Tudo será como antes

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Charge do Amarildo

 

         Convencidos de que nenhuma reforma política consistente que vá de encontro às necessidades e aos desejos dos eleitores virá, os eleitores brasileiros já não escondem sua predileção por candidatos, ao mesmo tempo, independentes e libertos do controle das atuais lideranças políticas. Não há predileção por legendas. Sem concorrência, por enquanto, os partidos seguem insensíveis às mudanças ambicionadas pela sociedade, alegando que candidatos que não obtiverem apoio das bancadas na Câmara e no Senado dificilmente conseguirão governar ou apresentar propostas.

         Para alguns cientistas políticos, as candidaturas avulsas obrigariam os partidos a se abrirem mais, tornando-se mais transparentes e democráticos para enfrentarem o aumento significativo da concorrência que viria, até de forma avassaladora. Um caso que exemplifica bem a ossificação de certas legendas é dado pelo Partido dos Trabalhadores. Envolto em sua maior crise, depois de inúmeros escândalos envolvendo nomes estelares da agremiação, ainda assim o PT insiste na candidatura única de Lula, um político processado, condenado pela Justiça e rechaçado por grande parte da população, embora o partido se vanglorie de possuir o maior número de filiados de todo o país.

         Em todo o mundo, apenas 20 países exigem que candidatos às eleições sejam filiados a algum partido. Internamente, importantes lideranças políticas têm se debatido pelo fim do monopólio dos partidos. Para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a permissão para candidaturas independentes, vedada pela atual Constituição, permitirá que algumas legendas respirem. “No Brasil, liberalismo é uma má palavra, nós aqui queremos tudo regulado pelo Estado. A formação de tantos partidos se explica apenas pelo acesso fácil ao Fundo Partidário. A verdadeira regra de um partido é ter apoio do povo”, avaliou.

          Marina Silva (Rede) também apoiou a ideia de candidatos avulsos. “Defendemos as candidaturas independentes, para que as pessoas possam dispor do processo político, criar uma concorrência idônea com os partidos e a gente ter novos quadros na política. Quadros que virão com base em um programa, quadros que virão com uma plataforma registrada na Justiça Eleitoral, com base em uma história de vida na sociedade voltada para a saúde, educação, inovação, enfim, para os temas de interesse do cidadão”, considera.

          Quem também já deixou registrada a opinião sobre o assunto foi o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, que ressaltou anos atrás,  ser “filosoficamente a favor das candidaturas avulsas”, que considera mais democráticas. “Por que não permitir que o povo escolha diretamente em quem votar? Por que uma intermediação por partidos políticos desgastados, totalmente sem credibilidade? Existem algumas democracias que permitem o voto avulso, com sucesso”, afirmou Barbosa.

         Em 2015, o senador Reguffe apresentou proposta de emenda à Constituição (PEC) permitindo candidaturas avulsas. A PEC do senador estabelece, entre outras medidas, que “a filiação a partido político é direito de todo o cidadão brasileiro, vedada a exigência de filiação partidária como condição de elegibilidade ou requisito de qualquer espécie para o pleno exercício dos direitos políticos”. Na sua opinão, “é sempre difícil que quem foi eleito por um sistema queira mudá-lo”.

         Também um registro importante sobre o assunto. Dessa vez o ex-senador Cristóvam Buarque, para quem a candidatura avulsa iria acabar não só com o domínio dos partidos sobre a vida política do país, mas, sobretudo, iria “homenagear o princípio da soberania popular, que prevê o exercício do poder político diretamente pelo povo ou por intermediários de seus representantes.”

         Diante da certeza de que a maioria dos parlamentares não estão dispostos a alterar a regra atual que os beneficia, o protagonismo político dessa reforma espetacular viria, mais uma vez, do próprio Supremo Tribunal Federal que teve a matéria em mãos, pronta para ser deliberada em plenário, mas rejeitou. O relator do processo foi o ministro Barroso, que tem sido um duro crítico do atual sistema político nacional; já concluiu, inclusive, seu parecer sobre a questão. Se serve como indicação de seu voto, é preciso lembrar que, em certa ocasião, o ministro Barroso teria declarado que a “Constituição não instituiu uma democracia de partidos”. Pesa sobre essa questão o fato de o Brasil ser signatário do Pacto de São José, firmado na Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969 e ratificada pelos Brasil em 1992. Por este documento ficou estabelecido que “todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e oportunidades: (…) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país”.

