Uma reforma para cada gosto

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Reuters/ Arnd Wiegmann/ Direitos Reservados

 

Discutir agora, e até formatar uma legislação atualizada e necessária de reforma tributária, torna-se um assunto deveras delicado, quando se verifica, a priori, que o atual governo chegou ao poder sem sequer apresentar, previamente, quaisquer propostas ou rabiscos de planos econômicos, muito menos relativos à questão de cobrança de tributos e impostos.

Por sua relevância e urgência, a reforma tributária, desde sempre, tornou-se um assunto vital para economias emergentes como o Brasil, abalado por crises como a pandemia, guerras e outros contratempos dentro e fora do país. Trata-se aqui de uma reforma que poderia muito bem ser precedida de um outra reforma, talvez mais urgente e primária, que, nesse caso, seria a reforma política. O motivo é claro: é na classe política, tanto aquela com assento no Congresso como nos estados e municípios, que residem os conflitos de interesses de toda a ordem sobre esse assunto.

Privilégios políticos não condizem com uma reforma tributária do tipo ética e racional. Também é no governo Federal, por razões ideológicas e outras de igual calibre, que estão concentrados os maiores esforços para que uma nova estrutura de reforma tributária seja armada, a tempo de salvar um barco que não apenas parece sem direção, mas que seguramente se dirige rumo ao passado e de encontro aos tempos nefastos de inflação alta, recessão e outros desatinos cíclicos advindos sempre do improviso. Para a sociedade e para o empresariado em geral, sobretudo aqueles que não possuem a força do lobby, a reforma tributária que virá não será a necessária e pode até se situar muito aquém do que a base da pirâmide necessita.

De fato, essas camadas como base de sustentação da economia, poderão se contentar apenas com uma simplificação de regras tributárias, já que a diminuição na carga tributária, que seria o desejo mais acalentado pelos trabalhadores, dificilmente irá acontecer. É sabido que governos só sobrevivem por contar com recursos abundantes para gastar sem contrapartidas. Não há cobrança de resultados. Os limites impostos pela coerência na cobrança de tributos impostos serão, mais uma vez, tão respeitados como o foram o Teto de Gastos e a Lei das Estatais, que viraram pó de farinha.

É preciso arrancar mais recursos dos empresários, ainda mais quando é o próprio governo que, inacreditavelmente, afirma que eles não trabalham e vivem apenas da exploração dos seus empregados.
Muitos nesse país desconfiam das intenções do governo e da classe política, principalmente porque, nesse meio, as agruras e esforços para produzir riquezas não são conhecidos.

Reforma tributária para valer só poderia ser concreta e justamente formulada se vinda de uma ampla consulta sobre o tema. Qualquer reforma tributária que venha de cima para baixo não servirá aos pequenos e médios empresários e muito menos à população em geral, mas apenas para atender necessidades de momento, ou apenas para abarrotar os cofres públicos de recursos que poderão, inclusive, ser destinados para obras nos países de mesmo credo ideológico. Incluída, nesse bolo azedo, a tão detestada classe média, que, segundo o próprio governo, ostenta padrões de vida muito acima daqueles verificados nos países desenvolvidos.

Pela qualidade da árvore em questão, de onde sairão os frutos da pretendida reforma tributária, já dá para antecipar que nada de bom virá para todos, exceto para os que orbitam as imediações do poder.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Haverá salvação para um país que se declara “deitado eternamente em berço esplêndido” e cujo maior exemplo de dinâmica associativa espontânea é o Carnaval?”

Roberto Campos

Roberto Campos. Foto: Raimundo Valetim/Estadão Conteúdo/AE

 

Reconhecimento

Mario Vargas Llosa, nascido em 1936 em Arequipa, Peru, está em Paris. Ocupa agora a cadeira 18 da Academia Francesa de Letras. A instituição divulga que assim se realiza “um sonho da sua juventude” – conforme confidenciou o seu tradutor francês, Albert Bensoussan. Esta é a primeira vez que tamanha honra é concedida a um autor que não publicou um único livro escrito em francês.

Mario Vargas Llosa. Foto: AFP/Arquivos

 

Isso pode, Arnaldo?

Não teremos a presença de um parente na celebração da chegada de mais um bebê na família porque a Latam cancelou o voo. Ainda houve uma proposta de passar 24 horas dentro de um avião, mas mesmo assim não chegaria a tempo no evento. ‘Seu voo foi cancelado – Informação crítica – Lamentamos comunicar o cancelamento de seu voo LA8181.

Logo: latam.com

 

História de Brasília

Os ônibus chapa branca não estão dando mais caronas às crianças que saem ou se destinam às escolas. Outro dia, o da Fundação Brasil Central fêz uma professôra da Escola Classe 106 descer do veículo, com chuva, sob a alegação de que não era funcionária. (Publicada em 15.03.1962)

O passado mal explicado das telecomunicações no Brasil

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

 

Para que se possa afirmar que a recente operação “Mapa da Mina”, que liga investimentos da Oi e da Vivo em empresas ligadas ao filho do ex-presidente Lula, especialmente a Gamecorp, é de fato o mapa da mina de um grande escândalo de corrupção, seria necessário aprofundar a análise dos indícios de provas encontradas até aqui. Mas uma coisa é certa: estes investimentos, como outros, foram feitos em momentos em que a proximidade com o governo era disputada a tapa pelos acionistas das empresas de telecomunicações.

Quem acompanhava o mercado de telecomunicações na primeira década após a privatização, ou seja, entre 1998 e 2008, lembra o quanto era intensa a atuação dos grupos empresariais que controlavam as operadoras junto às principais lideranças políticas. Desde o momento da privatização, em que a demanda por recursos do BNDES e dos fundos de pensão era negociada nos mais altos escalões de Brasília, passando pelas operações no mínimo conflituosas entre os interesses dos acionistas das teles e a gestão das operadoras, pouca coisa passaria de forma limpa se fosse investigada a fundo.

Nenhuma empresa estava imune, mas havia dois grupos em que as relações escusas com o poder pareciam mais descaradas: a Brasil Telecom, gerida pelo Opportunity, e a Telemar, gerida por um conjunto de acionistas: La Fonte (da família Jereissati), GP (do trio bilionário Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles), Andrade Gutierrez e, de maneira indireta (porque o controle estava formalmente vedado pela Anatel), o Opportunity, de Daniel Dantas, ao lado do Citibank. Sem falar nos fundos de pensão e BNDES que financiavam os acionistas privados.

No período, não faltaram operações nebulosas. Durante a primeira década dos anos 2000 foram várias operações em que empresas pertencentes a estes acionistas foram compradas e vendidas pelas operadoras de telecomunicações. Pegasus, IG e a operação de celular e call center da Oi (que tinham os mesmos sócios da empresa como acionistas controladores) são alguns dos exemplos de maior evidência, gerando perdas gigantescas para as operadoras e lucros robustos para os acionistas. Parte significativa do buraco que a Oi carrega até hoje vem dessa época, mas não parou por ai.

