixando transparecer sua volúpia e falsa ilustração acadêmica. Ninguém que venha se expor nas redes está livre de vir, algum dia, a ficar nu diante de todos, mesmo sem perceber. Não chega a ser surpreendente que as mídias sociais tenham, por sua disseminação, dado a oportunidade para que se perceba que, nesses debates sem fim, têm feito com que todos tenham razão, embora nenhuma das partes esteja absolutamente certa.

         O que se apresenta aqui como rede mundial são as ilusões geradas com o meio digital. A virtualidade dos debates levou-nos a um “não lugar”, onde tudo é possível. Onde mentira e verdade perdem seu valor moral e ético, mesmo que ambos os lados possam gerar realidades desastrosas. Onde toda essa tecnologia de ampliação da voz humana irá nos levar, é tarefa dada hoje aos pensadores e filósofos modernos, debruçados sobre a cabeça desse gigante de voz global. Uma das questões que se apresentam aqui para os estudiosos é conhecer as razões que levaram essa ampliação das mídias sociais a acelerar os sinais de antagonismo entre as pessoas, elevando as radicalizações humanas, como se fôssemos lançados de volta ao tempo das cavernas, onde o instinto de defesa parecia estar acima da razão.

         As mídias sociais polarizaram, ainda mais, as ideias, quando passou a ser conduzida pelos trilhos da política, reconduzindo a sociedade a um processo de animalização distante, cada vez mais, dos princípios de civilidade. Nesse caso particular, perdemos a capacidade de cidadania, trocada por valores e ditames políticos. Em um diálogo de mudos, entre vitupérios e palavras de baixo calão, abrimos espaço também para que os políticos e a elite estatal anunciem a regularização das mídias ou, simplesmente, a censura dos meios eletrônicos, como vem sendo anunciado agora, com ameaças e outras pressões.

          Na realidade, a liberdade no fluxo de informação sempre foi manipulada. O que as pessoas sabem ou pensam que sabem é, previamente, bem filtrado. Não existe, pois, o fluxo sem controle de informação, mesmo que leis de transparência anunciem essa possibilidade. Com isso, é possível prever que chegará um dia em que as mídias sociais se transformarão na voz mecânica do Leviatã, troando debaixo de sua cama. Dizendo o que fazer em cada dia. Proibindo você até de desplugar os computadores.

 

A frase que foi pronunciada:

“Nessas condições não há lugar para a Indústria; porque o seu fruto é incerto; e consequentemente nenhuma Cultura da Terra; nenhuma Navegação, nem uso das mercadorias que possam ser importadas por Mar; nenhum edifício cómodo; nenhum instrumento de movimentação e remoção de coisas que exijam muita força; nenhum Conhecimento da face da Terra; sem conta do Tempo; sem Artes; sem Letras; nenhuma Sociedade; e o que é pior de tudo, medo contínuo e perigo de morte violenta; E a vida do homem, solitária, pobre, sórdida, bruta e curta.”

Thomas Hobbes, Leviatã

Thomas Hobbes. Foto: Wikimedia Commons

 

Aí pode?

Andam pendurados no caminhão no meio da madrugada recolhendo lixo deixado pelos moradores. Esses homens mereciam, no mínimo, o melhor plano de saúde do GDF. Pelos pulmões, pelas horas mal dormidas e, principalmente, pelo perigo que enfrentam quando vão respirando o lixo, sem segurança alguma. Vale lembrar que dirigir com o braço para fora gera multa, já o corpo de um gari, não.

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

 

#Puerilsóquenão

Uma correria no parlamento para as mudanças de leis já configuradas e aprovadas. Uma delas é a que altera as regras para a escolha dos integrantes do Conselho Administrativo do CADE. Um dos argumentos é a economia, ao diminuir o número de integrantes do Conselho. A proposta apresentada, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, foi elaborada para modificar a Lei de Defesa da Concorrência. Em breve, deve chegar ao Senado.

