Locupletemo-nos todos!

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Chargfe: assessoriajuridicapopular.blogspot

         Resultado de uma mobilização popular jamais vista, a Lei da Ficha Limpa foi apoiada por mais de 1,6 milhão de cidadãos por todo o país. A intenção do idealizador, juiz Márlon Reis, com a ajuda de outros juristas era pôr um fim à possibilidade de candidatos a cargos eletivos assumirem seus mandatos sem a comprovação de idoneidade, barrando aqueles chamados fichas sujas.

         Muitos políticos brasileiros sempre usaram e abusaram do conceito jurídico de presunção de inocência para ocupar cargos públicos. Depois de empossados e ao abrigo da prerrogativa de função, raramente eram retirados do cargo, quando apanhados em delitos e crimes. Usavam desse expediente, que era também reforçado pelo corporativismo de grupo, ficando longe de serem apanhados pela lei. Com isso, muitas assembleias legislativas por todo o país chegaram a ter quase metade de sua composição formadas por deputados fichas-sujas.

         Ao buscar afastar da vida pública candidatos detentores de extensa folha corrida, a sociedade buscava livrar o Estado da praga antiga da corrupção, um fenômeno responsável por manter o Brasil na rabeira do mundo desenvolvido. Note que nenhum país do Ocidente que logrou se desenvolver e manter um adequado Índice de Desenvolvimento Humano o fez à sombra da corrupção. A reputação ilibada dos responsáveis pela administração do Estado é condição sine qua non para os países saírem da miséria. Por si só, a corrupção é designativa de comportamento não compatível com a ética, a virtude e a moralidade pública. Em outras palavras, não se pode fazer na vida pública o que se faz na privada.

         No Brasil, infelizmente, falar em corrupção é como falar em corda em casa de enforcado, tal o número de autoridades envolvidas em fraudes de todo o tipo. Assim como os críticos mais mordazes, Stanislaw Ponte Preta, ao observar a vida política em nosso país, dizia: “ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos”, tal é a quantidade de casos de corrupção havida na máquina pública.

         Em 2010, depois de um longo percurso que durou mais de 13 anos, a Lei da Ficha Limpa chega ao Congresso sendo então aprovada por unanimidade. Notem aqui que essa Lei foi aprovada justamente durante a gestão de um governo que, depois do envolvimento no escândalo do mensalão, ficou marcado, também, pela Operação Lava Jato, como a administração pública mais corrupta de toda a nossa história. Como tudo no Brasil acaba em samba ou pizza, os protagonistas do mega escândalo do Petrolão não foram devidamente atingidos pelos efeitos da Lei da Ficha Limpa. Exemplo maior da pouca ou curta eficiência dessa lei, quando aplicada em pessoas com grande poder político, pode ser conferida no caso de Lula. Depois de dois anos de cadeia, saiu da cela direto para a cadeira presidencial, mesmo a despeito do que firmou o desembargador João Pedro Gebran Neto ao escrever em sua sentença que: “O réu, em verdade, era o garantidor de um esquema maior que tinha por finalidade incrementar de modo sub-reptício o financiamento de partidos, pelo que agia nos bastidores para nomeação e manutenção de agentes públicos em cargos-chaves para organização criminosa.

         Há prova acima de razoável que o atual presidente foi um dos articuladores, se não o principal, do amplo esquema de corrupção. Há prova documental e testemunhal a respeito da participação do grupo OAS, representado pelos seus principais dirigentes, no esquema de corrupção para direcionamento da contratação da Petrobras e no pagamento de propina a agentes políticos e dirigentes do PT, e em especial, por ordem e determinação, ou orientação, do presidente Lula como mantenedor/fiador desse esquema de corrupção”.

         Em março de 2011, o Supremo dá o primeiro tiro na Lei da Ficha Limpa ao decidir que a lei valeria apenas para as eleições seguintes. Com isso, vários políticos que estavam com a corda no pescoço se safaram de punição. Naquela ocasião, o então senador gaúcho Pedro Simon afirmou: “ Estou com a impressão de que o Supremo matou a Lei da Ficha Limpa”. Ainda sob o argumento de presunção de inocência e de que ninguém será punido até que seja considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Com a condenação em segunda instância, passou a não mais valer para condenar candidatos acusados de corrupção, a Lei de Ficha Limpa perdeu muito de seu vigor cívico.

         Agora, mais uma vez, a Lei da Ficha Limpa sofre novo revés com a aprovação na CCJ do Senado no bojo da minirreforma eleitoral. Na avaliação do próprio Márlon Reis, houve, mais uma vez, um retrocesso institucional. “Vale lembrar, diz ele, que a Lei da Ficha Limpa foi resultado de um raro momento de mobilização cívica. Uma iniciativa popular, apoiada por milhões, e que teve sua constitucionalidade plenamente reconhecida. Representa, assim, um consenso civilizatório que não deveria ser objeto de negociações obscuras. No entanto, a atual proposta do legislativo ameaça desfazer esse progresso. Uma das grandes preocupações é a redução dos prazos de inelegibilidade. Estes prazos estão no coração da Lei da Ficha Limpa, servindo como punição aos que agem contra o patrimônio público e a moralidade administrativa. Não se tratam de meros detalhes, mas sim da própria essência da lei. O corte nos prazos, como, por exemplo, para aqueles que renunciam a mandatos eletivos para escapar de punições, é um convite para fraudes e malversações.”

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nós, o povo, não compreendemos nossos representantes.”

Entrelinhas do preâmbulo da Constituição Brasileira

Charge: AT (tribunaonline.com)

 

 

História de Brasília

O assunto veio à baila, mesmo, quando o deputado Ademar Costa Carvalho resolveu contar tudo ao prefeito Sette Câmara, e inúmeras acusações foram feitas à administração Laranja Filho. (Publicada em 18.04.1962)

Israel é nosso último enclave

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Foto: Mahmud Hams / AFP

 

Golda Meir (1898-1978), ex-primeira-ministra de Israel entre 1969-1974, por sua experiência e forte caráter, demonstrados, entre outras ocasiões, durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973, quando uma coalizão de países árabes lançou um ataque surpresa contra seu país, costumava lembrar a todos que a paz viria somente quando os palestinos e árabes baixassem as armas. No caso de Israel, era evidente que, caso viesse algum dia a baixar também as armas, imediatamente o Estado Judeu seria riscado do mapa do Oriente Médio. Tal parece ser a sina de Israel, cercada de todos os lados por inimigos que, sistematicamente, pregam o fim do Estado Judeu.