Com a chegada de Lula e do PT ao governo, Daniel Dantas, do Opportunity, perdeu o acesso privilegiado que tivera junto ao governo e entrou em rota de colisão com outros sócios, como a canadense TIW, a Telecom Italia e, sobretudo, com fundos de pensão. Foram várias disputas societárias no período, que culminaram na sua destituição do poder sobre as teles em 2005, quando os fundos conseguiram o apoio do Citibank para ter o controle da Brasil Telecom de volta.

Mas, antes disso, Telemar e Brasil Telecom travavam uma corrida para ver quem conseguia a maior proximidade com o governo petista, e ambas passaram a disputar a Gamecorp, que tinha entre os sócios Fábio Luis Lula da Silva e os filhos de Jacó Bittar, amigo de longa data do presidente Lula. A Brasil Telecom, então controlada por Dantas, tentou comprar diretamente a Gamecorp. Não conseguiu, mas as investigações da Polícia Federal indicam, por exemplo, que empresas ligadas a Dantas (o relatório, segundo o site “O Antagonista”, cita a agência NBS) investiram na Gamecorp. O quanto destes investimentos se davam por vislumbrar uma efetiva oportunidade de negócios e o quanto era para manter a proximidade ao filho do presidente, ficará a critério das investigações apontar.

O fato é que, em um determinado momento, a Telemar levou a melhor, e em meados de 2005 conseguiu se tornar acionista da empresa de Fábio Luis. Era uma época em que as empresas que atuavam no mercado de serviços de valor adicionado (SVAs) em celular estavam em alta, mas os resultados financeiros ainda eram magros.

Na mesma época, Dantas perdia de vez o controle das operadoras de telecomunicações, a despeito de vários movimentos de aproximação do governo petista, como ficou evidenciado na CPMI dos Correios, que investigou o mensalão, quando as estreitas ligações entre as teles e as agências de Marcos Valério, por exemplo, vieram à tona.

Em 2007 começaram a surgir as especulações sobre uma possível fusão com entre Telemar e Brasil Telecom. Houve vários ensaios nesse sentido, com diferentes modelagens, mas o anúncio formal veio no começo de 2008. A operação precisava de uma aprovação regulatória até então impossível e só foi viabilizada por meio de um decreto presidencial, alterando as regras do setor (especificamente o Plano Geral de Outorgas) em 2009, num acordo em que todos os acionistas privados, tanto da Oi quanto da Brasil Telecom, saíram ganhando. GP, Andrade Gutierrez, La Fonte, Opportunity e Citibank ganharam no negócio, conta paga principalmente pelos fundos de pensão estatais e pelo BNDES. No caso específico de Daniel Dantas e do Opportunity, além de receber mais de US$ 1,5 bilhão pelas suas participações, conseguiu ainda a suspensão de uma série de ações judiciais contra os fundos de pensão. A desculpa do governo é que, com a operação, se criaria uma “super-tele” nacional, pronta para competir com as gigantes estrangeiras, o que nunca aconteceu.

Quem pagou a conta da operação, mais uma vez, foi a operação da Oi, que ficou com todo o passivo da Brasil Telecom junto à Anatel, uma imensa carga de obrigações regulatórias e bilhões de reais em ações judiciais referentes a planos de expansão que, por anos, foram patrocinadas por empresas do mesmo grupo Opportunity que controlava a Brasil Telecom.

Mas estas não foram as únicas operações que contaram com forte intervenção governamental no setor de telecomunicações. Um pouco depois, em meados de 2010 houve uma operação sincronizada em que a Telefônica adquiriu o controle da Vivo, comprando a participação da Portugal Telecom na empresa, e em seguida a Portugal Telecom se tornou acionista da Oi. Era uma operação há muitos anos desejada pelos espanhóis, mas os portugueses só topariam se conseguissem uma outra oportunidade no Brasil. O governo operou para que a Oi fosse esta alternativa. No princípio, o discurso de uma grande tele “luso-brasileira” soava um ridículo, ainda mais depois do fiasco da “super-tele nacional”. Mas não parou por aí.

Um pouco depois, outro apoio do governo para assegurar à Portugal Telecom o controle completo da Oi, com grandes ganhos para os acionistas controladores da operadora e prejuízos para a empresa. Mas logo ficou claro que a tele pagaria o pato de operações bastante suspeitas envolvendo os acionistas portugueses da Portugal Telecom. Mais um buraco, desta vez de quase 1 bilhão de euros, que ficou na conta da Oi, contribuindo mais um pouco para a derrocada da operadora.

Os indícios de irregularidades em muitas destas operações são conhecidos há pelo menos 10 anos, sem que nunca tenham sido objeto de escrutínio pelo Ministério Público ou Polícia Federal. Desde então a Oi foi à recuperação judicial, a Portugal Telecom deixou de existir e o PT deixou o governo. As investigações da Polícia Federal acontecem tardiamente e precisariam olhar com lupa tudo o que aconteceu no período, muito além da Gamecorp.

Também seria essencial que as investigações, para além de atores políticos, das operadoras e seus executivos, fossem atrás dos verdadeiros beneficiados: os acionistas que ganharam nestas inúmeras operações suspeitas

 

Artigo disponibilizado no link: https://teletime.com.br/10/12/2019/o-passado-mal-explicado-das-telecomunicacoes-no-brasil/

 

A frase que foi pronunciada:

“A ciência mais difícil é desaprender o mal.”

Antístenes

Antístenes. Foto: wikipedia.org / Marie – Lan Nguyen (2009)

 

Esse mundo

Essa é uma boa hora para se valer dos discursos antigos e atestar as metamorfoses de opinião. Basta dizer que em um evento, as madames Bolsonaristas e Lulistas estavam separadas, até que dona Lu Alckmin entra no recinto. As convidadas presentes deixaram a ideologia de lado e se renderam à elegância de dona Lu.

Foto postada no perfil oficial de Lu Alckmin no Instagram

 

Pergunta que não quer calar

Alunos da USP correm com abaixo assinado contra Janaína Paschoal. Segundo a advogada, eles não conseguem conviver com a divergência. Hoje em dia, quem consegue?

Janaína Paschoal. Foto: odia.ig.com

 

Inteligência Artificial

Grupo que estuda regulamentação da IA no Brasil já tem decidido que o uso de câmeras governamentais para reconhecimento facial indiscriminado de pessoas que circulam nas ruas não será permitido. Também veda o estabelecimento de pontos para cidadãos que se comportam nas redes sociais como moeda para ter acesso aos serviços públicos.

 

Apelação

Fakenews chama atenção com imagens de pessoas contra o governo fazendo gestos nazistas. Trata-se de gesto comum de imposição das mãos durante oração.

 

História de Brasília

Depois de longos estudos, vários técnicos em solo chegaram à conclusão de que a terra em Brasília é muito boa, e que a sua adubação ficará muito mais barata e será muito mais prática, do que a recuperação de solo cansado em outros Estados. (Publicada em 15.03.1962)

Outro reizinho mandão

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

 

          Assédio, que os especialistas nessa modalidade de cerco costumam definir como conduta contumaz e abusiva através de gestos, atos, comportamentos e palavras, com o intuito de provocar danos à integridade física e psíquica de um indivíduo, pode ocorrer, também, quando indivíduos, por suas altas posições de mando, nas áreas político e econômica, passam a eleger uma instituição ou grupo antagônico como alvos de perseguições, visando descredibilizá-los perante a sociedade. É o que vulgarmente, nesse caso, chama-se fritura. E é justamente isso que vem ocorrendo agora, envolvendo o atual presidente da República e seu grupo, com relação à autonomia do Banco Central.