Foto: CADE/Divulgação

 

História de Brasília

A fiscalização da Prefeitura está complacente demais. No HP3, próximo ao Colégio D. Bosco, há um senhor que construiu uma residência de madeira, com todos os requisitos de conforto, o que não quer dizer que seja provisório. (Publicada em 14.03.1962)

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Foto: virtunews.com

 

         Não se deve fechar os olhos aos fatos, porque, mesmo nessa cegueira voluntária, corre-se o risco de tropeçarmos neles, indo de cara contra o chão. A existência no Brasil de uma chamada Classe Média numerosa, que perfaz hoje metade da população do país ou algo em torno de 100 milhões de indivíduos, é um fato concreto, goste você ou não da ideia. A classe média, por sua posição intermediária na pirâmide social, é a prova viva de que é possível viver apartada de governos, sejam eles de direita ou esquerda. Vive, ou na pior das hipóteses, sobrevive longe dos programas populistas e ideologicamente assistencialistas dos governos de plantão. Em outras palavras, caminha com os próprios pés. Talvez, por essa e outras razões, seja tão duramente criticada e atacada de todos os lados, principalmente pelos que enxergam, nessa parcela da população, uma classe desvinculada e pouco afeita aos cânticos de sereia de políticos.

         Emparedada de um lado entre as classes D e E e de outro contra as classes A e B, a classe média experimenta o que seria o caminho do meio, pregado pelos budistas. Possui, ao mesmo tempo, as expertises emprestadas das classes D e E, quando o assunto é livrar-se das armadilhas do governo, ao mesmo tempo em que vai aprendendo as artes de aplicar recursos, como fazem os ricos, correndo de um lado para outro para salvar seus rendimentos, de modo que possa levar uma vida com certa dignidade e de olho no futuro.

         Há os que odeiam particularmente a classe média justamente porque foi ela que, de certa forma, impediu ou frustrou as previsões contidas no Manifesto Comunista de Karl Marx, de que o capitalismo, por suas contradições, iria abrir caminho para a tomada do poder pela classe operária, implantando assim o comunismo. Não previa Marx que, no meio desse caminho, ergueria-se a enorme muralha formada pela classe média. O ódio à classe média, por essa corrente, não tem impedido sua multiplicação em todo o mundo. Exemplo disso pode ser visto, lido e ouvido por filósofos que pregam, ser a classe média brasileira, a representante do atraso de vida, da estupidez e ainda reacionária, conservadora, petulante, arrogante, terrorista, uma abominação política, uma abominação ética, violenta, e uma abominação cognitiva por ser ignorante, entre outros adjetivos, dignos de uma acalorada discussão de boteco.

         Foi justamente, no momento dessa declaração, que, além do papelão e da sabujice, estava a seguir à risca o que previu o semioticista Umberto Eco (1932-2016), em seu tratado “Relativismo” de 2005. Nesse trabalho, o filósofo denunciou que as redes sociais e a mídia iriam pôr um fim na cordialidade e acentuar a polarização entre os indivíduos, minando o compartilhamento de ideias e que toda essa animalidade, que hoje nos envergonha, iria se estender também para a política. É o que presenciamos hoje nos debates, não apenas entre os políticos, mas englobando a todos, inclusive pessoas a quem, por sua formação acadêmica, esperávamos um mínimo de civilidade e educação.

         Dizia Eco que essa mudança ou regresso ao primitivo não seria tanto culpa da grosseria da mídia e se daria, muito mais, pelo fato de que as pessoas hoje só falam pensando em como a mídia irá noticiar o que foi dito. “Temos a impressão nos dias de hoje de que certos debates acontecem a golpes de facão, sem fineza, usando termos delicados como fosse pedras”, previu o escritor do best seller “O Nome da Rosa”.

         Os vaticínios de Humberto Eco se confirmaram para além do previsto. Atualmente, a cordialidade nos debates, seja de que tema for, foi deletada ou, no dizer moderno, “cancelada” das redes sociais. Dessa forma, o que assistimos agora são embates enfurecidos que nascem onde quer que haja diferença. O ódio fez sua morada nas redes sociais. Há, nesse contexto, uma certa tara das pessoas em criar desavenças e inimigos. Com isso, a sociedade vai deixando de lado o compartilhamento de ideias, substituindo essa virtude por uma animalidade que está cada vez mais na flor da pele.

         As redes sociais são hoje um oceano cheio de tubarões, prontos para atacar, censurar e ofender. Na política, toda essa ferocidade ganhou ainda mais adrenalina. Já não se tem oponente ou concorrente, mas inimigo fidagal, que deve ser destruído ou, ao menos, desconstruído em sua totalidade.

