Na dúvida, vá para a casa

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Ari Cunha e JK. Foto: arquivo pessoal

 

          Como a primeira coluna diária da capital, desde Abril de 1960, este espaço, de diálogo aberto e franco com os pioneiros, vem lutando em defesa de Brasília. Desde logo, tínhamos em mente que o sucesso na consolidação da nova capital, um fato que contrariava muitos brasileiros, que não aceitavam a perda de hegemonia política e administrativa do Rio de Janeiro, significaria a sobrevivência deste espaço e do próprio Correio Braziliense. O fato de nascerem juntos, Brasília e a coluna Visto, Lido e Ouvido, ligou, de forma vital, este espaço no jornal aos destinos da nova capital.

         O sucesso ou o fracasso da capital selaria o destino do jornal. Não por outra razão e por se colocar, de forma intransigente, na defesa da nova capital e nos ideais que, naquele distante 1960, guiavam o espírito e as mãos do então presidente Juscelino Kubitschek, esta coluna sofreu dura oposição, e assim como o mandatário, naquela ocasião, aguentou firme, porque, no íntimo, vislumbrava que era o melhor para o país, para os brasileiros e, sobretudo, para os candangos que para aqui vieram, sem titubear, construir um novo modelo de cidade.

         O tempo mostrou que estávamos no caminho certo. Mais do que isso, o tempo e as transformações extraordinárias ocorridas nessas últimas décadas no mundo, no Brasil e em Brasília, particularmente, acabaram por apresentar novos desafios e novos problemas para a jovem capital.

         Ari Cunha, ciente de suas responsabilidades históricas e dos seus compromissos, mais uma vez, permaneceu ao lado de Brasília e dos brasilienses, apontando erros, mostrando soluções e buscando sempre trazer para o leitor a oportunidade de reflexão sobre esses momentos. Assim, quando da chamada emancipação política da capital, uma manobra urdida à toque de caixa e sem um debate aberto com a população local sobre suas consequências para a cidade, essa coluna se posicionou contra essa medida, porque não tinha dúvidas de que essa mudança, sob o manto falso da representatividade democrática, iria acarretar sérios transtornos para a capital e representaria uma mudança drástica de direção, contrariando o que havia planejado JK e todos aqueles diretamente envolvidos na construção da cidade.

          Não deu outra. A representação política trouxe, para a capital, todo um conjunto de problemas sofridos em outras cidades, a começar pela partilha administrativa da capital, entregue em mãos de pessoas que, na sua maioria, ou não eram pioneiros legítimos, ou não demonstravam amor ou carinho pela cidade. A transformação das terras públicas em moedas de trocas políticas, dentro da noção mesquinha: um voto, um lote, provocaria estragos irreversíveis para a capital.

         Áreas reservadas a futuras barragens, para abastecer a capital de água de boa qualidade e em abundancia foram transformadas em assentamentos. Também áreas de preservação ambiental viraram, da noite para o dia, áreas residenciais, tudo feito por incentivo de políticos, que agiam, inclusive, fornecendo material para as invasões. Escândalos se seguiram, mas os prejuízos já eram fato consumado.

         Esta coluna, a todo o momento, não se intimidou, denunciando essas mazelas e crimes contra os brasilienses e contra o futuro da capital. Ainda hoje esses problemas se repetem. Ainda hoje mantemos a linha de proteção à capital aberta por Ari Cunha. Denunciamos esses fatos, mesmo sob ameaças e outras intimidações. A violência, o congestionamento dos serviços públicos, a invasão silenciosa que vem sendo feita mesmo na área tombada, com a proliferação de barracos de lata, espalhados até pelos pontos de ônibus, mostram bem a face nefasta e as consequências danosas de uma representação política mal feita e muito bem remunerada, que custa bilhões aos contribuintes e sorvem recursos que poderiam, muito bem, ser destinados a áreas realmente prioritárias.

         A invasão de áreas nobres, como o Parque Nacional, ameaçado de ver diminuídas suas áreas naturais para a implantação de novos assentamentos, mostra que vamos nos aproximando do limite da razão e vamos ficando, a cada dia, mais parecidos com o restante das cidades do país, onde os problemas e as más ações políticas se multiplicam.

         Quando colocamos o dedo na ferida, logo surge um falso defensor desse tipo de democracia, que usa o bem público para alavancar candidaturas nocivas à capital. Agora mesmo, vemos o absurdo representado pela candidatura de pessoas financiadas, com altas somas de dinheiro, pelo crime organizado, que manda e desmanda nas áreas que controlam, dizendo quem pode ou não fazer campanha nesses locais.

         A aproximação das eleições, sobretudo aquela envolvendo a candidatura de políticos locais, deve ser muito observada pelos brasilienses. Ou a escolha errada, naquele político oportunista e sem valores éticos, significa uma ação a mais visando inviabilizar a vida na capital, para a população e para o próprio eleitor.

         A pandemia fez aumentar, ainda mais, a distância entre o cidadão e a Câmara Distrital, por isso mesmo é preciso muita atenção antes de entregar os destinos de sua cidade em mãos desconhecidas. O prejuízo pode retornar para você, em dose dupla e muito antes do que imagina. Todos nós já percebemos que estamos imersos em tempos muito estranhos, rodeados de problemas e sem soluções à vista. Desse modo, torna-se mais do que necessária a tomada de um compromisso íntimo: não votem em pessoas sem amor pela cidade e por sua gente. Na dúvida, vire as costas e vá para a casa.

 

A frase que foi pronunciada:

“Fazíamos música sentados no gramado das superquadras de Brasília, em casa, na faculdade. Era uma época criativa, mais ingênua, em que as pessoas se divertiam mais, brincavam mais.”

Katya Chamma

Katya Chamma. Foto: katyachamma.com

 

História de Brasília

Mas vamos ao avião que fica a três quilômetros da Praça dos Três Podêres. Ontem não ouve aula. O vento jogava chuva sôbre os alunos, porque a escola não tem janelas. As tábuas vão até certa altura, e por diante, o tempo é quem determina a assiduidade. (Publicada em 10.03.1962)

Janela estreita

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Charge do Versa

 

          Chegará o dia em que não me verás mais, por tua janela estreita, subindo a rua, cansada ao fim do dia. Nesse dia terei partido, quem sabe, fortemente escoltada até o navio que me levará ao exílio derradeiro. Ou num caixão sem identificação, sepultada como indigente em cova rasa e sem endereço. Por um tempo minha ausência será sentida. Mesmo o requadro da janela estreita estará vazio, numa espera eterna do vulto que todo o fim de tarde compunha, com as cores do sol poente, esse alguém que subia a rua a passos lentos.