          De fato, o Banco Central vem, desde o início do governo, sendo alvo das críticas generalizadas, tanto do chefe do Executivo, que dá o tom aos comentários, como dos ministros e de toda a bancada petista, que, em uníssono, vem reclamando tanto da independência da instituição como da gestão pessoal do atual presidente do Banco.

          O que se tem aqui, e mais uma vez, é a fritura de Roberto Campos Neto e de toda a sua equipe. A raiz do bullying contra o BC está na sua autonomia, regulada pelas Leis Complementar 179 e pelo PLP 19/2019, que na prática elevou o BC à autarquia de natureza especial, desvinculando-o da tutela do Ministério da Economia e, portanto, do governo.

          A simples ideia da emancipação e autonomia dessa importante instituição, que cuida tanto da estabilidade de preços como zela pela eficiência de todo o sistema financeiro, controlando a inflação e protegendo a moeda, vai totalmente contra o que seriam os princípios de todo e qualquer governo de esquerda, que tem, no centralismo econômico político, seu grande e único propósito.

          O cerco ferrenho empreendido pelos petistas ao Banco Central tem como mote a taxa de juros, fixada hoje pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e nominada como Taxa Selic, em 13,75%. No campo político e palanqueiro, o chefe do Executivo acusa, sistematicamente, Campos Neto de estar a serviço do governo anterior.

         Por diversas vezes, o comando do BC tem alertado que as repetidas falas do atual governo e de membros de sua equipe não só têm atrapalhado a economia como tem provocado estragos significativos na política econômica do Estado e no próprio mercado.

         Erroneamente, o chefe do Executivo vem dizendo que a atual gestão do BC trabalha contra o Estado e a favor do mercado financeiro. O que é uma acusação despropositada e, ao mesmo tempo, muito grave. O que se tem aqui são as razões conflitantes entre o que prometeu em campanha um candidato, sem programa de governo, e as diretrizes econômicas sérias e balizadas nos números frios da matemática financeira, feitas pela única instituição capaz, hoje em dia, de barrar as investidas de um governo que se move ao sabor das incertezas dos ventos.

         O que não só o mercado teme, como os próprios brasileiros antenados nessa questão também, é que o governo consiga, mesmo a duras penas, rever a independência do BC no Congresso; não possui ainda maioria, ou vá recorrer direto para o Supremo, onde sabe que seus desejos são sempre aceitos.

          Se houver, de fato,  a possibilidade surreal do furo no teto de gastos, em mais de R$ 200 bi e do desmanche da Lei das Estatais para lotear, politicamente, mais uma vez, as empresas do Estado, a aposta agora é que a autonomia do Banco Central pode, nesse contexto, estar com os dias contados.

A frase que foi pronunciada:

“As plantas são mais corajosas do que quase todos os seres humanos: uma laranjeira prefere morrer a produzir limões, ao passo que, em vez de morrer, o homem comum prefere ser alguém que não é.”

Mokokoma Mokhonoana

Mokokoma Mokhonoana. Foto: revisionpath.com

 

Aborto

Grande oportunidade para discutir o aborto. Dr. Felipe Lopes e Dr.a Érica Guedes. Para quem tiver dúvidas ou certezas. O importante é participar. Dia 18 de fevereiro. Inscrições pelo telefone 3326- 1180.

Cartaz: Divulgação

 

Congresso

A linguagem GPT de Inteligência Artificial já começa a gerar expectativas para os Consultores Legislativos do parlamento brasileiro. Questões como direitos autorais, extinção de profissões, educação, saúde. Está tudo começando e o interesse é fenomenal.

 

Na praia

Por falar em interesse fenomenal, outra discussão de quem faz as regras recai sobre o financiamento de congressos de várias categorias profissionais. A partir de que ponto a ética é ultrapassada? E qual o nível da necessidade de aceitar favores escusos?

Esse mundo

Essa é uma boa hora para se valer dos discursos antigos e atestar as metamorfoses de opinião. Basta dizer que, em um evento, as madames Bolsonaristas e Lulistas estavam separadas, até que dona Lu Alckmin entra no recinto. As convidadas presentes deixaram a ideologia de lado e se renderam à elegância de dona Lu.

Foto postada no perfil oficial de Lu Alckmin no Instagram

 

Pergunta que não quer calar

Alunos da USP correm com abaixo assinado contra Janaína Paschoal. Segundo a advogada, eles não conseguem conviver com a divergência. Hoje em dia, quem consegue?

Janaína Paschoal. Foto: odia.ig.com

 

História de Brasília

Vão tirar também os japoneses da Cidade Livre. Os que tinham granjas no Correio Vicente Pires serão transferidos para outras granjas, e receberão assistência técnica da Superintendência de Agricultura. (Publicada em 15.03.1962)

Micro e Macro cosmos

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Laerte

 

          Como bem observaram alguns internautas: o advento da internet, no século XX, assim como a invenção do microscópio feita quatro séculos antes, pelos holandeses Hans e Zacarias Janssen, possuem certa semelhança, quando se verifica que tanto um avanço científico como o outro mostraram que as “criaturinhas” invisíveis, a olho nu, estavam o tempo todo ali naquele espaço, vibrando e emitindo seus sinais de vida. Dizer, pois, que a Internet deu voz aos imbecis é um erro. Navegar pela rede mundial de computadores deu voz e vez àqueles que não tinham nem uma coisa nem outra. A amplificação da voz do povo, propiciada por esse avanço tecnológico, aproximou-a, ainda mais, da voz de Deus, conferindo-lhe potência de transmissão, capacidade de capilaridade, criando uma ponte entre dois abismos formados por uma elite, que se diz dona plenipotenciária do Estado, e uma maioria, que simplesmente não acredita nessa lenda.

         Por isso mesmo, aqueles que pretendem sua regulação ou, mais objetivamente, sua censura ou retirada do ar, como fazem ainda alguns países de crenças muçulmanas e/ou comunistas, mostram que não podem tolerar o retumbar e o eco das vozes livres.

          Acreditar que apenas o lado da força tem razão nessa disputa equivaleria a dizer que não existem os seres microscópicos, e que é tudo uma invenção desses aparelhos que ampliam as imagens. Portanto, caminham para um campo perigoso, todos aqueles que pensam decretar leis banindo a existência desses microrganismos. Melhor seria dizer logo que nada no mundo fantástico da física quântica existe de fato, sendo tudo uma mera criação fictícia. Serão, pois, os ditos “imbecis”, assim como os agentes patogênicos microscópios, que irão, por sua capacidade de resiliência e sempiterna potência, provocar o adoecimento e o colapso desses macrocorpos.