         Para Eco, seria como se andássemos para trás no tempo, em termos humanos, levando conosco um tablet de última geração. Quem se deu ao enfado de assistir aos últimos debates para a presidência do país, pela televisão, pôde verificar que os projetos de governo sumiram. Quando surgiam ideias aproveitáveis e raras, eram logo substituídas por ofensas e acusações, como num ringue.

         Quem ofende mais leva a melhor, segundo as redes. Os perdedores estão entre aqueles que não querem polêmicas e se restringem a apresentar propostas. Debater num ambiente assim é inútil. Ninguém ouve o que é dito. Perdemos a capacidade de escutar. Até os ouvidos falam. A língua comanda o cérebro. As redes sociais viralizam com essas batalhas. A cortesia ficou fora de moda, atingindo, de alto a baixo, todas as classes.

         A contribuir para esse mundo de intrigas e de extremismos, as redes sociais agem para estimular, por meio das fakenews e das meias verdades, os embates e a violência. Não seria estranho se algum dia alguém venha a classificar as redes sociais, sobretudo no mundo político, como o renascimento da mítica Torre de Babel. No afã de perfurar o céu, essa torre magnífica, uma espécie moderna das Torres Gêmeas de Nova Iorque, veio abaixo, marcando com sangue a entrada do século XXI, porque os homens parecem já não falar ou compreender a língua humana.

         Dizer que a classe média é hoje o último bastião ou muralha contra o avanço da ditadura das esquerdas políticas, não da ditadura do proletariado, como queria Marx, é uma realidade e um fato, contra o qual não adianta fechar os olhos.

A frase que foi pronunciada:

“Nada inspira mais coragem ao medroso do que o medo alheio.”

Umberto Eco

Umberto Eco. Foto: Divulgação

 

História de Brasília

Por falar nisto, a informação que havia era a de que a NOVACAP estava recuperando os boxes dos mercadinhos para os entregar aos produtores. Os boxes continuam fechados, e ninguém está recuperando nada, coisa nenhuma. (Publicada em 14.03.1962)

Previsões de um acadêmico

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Francis Fukuyama. Foto: HADLEY GREEN

 

         Fukuyama, filósofo e economista nipo-americano, autor do polêmico best-seller “O Fim da História e o Último Homem” – em que apontou a queda do muro de Berlim como sendo marco que deu início ao fim dos processos históricos de mudanças, que seriam substituídas pelo liberalismo e pelo triunfo da democracia liberal – em importante entrevista concedida há alguns anos à imprensa, teceu comentários instigantes sobre a crise brasileira, cujos desdobramentos vinha acompanhando de perto com lupa de estudioso dos problemas humanos.

         Em sua avaliação, o momento brasileiro era repleto de vantagens únicas e de grandes desafios, principalmente no âmbito político, onde já se anunciam transformações significativas. No entanto, para o cientista, era preciso evitar que o combate necessário à corrupção fosse, como veio a ser, arrastado para o campo de batalha das ideologias políticas.

         Entendia Fukuyama que havia, em nosso país, como em outros países da América Latina, um complicado entrelaçamento entre a elite política e empresarial, ambos acostumados historicamente com as benesses advindas da corrupção na máquina pública. O que destacava o Brasil naquele cenário era a existência de uma imprensa livre e independente, aliada a um sistema judicial, atuante, firme e imparcial. Tudo isso somado a uma sociedade civil mobilizada, que, de certa forma, impedia que os mal feitos fossem varridos para debaixo do tapete como era nosso costume cultural e histórico até então.

         Neste ponto, Fukuyama se dizia preocupado com a possibilidade de o combate à corrupção, que parecia ser um consenso entre muitos políticos, pressionados por seus eleitores, vir a ser arrastado para o campo de guerra ideológica, perdendo, com isso, seu foco e seu poder de justiça. Por isso, para muitos que acompanham o trabalho de Fukuyama, ele é hoje uma espécie de guru, se é que se pode dizer assim, no âmbito acadêmico. Conforme ele previu em seus estudos e expertise, impasses seriam ruins, tanto para um lado como para o outro, prejudicando principalmente a sociedade como um todo e as chances de transformação do país.