         Durante alguns meses ou anos, os poucos e fiéis amigos ficarão a discutir sobre meu sumiço sem aviso prévio. Teria partido para além mar, como refugiada afoita? Quem sabe enfiaram num saco, desses de fio de juta, como mercadoria ordinária, sendo depois despachada para longe ou lugar incerto. Dias atrás, especula um amigo, agentes do Estado disfarçados andaram pela vizinhança com aqueles olhos cheios de curiosidade e maus presságios.

         Observavam, de longe, a janela estreita e entreaberta em busca de alguém. A presença desses agentes, deixava exalar, por toda a rua da ladeira e pelos becos antigos, um cheiro forte de morte, desses que a gente sente ao caminhar junto ao muro branco do cemitério do bairro. Por certo, esse, a quem nem os amigos, por medo, ousam dizer o nome, foi se somar a outros que também nunca mais voltaram para casa.

         Muitos se foram desse modo descortês, deixando famílias amigos e o requadro de infinitas janelas estreitas e vazias. Molduras antigas vazadas pelo tempo. Saber que aqueles que essa noite dormem, na tranquilidade aparente dos desalmados, contribuíram, cada um ao seu modo, para que essa trama se desenrolasse sem testemunhas, tornam as madrugadas ainda mais vazias e ameaçadoras.

          Informantes e carrascos, mesmo com as mãos sujas de sangue, saboreiam o café matinal com suas famílias, que nada sabem sobre suas ações. Não há um pingo de remorso, quando o que está em jogo é o jogo sujo daqueles que possuem o poder da morte e da mordaça. Num ambiente assim, onde o medo e a vigilância de uns sobre os outros passaram a ser o novo normal, falar fora do script pode resultar em desaparecimento. Ou quem sabe em punições mais suaves e não menos desumanas como o cancelamento.

         Em situações dessa natureza, sumir da paisagem sem deixar pegadas é já uma normalidade nesses tempos nevoentos. Todo o fim de dia ouve-se o estrondar rouco do apito do navio partindo. Nessas horas, muitos se perguntam: quem estará à bordo dessa vez, sem ser convidado, talvez enfiado num malote com destino ao fundo do mar. Mostre-me um inocente, diz o sistema, e logo ele será incluído na lista negra e despachado também.

          Em tempos assim, melhor sorte possuem as janelas estreitas que permanecem silentes onde estão a contemplar a rua deserta, varrida de gentes que saíram do requadro sem deixar pistas, apenas saudades mudas e amedrontadas.

 

A frase que foi pronunciada:

“Coloca na cabeça perucas com cem mil cachos/ coloca nos pés coturnos de um braço de altura/continuarás sempre a ser o que és.”

Johann Goethe

Goethe in the Roman Campagna (1786) by Johann Tischbein | Reprodução

 

Pérola aos porcos

Um dos absurdos de força tarefa mal empregada é chamar o Corpo de Bombeiros para atender bêbados. Concurso, provas, exames físicos, treinamento, capacitação, para virar “babá de bêbado” é um disparate. O tempo foi usado por um morador do Núcleo Bandeirante. Vamos ver se há alguma ideia na Câmara Legislativa para resolver essa situação.

Foto: Divulgação/CBMDF

 

Saudável

Projetos de inclusão são muitos pelo DF. Capoeira, futebol, música. Seria interessante que as administrações construíssem, com as medidas certas, mesas de tênis de mesa pelas praças. É um esporte que desperta o cognitivo, velocidade, interação com a comunidade.

Praça em Apiacás com a movimentação dos frequentadores jogando tênis de mesa. Foto: Prefeitura de Apiacás.

 

Sem bolsa

Nova modalidade de furto tem acontecido dentro de igrejas em Brasília. Pessoas desavisadas deixam os pertences no banco e os larápios fazem a festa. A última vítima estava na N.S. do Lago, no Lago Norte. Tudo filmado, a meliante tirou o celular da bolsa e saiu tranquilamente da igreja com um comparsa.

Foto: arqbrasilia.com

 

História de Brasília

O assunto hoje começa com “Gavião”. Esquecido, abandonado, largado, caindo aos pedaços, lamacento, sem luz, telefone, taxi, farmácia e até a Cruz que o abençoava do alto mãos criminosas a puseram dentro de uma torre metálica. (Publicada em 10.03.1962)

Teatro do Absurdo

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Charge do Galhardo

 

Por certo, num futuro próximo, as primeiras duas décadas que marcam o início do século XXI merecerão, por parte dos historiadores brasileiros, um estudo metodológico aprofundado, capaz de elucidar e lançar luzes sobre todo esse período tumultuado e contraditório na vida do país e dos cidadãos.

A tarefa que esperam esses estudiosos é árdua, imensa e necessária para que as futuras gerações possam entender toda a complexidade desse período, situando o Brasil não apenas dentro de seus contextos e paradigmas internos, mas compreendendo também as transformações que marcaram a história da humanidade nesse tempo e seus reflexos internos. Tomando, talvez, como ponto de partida, a queda emblemática do Muro de Berlim, o fim da primeira fase da Guerra Fria, assim como a redemocratização de países como Portugal, Espanha e o próprio Brasil, os estudiosos terão um longo caminho a percorrer para consolidar vários tomos que mostrarão a riqueza de transformações ocorridas nessa fase histórica para o planeta, para nosso continente, num trabalho vital para o entendimento do Brasil atual.

A importância desse estudo histórico é que ele dará às novas gerações um norte a seguir, aprendendo com os erros e acertos do passado, de modo a tornar a marcha, de nossa espécie sobre a Terra, um movimento rumo à humanização plena. No caso particular do nosso país, as mudanças iniciadas com o fim natural do ciclo militar e com a volta dos civis ao poder mais do que desenhavam as esperanças de mudança, parecem prosseguir aos solavancos, entre fases de tumultos e improvisações, num ritmo de desacertos que tem levado a uma sequência de instabilidades institucionais, econômicas e sociais.

A voracidade com que civis, aqui representados pela classe politica, os burocratas e tecnocratas, foram para cima da máquina do Estado, assenhorando-se das instituições e fazendo destas uma fortaleza para si e para os seus próximos, ocasionou a ruptura atual e mesmo o divórcio litigioso entre o governo e a população.