         Talvez, esteja mesmo nessa característica microscópica e transformadora desses “imbecis” e diminutos, todo o potencial que necessitam, para liquidar, de uma vez por toda, com esse novo leviatã gigante, que acredita estar só no controle do Estado. Banir os microscópios, não possui o condão de banir os micróbios que estão por todos os lados. Decretar, por meio de leis coercitivas, o acesso livre às redes sociais ou à Internet, criando uma espécie de antibiótico para cessar o poder de multiplicação desses seres invisíveis, no máximo, irá criar ainda mais resistência a esses remédios, forçando o aparecimento de uma nova cepa de superbactérias, com mais voz e mais poder de ação. A Internet, esse infindável oceano onde flutuam imensidões de microplânctons, não pode ser represada por uma caneta. É muita pretensão! É uma ousadia pueril! Melhor reconhecer antes: “Cesse tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta”.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Onde termina o telescópio começa o microscópio, e quem tem a visão mais ampla?”

Victor Hugo

Victor Hugo. Foto: wikipedia.org

 

2017

Dizia o então senador Cristovam Buarque, por Brasília: “Hoje, toda relação é pública. Acabou a privacidade nas relações políticas e isso é bom. Precisamos retomar a decência, a inteligência e a credibilidade da política.” Depois de quase sete anos desse discurso, parece que o Brasil dá um passo para frente e cinco para trás.

Caricatura: carlossam.blogspot.com.br

 

Papai Noel

Diz a lei que pelo menos 5% dos parquinhos infantis devem ter brinquedos adaptados para crianças com deficiência. Ou a lei é ineficaz ou os brinquedos já são adaptados.

Parquinho SQN 215 Norte. Foto: pezinhoforadecasa.com

 

Inabalável

É preciso reconhecer a humildade do senador Paulo Paim. Trabalha conciliando, agregando e recebendo a opinião de líderes por todos os lados. Nunca deixou seus eleitores para ocupar cargo no governo. Sempre sensato entre o discurso e a prática. Paim pode andar pelas ruas tranquilamente, porque é querido de toda a gente.

Senador Paulo Paim. Fonte: Senado.gov.br

 

Desoprimir

Resumindo a situação mundial, inclusive cibernética, o internauta anônimo postou: “Se correr Wikipedia, se ficar o Google Chrome.”

Imagem: internet

 

Crer para ver

Quando estiver passando em frente ao Teatro Nacional, observe os tapumes que escondem a sala Martins Penna. Eles guardam a esperança dos apreciadores da arte de Brasília. Enfim, o governador Ibaneis garante que poderá entregar, ao público, em dois anos aproximadamente, as duas salas de espetáculos mais importantes da capital do país.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil

 

História de Brasília

Mas façamos justiça. O Chez Willy foi a história da Cidade Livre no setor de restaurantes. Enquanto toda a cidade possuía apenas lojas improvisadas, com mascates estabelecidos, um restaurante dava ao ambiente o destaque internacional, o toque de cozinha de bom gosto. (Publicada em 14.03.1962)

Outro valor mais alto se alevanta

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Laerte

 

          Como bem observaram alguns internautas: o advento da internet, no século XX, assim como a invenção do microscópio feita quatro séculos antes, pelos holandeses Hans e Zacarias Janssen, possuem certa semelhança, quando se verifica que tanto um avanço científico como o outro mostraram que as “criaturinhas” invisíveis, a olho nu, estavam o tempo todo ali naquele espaço, vibrando e emitindo seus sinais de vida. Dizer, pois, que a Internet deu voz aos imbecis é um erro. Navegar pela rede mundial de computadores deu voz e vez àqueles que não tinham nem uma coisa nem outra. A amplificação da voz do povo, propiciada por esse avanço tecnológico, aproximou-a, ainda mais, da voz de Deus, conferindo-lhe potência de transmissão, capacidade de capilaridade, criando uma ponte entre dois abismos formados por uma elite, que se diz dona plenipotenciária do Estado, e uma maioria, que simplesmente não acredita nessa lenda.

         Por isso mesmo, aqueles que pretendem sua regulação ou, mais objetivamente, sua censura ou retirada do ar, como fazem ainda alguns países de crenças muçulmanas e/ou comunistas, mostram que não podem tolerar o retumbar e o eco das vozes livres.

          Acreditar que apenas o lado da força tem razão nessa disputa equivaleria a dizer que não existem os seres microscópicos, e que é tudo uma invenção desses aparelhos que ampliam as imagens. Portanto, caminham para um campo perigoso, todos aqueles que pensam decretar leis banindo a existência desses microrganismos. Melhor seria dizer logo que nada no mundo fantástico da física quântica existe de fato, sendo tudo uma mera criação fictícia. Serão, pois, os ditos “imbecis”, assim como os agentes patogênicos microscópios, que irão, por sua capacidade de resiliência e sempiterna potência, provocar o adoecimento e o colapso desses macrocorpos.

         Talvez, esteja mesmo nessa característica microscópica e transformadora desses “imbecis” e diminutos, todo o potencial que necessitam, para liquidar, de uma vez por toda, com esse novo leviatã gigante, que acredita estar só no controle do Estado. Banir os microscópios, não possui o condão de banir os micróbios que estão por todos os lados. Decretar, por meio de leis coercitivas, o acesso livre às redes sociais ou à Internet, criando uma espécie de antibiótico para cessar o poder de multiplicação desses seres invisíveis, no máximo, irá criar ainda mais resistência a esses remédios, forçando o aparecimento de uma nova cepa de superbactérias, com mais voz e mais poder de ação. A Internet, esse infindável oceano onde flutuam imensidões de microplânctons, não pode ser represada por uma caneta. É muita pretensão! É uma ousadia pueril! Melhor reconhecer antes: “Cesse tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta”.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Onde termina o telescópio começa o microscópio, e quem tem a visão mais ampla?”

Victor Hugo

Victor Hugo. Foto: wikipedia.org

 

2017

Dizia o então senador Cristovam Buarque, por Brasília: “Hoje, toda relação é pública. Acabou a privacidade nas relações políticas e isso é bom. Precisamos retomar a decência, a inteligência e a credibilidade da política.” Depois de quase sete anos desse discurso, parece que o Brasil dá um passo para frente e cinco para trás.

Caricatura: carlossam.blogspot.com.br

 

Papai Noel

Diz a lei que pelo menos 5% dos parquinhos infantis devem ter brinquedos adaptados para crianças com deficiência. Ou a lei é ineficaz ou os brinquedos já são adaptados.

Parquinho SQN 215 Norte. Foto: pezinhoforadecasa.com

 

Inabalável

É preciso reconhecer a humildade do senador Paulo Paim. Trabalha conciliando, agregando e recebendo a opinião de líderes por todos os lados. Nunca deixou seus eleitores para ocupar cargo no governo. Sempre sensato entre o discurso e a prática. Paim pode andar pelas ruas tranquilamente, porque é querido de toda a gente.

Senador Paulo Paim. Fonte: Senado.gov.br

 

Desoprimir

Resumindo a situação mundial, inclusive cibernética, o internauta anônimo postou: “Se correr Wikipedia, se ficar o Google Chrome.”