         Nos Estados Unidos, lembrava, a sociedade civil teve que se esforçar por décadas, a partir do século XIX, para modernizar os serviços públicos do país, priorizando indicações técnicas e, principalmente, fazendo valer efetivamente o combate à corrupção. O Brasil, dizia, precisa de uma nova geração de políticos que não esteja atrelada ao velho jeito de fazer as coisas e empenhada em agir de modo diferente. Não acho que isso seja impossível, mas exige tempo.” Para tanto, seria necessário impor limites ao capitalismo do tipo selvagem, criando uma rede de segurança social para proteger as pessoas do mercado voraz. “Não é desejável que o capitalismo faça tudo o que quer, aconselhava, mas também não se pode politizar qualquer tomada de decisão econômica”, ensina.

         Na avaliação do economista e professor da Universidade de Stanford, o combate à corrupção não é, nem nunca, foi uma questão fundamentalmente cultural, mas de expectativas, ou seja, é preciso que aconteçam sérios revezes com quem pratica a corrupção, para que as pessoas entendam que esse não é o caminho. “As normas sociais só mudam com regras melhores e pressão social”, aconselhava.

         Como ainda não havia, em nosso país, uma direita bem formada, com projetos e programas bem estruturados e capaz de fazer valer o outro lado da balança ideológica, a vitória da esquerda se deu até de um modo bem simples, culminando agora com a reeleição de seu maior representante, como já previa, Fukuyama.

 

A frase que foi pronunciada:

“Sistemas corruptos não se consertam sozinhos.”

Fukuyama

 

Editora UnB

Marcus Mota e Luis Lóia são os organizadores da obra A Tragédia Grega: origens. Lançada pela editoria UnB, a obra traz os textos traduzidos e comentados por Eudoro de Sousa. Acesse o livro na íntegra no link A tragédia grega : origens.

 

Congresso em Portugal

Abertas as inscrições para o VII Congresso Lusobrasileiro sobre Alienação Parental, que acontecerá nos dias 23 e 24 de janeiro, na Faculdade de Direito de Lisboa, em formato online – via zoom da FDL.

Cartaz: Divulgação

 

Em pauta

Sem sucesso, o ex-senador Marco Maciel tentou regulamentar o lobby. O assunto ocupa as gavetas do parlamento há pelo menos 40 anos. Trata-se de uma ferramenta importante no combate à corrupção e ao aprimoramento da democracia. Ouça, no link Regulamentação do lobby vai dar mais transparência aos processos de tomada de decisões no Congresso, a entrevista da Rádio Câmara com Ricardo José Rodrigues, Consultor Legislativo daquela Casa.

 

História de Brasília

Por falar nisto, a informação que havia era a de que a NOVACAP estava recuperando os boxes dos mercadinhos para os entregar aos produtores. Os boxes continuam fechados, e ninguém está recuperando nada, coisa nenhuma. (Publicada em 14.03.1962)

A bola e a tribuna

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Foto: JEWEL SAMAD / AFP

 

         Enquanto a bola, que animava os brasileiros, para de rolar nos estádios do Qatar, o Brasil continua a viver as surpresas do dia seguinte. Nem as últimas votações no parlamento, nem o recital de promessas dos postulantes para 2023 têm despertado a confiança da nação. O futebol insosso do escrete, “com chapéus” nos mais ingênuos, parece só ter valor quando brasileiros jogam noutros times no exterior. As caras manjadas em todos os espectros deixaram de empolgar os brasileiros.

         A decepção, desde a última Copa do Mundo no Brasil, com os seguidos casos de malversação de recursos, construção superfaturada de estádios e outras falcatruas, tanto na CBF como na própria FIFA, além de jogos similares que já estimularam até a criação de uma CPI do Apito vão retraindo e constrangendo o torcedor e matando, aos poucos, a esperança de um hexa.

         Do mesmo modo, os escândalos, em sequência contínua, praticamente reduziram a pó a imagem que a população faz hoje de alguns jogadores e também de alguns políticos. O desencanto geral vem também da encenação e das mentiras, quer dos jogadores que se jogam ao chão procurando vantagens e faltas inexistentes, quer da atuação dos políticos, obrigados a desmentir seus discursos descolados da prática.

         A perda de credibilidade e o malabarismo nos pés e na retórica vêm afastando fãs e eleitores. Ainda assim, para o bem do esporte e da democracia, futebol e política devem prosseguir. Quem sabe, ali na frente, as coisas se arrumem e tudo passe a ser novo, limpo, honesto. No caso da política, a coisa é mais complicada. Os representantes do povo não gostam das vozes roucas das ruas. Nem as gigantescas manifestações de rua acendem o sinal de alerta para todos aqueles que ainda apostam no velho modo de fazer política.