Há, portanto, no Brasil, dois países distintos, um representado pelo Estado e seus dirigentes de um lado e, de outro, a população, sobretudo, a de baixa renda. Com isso, é possível inferir que o século XXI, pelo menos na sua primeira metade, ainda não lançou suas luzes sobre o Brasil.

A população em geral segue às margens de todo esse processo, continuando refém de programas assistencialistas que visam, sobretudo, torná-las reféns dos senhores do Estado. Executivo, Legislativo e Judiciário entram nesse processo como senhores absolutos da máquina de um Estado portentoso, regada com bilhões de reais, graças a uma das maiores cargas tributárias do planeta. Cada um desses portentos Poderes possuem orçamentos bilionários próprios, distantes anos luz da realidade nacional. É o renascimento de uma versão moderna do Leviatã, feito à moda brasileira e com todo o jeitinho e malemolência inzoneira, formando uma casta de privilegiados, que se movem como verdadeiros “homens cordiais, como bem apontou o estudioso Sérgio Buarque de Holanda, na obra “Raízes do Brasil” de 1936. Trata-se de um perpétuo situacionismo a tornar imóvel uma nação à espera do dia em que o Brasil virá a ser um dos grandes do mundo. Seguimos esperando, como nosso Godot.

 

A frase que foi pronunciada:

“O Brasil é o país do futuro, mas para tanto é preciso decidir que o ‘futuro’ é amanhã. E, como bem sabem, isto significa que as decisões difíceis têm que ser tomadas hoje.”

Margaret Thatcher

Margaret Thatcher. Foto: britannica.com

 

Mais e menos

As calçadas largas deram boa mobilidade aos pedestres do Paranoá. Ficou apenas o absurdo da falta de recuo para os ônibus pararem. Sem o artifício, freiam no meio da pista atrapalhando o trânsito. Certamente, o projeto foi feito por quem nunca usou transporte público.

Paranoá. Foto: Divulgação

 

Equilíbrio

Senador Girão comemora a vitória. Senado aprova a obrigatoriedade de Planos de Saúde cobrirem tratamentos fora do rol da ANS. Certamente não terão prejuízo.

Senador Girão. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

 

Seja sincero

“Comício foi para gente preparada”. Crucificaram o candidato Ciro por ser sincero. Não foi lapso o que cometeu. Os candidatos devem mostrar quem são verdadeiramente. Muitos vão gostar, outros, não.

Imagem: Reprodução/TV Globo

 

História de Brasília

Jânio chegou. “Viuvas” eufóricas espalham notícias pela cidade. Nós, ficamos com o filósofo de Mondubim, que costumava dizer: “cesteiro que faz um cesto, faz um cento”. (Publicada em 09.03.1962)

Espada na mão, venda nos olhos e o futuro do Brasil

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Imagem: Reprodução/TV Globo

         No Brasil, já se sabe, a radicalização política é uma forma de manter o status quo dentro de uma primícia antiga, na qual o atraso e o subdesenvolvimento tornaram-se o único projeto de futuro. Um projeto, diga-se de passagem, comum a todos os protagonistas políticos, sejam eles de esquerda ou direita. Na realidade, dada a inconsistência do quem vem a ser ideologia de esquerda ou de direita, qualquer matiz político tem servido como vestimenta ou fantasia temporária nas eleições.

         Depois de eleito e empossado, essas tendências desaparecem da mesma forma como vieram: sem deixar rastros. Houvesse uma preocupação real por parte do Congresso em debater, preliminarmente, os programas de governo de cada candidato, verificando a plausibilidade de cada um diante da realidade nacional, outra seria a eleição. A publicação do Correio Braziliense de 26/08, sob o título “Ciro diz que Lula copiou sua proposta para reduzir endividamento”, mostra que não há seriedade na elaboração da diretriz governamental.

         Houvesse também, por parte da Justiça que porta a espada, uma peneira, capaz de filtrar e barrar aqueles postulantes maculados por crimes, outra seria a eleição. É essa incapacidade orgânica da Justiça da venda nos olhos, de formalização legal de candidatos capazes de enfrentar os problemas nacionais, que está na origem da atual e tumultuada campanha eleitoral.

         A entrega dos destinos do país nas mãos de uma quantidade enorme de partidos sem consistência e com a visão voltada apenas para o próprio umbigo, deu no que deu. Persistir nesse caminho é aprovar a permanência desse nefasto e secular projeto de atraso. Há candidatos de sobra e cidadãos de menos. Da mesma forma, há partidos demais e agremiações políticas, de base popular e autênticas, de menos. Para situações extremadas como a vivida no presente, talvez caberiam soluções do mesmo porte.

         Uma medida, capaz de pôr ordem no banzé eleitoral e que vem sendo defendida, não abertamente, mas no silêncio das confabulações racionais, é a de adiar, por mais um ano, as eleições, preparando o terreno e abrindo veredas para um novo e civilizado pleito, onde o instituto da reeleição seria banido, de vez. O mandato para presidente da República passaria de quatro para cinco anos.

          O enxugamento do número de legendas seria posto em prática. O instituto da ficha limpa mantido conforme o desenho feito pela população. O retorno da Lei da Improbidade Administrativa mantido conforme foi proposto em sua origem. A impressão física do voto implementada com a intenção de dirimir quaisquer dúvidas.

         Com essas medidas apenas, a chanchada eleitoral cederia lugar a uma campanha moderna e de primeiro mundo. A partir dessas medidas essenciais, outras mudanças importantes para o país viriam por inércia natural, como é o caso das reformas tributária, política e administrativa. Dizer que somente os gênios são capazes de enxergar o óbvio não resolve a questão. A questão aqui é não ter medo de ousar e resolver de vez os problemas que afligem a população e não ficar buscando eternamente meios de resolver os problemas dos políticos e de suas legendas, dando-lhes, além de bilhões de reais, todos os meios possíveis para que apenas eles e seus grupos permaneçam como cidadãos de primeira classe.

         A questão aqui é colocar a população na primeira classe, relegando o Estado o lugar que lhe cabe, que é o de servir ao povo e não servir-se do povo.

 

A frase que foi pronunciada:

“Meu mal-estar originou-se da certeza, personalizada por Lula, de que o Brasil se condenou a vagar num cemitério abandonado de princípios e ideias.”

