E as vozes das ruas não serão mais roucas. Viva a mídia social.

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Charge do Duke

 

Boa parte da sociedade está com a memória viva em relação à longa crise social, econômica e política dos últimos anos. As redes sociais tiveram o condão de mudar a percepção de boa parte da sociedade não somente para os problemas do país, mas sobretudo para aumentar o desejo e a atitude de muitos em direção aos valores próprios, fazendo brotar nos brasileiros um sentimento mais individualista e voltado exclusivamente para as necessidades imediatas e a longo prazo das pessoas. Parece resultar da noção de que o Estado pouco ou nada faz pelos brasileiros. Muitos consideram hoje que a melhor estratégia é partir para a luta individual, ao invés de esperar por qualquer amparo do governo.

É preciso salientar que esse individualismo, cada vez mais presente na sociedade, pode inverter a própria lógica do Estado, fazendo com que o governo passe a depender, cada vez mais, da vontade de uma população indiferente e distante, propiciando, inclusive, a considerar a hipótese da desobediência civil.

Dados os efeitos da corrupção sistêmica, conforme implantado pelos governos petistas e que tinham como objetivos diretos o enfraquecimento do Estado paulatinamente ao empoderamento do partido, apesar das investidas da polícia e de toda a revelação da trama, deram frutos diversos; uns bons, outros nem tanto. Ao aumentar a descrença na política, retardou a consolidação plena da democracia. As revelações feitas pela polícia e pelo Ministério Público apresentaram, para o distinto público, uma elite corrupta e disposta a tudo para enriquecer rápido e sem esforço.

Para um país que conta com mais de 700 mil presos, em condições sub-humanas de cárcere, essas revelações serviram muito mais como que um simples incentivo para a ação continuada no mundo do crime. Deu a essa parcela da população a certeza de que a cadeia ainda é lugar para pretos e pobres.

Entender a corrupção como algo moldado pela herança histórica ibérica, onde o patrimonialismo cartorial era a tônica, mostra apenas as raízes ancestrais do problema e que fazia parte inerente do sistema mercantilista e colonialista da época. Se antes a exploração e os desvios tinham origem em vontades vindas do exterior, com o desenvolvimento do capitalismo de compadrio, é muito mais rentável a uma empresa cooptar políticos e agentes públicos buscando negócios fabulosos com o Estado em troca de propinas e outros meios ilícitos. Além das empresas privadas, sempre dispostas a servir aos políticos de forma geral, as estatais cumpriam seu papel de facilitadoras dos negócios nebulosos da elite dirigente.

Transformadas em moedas de troca, dentro do toma lá dá cá generalizado, as nomeações políticas para altos cargos nas estatais tinham um peso crucial na expansão dos casos de corrupção, servindo como ponta de lança dos partidos para se apoderarem dos recursos da nação. Torna-se compreensível o discurso de muitos dirigentes políticos no sentido de o Estado manter controle das estatais.

Obviamente que não se trata de nacionalismos ou protecionismo da economia nacional, mas tão somente de reservar esse nicho de mercado à sanha desmedida dos partidos políticos. Por aí se vê a razão da redução do tamanho do Estado, que incomoda tanta gente. Se por um lado os muitos casos de corrupção do passado revelados serviram para mostrar como é fácil desviar dinheiro público, por outro mostrou que impondo um fim a institutos como o foro privilegiado, a possibilidade de nomeações políticas para cargos técnicos e maior agilidade e presteza nas decisões da justiça trazem a fórmula mágica para reduzir, da noite para o dia, tão imenso volume de caos de malversação dos recursos públicos.

Seis pilhas de um metro quadrado de área por cinco metros de altura cada, contendo notas fictícias de R$ 100, ficaram expostas por um longo período na Boca Maldita, principal rua de Curitiba. O monumento simbolizava o montante de R$ 4 bilhões recuperados pela força tarefa da Lava Jato. É pouquíssimo, se comparado ao volume fantástico de dinheiro desviado por grupos políticos diversos, apenas na última década. É, contudo, muito dinheiro, para os padrões de um país como o Brasil, onde historicamente a impunidade e corrupção sempre foram tratadas de forma parcimoniosa pelas autoridades, sempre constrangidas em punir pessoas e grupos do mesmo estamento social, político e econômico.