          Mesmo no futebol, já foi introduzido um segundo árbitro, chamado de VAR (Vídeo Assistant Referee), que auxilia o juiz em campo a tomar decisão em lances que geram dúvidas. Uma equipe de juízes e ex-juízes de futebol se postam numa central de vídeo, acompanhando a partida por diversos monitores desde o início. Um reforço na equipe é dado por técnicos em vídeos que destrincham as dúvidas, escolhendo o ângulo perfeito, em câmera lenta e repetição da jogada. Assim, por comunicação via fone, o veredito é dado ao árbitro, que decide.

          Interessante é que, mesmo tendo tecnologia de ponta, revisão das imagens, transmissão das imagens para todo o estádio, os jogadores continuam a fingir, simular faltas e dissimular dores. No futebol, como na política, é preciso regras claras, honestas e precisas. Tanto nos campos, como nos palanques. Jogador que tomou cartão vermelho deve sair de campo. Sem possibilidade de busca de blindagem por foro de prerrogativa. O fato é que o mal desempenho, nos campos e na tribuna, tem desanimado os brasileiros, mesmo aqueles que não gostam de futebol e nem de política. Reverter essa situação extrema é que é a jogada mais importante a ser feita agora.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“No futebol, a cabeça é o terceiro pé.”

Stanislaw Ponte Preta

Stanislaw Ponte Preta. Foto: reprodução

 

Surpresa

Para chegar à Secretaria de Economia, o estacionamento é bem concorrido. Lavadores de carro sempre a postos, gentis, comércio improvisado atende às necessidades dos trabalhadores ao redor. Veja as cenas que assustaram os frequentadores daquele local, com um acontecimento inesperado, a seguir.

 

Acredite se quiser

Acesse no link German euthanasia clinics refusing unvaccinated customers, a matéria original publicada no Expectator, sobre uma das exigências de uma clínica alemã para realizar a morte assistida. É requisito para a operação que o paciente apresente comprovante de vacinação contra o Coronavírus.

Foto: Tim Boyle/Getty Images

 

ABC Prodein

Projeto Social Contraturno Escolar, que oferece, gratuitamente para a comunidade de baixa renda, aulas de informática, música, esportes, jogos lúdicos, recreação, reforço escolar e alimentação precisa de doações. O endereço é na Área Especial 22 da Estrutural. Pix 982123736.

 

ET

Resolveram colocar, no estacionamento do Sams, um balanço para crianças. O lugar inédito, completo pelo gás carbônico, deve ter sido estabelecido por alguém que não conhece crianças.

Foto: Divulgação

 

Vai entender

Um passo gigantesco para a humanidade a Embaixada de Portugal disponibilizar atendimento pela Internet. Acontece que, depois de preencher todos os campos, conferindo números e datas de documentos, a resposta vem como uma espada: Não há vagas!

Foto: Divulgação

 

História de Brasília

Se a NOVACAP resolver importar pescado, nós teremos uma Semana Santa a muito menor custo de alimentação. Já que o assunto está entregue ao desenfreio, seria o caso de o sr. Laranja aproveitar e utilizar os mercadinhos da W-4. (Publicada em 14.03.1962)

Revolução dos Bichos

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hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Imagem: Divulgação

Não seria surpresa se, num futuro muito próximo, o conceito de antropocentrismo, surgido na Europa, entre os séculos XV e XVI, e que conduziu a humanidade a ser o que ela é hoje, venha a ser suplantado por uma nova representação; desta vez colocando como o centro do universo nem Deus, nem o homem, substituídos agora pela ideia do animalismo, que visa igualar o ser humano com todas as espécies de seres vivos que habitam o planeta. Com isso, o que se pretende é posicionar todos os seres viventes numa mesma base de igualdades de direitos, visando obter sua inserção social.

O que pode, à primeira vista, ser considerado uma maluquice, para outros é fruto da própria evolução humana, que, ao abrir espaço para outras criaturas, reconhece toda a natureza como parte integrante da vida e, como tal, digna e merecedora de figurar como o centro da atenção e do universo.