Mario Sabino

Mario Sabino. Foto: Renzo Fedri/O Antagonista

 

Sem pé nem…

Orlando Silva está preocupadíssimo com a segurança dos servidores da Justiça Eleitoral e mesários que vão trabalhar nas eleições. Pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, prometeu enviar um ofício ao TSE atentando para a necessidade de garantir a segurança dos mesários. Segundo o deputado, ameaças físicas podem até colocar em xeque o resultado final das eleições. Temor que não faz o menor sentido. Durante o resultado final os mesários já estarão no aconchego do lar.

Deputado Orlando Silva. Foto: camara.leg

 

Luz

Foi uma verdadeira aula de Pedagogia, Filosofia, História e Política o encontro no plenário do Senado durante a homenagem ao Instituto Sathya Sai de Educação do Brasil (Isseb). Bem representado pelo senador Girão, o Ceará e seu povo foram assunto na sessão especial com a presença de diretores, coordenadores e alunos.

 

100 Dúvida

Por falar em Paranoá, ontem a candidata ao Senado Damares estava em um palanque móvel com caixas de som. A ex-ministra, atacada implacavelmente pela imprensa, causou um reboliço na cidade. Virou o jogo e, pelos projetos sociais, conquistou o povo.

 

História de Brasília

Bueiros sem tampões em frente ao Clube Unidade de Vizinhança causaram vários desastres durante as festas de Carnaval. Uma moça quase quebra duas pernas. (Publicada em 09.03.1962)

De sapatos vermelhos

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Lula dá entrevista ao Jornal Nacional — Foto: Reprodução/TV Globo

 

É preciso ler, com lupa grande e nas entrelinhas, a entrevista dada pelo candidato petista à grande emissora de TV, como fazem os psicólogos atentos às armadilhas do discurso. Detalhe: os sapatos vermelhos da entrevistadora. De certo que não fossem as facilidades e a ajuda camarada que ele recebeu do pessoal da própria TV, esse personagem da nossa chanchada política teria dito muito mais coisa, principalmente o que importa e interessa aos cidadãos ouvirem.

Na verdade, é preciso sempre ler e escutar, com os olhos do cérebro, tudo o que esse personagem diz. Já que ele está aí como candidato, como querem e impuseram os magistrados da mais alta Corte do país, melhor é prestar atenção no que ele disse, segundo o pré script preparado para ele. Suas ações, a sociedade, formada por cidadãos de bem, já conhecem bem. O que foi visto, nos seus anos de governo, já foi o suficiente para saber quem ele é e do que ele e sua turma são capazes. Dele é possível esperar qualquer coisa, até o fato de que possa dizer a verdade inconscientemente. E é aí que o jornalismo, aquele exercido com ética e isenção profissional, poderia ajudar a população a esclarecer um período nebuloso de nossa história recente.

Infelizmente, não foi o que se viu. A parcialidade e mesmo o sabujismo como o entrevistado foi tratado mostrou, logo de início, que essa não era uma grande e bombástica entrevista e sim um arremedo de conversa pra boi dormir. O que causa surpresa é verificar que o mesmo entrevistador desperdiçou uma chance em milhões de fazer jornalismo de verdade.

Como pode esse entrevistador, o mesmo que, durante anos, narrou, noite após noite e em horário nobre, para milhões de brasileiros atentos, uma série de reportagens mostrando as entranhas dos escândalos do mensalão e, posteriormente, do petrolão, em matérias que muitas vezes ocupavam todo o horário do jornal noturno.

São centenas de horas em que ele mesmo narrou todos os acontecimentos escabrosos, muitas vezes ao vivo e a cores. Como pode esquecer tudo o que disse, ouviu e viu, dentro daquele mesmo estúdio? Pelo menos dessa entrevista, que não houve, ficaram as certezas de que os cidadãos não podem, de modo algum, contar ou confiar nesse tipo de imprensa. Falta agora esse “jornalista” dizer que tudo foi uma ficção e que não houve nada do que foi longamente noticiado naquele programa.

É com esse tipo de imprensa e de jornalismo que o ex-presidente pode contar para, não só tentar voltar ao poder, como, principalmente, cometer os mesmos crimes. Tudo não passou de uma conversa amigável entre farsantes, de um lado e de outro da mesa. Com entrevistas como essa, que muito mais tem de propaganda do que de fatos, fica explícito que esse é o candidato que essa turma espera de ver de volta.

 

A frase que foi pronunciada:

“Meu mal-estar originou-se da certeza, personalizada por Lula, de que o Brasil se condenou a vagar num cemitério abandonado de princípios e ideias.”

Mario Sabino

Mario Sabino. Foto: Renzo Fedri/O Antagonista

 

Luz

Foi uma verdadeira aula de Pedagogia, Filosofia, História e Política o encontro no plenário do Senado durante a homenagem ao Instituto Sathya Sai de Educação do Brasil (Isseb). Bem representado pelo senador Girão, o Ceará e seu povo foram assunto na sessão especial com a presença de diretores, coordenadores e alunos.

 

Mobilidade

Outra realidade o calçamento na avenida principal do Paranoá. Largos e novos, mais seguro para cadeirantes.

Paranoá. Foto: Divulgação

 

100 Dúvida

Por falar em Paranoá, ontem a candidata ao Senado, Damares, estava em um palanque móvel com caixas de som. A ex-ministra, atacada implacavelmente pela imprensa, causou um reboliço na cidade. Virou o jogo e. pelos projetos sociais. conquistou o povo.

Sem pé nem

Orlando Silva está preocupadíssimo com a segurança dos servidores da Justiça Eleitoral e mesários que vão trabalhar nas eleições. Pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, prometeu enviar um ofício ao TSE atentando para a necessidade de garantir a segurança dos mesários. Segundo o deputado, ameaças físicas podem até colocar em xeque o resultado final das eleições. Temor que não faz o menor sentido. Durante o resultado final, os mesários já estarão no aconchego do lar.

 

História de Brasília

Bueiros sem tampões em frente ao Clube Unidade de Vizinhança causaram vários desastres durante as festas de Carnaval. Uma moça quase quebra duas pernas. (Publicada em 09.03.1962)

Fome de esquerda e esquerda da fome

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Foto: Getty Images/iStockphoto/direitos reservados

 

Aqueles que possuem curiosidade em conhecer a realidade atual vivida por alguns países vizinhos, sobretudo os que, através de eleições livres ou nem tanto, estão sendo governados pela esquerda política, de certo, já possuem, nessa altura dos acontecimentos, uma ideia aproximada do que nos espera a partir de outubro, caso parcela da população brasileira, mal informada ou mal intencionada, resolva, majoritariamente, seguir pelos mesmos caminhos ideológicos.