Consciente de sua situação permanentemente delicada, os judeus não puderam, em tempo algum abrir mão de suas defesas. Sempre viveram sob enorme tensão. Qualquer descuido é aproveitado pelo inimigo para promover um banho de sangue naquela região. Em 7 de outubro de 2023, foi assim. Um ataque terrorista, denominado Operação Tempestade Al Aqsa, coordenado por militantes do Hamas, matou, de surpresa, 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestraram outros 240 reféns. De lá para cá, a situação desandou, com Israel bombardeando, diuturnamente, Gaza e outros redutos do Hamas, que usam como tática obrigar a população civil a se manter como escudo humano para os terroristas. Mais uma vez provocado, Israel não teve outra saída senão a guerra para proteger seu território e seu povo.

Desde 1948, quando lutou por sua independência, Israel não conhecia uma ameaça tão grave à sua existência. Gaza vive, desde 2007, quando o Hamas deu um golpe contra o governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP). A partir daí, passou a impor uma ditadura militar e terrorista sangrenta sobre os palestinos, obrigando-os a se juntar ao grupo numa ensandecida guerra santa ou Jihad Islâmica. Óbvio que, numa situação como essa em que a população é refém desse grupo de fanáticos, as mortes ocorridas durante o bombardeio israelense são representadas, em sua maioria, por civis. Não foram poucas as vezes que os árabes rejeitaram e até descumpriram os acordos de paz com Israel. Foi assim em 1956, 1967, 1973, 1982, 2006, culminando com o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023.

A situação de Israel é bem peculiar. Parte do mundo Ocidental apoia Israel, a única democracia moderna nessa imensa região, comandada por teocracias do tipo medievais. Alguns estrategistas militares, tanto da região quanto de outras partes do globo, concordam que Israel é hoje a única trincheira avançada do Ocidente contra o fanatismo islâmico, em sua intenção de dominar o mundo e aniquilar aqueles que denominam de infiéis. Em muitos desses países, é comum ouvir multidões, controladas por clérigos radicais, entoar gritos do tipo “morte aos infiéis”, “morte ao Ocidente” e “morte aos judeus”. O ódio contra ocidentais e judeus é incutido em toda a população, desde a infância nas escolas. Esses governos radicais insuflam suas populações contra tudo que difere do Islã. Buscar explicação racional para o fanatismo religioso é conjecturar sobre o nada ou sobre o desprezo do Hamas pela vida. O fato é que muitos insistem em ignorar que esses radicais estão transformando o mundo mulçumano e sua juventude em uma nação de mártires de Alá. Israel é, pois, nosso último e único enclave civilizatório, plantado em meio à barbárie, nessa batalha sem propósitos e que se prolonga desde os tempos das cruzadas.

Por diversas vezes, as lideranças desses grupos criminosos têm reafirmado que depois do massacre de 7 de outubro, muitos outros ataques virão na sequência, interminavelmente. Por essas razões, Israel sabe que qualquer medida que vise um cessar fogo, só servirá para que os terroristas se rearmem e voltem a atormentá-lo. É preciso mudar todo o quadro atual que levou ao conflito. O que ocorre nesta guerra e a difere de outras pelo mundo é que não é uma batalha entre duas forças ou dois exércitos, mas uma luta entre uma força regular e um aglomerado de terroristas, cujos objetivos contrariam os princípios de uma guerra tradicional. O que parece ter mudado em relação a mais esse conflito é que parte do Ocidente, antes se alinhado, automaticamente, a Israel, vive um momento de intensa polarização política, com extremistas da esquerda e da direita se digladiando pelo controle do Estado.

Como é sabido, os radicais políticos sempre foram contrários a Israel e ao povo judeu. Ao longo da história, há exemplos mostrando que ambos os espectros políticos extremos sempre nutriram ódio pelos judeus. O Relatório Anual Mundial sobre Antissemitismo, regularmente publicado pela Universidade de Tel Aviv, mostra que, em 2023, houve um aumento significativo no número de atos contra os judeus em todo o mundo. Esses atos recrudesceram ainda mais depois dos atos de 7 de outubro. Para seus formuladores, a data ajudou a espalhar um incêndio que estava fora de controle. Em Nova Iorque, onde vivem muitos judeus, houve o registro de mais de 330 crimes de ódio antissemitas, com mortes, vandalismo e ameaças diversas. França, Reino Unido, Argentina e Alemanha também registraram esses atos. No Brasil, houve um aumento de 432 incidentes para 1.774. Um número assustador, mas que coincide com posições assumidas vistas em redes sociais e entrevistas de autoridades.

 

 

A frase que foi pronunciada:
“Muitas vezes, fui acusada de conduzir as questões públicas mais com a emoção do que com a razão. Bem… e se for verdade? Aqueles que não sabem chorar com o coração tampouco sabem rir.”
Golda Meir

Golda Meir (1898 – 1978), ex-primeira-ministra de Israel, em uma conferência do Partido Trabalhista em Londres, Reino Unido, em 30 de novembro de 1974 / Reg Burkett/Express/Hulton Archive/Getty Images

 

História de Brasília
Essa comissão teve origem numa denúncia de empreiteiros, segundo a qual só recebiam suas faturas depois de “pagar por fora” cinco a dez por cento para a “caixinha”. (Publicada em 18/4/1962)

A aposta no azar. Mãos longe da mesa!

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Líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) acompanha votação de liberação de cassinos, bingos e jogo do bicho em painel. — Foto: Kevin Lima/G1

 

Com a aprovação, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, do projeto de lei que autoriza e regulamenta os jogos de azar em todo o país, proibidos, desde a década de 1940, pelo governo Dutra (Eurico Gaspar), todo um conjunto de consequências nefastas pode ser observado, antes de o plenário daquela Casa deliberar definitivamente sobre a matéria. Obviamente, nenhum dos malefícios, decorrentes da jogatina e, exaustivamente, previstos, recairá sobre os beneficiários diretos dessa atividade, que, do dia para a noite, tomou de assalto o país inteiro.