Segundo estimativas feitas por técnicos no rastreio de dinheiro de origem suspeita, o Brasil perdeu por ano, em média, R$ 200 bilhões com esquemas de corrupção. Somente com relação à Petrobras, calcula-se que foram desviados, apenas nos governos petistas, entre R$ 30 e R$ 40 bilhões, embora, de forma oficiosa, a estatal tenha divulgado um “prejuízo” de apenas R$ 6 bilhões com desvios de dinheiro dos cofres da empresa. Para se defender de processos no exterior, a estatal tem apresentado sua defesa em cima da tese de que foi vítima da ação dos corruptos, embora a justiça dos Estados Unidos e de diversos outros países, que possuem recursos investidos na empresa, afirmem que há muitos funcionários de carreira da Petrobras envolvidos diretamente nestes esquemas nebulosos.

De toda a forma, o cerco que vai se fechando aqui e no exterior, cedo ou tarde, chegará a um resultado bem próximo da verdade. A última notícia é que um suíço brasileiro foi considerado culpado por cumplicidade em suborno e lavagem de dinheiro. Essa é uma sentença importante porque trata da prova de pagamentos de mais de US$ 35 milhões feitos por sete anos (2007-2014) por meio de mediadores na Suíça e no Brasil a funcionários da Petrobras.

 

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Há o caso de vários operários de uma obra, que pediram as contas e foram para a fila da Novacap. (Publicado em 16/12/1961)

O imorrível Febeapá

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Reprodução da Internet

 

Sérgio Marcus Rangel Porto (1923-1968) terá o ano de 2023 marcado pelo centenário de nascimento. Trata-se de um brasileiro raro, cujo o nome de batismo foi também conhecido sob o heterônimo de Stanislaw Ponte Preta. Jornalista, escritor, teatrólogo, humorista, compositor, cronista e comentarista de rádio, Sérgio Porto reunia em si talentos diversos, todos voltados para contemplação e crítica mordaz do cenário nacional.

Foi como jornalista atuando na revista Manchete, nos jornais Última Hora, Tribuna da Imprensa e Diário Carioca, que ele pode exercer toda a sua verve, com críticas satíricas aos costumes da sociedade, aos militares no poder e à vida carioca, onde, de forma irônica destaca os erros, as gafes e a pouca ilustração de nossa elite. Tantas eram as asneiras cometidas por nossas autoridades e elites, naquele período que Stanislaw Ponte Preta teve que reuni-las numa espécie de compêndio, posteriormente publicadas em três livros sobre o título Febeapá – O Festival de Besteiras que Assola o País. Pudesse testemunhar o que ocorreria com o Brasil, entre 1968, ano de seu falecimento, e 2019, posse de Jair Bolsonaro, por certo, se veria forçado a publicar uma série enciclopédica das besteiras nacionais, onde registraria que a pobreza intelectual de nossas elites e de nossos governantes é uma tragédia bufa extensa e imorrível.

Por certo, o período sob o governo do regime militar, que conheceu de perto, desaparecia em importância em produção de gafes, depois de se conhecer personagens como Dilma Roussef, Lula e mesmo o atual presidente. Apenas para ficar no presente, que teria escrito Sérgio Porto sobre a mais recente declaração do presidente Bolsonaro sobre a qualidade do livro didático nacional. “Os livros didáticos hoje em dia, disse, como regra, são um lixo, é um montão, um amontoado… Muita coisa escrita, tem que suavizar aquilo.”

É certo que nunca saberemos o que Stanislaw Ponte Preta diria, com seu humor, sobre essa afirmação do presidente. Talvez recomendasse ao chefe do Executivo a edição de um livro didático com folhas brancas ou, como era usual nos anos cinquenta e sessenta, com ilustrações de Carlos Zéfiro, bem do agrado secreto da garotada.