Imagem: internet

 

Crer para ver

Quando estiver passando em frente ao Teatro Nacional, observe os tapumes que escondem a sala Martins Penna. Eles guardam a esperança dos apreciadores da arte de Brasília. Enfim, o governador Ibaneis garante que poderá entregar, ao público, em dois anos aproximadamente, as duas salas de espetáculos mais importantes da capital do país.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil

 

História de Brasília

Mas façamos justiça. O Chez Willy foi a história da Cidade Livre no setor de restaurantes. Enquanto toda a cidade possuía apenas lojas improvisadas, com mascates estabelecidos, um restaurante dava ao ambiente o destaque internacional, o toque de cozinha de bom gosto. (Publicada em 14.03.1962)

E qualquer desatenção, faça não.

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Francisco Proner

 

         Duas décadas terão se passado desde aquele 1º de de janeiro de 2003, quando subia a rampa do Palácio do Planalto. O mundo, e com ele o Brasil, mudou, e muito. Tanto que fica difícil reconhecer quem é quem hoje nesse jogo atual entre as nações. A bonança herdada do governo de Fernando Henrique Cardoso, com o boom das commodities, ficou para trás. O mundo está em recessão, depois de uma pandemia de dois anos e agora com a guerra imperialista que Putin e seus generais sanguinários vêm travando contra a Ucrânia, e que pode arrastar todo o continente europeu para esse morticínio insano.

         Com um eventual retorno dele ao poder, as atenções, obviamente, estarão voltadas para nosso destino interno ou o que pode ser a repetição de todos os desacertos daquela era. Se o mundo e tudo em volta mudou, o mesmo não se pode dizer com relação a ele e o seu entorno. Pelo o que vem pregando, desde que ficou do lado de cá das grades, diretamente para os palanques, ele não apenas é o mesmo político de sempre, só que agora carrega consigo um poço transbordante de mágoas e infortúnios que semeou para si mesmo. Seu amigo e defensor profetizou: “Por favor / Deixe em paz meu coração / Que ele é um pote até aqui de mágoa/ E qualquer desatenção, faça não /Pode ser a gota d’água.”

         Se a repetição da História, como dizia Karl Marx em 18 de Brumário, dá-se sempre em forma de farsa, o que teremos pela frente com o novo/velho governo dele vai além do mais do mesmo, podendo significar o que seria o grand finale ou a apoteose de uma farsa, toda ela feita de pantomimas e encenações burlescas, transformando o Brasil naquilo que ele parece aos olhos do mundo: uma chanchada.

          Os anos não somaram a ele a experiência e a sabedoria natural aos mais idosos. O  modelo 2003 é muito mais do que um velho político. É um político velhaco e cheio de manhas. Na verdade, se assim apontarem as urnas, quem eventualmente irá galgar a rampa do Planalto não será aquele de 1980, mas uma simbiose de personagens que vai de Macunaíma, passando por  Pedro Malasartes, com pitadas de Saci Pererê e outros personagens dotados de grande esperteza do folclore nacional. Uma verdadeira metamorfose ambulante. Um camaleão político, astuto e cheio de artimanhas.

         Com ele de volta, estarão em pauta também todos os velhos truques do passado, desde a compra de parlamentares, passando pelo aparelhamento e pilhagem das estatais e todo o velho esquema de parcerias com a oligarquia do país e de fora. A questão toda aqui por saber é quem irá se apresentar como responsável, depois que todos tiverem assistido a reprise do grande espetáculo preparado para o distinto público do país? Terminado o grande show, quem se apresentará para recolher as mágoas derramadas do pote?

A frase que foi pronunciada:

“Onde quer que homens civilizados tenham pela primeira vez aparecido, eles foram vistos pelos nativos como demônios, fantasmas, espectros. Nunca como homens vivos! Eis aí uma intuição inigualável, um insight profético, se é que algum já chegou a ser feito.”

E.M. Cioran

E.M. Cioran. Foto: reprodução da internet

 

Figura

Zezé era uma figura querida no Senado. Tratava a todos como pessoas perfeitas. Fazia a mesma festa quando chegava algum diretor ou alguém da limpeza. Abria a geladeira da copa e oferecia molhos alheios para a salada de todos. Quando em um dia usaram o molho que pertencia à ela para servir a todos, ela ficou feliz do mesmo jeito. É o efeito Zezé. Ela fazia com os outros o que gostava que fizessem com ela. Vai deixar muita saudade.

Será?

Resolveram tirar a poeira dos projetos da Quituart. Novamente em análise, dessa vez a área tem grande chance de ser legalizada.

Foto: quituart.com

 

Auto estima

O Senado vai avaliar um projeto bastante sensível enviado pela Câmara dos Deputados, que aprova campanha de incentivo à doação de cabelo a pessoas com câncer. São muitos homens e mulheres que sofrem com o impacto imposto pela doença. O autor da proposta é o deputado federal Vinicius Carvalho, do Republicanos paulista.

Foto: redefemininabrasilia.org

 

Ação

O filho cresceu e a bicicleta está parada? Crianças estão aguardando doações. O Brasília Bike Camp Solidário acontecerá entre os dias 6 e 7, na Granja do Torto.

Cartaz publicado na página oficial do Brasília Bike Camp no Instaram

–> O Brasília Bike Camp Solidário está chegando!
Nossa missão nesse projeto é arrecadar bikes para doação!
Tem aquela bike parada aí? Entre em contato aqui no insta ou em algum ponto de coleta: @bigbike.bsb @redwaycycles @grifedoatleta @ximenesbikeshow @pedalzonebikes

Como diz @broubrutodrews ” Vamos semear o bem que a brutalidade vem!”

Lembre-se: BIKE PARADA NÃO AJUDA NINGUÉM!

Brasília, 6 e 7 de Agosto na Granja do Torto,
A partir de 9h!
● Evento para toda família
● Praça de alimentação
● Sorteio de 4 Bikes e diversos brindes
● Aulas de Ritmos
● Bicicross infantil
● Trilhas abertas
● Espaço Kids com parque inflável
● Shows, DJ

 

História de Brasília

Esta notícia é muito boa, porque entre a 108 e 308 os carros continuam trafegando, com prejuízo para os moradores dos blocos de frente para a estrada improvisada. (Publicada em 08.03.1962)

Clique aqui – Quebra a perna e vende a muleta

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

Imagem: portal.fgv.br

 

Qualquer aluno de economia, no primeiro ano da faculdade, sabe muito bem que uma economia estatal, ancorada nas diretrizes burocráticas de um Estado de partido único, não guarda similitude alguma com economias liberais, onde a livre concorrência está na base da geração de riqueza desse tipo de mercado. O capitalismo do tipo comunista, é uma teoria que só poderia ter abrigo na mente erma de petistas e outros adeptos da esquerda esquizofrênica.

Nessa empreitada quixotesca entre o PT e o Partido Comunista Chinês, onde aquele país foi reconhecido como economia de mercado, o balanço, depois de dez anos de duração é, como não poderia deixar de ser, nitidamente favorável aos chineses e aos planos estratégicos de longo prazo daquele partido do outro lado do mundo. Como não seria diferente também, as normas de mercado, para que esse acordo “histórico” funcionasse minimamente bem, tiveram que sofrer um processo de reengenharia econômica para serem viabilizadas.