Lobby forte para a volta de cassinos e todos tipos de jogos de azar parece ter falado mais alto para os nossos políticos. Fosse essa matéria submetida, seriamente, à apreciação direta da população, seu destino seria o engavetamento sumário. Mais uma vez suas excelências deixaram de lado a vontade popular para atender ao chamado de interesses de grupos que ignoram e vão contra a realidade nacional. Sob a falsa justificativa de que os jogos de azar representam uma atividade econômica relevante, o projeto segue adiante e pode ser aprovado ainda este ano.

O presidente da República adiantou que, se aprovado, sancionará o projeto, colocando a sua bancada de apoio para trabalhar nesse sentido. Pela proposta aprovada na CCJ do Senado, fica autorizada a exploração no Brasil de jogos de cassino, bingo, vídeo bingo, on-line, do bicho, além de apostas em corridas de cavalos, o chamado turfe. Para um país que não consegue impedir que seus presídios de segurança máxima sejam transformados em centrais do crime organizado, falar em exigências e critérios para a operação dos jogos de azar, soa como piada, assim como a promessa do governo de criar uma agência reguladora para o setor.

Outra promessa fantasiosa, para justificar a liberalização dos jogos de azar, é que, uma vez sob o controle do Estado, os cassinos e todas as demais modalidades de jogos ficarão imunes aos vínculos com o crime organizado. Na verdade, foram os prepostos do crime organizado que mais fizeram lobby no Congresso para a liberação dos jogos. Para um país que se destaca como um dos mais importantes corredores de exportação de entorpecentes do planeta, a liberação dos cassinos e dos demais jogos de azar surge como uma espécie de lavanderia para branquear, quase que instantaneamente, o dinheiro sujo.

Outra mentira deslavada dita em defesa da liberação dos cassinos e jogos de azar é que sua aprovação abre caminho para que o vício em apostas seja enfrentado como problema de saúde pública, uma vez que parte de seus recursos será destinada para mitigar essa compulsão por jogos. Segundo o Grupo de Ação Financeira (Gaf), um organismo intergovernamental, criado, em 1989, na reunião do G7, em Paris, para promover políticas nacionais e internacionais de combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, os cassinos são locais por excelência. Neles, todos os tipos de facilidades são dadas para a ocultação de dinheiro sujo, o que torna as casas de jogatinas um verdadeiro oásis para a lavagem de dinheiro. Além disso, confirma a Organização Mundial de Saúde (OMS), a ludopatia, ou vício em jogos de azar (CID 10-Z72.6) e (CID 10- F63.0), é uma doença reconhecida mundialmente desde 2018. Com desejo incontrolável, a pessoa joga e aposta até perder tudo.

No Brasil, essa doença parece ter alcançado um patamar de epidemia, pois se desenvolve a partir dos mesmos mecanismos de dependência do álcool ou das drogas. Para os dependentes, a fissura é tão ou mais intensa do que a que acomete os viciados em cocaína e álcool.

Dados divulgados pelo Banco Itaú mostram que nos últimos 12 meses os brasileiros perderam R$ 24 bilhões com apostas esportivas on-line e taxas de serviços cobradas por empresas de apostas. Segundo estudo do Banco Central, os jogadores gastaram cerca de R$ 68,2 bilhões em apostas e mais taxas de serviços, e receberam R$ 44,3 bilhões. O saldo negativo, segundo o estudo, equivale a 0,2% do Produto Interno Bruto do Brasil ou 1,9% da massa salarial do país. Esses números podem ser ainda maiores, pois a existência de jogos clandestinos ainda é uma realidade que, nem mesmo a liberação dos jogos, vai pôr fim. Parece ser uma unanimidade, entre os especialistas em saúde pública, que o Brasil não tem estrutura suficiente para tratar esses novos viciados. Logo estaremos assistindo a uma nova explosão de moradores de rua, vítimas de jogos de azar que perderam tudo.

 

A frase que foi pronunciada:
“Se você tiver que jogar, defina três coisas antes de jogar: as regras do jogo, as apostas e a hora de desistir.”
Provérbio chinês

Foto: Bigstock

 

História de Brasília
Há uma crise entre a Novacap e a Prefeitura, e já foi instaurada uma comissão de inquérito, por ordem do dr. Sette Câmara, integrada pelo cel. Barlem, representando a Casa Militar da Presidência da República, pelo dr. Waldir Santos, representando a Prefeitura, e pelo dr. Bessa, representando a Novacap. (Publicada em 18/4/1962)

A Constituição é o único lado certo

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Charge: humorpolitico.com.br

Não é de hoje que o sistema de freios e contrapesos, contido na Constituição de 1988 e que regula a chamada Teoria da Separação dos Poderes, o que, em suma, visa controlar e equilibrar os poderes, obrigando cada um a controlar e fiscalizar o outro, vem sendo seriamente extrapolado, interferindo na harmonia e independência entre eles. De um modo geral, o que se observa é que a hipertrofia de um poder resulta na hipotrofia de outro, tornando inócuo o próprio sistema de freios e contrapesos.

Quando isso acontece, as crises institucionais são inevitáveis. Em nosso caso específico, o que a população está assistindo é a uma verdadeira guerra entre os poderes, cujas origens estão lá atrás, na judicialização da política e na sua coirmã, a politização da justiça. Querer convencer a sociedade brasileira do contrário não só não ajuda a pôr um fim nessa crise como favorece sua continuidade. Há que encarar o problema.

A política, por sua natureza complexa, tem os próprios princípios, sendo que, entre nós, esses princípios nem sempre vão ao encontro do que deseja a população. A justiça, por seu lado, tem suas regras, todas elas fixadas no papel, sejam na Constituição, nos códigos e em todos os alfarrábios de leis. Ocorre que, quando submetida às altas Cortes, essas leis passam a ganhar também uma interpretação subjetiva, oriunda da cabeça do juiz. E é aí que a situação adquire o gás necessário para fazer mover as crises.

A queda de braço entre Judiciário e Legislativo, que começou mal e prossegue a todo o vapor, pode vir a ter um final ainda pior. Não para seus protagonistas, mas para a nação. O que se quer é juízo e um cessar de exibição de egos. O Poder Executivo, nessa contenda, surge como figurante de terceiro plano, dada a sua natureza instável atual e ao pouco apoio que contabiliza tanto dentro do Congresso como nas ruas.

Antiga tática de guerrilha na selva ensinava que, quando o inimigo avança, a outra força deve recuar. Do mesmo modo, quando o inimigo recua, deve-se avançar e, quando o inimigo para, deve-se igualmente parar. Ao que parece, é essa a tática que vem sendo usada por esses dois poderes em prejuízo de uma República que padece pela ausência de verdadeiros estadistas.