Um olhar sobre países como a Argentina, a Venezuela e mesmo o Chile, para ficarmos apenas em três dos países do continente que, em poucas décadas, passaram de nações prósperas e com bom Índice de Desenvolvimento Humano para Estados falidos, com suas populações vivendo na miséria e sem perspectivas, pode dar uma ideia do que está por vir.

Infelizmente, a economia real, aquela do livre mercado e da livre iniciativa, em que o mercado regula a oferta e a procura como nenhum outro mecanismo já criado pelo ser humano, não se deixa iludir por ideologias do tipo políticas e segue funcionando a despeito do que possam desejar governos de plantão.

O que ocorre, normalmente, no caso das liberdades econômicas, é a desastrosa interferência dos governos de esquerda, danificando o mecanismo e o fluxo de riqueza. Sem produção e circulação, ou seja, sem crescimento econômico, não é possível para nenhum governo conduzir adequadamente a máquina do Estado. Em outras palavras, não se pode criar riquezas destruindo o mercado e aqueles que atuam nessa área. A esquerda prega a ideia que, no íntimo, nem ela mesmo acredita, de que um Estado forte e centralizado tudo pode. A economia estatal é um engodo se formos verificar que ela necessita do fluxo de riqueza, que os pagadores de impostos e os investidores podem oferecer.

O Estado não cria riqueza. Essa é uma máxima que a esquerda não gosta de ouvir. A junção da esquerda com o populismo fez, em tempo recorde, o que nenhuma guerra seria capaz: aumentar, em mais de quase 70%, o nível de pobreza na Argentina. Tudo isso em menos de dez anos. Com uma inflação que supera os 60% ao ano, a Argentina se transformou num país, que era sinônimo de riqueza para todo mundo, em uma nação hordas de deserdados que perambulam pelas ruas em busca desesperada por alimentos. No Chile, as más notícias se repetem. Somente a inflação de junho está entre as maiores dos últimos 30 anos. A dolarização da economia interna, por conta do descontrole geral, tem levado o peso chileno e argentino a perderem valor.

Hoje, quem busca proteger seu dinheiro da crise crescente compra dólares americanos o mais rápido possível. A incerteza política e a alta dos derivados do petróleo têm feito crescer, a níveis assustadores, a insatisfação popular, com arruaças e greves se sucedendo. A Venezuela que, para alguns líderes da esquerda brasileira, vive hoje um excesso de democracia, é talvez a vitrine da gestão ruinosa das esquerdas na América Latina. Nesse país, o socialismo do século XXI fez o que nem dezenas de bombas atômicas seriam capazes. Quase um quarto da população, ou aproximadamente 5 milhões de pessoas, deixaram a Venezuela, fugindo da fome, dos conflitos internos e da perseguição política. Com isso, se tornaram um dos maiores grupos de populações deslocadas do mundo.

Mesmo sentada em cima de uma das maiores reservas mundiais de petróleo, a Venezuela amarga uma das maiores crises humanitárias do planeta. Parece um cenário surreal, mas falta, inclusive, gasolina e outros derivados nos postos do país. Há, no país, o reconhecimento da existência de um Narco Estado, dominado por criminosos do colarinho branco e de farda militar. Obviamente que o retrato atual desses países é aquele que nos chega por meio da luz imprecisa e embaçada da imprensa.

Ao vivo e a cores, a situação é bem mais complicada e danosa para essas populações que se vêm obrigadas a deixarem seus países em busca de paz e melhores chances. A questão aqui é saber até quando esses ciclos perversos que levam a América Latina a mergulhar de cabeça nos turvos rios da esquerda irão durar. Talvez nunca cessem enquanto houver possibilidade de governos charlatães chegarem ao poder e dessa posição passarem a multiplicar o número de pobres e famintos.

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando a esquerda começa a contar dinheiro, converte-se em direita.”

Carlito Maia

Carlito Maia. Foto: Agência Senado

 

ZFM

Durou pouco tempo a alegria dos ciclistas com a redução de  35% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Não se sabe a razão, o governo anunciou a volta da alíquota de 10% também em outros produtos da Zona Franca de Manaus.

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

 

Taxa demais

Agaciel Maia entende de política. Argumentou que serviços públicos e as concessões “devem se adaptar à realidade da população”. E tocou numa ferida: as tarifas de água e esgoto cobradas pela Caesb. Agaciel apresentou um projeto de lei para que os reajustes estabelecidos, desde 2021, sejam cancelados. “Precisamos reduzir as tarifas”.

Foto: cl.df.gov

 

História de Brasília

Na lista Telefônica de Brasília há um ministério a mais: Ministério Fábio Ernesto. Verifiquem, e verão. (Publicada em 09.03.1962)

“Empreiteiros de ruínas”

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Congresso Nacional durante a votação dos vetos presidenciais 03/03/2020 Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

 

Caminhamos a passos largos para um impasse do tipo político de grandes proporções e que poderá resultar em desdobramentos imprevisíveis. Tudo por conta da polarização política, tanto de seus atores principais, como dos muitos dos coadjuvantes em torno de um e de outro candidato. Com essa fórmula que aí está, seja quem quer que venha, virá com sede de revanche. Em tal cenário, talvez seja melhor mesmo reduzir tudo a cinzas, reiniciando como Fênix. A culpa por todo esse sistema disfuncional está lá atrás, em nosso passado recente, quando próceres do Legislativo, pensando ser melhor resolver primeiro os problemas pessoais, deixaram as reformas que a Nação exigia, com urgência, para a posteridade, no dia de São Nunca. Com isso empurraram, sine die, as reformas políticas ou simplesmente desfiguraram-na a tal ponto que acabaram por mumificá-las para sempre.

O instituto da Ficha Limpa foi uma dessas medidas, essenciais para a moralização, no bom sentido da expressão, do Estado. Depois de desidratadas, essas medidas perderam o viço e em lei inócua se tornaram. Fosse aprovada conforme desejava a sociedade em seu desenho original, tal medida, teria por seu condão saneador, o poder de afastar da vida pública e do valhacouto dos cargos políticos, toda a espécie de aldrabões e de velhas raposas que sempre sobreviveram, e bem, à sombra do Estado provedor. Sem a Ficha Limpa o que temos para as próximas eleições são candidatos sujos ou mal lavados a concorrer para os mais altos cargos da máquina do Estado. Que país pode dar certo em mãos erradas? Eis a questão. Doutra feita, o desmonte, peça por peça, do instituto da prisão em segunda instância, penalizando, aqueles políticos a quem poderíamos eufemisticamente chamar de “maus brasileiros”, foi outra medida que nos empurrou para a beira do abismo em que estamos.