O festival de besteiras que assola o país, poderia ser tratado apenas por seu aspecto pitoresco e inusitado, não fosse a possibilidade e o poderio de ideias desse naipe vir a se concretizar, contribuindo, ainda mais para aumentar o déficit de aprendizagens de nossos alunos, já comprovadamente, um dos piores do planeta, conforme atestam exames do tipo PISA e outros. Nesse contexto mais sensato, se isso fosse possível, seria o presidente, diante de um fato triste que é o desaparecimento acelerado das livrarias em todo o país, propor a criação de uma editora nacional de porte, que publicasse as mais importantes obras nacionais e estrangeiras, com qualidade e a preços acessíveis, para não deixar que as próximas gerações percam o contato com cultura dos livros. Que buscasse incorporar ao livro didático nacional o que melhor e mais atual existe hoje em matéria de educação de jovens. Infelizmente declarações desse nível, parecem assegurar que essa seria uma realidade impossível, diante de tanta besteira que continuamos a ouvir.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A educação alimenta a confiança. A confiança alimenta a esperança. A esperança alimenta a paz.”

Confúcio, filósofo chinês

Charge do Brum (Tribuna do Norte)

 

 

Pioneira

Recebo a notícia da Ida Pietricovsky que Cynthia Tenser, pioneira, faleceu. Dona Cynthia chegou em Brasília em 1959. Apoiou o início da capital com a venda de frutas. Por mais de 20 anos, foi gerente da joalheria R.Simon, no Hotel Nacional, e dona da Tenser Tour. Passou os últimos anos na praia de Jenipabu, no Rio Grande do Norte. Dona Cynthia sempre foi uma mulher empreendedora, tenaz e corajosa. Deixa dois filhos, quatro netos e dois bisnetos.

 

 

Agite

Atividade especial de verão na Casa do Ceará. Curso de Italiano, Francês, Inglês ou Espanhol, pela manhã, tarde e noite. Início dia 8 de janeiro, amanhã. O Espaço de Cultura Garcia Lorca, que fica na entidade, avisa que quem tiver mais de 65 anos de idade está isento da taxa cobrada, devendo apenas adquirir o material didático. Aprender outra língua é um bom programa. Ligue para 33470560.

Foto: casadoceara.org.br

 

 

Pense bem

Mais uma vez a responsabilidade recai sobre o consumidor. Quem deveria ter preocupação com o meio ambiente é a indústria. Latas, Vidros, Garrafas Pet, pacotes de plástico, pilhas, computadores, todos esses materiais precisam ser repensados ou deveriam valer alguma coisa quando o consumidor devolvesse. É muito fácil dar a responsabilidade ao cidadão quando quem polui não é ele. Parceria, sim.

Arte: ccanedo.com

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Em São Paulo, a Justiça entrou em greve. Quando um magistrado usa a greve como último recurso, ou a coisa vai muito mal, ou a Justiça não é das melhores. (Publicado em 13/12/1961)

A semente da instabilidade

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VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Adriano Machado / Reuters (oglobo.globo.com)

 

Durante todo o tempo em que a mídia prestava atenção e divulgava as falas, Lula, insistentemente, usou da retórica divisionista do “nós contra eles” como forma de apartar as massas e com isso obter vantagens eleitorais e políticas imediatas, dentro da velha e perigosa lógica de dividir para dominar. Por um breve período, a estratégia adotada pelo então presidente da república lhe trouxe alguns frutos e, enquanto estava no poder, não foram poucos os políticos e parte da imprensa que se renderam a essa ladainha belicista, certos de que ela era uma mera tática usada em política, inofensiva e sem maiores consequências.

O tempo, com sua paciência de estátua de praça, cuidou de demonstrar que, por detrás dessa singela retórica separatista de marketing, estava se formando e cristalizando um grosso caldo onde eram misturados, no mesmo caldeirão, ódios, invejas, incapacidades, ressentimentos, frustrações e outros sentimentos que só a espécie humana é capaz de produzir. Passados agora um ano da prisão, passados 365 dias desse ideólogo do caos, o que se observa por todo o país é o afloramento desses sentimentos nas suas mais variadas versões, opondo brasileiros contra brasileiros, instituições contra instituições e, o que é pior: os brasileiros contra as instituições do Estado.