O pacto social defendido pelos pais da teoria tripartite do poder — John Locke e Montesquieu, no século 18 — para organizar a sociedade entre homens livres previa que as leis aprovadas pelos representantes do povo seriam aplicadas por juízes imparciais, com o propósito de manter a harmonia entre os indivíduos. Nesse pacto, o governante seria o executor das vontades do povo. Ao que parece, essas lições básicas, que foram, contudo, inseridas em nosso modelo de governo, estão sendo deixadas de lado.

Querem, com isso, reinventar uma espécie de roda quadrada, cujo bom desempenho só é possível na cabeça daqueles que a conceberam. O pior é que o pobre do cidadão que optar por ficar de um lado ou de outro nessa contenda terá ficado sempre do lado errado. Nessa querela, o único lado certo é aquele ditado pela Constituição quando observada, literalmente, suas linhas pretas sobre o papel branco.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A força do direito deve superar o direito da força.”
Rui Barbosa

Foto: academia.org

 

Mobilidade
Inas Valadares protesta contra o estado das calçadas das superquadras Sul, principalmente entre a 105/305 até a 108/308. Além de ter que desviar dos buracos e estar sempre atenta aos desníveis, há a preocupação com a velocidade dos ciclistas.

 

 

Hino à Brasília
Malu Mestrinho está encantada com o maior acervo de Canção de Câmara Brasileira. São mais de 6 mil partituras. O guardião, Hermelindo Castelo Branco, pianista e tenor (1922-1996), tinha a cópia do Diário Oficial com o decreto oficializando o Hino de Brasília, com música de Neusa França. Mestrinho foi à Escola de Música da UFRJ apresentar um trabalho sobre a pianista Neusa França. Veja as fotos a seguir.

 

Segurança
Faixas de pedestres não estão visíveis. Melhor seria cuidar disso antes das chuvas chegarem.

Foto: samambaiaempauta.com

 

História de Brasília:

O ministro Alfredo Nasser ainda não tomou nenhuma resolução com referência às duas assembleias legislativas do Estado do Rio. Contemporizando, esperando que as coisas se resolvam por si, o ministro está apenas deixando de lado um assunto que é importante demais. (Publicada em 15/4/1962)

Educação: puxadora de votos

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Escola Macário José de Farias, em Cruz (CE). Imagem: Google Street View

 

Avaliação feita nas escolas públicas, em mais de 50 cidades do país, mostra que todas, com nota 10, estão situadas no Nordeste. O levantamento foi feito pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O destaque é o Ceará, onde 20 cidades saíram na frente. Nesse estado, graças à criação de um sistema de repasse de recursos e apoio pedagógico aos municípios, naquilo que os especialistas chamam de incentivos às boas práticas de ensino, foi possível ao Ceará se tornar modelo para todo o país. Há, inclusive, aqueles que acreditam que essas boas práticas políticas em prol da escola pública chamaram a atenção para a gestão do então governador, Camilo Santana, que, hoje, está à frente do Ministério da Educação.

No Centro-Oeste, o destaque ficou com as cidades goianas de Estrela do Norte e Rio Verde. Para os especialistas em educação pública, a aferição feita pelo Ideb, que leva em conta as notas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), bem como a quantidade de alunos aprovados, traduz, com certa exatidão, o principal indicador de qualidade da educação do país. A avaliação do Ideb é feita numa escala de 0 a 10 e é calculada a cada dois anos.

Com esse método, o primeiro lugar ficou com a cidade de Santana do Mundaú, em Alagoas, com nota 9,3, seguida de Pires Ferreira, no Ceará, com nota 9,2. Apenas na vigésima colocação aparece a cidade de Iporã do Oeste, em Santa Catarina. É preciso destacar, nesse ranking, que 21 unidades de ensino público — todas elas no Nordeste — tiraram nota 10 nos anos iniciais do ensino fundamental na avaliação feita pelo Ideb em 2023. Dessas 21, 15 estão no Ceará e cinco em Alagoas.

Outra avaliação foi na Escola Municipal de Inajá, no sertão pernambucano. Segundo o Ideb, esse centro de ensino, mantido, hoje, pela ONG Amigos do Bem, conseguiu elevar sua nota anterior, que era de 3,5, para 9,2, superando a média nacional do ensino público, que é de 6 e superando a própria média do ensino privado que teve nota 7. Esse sucesso possivelmente se deve à entrada dessa ONG em 2017, e não, propriamente, à atuação de órgãos do governo.

De qualquer forma, os resultados positivos, numa região que, historicamente, sempre manteve notas inferiores ao Sudeste e ao Sul, demonstra de modo cristalino que, independentemente, de ser uma região com muitos problemas econômicos, a participação de instituições sérias, distantes do governo, é capaz de fazer a diferença, mesmo que essas vitórias se tornem capital eleitoral aos políticos locais. “Eu sempre digo, ressalta a presidente da ONG Amigos do Bem, Alcione Albanesi, que quem tem fome não é livre, e quem não sabe ler e escrever também não. Sabemos que a única forma de romper o ciclo de miséria secular no sertão é por meio da educação e do trabalho, promovendo a geração de renda e levando oportunidades, vidas”.

Outro dado de suma importância mostra que as escolas que conseguem manter um tempo maior de aulas são também aquelas que alcançaram as melhores notas no Ideb. Nas escolas de tempo integral, com mais de sete horas de aula diária, os alunos apresentam melhores notas em matemática e em outras disciplinas. A maior carga horária ampliada chega a equivaler a um ano de ensino a mais em muitas disciplinas. Notem que a ideia de escolas de tempo integral não é nova, remonta à década de 1950, com o educador Anísio Teixeira, idealizador das escolas parques. Naquela época, há mais de 70 anos, sabia-se que somente escolas com horários corridos de sete ou oito horas diárias atenderiam ao problema secular da má-formação dos alunos brasileiros e da precariedade do ensino público em nosso país. Por diversas vezes, a implantação, em todo o país, de escolas em tempo integral foi tentada. Mas, por motivos diversos, não teve sequência efetiva. Hoje, calcula-se que apenas 33% das escolas públicas em todo o país funcionam em tempo integral. O Paraná é um exemplo de estado que triplicou o número de escolas em tempo integral, o que valeu ao estado um aumento de 0,5 na nota do Ideb. Esse modelo representa um verdadeiro projeto de aprendizado na vida do estudante, beneficiando sobretudo os mais pobres.