Sem essa possibilidade, orquestrada em conjunto uníssono pelos Três Poderes da República, o que temos para o pleito de outubro são candidatos a quem não venderíamos, sequer, uma bicicleta velha e sem uso. Muitos cidadãos chamariam a polícia ao ver tais postulantes à solta nas vizinhanças. Com um banzé dessa natureza, não surpreende o fato de verificarmos que quem deveria estar solto, está preso, e quem deveria estar preso, está solto. Não será surpresa também se nessa toada não notarmos, lá na frente, candidatos com tornozeleira eletrônica ou com o dorso tatuado com iniciais das organizações do crime.

O problema que temos pela frente foi erguido lá atrás. Ainda a desconstrução da Lei de Improbidade Administrativa, obra feita pelos mesmos “empreiteiros de ruínas”, legou à população a maior coleção de candidatos ímprobos de toda a história da humanidade. Eles virão e com eles todas as velhos e conhecidos truques de prestidigitações, fazendo o dinheiro público sumir diante de todo mundo.

Outras medidas, preparadas lá detrás, como aquela referente ao for de prerrogativa, uma benesse feita para proteger e blindar malandros, no mal sentido, ao não ser aplicada como deveria e a tempo, gestou, mais uma vez, uma miríade de aleijões políticos que retornarão para nos atazanar a vida. Para decorar o cume desse bolo a democracia, que tal a mais alta corte do país, abrir a cela da prisão, e de lá retirar mais um grande malfeitor, lançando-o diretamente nas próximas eleições. É tudo o que temos para outubro? Ou virão outras surpresas?

Num quadro mal pintado como este, quem quer que venha, virá com sangue nos olhos.

 

A frase que não foi pronunciada:

“Constitucionalmente, o Senado é a Casa que limita excessos do STF.”

Janaína Paschoal

Janaína Paschoal. Foto: odia.ig.com

 

O cachorro ou eu

Muita gente reclamou quando a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu que a convenção de condomínio residencial não pode proibir de forma genérica a criação e a guarda de animais de qualquer espécie nas unidades autônomas. Mas as condições são claras: o animal não pode apresentar risco à segurança, à higiene, à saúde e ao sossego dos demais moradores e dos frequentadores ocasionais do local.

Foto: reprodução da internet

 

Fato ou Fake?

Uma das alternativas para verificar notícias que tratem do Senado Federal quanto a veracidade é o Senado Verifica, um serviço da Secretaria de Comunicação Social. Quando houver dúvida, os contatos são: senadoverifica@senado.leg.br ou pelo número: 0800 0 61 2211.

 

Quanto mais, melhor

Uma forma de acabar com a celeuma das urnas é a situação providenciar um aplicativo para as denúncias nas eleições. O TSE já lançou o “Pardal”. O app foi criado para “estimular a denúncia sobre crimes eleitorais”.

Foto: tre-pi.jus

 

História de Brasília

A revista “Brasília”, órgão do serviço de divulgação da Novacap, estará vivendo nova fase a partir de 21 de abril próximo, quando será relançada em bases comerciais. (Publicada em 09.03.1962)

Vanglória e poder

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Charge do Genildo

 

Maquiavel (1469-1527), um filósofo pouco lido e conhecido pela elite política brasileira dizia, entre outras pérolas, que, para conhecer o caráter de um indivíduo, o melhor método era dando-lhe poder. Quanto mais poder, mais o indivíduo deixa transparecer sua verdadeira índole. Essa máxima fica ainda mais cruenta e até patética, quando se observa que a maior parte de nossas elites políticas, quando imantadas pela luz fugaz do poder, mesmo o mais insignificante e passageiro, não perdem a oportunidade de exibir a plumagem, onde escondem, traiçoeiramente, as garras afiadas, prontas para golpear os desafetos e todos que possam atravessar em seu caminho.

Vaidade das vaidades, tudo é vaidade (Eclesiastes 1). Esse parece ser um dos atributos, reservados apenas à espécie humana, capaz de diferenciá-lo dos demais animais. O outro vício, diretamente derivado desse, seria a concupiscência, ou a cobiça e até o prazer sensual por bens materiais. Uma vez entronizado no poder, nossos caricatos políticos mudam a aparência, sendo que alguns mudam até de cônjuge e de endereço. Alguns desses personagens, que amanhã comporão, de modo negativo, apenas o rodapé das páginas de história, não economizam meios de fazer chegar, ao maior número de pessoas possível, sua atual posição de destaque e, para tanto, fazem questão de marcar esse momento com solenidades de grande pompa e circunstância, atraindo para si os holofotes e a atenção de todos.

Surpreende que, em tempo algum, esses indivíduos não percebam que essa posição é dada graças ao esforço dos contribuintes, que, aliás, não são sequer lembrados, nem muito menos convidados para a festa de posse. Como servidores públicos que são, esses senhores não se dão ao trabalho de, ao menos, entender que sua chegada a essa função é apenas uma rotina burocrática e administrativa e não um final de campeonato com vencedores e perdedores.

Em homilia recente, o frei Franciscano Emmanuel Afonso lembrou que o poder de Deus é sempre frágil, enquanto, em posse dos homens, o poder passa a ser sempre prepotente e opressor. Com isso, o pároco quis lembrar aos ouvintes que Deus poderia vir ao mundo com toda a glória, toda a pompa, mas preferiu vir como criança indefesa, cujo o primeiro berço era uma manjedoura humilde entre os animais. No domingo de Ramos, lembramo-nos que a Semana Santa é aberta quando Jesus entrou em Jerusalém montado em um jumento. Foi assim a escolha para uma entrada triunfal. Aqueles que, por um acaso, possuem, de fato, o poder, não o ostentam e fazem tudo para não expor essa potência.

Sobriedade e parcimônia é tudo o que o cidadão espera dos servidores públicos, sobretudo aqueles que estão em posição de destaque e podem dar o exemplo de recato. Para a sociedade, tanto faz a posse de um ministro como de um médico no serviço público. De certa forma, e dada as atuais circunstâncias de carência de pessoal especializado na Saúde Pública, a posse de um médico ou técnico em medicina preparado é muito mais preciosa e necessária para o cidadão comum e sua família do que a entronização suntuosa de altos figurões da República.