Brotadas as sementes desse ambiente de animosidade generalizada, que foi cuidadosamente semeado, a razão e o bom senso se afastaram, dando lugar a ações extremistas e outras maldades que pareciam confinadas na Caixa de Pandora. Com isso, a perda de credibilidade nos políticos e suas respectivas legendas, nas instituições da República e no próprio Estado, tem propiciado, cada vez mais, o aparecimento de núcleos extremistas que pregam abertamente, e sem maiores constrangimentos, o fim do Estado Democrático de Direito.

A forma selvagem com que o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi tratado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, e mesmo o conteúdo dos debates que vão sendo travados no Congresso, reforçam a preocupação de que o Brasil vai adentrando célere para um período de grande conturbação política e social, por conta, justamente, desses apelos segregacionistas feitos num passado recente e que, infelizmente, não foram, naquela ocasião, repelidos com a máxima veemência.

Para aqueles que não entendem a antiga expressão: “quem semeia vento, colhe tempestade”, o significado vai ficando cada mais claro, quando se nota que, até dentro das famílias brasileiras, as outrora sementes da fraternidade, que deveriam germinar no mesmo lar, vão sendo espalhadas pelos ventos da discórdia, levando muitas a caírem em solos inférteis.

Com ou sem metáforas, é certo que o maior e mais nefando crime cometido pelo ex-presidente, do alto de suas responsabilidades constitucionais, não foram os crimes comuns de lavagem de dinheiro e corrupção, mas o crime de pregar a divisão da nação entre “nós e eles”. Por esse crime, nem a prisão perpétua teria o condão de restabelecer e reparar os danos causados ao país.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente…”

Mario Quintana

Foto: revistabula.com

 

Nada

Para a Procuradoria Geral, que está despejando apartamentos ocupados por estranhos: todos os oficiais de Justiça de Brasília conhecem pelo menos um deputado e um senador, que alugam os apartamentos, e, quando vêm a Brasília, “ficam num quarto de um amigo”. Desde novembro de 1961 isso acontece

 

 

Muda

Para a diretoria da CASEB: muita gente, muita mesmo, tem reclamado contra os transviados alunos daquele estabelecimento, em número reduzido, mas perigoso. Agora são centenas de escolas públicas e particulares com o mesmo problema. Com o passar do tempo as universidades também. Quanto ao Caseb o fato foi anunciado por essa coluna também em novembro de 1961.

Foto: facebook.com/www.caseboriginal.com.br

 

Nesse

O governo preste atenção para uma coisa: inicia-se hoje, em Fortaleza, o primeiro Congresso de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Ceará. Estes, são os explorados, os que trabalham para que os “industriais da seca” enriqueçam e multipliquem suas fortunas com o contrabando. É gente que está como pólvora. É só passar um foguinho por perto. Nada mudou desde novembro de 1961. A coluna do Ari Cunha é testemunha.

Foto: advoc-trabalhista.adv.br

 

País

O Serviço de Turismo precisa funcionar no aeroporto. O que as empresas de turismo fazem é uma exploração desumana e descabida, que decepciona os visitantes, os turistas. Um senhor argentino, desembarcado ontem em Brasília, recebeu, da Excelsior, uma proposta para uma visita à cidade pelo preço de 6 mil cruzeiros. Com a relutância do turista, o mesmo serviço ficou por três mil cruzeiros. Isso em novembro de 1961, em Brasília. Hoje o roubo é tanto que para turistas a moeda é chamada de surreal.

 

 

Esperança

Há esperança também. Leia a História de Brasília abaixo. Supermercado da Novacap, a SAB, e a Cobal eram alternativas para as donas de casa pagarem menos.

Foto: Divulgação/Asco/Seplan

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Comparando preços de um ano atrás, observa-se que o custo de vida em Brasília decresceu, depois da inauguração do supermercado da Novacap. (Publicado em 17.11.1961)