Alguns governadores puderam perceber que a melhoria apresentada pelas escolas públicas nos certames do Ideb representa uma excelente vitrine política para suas gestões e passaram a dar maior atenção a esse fato. Não por coincidência, os governadores mais bem avaliados e possíveis puxadores de votos nas próximas eleições são justamente aqueles que dedicaram mais esforços à melhoria do ensino em suas cidades.

 

A frase que foi pronunciada:
“O essencial, com efeito, na educação não é a doutrina ensinada, é o despertar.”
Ernest Renan (filósofo francês)

Antony Samuel Adam Salomon – The Art Institute of Chicago,
Portrait of Ernest Renan (1823-1892)

 

História de Brasília
O deputado Neiva Moreira, que, na época, foi quem transferiu o Legislativo para Brasília, escreveu uma carta ao dr. Juscelino pedindo para ele ficar mais tempo na cidade que construiu. (Publicada em 15/4/1962)

Democracia à vista ou a prazo

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Congresso Nacional durante a votação dos vetos presidenciais 03/03/2020                                  Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

 

Alguns fatos, por sua evidência cristalina, muitas vezes passam despercebidos para a maioria das pessoas, mesmo estando na ponta do nariz de muitos. Em se tratando do nosso modelo político partidário — uma espécie de protótipo projetado para não atender aos interesses soberanos dos eleitores e, sim, ao apetite pantagruélico dos caciques e donos das legendas —, fica patente que é chegada a hora de a população exigir, pelos meios legais de que dispõe, uma reforma profunda que moralize e racionalize esse sistema o quanto antes, sob pena de conduzir a nação para um tipo inédito de ditadura no qual os desígnios dos políticos suplantarão, em muito, o que esperam os cidadãos de bem.

Nesse ponto, fica demonstrado, na prática, que a existência de uma enorme bancada composta por aproximadamente 200 parlamentares, ou cerca de 40% dos deputados, e que, em muitas votações de interesse, tem mostrado um comportamento disciplinado e coeso, poderia muito bem ser aglutinada em apenas um bloco. O bloco de direita, eliminando, assim, uma dezena de legendas inúteis e dispendiosas para os eleitores. Do mesmo modo, poderiam ficar concentrados num bloco da esquerda todos os partidos que defendem essa ideologia. O restante ficaria distribuído entre os blocos de centro-direita e centro-esquerda, completando, assim, quatro grandes bancadas com assento nas duas Casas do Congresso.

Poderia, ainda, segundo preferência do eleitor, ser formado um quinto bloco, composto por parlamentares avulsos e independentes. A eliminação de dezenas de legendas de aluguel e que só têm servido para onerar nosso já dispendioso modelo de representação, tornando-o disperso e ineficaz, representaria uma economia necessária para o país.

Trata-se de um gasto, muitas vezes, superior ao que é destinado para muitas áreas de interesse imediato da população. O fato é que o nosso modelo de democracia custa muitíssimo ao eleitor, pagador de impostos. O pior é que este é um modelo que, incrivelmente, atende muito mais à classe política do que aos brasileiros e tende a piorar nos próximos anos.

Obviamente que a democracia, como regime político que preza a liberdade e o Estado Democrático de Direito, não pode ser avaliada segundo metodologias de precificação, mas, em se tratando do nosso modelo particular, erigido para enriquecer indivíduos e partidos, estamos falando de um outro preço: o preço da esperteza. A questão é saber até quando os brasileiros estarão dispostos a pagar para ter o atual modelo em mãos?

Em termos comparativos com outros países desenvolvidos e onde a democracia é uma conquista centenária, sabe-se que nosso modelo custa aproximadamente seis vezes mais do que o francês e cinco vezes mais do que o britânico, que existe desde 1689.

Temos uma das eleições mais caras. Com a proibição do financiamento privado, depois dos escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava-Jato, os políticos foram com fome para cima dos cofres públicos, onde, por meio do chamado presidencialismo de coalizão, arrancam, a cada eleição, o que querem de recursos.

Os custos somados dos fundos partidários e dos fundos eleitorais demonstram, na prática, que estamos no caminho errado para a democracia. Não é por meio da tutela estatal da classe política, realizada a fundo perdido, que teremos a democracia a que temos direito.

 

 

A frase que foi pronunciada:
“O Senado precisa fazer as pazes com o povo.”
Senador Girão

Senador Girão. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

 

Atividades
Começou a Quaresma Franciscana de São Miguel Arcanjo, que vai até o dia 29. Veja a programação a seguir.

Cartaz públicado no perfil oficial da Basílica Menor Santuário São Francisco de Assis

 

Novidade
Turistas em passagem por Brasília comentam que sentiram falta de uma placa nas entrequadras com um mapa das lojas/serviços existentes. A ideia é ótima!

 

Arquitetura
Já com os ingressos à disposição do público, a mostra da última versão da Casa Cor está interessante. A natureza quase sempre presente é uma indicação dessa necessidade humana em respirar o verde. Neste ano, a mostra
vai até 16 de outubro, com 43 ambientes assinados por 71 profissionais, na Arena BRB, no
Mané Garrincha.

Erick Camilo – Loft Breton. (Edgard César/CASACOR)

 

História de Brasília
O Dr. Waldemar Lucas tem sido um administrador ideal para Taguatinga. Pegou a cidade sem nenhuma organização, sem lotes
regularizados, com invasões por todos os lados, e está pondo tudo nos eixos. É um elogio a quem merece. (Publicada em 15/4/1962)

Brasil lindo e inzoneiro

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Dia da Vitória. Foto: militares.estrategia.com

 

Com a nova configuração estratégica e política do mundo, catalisada pelas guerras que se seguem entre Rússia e Ucrânia e pelo eminente alastramento dos conflitos no Oriente Médio, opondo Israel ao mundo Islâmico, fica cada vez mais nítido que o planeta vai sendo divido entre nações que vivem sob um regime ditatorial cruel e países que ainda respiram liberdade.