Para alguns, essa nova concepção ruma no sentido de uma involução, deixando Deus e o homem perdidos no cenário de toda a criação, dissolvendo-os numa mesma massa de vida, onde todos são importantes e sem hierarquias.

O animalismo forma hoje uma corrente de opinião que reduz a importância do antropocentrismo, de forma a igualá-la aos demais seres vivos. Para muitos pensadores, o antropocentrismo está ligado diretamente às ideias de desvalorização das outras formas de vida, presentes em nosso planeta, sendo associado a problemas como a degradação do meio ambiente, o aquecimento global e a destruição de todo o ecossistema da Terra.

Para os defensores do animalismo, é falsa a ideia de que as peculiaridades da raça humana, como sensibilidade e consciência, estejam acima de outras formas de vida e, por isso, justifique colocar todas as outras espécies a serviço dos homens. Essa história de que todo o universo deve servir aos humanos tem nos levado em direção à ruína.

Ideias de que há no universo um modelo de desenho inteligente, concebido para servir apenas àqueles que se consideram mais inteligentes, é falsa. Depois de deixarmos para trás os conceitos de Teocentrismo, que vigorou em toda Idade Média para ingressarmos na ideia de que o homem é o centro do Universo, trazidos pelo Humanismo, eis que agora, dentro do perpétuo ciclo da evolução das espécies e das ideias, é chegada a hora de deixamos o homem à beira do caminho e seguirmos adiante nessa nova Arca de Noé, salvando todas as espécies desse dilúvio provocado pela insensatez dos homens.

A antiga exaltação da racionalidade levou-nos a um beco sem saída do aquecimento global e da extinção de muitas espécies, num movimento de verdadeiro suicídio global. Agora, buscamos, dentro do cientificismo, brechas para escapar dessa destruição anunciada. Numa dessas brechas, é possível visualizar aspectos de um humanismo perdido no tempo e que, já no passado, clamava no deserto por mais humildade e compreensão para o esplendor da vida, presente em todo o planeta e sua intrincada delicada inter-relação.

Hoje é possível visualizar em um lugar da cidade, pichado em muros, frases do tipo: “salvem as abelhas, pois existência humana corre risco de extinção”. A obra distópica “A revolução dos Bichos”, de George Orwell, best seller publicado no fim da Segunda Grande Guerra, para muitos, marcou o surgimento do conceito de animalismo. Em um dos trechos lê-se: “O Homem é a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar o arado, não corre o suficiente para alcançar uma lebre. Mesmo assim, é o senhor de todos os animais. Põe-nos a trabalhar, dá-nos de volta o mínimo para evitar a inanição e fica com o restante. Nosso trabalho amaina o solo, nosso estrume o fertiliza e, no entanto, nenhum de nós possui mais do que a própria pele.

As vacas, que aqui vejo à minha frente, quantos litros de leite terão produzido este ano? E que aconteceu a esse leite, que deveria estar alimentando robustos bezerrinhos? Desceu pela garganta dos nossos inimigos. E as galinhas, quanto ovos puseram este ano, e quantos se transformaram em pintinhos? O restante foi para o mercado, fazer dinheiro para Jones e seus homens.”

Surgida como uma teoria política dentro da ficção, o animalismo, vem ganhando, ao logo dos anos, status de corrente político-filosófica. Ao longo dos séculos, ficou por demais provado que nossa espécie não só trata os outros animais como escravos, com escraviza o próprio semelhante, submetendo-os às mais terríveis situações. Desse modo, fica acertado que qualquer um que ande sobre duas pernas, beba álcool e mate os outros animais é um inimigo e, portanto, deve perder o trono e a supremacia sobre as outras espécies.

 

A frase que foi pronunciada:

“Desde esse dia, os ladrões nunca mais se arriscaram a entrar na casa, o que foi ótimo para os quatro músicos de Bremen, que nela se instalaram, vivendo tão regaladamente que nunca mais quiseram sair. E quem por último a contou, ainda a boca não lhe esfriou.”

Os músicos da cidade de Bremen, dos Irmãos Grimm

Ilustração: grimmstories.com

 

História de Brasília

Se a NOVACAP resolver importar pescado, nós teremos uma Semana Santa a muito menor custo de alimentação. Já que o assunto está entregue ao desenfreio, seria o caso de o sr. Laranja aproveitar e utilizar os mercadinhos da W-4. (Publicada em 14.03.1962)