A aplicação das normas do comércio internacional estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) sofreu alguns “ajustes”, como no caso das medidas antidumping e de salvaguardas comerciais. Na prática, as regras da OMC não são e nunca foram plenamente acatadas pela China, sendo, tanto esse país quanto a Rússia, submetidos a um regime especial ou, em outras palavras, a um “jeitinho” pela OMC.

Já naquela época, não foram poucos os brasileiros, principalmente os empresários, que passaram a alardear e a implorar para que o governo tomasse sérias medidas para proteger o parque industrial nacional, claramente vulnerável às investidas brutais daquele novo parceiro arranjado pelo PT. Tomando apenas o aspecto para a formação de preços dos produtos fabricados por aquele país do Leste, o Brasil já saiu desse acordo no prejuízo. Questões simples como o valor da mão de obra, dos direitos trabalhistas entre outros componentes dessa matemática, como é o caso do respeito à propriedade intelectual, que na China são tratados como desprezíveis, o Brasil jamais poderia se situar em pé de igualdade comercial com o novo parceiro.

Naquele distante ano de 2011, as federações das indústrias de todo o País passaram a alertar, em vão, para o perigo desses acordos a um governo totalmente surdo e inebriado pelas possibilidades “estratégicas”, que vislumbrava com a nova parceria. Os empresários eram uníssonos em afirmar que esses acordos eram, notoriamente, uma decisão de cunho político e bem distante dos liames da economia nacional. Esse fato era também reconhecido publicamente pelo próprio presidente como uma vitória sua e de seu partido no poder.

Toda aquela história, de que o Brasil seria tratado pela China como país amigo e prioritário em destinos de investimentos, foi sendo modificada à medida em que aquele país avançava sobre a economia brasileira. Dentre as vantagens prometidas pela China para atrair o Brasil petista à sua área de atuação, figurava um possível apoio para que nosso país passasse a ocupar, definitivamente, um assento como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, uma obsessão do então presidente Lula, que sonhava também vir a ser o futuro secretário-geral daquela organização.

Tudo sonho de uma noite de verão. Um olhar rápido para o que se sucedeu, dez anos depois após esses acordos, dá uma noção do que ocorreu de fato com mais essa herança nefasta legada por Lula e seus asseclas. As previsões dos produtores nacionais se confirmaram com a rápida desindustrialização do parque nacional, com o fechamento de milhares de fábricas e a demissão de milhões de empregados. Em qualquer área da produção industrial que se mire, o fechamento de empresas e falências são fatos que não se discutem.

A inundação de produtos chineses de baixíssima qualidade e a preços irrisórios destruiu vários segmentos, não só na indústria como no comércio. Com o avanço das importações chinesas, a economia nacional poderá ter sofrido um recuo de décadas, tornando-se dependente de produtos que, no passado, fabricava com muita eficiência e qualidade. Empresas calçadistas, ramo no qual o Brasil era destaque mundial pela qualidade e originalidade, simplesmente desapareceram quase que por completo. O mesmo ocorreu com a indústria têxtil. Nesse sentido, vale o que dizem a respeito dessa parceria: primeiro, dizem os chineses, nós quebramos suas pernas, depois enviamos as muletas a preços módicos.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O perigo do socialismo nivelador e de todas as teorias simplistas resulta especialmente de que, sendo tais teorias deveras acessíveis à alma das multidões, estas se orientam facilmente as forças cegas e devastadoras do número.”

Gustave Le Bon, polímata francês

Gustave Le Bon (wikipedia.org)

 

Lembranças

Maria do Barro foi a secretária de Ação Social trazida pelo governador Roriz. Uma mulher que marcou a vida de muita gente pela forma com que trabalhava. Quem precisava de tijolos ajudava a fazer as telhas. Se pedisse telhas a ela, era convidado a ajudar na horta comunitária. Todos se sentiam úteis, necessários e capazes. Descobrimos um vídeo simples, feito pelos que conviveram com essa mulher extraordinária. Veja o vídeo a seguir.

 

Desespero

Luta que não para. A Atorvastatina Cálcica desapareceu das farmácias deixando pacientes com doença cardiovascular e níveis elevados de colesterol completamente desamparados. Nenhum laboratório oferece o medicamento. Morbidades são de alto risco e extremamente vulneráveis ao Covid-19. E agora?

Foto: reprodução da internet

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Quando o governo fizer pulso forte, e se decidir a meter na cadeia quem deve estar preso, proibir atos de terrorismo, punir, enfim, severamente, esses perturbadores da madrugada deixarão de existir, ou, pelo menos, acovardar-se-ão dentro de sua insignificância. (Publicado em 08/01/1962)

Clique aqui – Estratégias

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto de Pool / Getty Images AsiaPac

 

Na primeira quinzena de novembro de 2004, o governo Lula anunciava, com grande pompa e para a alegria das esquerdas, reconhecimento oficial do status de economia de mercado para a China. Na ocasião, o então presidente, inebriado com o que parecia ser uma grande conquista de seu governo e uma diretriz básica de seu partido para reunificar as esquerdas de todo o mundo, declarou que, com aquele gesto, o Brasil dava uma demonstração de que essa relação estratégica era para valer. Demonstrava a prioridade que seu governo, leia-se seu partido, devotava às relações entre China e Brasil. No mesmo tom, o então chefe máximo do Partido Comunista Chinês, Hu Jintao, que viera para o Brasil especialmente para se certificar, de perto, de que esse reconhecimento seria de fato selado, depois de forte pressão, respondeu, ao discurso de seu colega de ideologia, que essa postura do Brasil iria criar as condições para uma relação estratégica e muito mais rica e que iria também favorecer a cooperação econômica e comercial entre esses dois países.

Note-se que, em ambos discursos, tanto o governo Lula quanto seu colega chinês usam a expressão “estratégica” para definir a avaliação que cada um dos mandatários fazia desse acordo. Pelo lado brasileiro, a expressão “estratégica”, contida no discurso de euforia de Lula, possuía um significado que unia elementos de uma ideologia utópica e orientada a reerguer o Muro de Berlim, derrubado alguns anos antes, juntamente com uma vitória do própria partido, que, com esse gesto, fortalecia sua presença no mundo das esquerdas, abrindo, simultaneamente, espaço para a entrada massiva de um regime dessa orientação nos negócios brasileiros.

Não se sabe ainda com exatidão que benefícios diretos, do tipo utilitarista e argentário, o Partido dos Trabalhadores colheu desse acordo exótico, já que, em todos os “negócios” envolvendo o Estado brasileiro, essa sigla encontrou meios de obter altos lucros indevidos e enviesados. Pelo lado chinês, a expressão “estratégia”, contida no discurso do chefe do PCC, tinha o significado próprio dado por aquele governo a todos os outros acordos e negócios feitos com o resto do planeta, sobretudo com os países do terceiro mundo, onde o lucro máximo com riscos mínimos é sempre a fórmula acordada.