Para os mais incisivos, o globo vai sendo cortado em duas metades. Uma dos que acreditam que a herança grega, romana, judaica e cristã ainda é o mais importante pilar a sustentar e trazer razão à civilização Ocidental. Do outro lado, emergem nações submersas por crenças religiosas radicais. Nesse grupo submetido a ditadores, há ainda nações esmagadas por ditaduras ateias, que substituíram as orientações divinas por pastores do comunismo.

Essas nações distantes das ideias democráticas encontram no grupo denominado Brics uma espécie de refúgio em que podem dar vazão ao totalitarismo. De certa forma, o que se assiste é uma reorganização de grupos como havia na Segunda Grande Guerra (1939-1945), opondo o Eixo aos Aliados. Se for esse o caso, estamos de frente à repetição da história, o que pode resultar em uma grande farsa feita às custas de muitas vidas e estragos, forçando o mundo a retroceder.

Ao incorporar países como Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã, o Brics vai se tornando cada vez mais parecido com o Eixo da Segunda Guerra. O Brasil, nesse meio confuso, vai se parecendo cada vez mais com o Brasil de Getúlio Vargas. Se for esse o caso, em algum momento, o país terá que pular desse barco furado, pois as consequências por andar em más companhias virão de uma forma ou de outra.

Tomando a realidade fática como elemento condutor da razão, vemos que ainda é válida a tese de que geografia é destino e, sobretudo, futuro. Para aqueles que veem o Brics como um singelo e pacífico bloco devotado apenas às teses do comércio e do desenvolvimento dessas economias, o Brasil estaria em boa companhia. Para aqueles que enxergam mais longe e desconfiam das estratégias laicas de dominação de países como Rússia e China ou mesmo da expansão do Islamismo pelo mundo Ocidental, o Brics podem vir a representar, num futuro não muito distante, uma enorme ameaça aos valores e vida ocidental.

Empurrar essa visão mais pessimista para as proximidades das chamadas teorias da conspiração não resolve o problema, ofusca a realidade e serve apenas para aqueles que estão preparando tranquilamente essa distopia mundial. Há um processo claro em andamento, e isso pode ser observado dentro de nosso país por meio da aproximação cada vez mais nítida entre o governo e o Partido Comunista Chinês.

Não é preciso lembrar que a China apoia a Rússia em sua investida contra a Ucrânia, assim como apoia o Irã em sua movimentação de tropas contra Israel. Para o governo chinês, ver o mundo pegar fogo ajuda em sua tática de anexar Taiwan e ampliar o caminho da seda, que nada tem de maceio e belo. Ao que parece, o Brasil vai incorporando a figura folclórica de país inzoneiro, intrigante, mentiroso, enredador, manhoso e sonso.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Se seus parceiros de negócios não estão trabalhando tão duro quanto você, não é uma parceria, é um navio afundando.”

Julian Hall, empresário

Foto: revirnegocios.com

 

Aeroporto

Poucas cadeiras no Aeroporto Internacional de Brasília, no desembarque, mostram que não há preocupação em manter conforto aos idosos, gestantes e obesos.

Píer Sul do Aeroporto Internacional de Brasília. Foto: bsb.aero

 

Evento

Pessoal animado com a iniciativa que acontecerá neste sábado no Gama. Nos 20 anos de comemoração do 20º aniversário da sede da Promotoria de Justiça do Gama, e ao 27º da Promotoria de Justiça de Defesa da Filiação (Profide), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) providenciou uma equipe em mutirão que trabalhará no reconhecimento de paternidade.

Ilustração: mpdft.mp

 

História de Brasília

O sr. Antônio Venâncio da Silva, lançará um novo prédio em Brasília, também no Setor Comercial Sul. É um homem de negócios que não vive em Brasília, mas acredita na cidade e aqui tem feito grandes investimentos, depois de concluir o Edifício Ceará. (Publicada em 15.04.1962)

Empresários do crime

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Foto: reprodução da internet

 

Com o avanço das tecnologias e com a contratação de pessoal especializado na movimentação, aplicação e lavagem de dinheiro, as organizações criminosas se transformaram hoje em empresas multinacionais de grande porte, diversificando suas atividades, subornando autoridades e se infiltrando perigosamente na máquina do Estado, dentro e fora do país.

A atuação policial, feita nos moldes antigos, já não consegue reprimir ou acompanhar de perto essas organizações, que parecem estar sempre um passo ou dois à frente. A sofisticação desses grupos ilegais atingiu um tal ponto, que somente podem ser combatidos por meio do uso da inteligência, em investigações que reúnem o que de mais avançado existe hoje para acompanhar não só os caminhos tortuosos do dinheiro, mas toda a movimentação de criminosos dentro e fora das fronteiras.

A existência de países fronteiriços ou próximos ao Brasil, que produzem, em grandes quantidades, derivados de cocaína e maconha, transformaram o Brasil no mais importante corredor mundial para a exportação de drogas. Em se tratando de um produto altamente rentável e que é consumido em larga escala por todo o planeta, não surpreende que as diversas quadrilhas espalhadas por todo o Continente Sul-Americano disputam esse comércio com o auxílio de verdadeiros exércitos paramilitares, munidos com o que há de mais letal em armas e em treinamento de guerrilha.

A situação, por sua gravidade e amplitude, há muito já deixou de ser um problema exclusivamente do nosso país. Os noticiários diários dão conta do avanço paulatino do crime organizado sobre as instituições do Estado e sobre as atividades empresariais privadas. O leque de investimento desses grupos é diversificado e vai desde o transporte público, postos de gasolina, até o financiamento e apoio de candidatos nas eleições tanto municipais como federais.

Nem mesmo o judiciário tem escapado desse avanço do crime, com essas quadrilhas financiando a formação de juízes e de grupos de advogados exclusivamente devotados a proteger suas atividades. Notícia, dessa semana que passou, dá conta de que a Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes do Mogi (DISE) em São Paulo efetuou o bloqueio de mais de R$ 8 bilhões pertencentes a esses grupos, todo esse montante diluído em empresas legais que cuidavam de lavar esse dinheiro. Trata-se de uma quantia enorme, mas que representa apenas uma pequena parte dos recursos que esses bandos possuem distribuídos em diversas empresas e atividades espalhadas por todo o país.

O Centro-Oeste que, até a pouco tempo, encontrava-se fora da ação dessas organizações criminosas, hoje já figura também como região em que esses grupos comandam a distribuição e venda de drogas. Não há praticamente lugar algum dentro desse país em que o crime organizado não esteja presente e fortemente atuante, inclusive em cidades do interior. As regiões Nordeste e Norte do país também já capitularam e se encontram, hoje, dominadas por quadrilhas que obedecem a uma espécie de comando central.