Ficassem esses tipos de solenidade de posse na seara apenas da vaidade e da vanglória, ainda daria para suportar. O problema é quando esse tipo de solenidade de posse instiga e abre alas para o empossado passar a proferir ameaças veladas a todos aqueles que não se submeterem às suas diretrizes, num discurso desagregador, intimidatório e longe de um ambiente de paz e de harmonia.

Pudessem as leis e cidadãos determinar que tais solenidades, regadas com os mais finos e caros acepipes e que mais se assemelham a comícios de campanha políticas fossem definitivamente varridas da vida pública, o pagador de impostos teria, ao menos, um pouco de consolo de ver seus impostos poupados em eventos inúteis e distante da realidade brasileira.

 

A frase que foi pronunciada:

“A democracia deve ser construída por meio de sociedades abertas que compartilhem informações. Quando há informação, há iluminação. Quando há debate, há soluções. Quando não há partilha de poder, não há Estado de direito, não há responsabilidade, há abuso, corrupção, subjugação e indignação.”

Atifete Jahjaga, presidente de Kosovo

Atifete Jahjaga. Foto: commons.wikimedia.org

 

No escuro

Falta, em Brasília, inspeção em supermercados, restaurantes e padarias. Condições de higiene, acondicionamento dos alimentos e procedência das carnes, por exemplo, não são do conhecimento dos consumidores.

Foto: reprodução da internet

 

Educação

Nesta semana, os semáforos na W3 Sul e Norte piscavam mudando o trânsito que funcionou sem a presença de representantes públicos. O bom senso dos motoristas foi o suficiente para que não se transformasse em caos.

 

Tirar sangue

Seria bom que o laboratório Sabin destinasse algumas unidades para exames em bebês com profissionais gabaritados.

Foto: sabin.com

 

História de Brasília

Já que o assunto é ônibus, no começo de Brasília todo o mundo tinha Araguarina como uma emprêsa exemplar. Ultimamente, tem desleixado demais nos seus serviços. Os ônibus ficam parados na estrada, quando não encendeiam, como foi o caso de um, que demorou quase um dia para chegar a Brasília, vindo de belo Horizonte. (Publicada em 09.03.1962)

Projetos e revitalizações

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Foto: jornaldebrasilia.com

 

          Entra governo e sai governo e a promessa de que o instituto da reeleição será definitivamente enterrado vai ficando de lado, mesmo já tendo demonstrado o quão esse modelo é danoso para nossa democracia, principalmente pela utilização da máquina pública em favor daqueles candidatos que estão no poder. Por outro lado, é preciso notar que não basta a renovação de nomes no governo se as ideias e os projetos persistirem os mesmos. O tempo muda e com eles as prioridades. O que era antes uma inovação, hoje pode ser um estorvo e uma velhacaria.

         Desse modo, ao iniciar-se os novos governos que eles venham trazendo mudanças qualitativas, sobretudo na parcimônia e racionalidade com que irão lidar com os recursos públicos. Por isso, antes da implementação de projetos mirabolantes e dispendiosos as regras da boa administração mandam escutar, diretamente daquela população-alvo, que prioridades ou obras ela elege como correta para cada momento.

         Nesse início de campanha muitos candidatos ao Governo do Distrito Federal têm apresentado programas e projetos, principalmente grandes obras de infraestrutura como novas pontes sobre o Lago Paranoá e nova extensão da linha do metrô subterrâneo, sem que a população dessas localidades seja, ao menos, consultada sobre essas prioridades e urgência. Trata-se de um crasso erro de estratégia, de marketing , e que pode , facilmente resultar em gastos astronômicos e desnecessários, que, não raro, transformam essas obras ou num esqueleto inacabado e dispendioso ou num chamado elefante branco, pousado estranhamente na paisagem , como um símbolo da gastança e o que é pior, da corrupção.

         Grandes obras que no passado recente eram anunciadas como redentoras e de grande visão estratégica e administrativa, hoje estão sem uso e sendo corroídas pelo tempo. Verdadeiros monstrengos a homenagear governos perdulários, muitos, inclusive alvo de processo na Justiça. Exemplos como o Estádio Mané Garrincha, com sua arquitetura paquidérmica e inútil e o Buritinga, complexo de edifícios que serviriam para abrigar o GDF estão aí, de pé, como estátuas gigantescas a celebrar ao mau uso ou o desvio de dinheiro público.

         Há ideias e projetos que por sua inventividade e oportunidade nada ou pouco custam ao contribuinte e que muito podem ajudar a melhorar a vida dos brasilienses. Outras iniciativas e projetos devem, por sua urgência, serem continuados e até expandidos, como é o caso da revitalização das avenidas W3 Sul e Norte. Esses dois importantíssimos eixos comerciais e que por décadas foram esquecidos, merecem ser melhor repaginados do ponto de vista arquitetônico e econômico, trazendo de volta o valor que essas avenidas merecem.

         Uma ideia, para dar início a essa revitalização econômica e que nada custaria aos cofres da capital, seria deslocar o eixão do lazer do ponto em que ele hoje está, no eixo rodoviário Norte e Sul para a W3, fechando todo aquele corredor ao trânsito nos domingos, de uma ponta a outra, para atrair a população de pedestres e ciclistas para essa área. Outra ideia, que muito ajudaria a população seria o estabelecimento de uma espécie de transporte público náutico ligando as margens do Lago Paranoá, permitindo o deslocamento e lazer da população de uma localidade para outra.

         Ideias poderiam ser testadas como projetos pilotos para se saber o resultado dessas experiências e sua viabilidade. É preciso, no entanto, que o governo que virá, volte a implementar o orçamento participativo no qual a população diz em quais projetos devem ser investidos a dinâmica administrativa e o dinheiro dos pagadores de impostos. Lembramos aqui a importância para a vida cultural da cidade como a definitiva reforma dos teatros, a retomada de projetos culturais pela cidade ao estilo do Concerto Cabeças , Cinema Voador, Arte por Toda a Parte entre outros projetos, que tanto bem fizeram a cidade e onde nomes da cultura local foram revelados. Já é um bom começo.

A frase que foi pronunciada:

“Na cidade, a pressão da opinião pública é capaz de fazer o que a lei não consegue.”