Ambos os mandatários não escondiam sua satisfação de que esse acordo, em especial, iria se expandir rapidamente, conforme foi confirmado pouco tempo depois. Pela diferença no tamanho dessas duas economias e pelo fato de se conhecerem, em outros cantos do planeta, como funciona na prática esse tipo de acordo com os chineses, o ministro do desenvolvimento naquela época, Luiz Furlan, apressou-se em garantir que essa atitude do Brasil, reconhecendo um país onde claramente os mecanismos da economia de livre mercado simplesmente inexistem, não traria prejuízos ao país, pelo contrário, seria um verdadeiro “negócio da China”.

Realmente, o balanço depois de uma década desse reconhecimento da China como uma economia de mercado, com todos os encargos que isso, na teoria, poderia representar, foi um “negócio da China”. Só que para os chineses, que fisgaram, com um único lançamento de anzol n’água, dois peixes graúdos. Um representado pelo Partido dos Trabalhadores, notoriamente uma sigla gananciosa e, ao mesmo tempo, infantilizada, crente de que os comunistas, conforme reza a cartilha dessa religião pagã, são, acima de tudo, solidários com seus companheiros em todo o mundo.

Nas comemorações que se seguiram após esse acordo, dá para imaginar o sorriso secreto de cada um dos lados. No íntimo, as autoridades chinesas devem ter festejado com a certeza de que haviam vendido, a alto preço, um pirulito chupado a uma criança faminta. Esse reconhecimento foi uma decisão pessoal e política do próprio presidente Lula, conforme afirmou o ministro Furlan naquela ocasião, ressaltando, ainda, que o Brasil era o primeiro grande país a dar tal privilégio à China. Os chineses não perderam tempo e miraram seus investimentos em áreas estratégicas, como ferrovias, portos, geração e transmissão de energia. Nesse caso, não investiram à moda dos capitalistas Ocidentais, aportando capital e tecnologia, mas simplesmente comprando esses setores e transferindo imediatamente esses lucros para a matriz, no caso o Partido Comunista Chinês, que é, de fato, o único patrão naquele país.

 

 

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A condição própria dos homens soberbos e vis é mostrarem-se insolentes na prosperidade e abjetos e humildes na adversidade .”

Maquiavel, filósofo, historiador, poeta, diplomata e músico de origem florentina do Renascimento. (1469-1527)

Maquiavel (wikipedia.org)

 

Choro

Funcionários da empresa Apecê, terceirizada que atendia à creche de filhos de funcionários do Tribunal Superior do Trabalho, foram realocados ou estão de férias coletivas. O TST encerrou o contrato por não haver mais crianças no berçário. A suspensão dos trabalhos se deu durante a pandemia.

Foto: reprodução da internet

 

Etanol & gasolina

Usineiros estão mais sossegados. Com a queda de até 52% do preço da gasolina, que é vendida nas refinarias, o etanol está com o preço mais competitivo.

Charge: institutoparacleto.org

 

DataSenado

Publicado o relatório do Instituto de Pesquisa DataSenado, ligado à Secretaria de Transparência sobre o Coronavírus. Veja a íntegra no link Brasileiros acreditam que número de contaminados é maior que o noticiado.

 

Mobilidade

Alguns lojistas da W3 conseguiram transformar as calçadas em passagem uniforme e transitável. Mas continua um risco enorme para idosos andarem por ali. Desníveis constantes, buracos sem tampa, degraus.

Foto: mobilize.org.br

 

Por dentro

Veja, no link MP 966 quer livrar da cadeia os operadores do golpe de trilhões?, a explicação do Monitor Mercantil sobre a MP 966. É coisa séria.

 

Aqui não!

Bancos são implacáveis. Juros de cheque especial, juros sobre juros em cartões de crédito, juros sobre empréstimo, tudo corre, lado a lado, em tempos de pandemia. Nada de perdão. Se houver sacrifícios, que sejam dos clientes. Ao final do ano, todos se orgulham em anunciar, aos quatro ventos, os bilhões de lucros.

Charge: bancariosirece.com.br

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Foi determinada a revisão no plantio de árvores na W3. Não ficarão mais árvores junto aos postes. Foi corrigido o erro e será obedecida a modulação dos pontos de luz. (Publicado em 07/01/1962)

Uma dura lição

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Sérgio Andrade/Governo do Estado de São Paulo (agenciabrasil.ebc.com)

 

Das muitas lições que serão deixadas pelo isolamento social compulsório, por conta da pandemia do Covid-19, a milhões de brasileiros, nenhuma outra será mais importante do que a certeza de que o fenômeno da corrupção tem seus efeitos nefastos prolongados por tempo indefinido, atingindo indiscriminadamente gerações e gerações. Ainda mais quando esse fenômeno atinge patamares de uma endemia, como tem sido no nosso caso.  Por mais defeitos que tenha o presidente Bolsonaro, ainda há o mérito de lutar incessantemente contra o vírus da corrupção. Esse sim, sempre foi nefasto ao país, mantendo a fome, ignorância e paternalismo.

Vale recordar a fala recente do ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal, quando afirmou que: “É um equívoco supor que a corrupção não seja um crime violento. Corrupção mata. Mata na fila do SUS, na falta de leitos, na falta de medicamentos. Mata nas estradas que não têm manutenção adequada. O fato de o corrupto não ver nos olhos as vítimas que provoca, não o torna menos perigoso.”

Por isso mesmo, causa espécie a todos os brasileiros de bem que políticos, notoriamente apontados pela justiça como culpados por esses crimes hediondos, aproveitem desse momento de angústia para, de modo cínico, proporem soluções que, nem de longe, adotaram quando tiveram oportunidade e poder para tanto. Esse é o caso específico do ex-presidente Lula que, de forma absolutamente desavergonhada, tem aparecido em vídeos fazendo críticas e sugestionando ações contra a crise, como se não fosse ele e seu desgoverno um dos responsáveis pela fragilidade de nosso sistema de saúde e pelo saldo de milhões de desempregados.

Não se pode, de modo algum, desprezar esses fatos do nosso passado recente e que hoje pesam sobremaneira nessa crise de saúde pública. Talvez uma das mais emblemáticas cenas desse passado triste, ainda não totalmente solucionado por nossa justiça parcial e suspeita, seja justamente a utilização dos muitos e gigantescos estádios de futebol construídos para a fatídica Copa do Mundo de 2014, em que praticamente todos os envolvidos nesse esquema odioso foram acusados de corrupção, dentro e fora do país.

Esses verdadeiros elefantes brancos, monumentos obsoletos, erguidos para propiciar a manutenção contínua de um propinoduto bilionário, são retirados agora de seu estado letárgico profundo para servirem de hospitais de campanhas. Essa improvisação de finalidade totalmente diversa demonstra de forma cabal a distância entre o que necessita uma população carente e aquilo que os políticos sem ética almejam para si mesmos.

Nada mais emblemático para ensinar uma população em pânico e cerrada dentro de casa do que a conversão de estádios em hospitais de emergência para fazer entender, de uma vez por todas, o potencial deletério do fenômeno da corrupção. A corrupção mata. Essa é a lição aprendida agora da pior maneira possível.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando você perceber que para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”

Da filósofa russo-americana, Ayn Rand (judia fugitiva da Revolução Russa, quando chegou aos Estados Unidos, em meados da década de 20).