O mais curioso é que grande parte desse suposto comando central do crime se encontra presa em presídios de segurança máxima. Não chega ser exagero, pois, afirmar que o quartel general do crime está localizado hoje, geograficamente, dentro de presídios. São dessas instituições que partem as ordens para a movimentação de milhares de soldados dessas organizações. O entra e sai de informações nesses estabelecimentos prisionais é intenso. Todos conhecem essa realidade. As autoridades parecem nada ver. Há ainda uma vastíssima e complexa rede de informações entre os criminosos, dentro e fora dessas cadeias.

É claro que, para manter todo esse aparato do crime, é necessário também o abastecimento com armas de todos os calibres, munições e até explosivos, que são comprados nas fronteiras do país, sobretudo o Paraguai. A expansão de grupos como o PCC e o CV para além das fronteiras do país, já fez acionar a luz vermelha no Itamaraty, preocupado com os possíveis impactos diplomáticos que a presença de brasileiros ligados ao crime podem gerar nessas relações multilaterais.

Enquanto isso, dentro de nossas fronteiras, a liberação dos jogos e dos cassinos em todo o país está na reta final. Isso porque já é sabido, há muito tempo, que os cassinos lavam mais branco.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Se você acredita na sorte, o azar é seu.”

Savanah, esposa de Gilberto Margon que perdeu tudo o que tinha em Cassinos.

Foto: Bigstock

 

História de Brasília

A pista da rampa da Câmara que está interrompida em virtude da construção do anexo será liberada ao tráfego na próxima semana. (Publicada em 15.04.1962)

Feliz Dia dos Pais

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Foto Ilustrativa: Brenda Sangi Arruda by GettyImages

 

         Há razões suficientes para crermos que, no cerne de muitos discursos, que abordam o tema família, como sendo um dos fatores a impedir o avanço de certas ideologias políticas, escondem-se estratégias inconfessáveis, que visam, primeiramente, retirar, dos indivíduos, todo e quaisquer traços da figura paterna e sua importância na introdução da lei e da ordem simbólica na vida da criança.

         A abolição da família é, antes de tudo, nessas pregações políticas niilistas, a destituição da figura paterna e sua substituição por algo vago e irreal do tipo “pai da pátria”. Há um consenso pacífico, entre psicólogos e psicanalistas, que a função paterna é fundamental para a formação ou estruturação do sujeito. Para justificar o desmonte da família, como sendo, “algo atrasado, que deve ser combatido” para o avanço das ideias progressistas, vale tudo, inclusive alcunhar a família de “burguesa” e perpetuadora da luta de classes. Nada mais irreal.

          Nesse combate insano e até mesmo autodestrutivo, vale invocar, como foi feito por uma deputada, o incesto, apenas para desmontar a ordem familiar e, sobretudo, a figura paterna. A ausência paterna, em sentido amplo, induz a problemas na constituição psíquica, contribuindo para a ausência de identificação e outras dificuldades que, na vida adulta, são ainda mais ampliadas, dando margem para a dominação do cidadão e sua submissão a algo etéreo como o Estado.

         A criação para o mundo é função do pai. A mãe educa para a vida, o que é outra coisa fundamental. Em ambos os papeis, a figura do Estado é nula. Fôssemos fazer um levantamento em todos os consultórios de psicologia ou psicanálise, sobre que assuntos são tratados na maioria dessas consultas, veríamos que o pai está sempre no centro dessas conversas, quer pelo excesso, quer pelo vazio.

         As primeiras e mais fundamentais leis são passadas no seio da família, geralmente pelo pai, que, para isso, estabelece também as primeiras obrigações, sendo, a mais fundamental, o respeito às leis e normas da casa. Num mundo em que a cultura Woke e o feminismo tentam, por todos os meios, destruir a família e, sobretudo, um dos seus alicerces, que é o pai, mostrado aqui como indutor do patriarcalismo, é preciso, com urgência, restabelecer a ordem contra o caos, colocando cada coisa em seu lugar. Para esses movimentos e para os chamados progressistas, é preciso retirar o pai da equação família. Matá-lo simbolicamente, se preciso for. Sem liderança natural, a família está à mercê de outras forças, entregue às vontades de outros líderes externos que, em relação a esse agrupamento, não mantêm qualquer sentimento ou laços afetivos. Ou seja, o que o Estado ideologicamente politizado quer da família é apenas sua força de trabalho, não importando seu destino final.

         Diferentemente do pai, que deseja a perpetuação da união desse grupo, pois mantêm com ele laços de sentimentos e tem nessa relação a razão de sua própria existência. Há aqui um embate destrutivo entre a família e o Estado ideologizado, que leva este a desejar o desmanche da família, desconhecendo que, com esse intento, está buscando seu próprio fim, desfazendo com os pés o chão que lhe dá sustento. Nesse caso, buscar um pai, fora da família, como último recurso para a sobrevivência, é o que deseja esse tipo de Estado, ao criar a ideia do pai imaginário ou um pai fantasmagórico. Como recompensa por essa entrega e rendição, o Estado dá-lhes o estritamente necessário para que sobrevivam num mundo de ilusão e renúncias.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Não me lembro de nenhuma necessidade da infância tão grande quanto a necessidade da proteção de um pai.”

Foto: reprodução

 

Freud

Um susto no Lago Norte. Estrondos altíssimos na QL 1, Conj. 8. Era a PMDF que estava no local acionada pelo COPOM (Centro de Operações da Polícia Militar). Um artefato explosivo foi encontrado num depósito. Uma equipe especializada do Bope foi até lá e resolveu realizar a detonação controlada. A Polícia Civil iniciou a investigação sobre os artefatos.

Foto: pmdf.df.gov

 

Quase 13

Sexta-feira foi diferente para os moradores da Asa Norte e para quem transitava por lá. Sem luz nas casas, lojas e semáforos, a população se virou como pôde. Pior foram os funcionários da Neoenergia feridos, mesmo com toda a proteção exigida por lei.