Sherlock Holmes

Sherlock Holmes. Imagem: pt.wikipedia.org

 

Vulneráveis

Seria bom se o GDF divulgasse o investimento feito para crianças e adolescentes na cidade. O Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente tem dotação mínima de três décimos por cento da receita tributária líquida. Não é pouco dinheiro. E, na lei, é vedado o contingenciamento ou o remanejamento dos recursos destinados desse fundo.

Imagem: gov.br

 

Estúdio Barroco

Ana Cecília Tavares (cravo), André Vidal (canto), Cecília Aprigliano (viola da gamba) e Sueli Helena (flauta doce) vão lançar o CD Damas Virtuosas, na terça-feira (21/08), às 21h, no Clube do Choro de Brasília (Eixo Monumental), e na quinta-feira (23/08), às 21h, no Teatro da Escola de Música de Brasília (602 Sul). O concerto será apresentado dentro da série Concerta EMB. Não recomendado para menores de 14 anos. Os CDs estarão disponíveis para venda nos intervalos das apresentações ao preço de R$ 20.

 

Convite

Brasil Paralelo convida a todos para a Guerra do Imaginário – A jornada de Chesterton, Lewis e Tolkien, dia 25 de agosto às 20h. Para assistir, busque na Internet pelo título.

 

História de Brasília

É de descalabro, a situação de Taguatinga com relação a transportes. Quem precisa chegar ao Plano Pilôto às 9 horas, está saindo de casa às seis, porque não sabe o que lhe espera em matéria de imprevistos. (Publicada em 09.03.1962)

Decisão em cima do laço

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Charge do Sinfrônio

 

Cientistas políticos e outros entendidos no intrincado mundo das eleições sabem muito bem que as pesquisas de opinião, por conter um conjunto ordenado de informações, possuem um papel importante sobre a decisão do eleitor na hora do voto. Essa observação vale tanto para o chamado voto útil, quando o cidadão escolhe aquele postulante que aparece nas pesquisas com maior chance de vencer, quanto para aqueles eleitores que usam o voto para vedar a chances daqueles candidatos que eles desejam que perca o sufrágio. Ou seja, as pesquisas de opinião fornecem ao cidadão dados que ele usará para decidir seu voto, quer ele perceba ou não essa influência.

Para os candidatos e para os órgãos de imprensa, o material fornecido por esses institutos de pesquisa é base principal para uma infinidade de análises e informações que passam a ser veiculadas diariamente. Fossem apenas esses os objetivos dos institutos de opinião, estaríamos diante de um mundo ideal. Ocorre que os institutos, como empresas que são, e, sobretudo, seus proprietários trabalham também em pesquisas encomendadas diretamente por aqueles que desejam ver e difundir números favoráveis a seus escolhidos, como para encontrar dados que mostram as poucas chances dos adversários.

Nesse quesito, é possível afirmar que existem institutos sérios e outros nem tanto, basta ver o que diziam nas eleições passadas. Para aqueles que não são candidatos e que representam a grande maioria dos que consomem essas análises, pesquisas maldosamente orientadas e divulgadas para o público acabam exercendo um papel nefasto para a própria democracia.

Ao insuflar números de determinado candidato e desidratar outros, alguns institutos de pesquisa induzem mal os eleitores e prejudicam o próprio pleito, transformando as eleições num redemoinho de números díspares. Enquanto um instituto apresenta um candidato na dianteira para determinado cargo, outra empresa de pesquisa apresenta números totalmente contrários. Essa disparidade de números obviamente concorre para o descrédito de muitos institutos de pesquisa, sendo que, terminada as eleições, muitas dessas empresas simplesmente desaparecem na poeira. Numa democracia, os institutos de pesquisas possuem relevância na medida em que trabalham seguindo os parâmetros científicos de análise comparativa de números apresentados dentro da cartilha da Estatística. Somente institutos que prezam pelo rigor científico conseguem credibilidade e respeito do mercado, dos clientes e dos eleitores. Dos mais de 120 institutos de pesquisas que, desde 2018, vêm realizando pesquisas locais e no âmbito nacional, apenas uma dúzia delas se mantêm com relativa estabilidade no mercado. Outras, de tanto errar nos números e nas estatísticas, desaparecem ou mudam o nome de fantasia comercial para sobreviver.

A Justiça Eleitoral jura que controla com rigor essas pesquisas, fazendo uma série de exigências, como recortes por regiões, por sexo, escolaridade e outros dados obrigatórios. Para aqueles brasileiros que não consomem esses dados, as pesquisas são feitas de forma popular nas filas de ônibus, da padaria, das farmácias, feiras, nos táxis e nas ruas, sendo que cada um procura conhecer a opinião do próximo sobre determinado candidato e suas propostas, para depois decidir seu voto. A questão aqui é saber até que ponto os brasileiros confiam nas análises e nas pesquisas de opinião.

Levantamento recente mostra que os brasileiros estão divididos nesse assunto. O bombardeamento de números durante as eleições divulgados diariamente pelos institutos de pesquisa, mostrando a posição dos candidatos a cada momento, acaba exercendo influência sobre o eleitor que vê essa disputa acirrada como uma verdadeira corrida de cavalos, com chances ora para um jóquei, ora para outro. No geral, o que se nota é uma falta de conhecimento do eleitor sobre o sistema político e isso também conta na hora de votar. Num país tão diverso como o nosso, muitas vezes a decisão do eleitor é tomada no último segundo, ainda na fila de votação, quando o cidadão passa a escutar todo o tipo de história e toma aquela mensagem que lhe chega ao ouvido como decisiva e assim decide, em cima do laço, em quem votar, ou em quem não.

 

A frase que foi pronunciada:

“Os ingleses pensam que são livres. Eles são livres apenas durante a eleição dos membros do parlamento.”

Jean-Jacques Rousseau

Jean-Jacques Rousseau. Imagem: wikipedia.org

 

Novidade

A Câmara dos Deputados vai discutir um Projeto de Lei (n° 224, de 2021) que tipifica o crime de estelionato mediante a clonagem de dispositivo eletrônico ou aplicativo utilizado pela vítima.

Ilustração: Reprodução/TecMundo

 

História de Brasília

Dá a entender que houve propósito de ferir uma das relíquias de Brasília, porque nenhuma placa foi colocada no local. A tôrre não é da Novacap, nem do DTUI, nem do DFL, nem do Exército. Ninguém sabe quem construiu, nem com ordem de quem. (Publicada em 09.03.1962)