Foto: britannica.com/biography

 

Juntos e fortes

Pessoal da Motoluc está confeccionando máscaras Face Shield para doar aos hospitais da cidade. Por enquanto, a capacidade é de 1500 máscaras por dia. Além da convocação de voluntários, eles estão recebendo doações de chapas de acrílico de 3mm. Leia logo abaixo mais detalhes para quem quiser ajudar.

 

Capes

Na hora que a coisa aperta, a coisa muda. O sistema da Capes foi liberado para implementação de bolsas de mestrado e doutorado. Um pesquisador nos enviou a missiva com a seguinte conclusão: a terra pode até ser plana na concepção dos fanáticos, mas ninguém pode negar que ela continua dando voltas.

 

Reconhecimento

Nossas homenagens a todos que trabalham na Polícia Federal, instituição que completa 76 anos.

Cartaz publicado no perfil oficial da Polícia Federal no Instagram

 

Sempre a verdade

Morreu ou não morreu? O GDF corrigiu a informação sobre a primeira morte causada pelo coronavírus. A Secretaria de Saúde do DF justificou que houve um desencontro de informações.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Todas as autarquias estão com novos presidentes. É bom ler todos os discursos de posse, para que a gente possa, depois, cobrar as promessas. (Publicado em 04/01/1962)

E as vozes das ruas não serão mais roucas. Viva a mídia social.

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Duke

 

Boa parte da sociedade está com a memória viva em relação à longa crise social, econômica e política dos últimos anos. As redes sociais tiveram o condão de mudar a percepção de boa parte da sociedade não somente para os problemas do país, mas sobretudo para aumentar o desejo e a atitude de muitos em direção aos valores próprios, fazendo brotar nos brasileiros um sentimento mais individualista e voltado exclusivamente para as necessidades imediatas e a longo prazo das pessoas. Parece resultar da noção de que o Estado pouco ou nada faz pelos brasileiros. Muitos consideram hoje que a melhor estratégia é partir para a luta individual, ao invés de esperar por qualquer amparo do governo.

É preciso salientar que esse individualismo, cada vez mais presente na sociedade, pode inverter a própria lógica do Estado, fazendo com que o governo passe a depender, cada vez mais, da vontade de uma população indiferente e distante, propiciando, inclusive, a considerar a hipótese da desobediência civil.

Dados os efeitos da corrupção sistêmica, conforme implantado pelos governos petistas e que tinham como objetivos diretos o enfraquecimento do Estado paulatinamente ao empoderamento do partido, apesar das investidas da polícia e de toda a revelação da trama, deram frutos diversos; uns bons, outros nem tanto. Ao aumentar a descrença na política, retardou a consolidação plena da democracia. As revelações feitas pela polícia e pelo Ministério Público apresentaram, para o distinto público, uma elite corrupta e disposta a tudo para enriquecer rápido e sem esforço.

Para um país que conta com mais de 700 mil presos, em condições sub-humanas de cárcere, essas revelações serviram muito mais como que um simples incentivo para a ação continuada no mundo do crime. Deu a essa parcela da população a certeza de que a cadeia ainda é lugar para pretos e pobres.

Entender a corrupção como algo moldado pela herança histórica ibérica, onde o patrimonialismo cartorial era a tônica, mostra apenas as raízes ancestrais do problema e que fazia parte inerente do sistema mercantilista e colonialista da época. Se antes a exploração e os desvios tinham origem em vontades vindas do exterior, com o desenvolvimento do capitalismo de compadrio, é muito mais rentável a uma empresa cooptar políticos e agentes públicos buscando negócios fabulosos com o Estado em troca de propinas e outros meios ilícitos. Além das empresas privadas, sempre dispostas a servir aos políticos de forma geral, as estatais cumpriam seu papel de facilitadoras dos negócios nebulosos da elite dirigente.

Transformadas em moedas de troca, dentro do toma lá dá cá generalizado, as nomeações políticas para altos cargos nas estatais tinham um peso crucial na expansão dos casos de corrupção, servindo como ponta de lança dos partidos para se apoderarem dos recursos da nação. Torna-se compreensível o discurso de muitos dirigentes políticos no sentido de o Estado manter controle das estatais.

Obviamente que não se trata de nacionalismos ou protecionismo da economia nacional, mas tão somente de reservar esse nicho de mercado à sanha desmedida dos partidos políticos. Por aí se vê a razão da redução do tamanho do Estado, que incomoda tanta gente. Se por um lado os muitos casos de corrupção do passado revelados serviram para mostrar como é fácil desviar dinheiro público, por outro mostrou que impondo um fim a institutos como o foro privilegiado, a possibilidade de nomeações políticas para cargos técnicos e maior agilidade e presteza nas decisões da justiça trazem a fórmula mágica para reduzir, da noite para o dia, tão imenso volume de caos de malversação dos recursos públicos.

Seis pilhas de um metro quadrado de área por cinco metros de altura cada, contendo notas fictícias de R$ 100, ficaram expostas por um longo período na Boca Maldita, principal rua de Curitiba. O monumento simbolizava o montante de R$ 4 bilhões recuperados pela força tarefa da Lava Jato. É pouquíssimo, se comparado ao volume fantástico de dinheiro desviado por grupos políticos diversos, apenas na última década. É, contudo, muito dinheiro, para os padrões de um país como o Brasil, onde historicamente a impunidade e corrupção sempre foram tratadas de forma parcimoniosa pelas autoridades, sempre constrangidas em punir pessoas e grupos do mesmo estamento social, político e econômico.

Segundo estimativas feitas por técnicos no rastreio de dinheiro de origem suspeita, o Brasil perdeu por ano, em média, R$ 200 bilhões com esquemas de corrupção. Somente com relação à Petrobras, calcula-se que foram desviados, apenas nos governos petistas, entre R$ 30 e R$ 40 bilhões, embora, de forma oficiosa, a estatal tenha divulgado um “prejuízo” de apenas R$ 6 bilhões com desvios de dinheiro dos cofres da empresa. Para se defender de processos no exterior, a estatal tem apresentado sua defesa em cima da tese de que foi vítima da ação dos corruptos, embora a justiça dos Estados Unidos e de diversos outros países, que possuem recursos investidos na empresa, afirmem que há muitos funcionários de carreira da Petrobras envolvidos diretamente nestes esquemas nebulosos.

De toda a forma, o cerco que vai se fechando aqui e no exterior, cedo ou tarde, chegará a um resultado bem próximo da verdade. A última notícia é que um suíço brasileiro foi considerado culpado por cumplicidade em suborno e lavagem de dinheiro. Essa é uma sentença importante porque trata da prova de pagamentos de mais de US$ 35 milhões feitos por sete anos (2007-2014) por meio de mediadores na Suíça e no Brasil a funcionários da Petrobras.

 

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Há o caso de vários operários de uma obra, que pediram as contas e foram para a fila da Novacap. (Publicado em 16/12/1961)