De acordo com a Neoenergia, o fornecimento foi normalizado às 15h30.      (Crédito: Divulgação/Neoenergia)

 

História de Brasília

A pista da rampa da Câmara que está interrompida em virtude da construção do anexo será liberada ao tráfego na próxima semana. (Publicada em 15.04.1962)

Entre a Terra e a consciência

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Igreja Católica vazia. Foto: reprodução

 

Impulsos, taras e desvios sexuais sempre se mostraram mais fortes do que qualquer instituição, lei ou obrigação humana e parecem obedecer a um tipo de comportamento que aproxima e confunde o ser racional com os animais, que agem movidos pelo instinto de sobrevivência ou de preservação. Regras, punições e ameaças, nada parece produzir os efeitos de deter esses impulsos quando eles ocorrem. Com a Igreja Católica, não tem sido diferente.

Os volumosos e rumorosos casos de abusos sexuais que passaram a vir à tona a partir do final da década de 1970, embora revelem uma pequena parte dessa história de horrores que, supostamente, parecem vir acontecendo há séculos dentro de igrejas, mosteiros, orfanatos, internatos e outros lugares, dão uma mostra real de que eles sempre existiram sob o manto de um silêncio que se quer sagrado.

O problema é que encarar o gigantesco desafio de abrir ao conhecimento do público — e, principalmente, dos fiéis — essa torrente de comportamentos repugnantes e criminosos que contamina a Igreja pode também servir de combustível para implodir internamente a própria instituição, destruindo um trabalho de mais de 2 mil anos na propagação do Cristianismo.

As descrições desses desvios de comportamentos, e que a Igreja assinalaria como grande pecado, estão por toda a parte. Depoimentos, livros, filmes, muitos dos quais premiados pela crítica, mostram o enorme desafio que é posto diante do papa Francisco para salvar, livrar e separar a parte boa da Igreja do restante que parece estar irremediavelmente perdida.

Na história da Igreja, nunca houve um escândalo dessa magnitude e que parece estar presente simultaneamente em diversos continentes e com os mesmos padrões de comportamentos, envolvendo centenas de clérigos dos mais diversos estamentos da hierarquia da instituição. O que se sabe agora é que grande parte dessa história de abusos jamais chegará ao conhecimento do grande público, pois ocorreu em épocas remotas, quando o poder da Igreja sobre a sociedade e até sobre os reis era grande e o silêncio, regra geral.

É preciso destacar, no entanto, que esse tipo de prática condenável não está presente apenas na Igreja Católica, mas em praticamente todas as outras instituições religiosas, o que mostra que esse não é propriamente uma condição natural da Igreja em si, mas de parte de seus membros. Onde quer que atue o ser humano, suas impressões e pegadas, para o bem e para mal, estarão impressas também. Mesmo antes de assumir a cadeira de Pedro, Francisco tinha uma noção de que essa seria, ao lado da perda paulatina de fiéis para outras confissões religiosas, o grande desafio de seu pontificado.

O santo padre, com seu conhecimento da máquina da Igreja, à essa altura, já tem a convicção íntima de que esse tema, por seu teor explosivo para a instituição milenar, continuará a sofrer resistências dentro da própria máquina burocrática da igreja, avessa, desde sempre, a tumultos e bisbilhotices mundanas. As recorrentes acusações de que a Igreja vem, há muito, acobertando esses crimes é outro grande desafio para Francisco. O papa também já deve reconhecer que alas dentro da Igreja vão se posicionar incondicionalmente ao seu lado, nem que para isso tenha de cortar na carne a parte podre dessa instituição. Sabe também que esse é um desafio esmagador para alguém com mais de 80 anos de vida. E reconhece, sobretudo, que são necessárias uma resposta interna e providências duríssimas, sob pena de manchar, de forma profunda, sua administração.

Alguns especialistas em assuntos da Igreja reconhecem que essa é, talvez, a maior crise experimentada pela instituição em seus 2 mil anos de história. Na versão mística de alguns fiéis, essa turbulência era prevista pelo santo padre Pio (1887- 1968), que, em uma de suas visões, teria visto o demônio sentado dentro do templo, afirmando que estava ali justamente para semear a futura cisão no seio da igreja e que essa maldição seria devastadora.

Crenças à parte, o fato é que, em muitos países, os tribunais de justiça estão trabalhando a todo vapor para colocar atrás das grades membros da Igreja, inclusive do alto clero. Muitos acreditam que essa é uma grande oportunidade para deputar a Igreja desses maus clérigos, já que entendem que o que faz um Igreja ser mantida em rumo original de pureza e santidade não é quantidade de seus membros, mas a qualidade de cada um e seu compromisso com a fé que abraçaram.

Em 10 anos, a Igreja teria perdido um número de fiéis equivalente à população de uma cidade como Curitiba. Ciente desse e de outros problemas de igual magnitude, o papa Francisco vem diuturnamente trabalhando para colocar sua Igreja nos trilhos traçados pelo próprio Cristo, reduzindo a pompa e a  burocracia do Vaticano, seus luxos e ostentações, e trazendo a Igreja e sua mensagem para aqueles cantos esquecidos do planeta, numa espécie de nova catequese nesse século 21.

O sumo pontífice, por meio de um decreto intitulado Vos estis lux mundi (Vós sois a luz do mundo) passou a obrigar que os bispos denunciem todas as suspeitas de casos de abuso sexual dentro da Igreja. No mesmo documento, incentiva os fiéis a agirem de modo idêntico, apontando esses casos diretamente ao Vaticano, para que não passem em branco e severas medidas sejam adotadas contra os abusadores — inclusive punindo todos aqueles que eventualmente prossigam acobertando esses casos.

 

A frase que foi pronunciada:
“Diante de Deus e seu povo, expresso minha tristeza pelos pecados e crimes graves de abuso sexual clerical cometidos contra vocês. E, humildemente, peço perdão. Peço seu perdão também pelos pecados de omissão por parte dos líderes da Igreja que não responderam adequadamente aos relatos de abuso feitos por familiares, bem como pelas próprias vítimas de abuso. Isso levou a um sofrimento ainda maior por parte daqueles que foram abusados e colocou em risco outros menores que estavam em risco.”
Papa Francisco

Foto: Paul Haring/CNS.

 

História de Brasília
A Graça Couto e a Severo e Villares estão na fase de acabamento de seus prédios no Setor Comercial Sul, em frente à W3. O da Severo já está pondo em experiência o acabamento externo em tom vermelho, e tomara que não seja para contrastar com os mosaicos pretos. (Publicada em 15/4/1962)