         Foi Raquel Dodge, procuradora-geral antes das eleições de 2018, que movimentou, pela última vez, o assunto no sentido de estabelecer ou não a candidatura independente. Em parecer favorável às candidaturas avulsas, a procuradora-geral enviou a matéria para a apreciação do Supremo, que tinha a bola da vez. A nota técnica do TSE dizia o seguinte: “Qualquer alteração demandaria o desenvolvimento de um novo software para as máquinas, o que também comprometeria a segurança do processo de votação e da totalização dos votos, sem falar no retrabalho e no imenso aumento de custos”. “Ressalte-se que mais de 80% dos softwares que serão utilizados nas eleições já estão prontos e sendo testados, visando apenas corrigir eventuais falhas”, alertava a nota técnica do TSE.

         É certo que a aprovação das candidaturas avulsas não acabaria com os partidos, mas, sem dúvidas, forçariam que a maioria deles fossem reformados, visando o interesse do eleitor e não apenas dos oligarcas dessas legendas precocemente envelhecidas.

A frase que foi pronunciada:

“Se existisse um verbo que significasse ‘acreditar falsamente’, ele não teria uma primeira pessoa do presente do indicativo dotada de significado.”

Wittgenstein

Foto: Wikipedia

História de Brasília

Terminou o Carnaval dando Brasília, mais uma lição ao Brasil. Com a maioria de cariocas em sua população teve, entretanto, um carnaval sem excessos, dentro de uma ordem extraordinária. (Publicada em 08.03.1962)

A Lava Jato e as eleições

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Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo/Aqruivo

 

         Muita gente pode até não ligar uma coisa com outra ou simplesmente fazer de conta que não existe relação estreita entre o desmanche, proposital e metódico, de toda a Operação Lava Jato e as próximas eleições, mas o fato é que o Estado, ou o que é comumente chamado hoje de “deep estado”, ao promover e engendrar o esfacelamento de toda essa mega investigação, a fim de livrar muitos de seus protagonistas nesses episódios, empurrou as eleições para a beira do abismo onde se encontra.

         De nada adiantam as pantomimas e os discursos voltados para o estabelecimento de uma espécie de paz nas eleições e os diversos movimentos em torno da segurança ou não do modelo de votação eletrônica, se atentarmos para o fato de que a base ou os alicerces de todo esse processo eletivo e de alternância de poder, importante para a sobrevivência do Estado Democrático de Direito, foram simplesmente solapadas, tornando todo o processo sem o importante lastro da ética.

         O desmanche planejado da Lava Jato, ao tornar possível o impossível, que foi permitir o retorno à vida pública de praticamente todos aqueles que foram investigados, processados e condenados pela Justiça no curso dessa Operação, abalou e comprometeu todo o edifício institucional e eleitoral do pais, transformando e mergulhando o pleito de outubro num mar turvo e de incertezas profundas, capaz de reverter a ordem em caos, transmutando o que seria uma festa da política e da democracia num banzé e num arrasta-pé de bandoleiros.

          Não se deixe enganar: tudo o que vier a acontecer, daqui para outubro e depois dessa data, possui ligação direta com o que foi feito com a Operação Lava Jato. Ao retirar, do meio do salão, onde se dá essa dança desengonçada em torno das cadeiras, todos os mais básicos princípios e regras da ética pública, o que restou é o que temos visto até aqui.

          Houvesse essa peneira ou coador capaz de filtrar as impurezas que maculam as eleições, o pleito seria outro, civilizado e dentro do que esperam os eleitores. Criações de grupos contra a violência, ameaças de prisão, censura às mídias sociais e todo o aparato do Estado não terão o condão de pacificar o que foi conspurcado na sua origem.

         Aos personagens que outrora foram processados pela Operação Lava Jato, somam-se hoje muitos outros, responsáveis diretos e indiretos pelo desmanche dessas investigações, numa conjunção de elementos e esforços que vieram desembocar nessa foz de instabilidade eleitoral.

         Há, portanto, que olhar para trás, rever direções e quiçá retomar essas investigações no ponto em que foram represadas, permitindo a continuidade do fluxo normal da água cristalina da ética pública. Fechar os olhos a essa realidade é deixar o barco despencar na cachoeira. O problema aqui é que a providência necessária, capaz de uma concertação de todo esse processo, parece escapar das mãos dos cidadãos, contribuintes e principalmente dos eleitores, que, em todo esse acontecimento, é instado apenas a apertar uma tecla, alheio ao que irá lhe acontecer amanhã.

A frase que foi pronunciada:

“A história da Lava Jato é reveladora- expõe o tamanho do desafio que a sociedade brasileira tem em suas mãos. E mostra, sobretudo, que há um caminho viável para o combate à corrupção. O da lei”.

Vladimir Netto, em plena esperança de fazer um Brasil melhor para as filhas Manuela e Isabel.

Charge do Hector

 

Prata da Casa

Presente no Google, Mateus De Sordi, da Smartlybr, pesquisa inovações voltadas para a energia fotovoltaica para implantar no Brasil. Mais um ex-aluno do Indi Bibia fazendo a diferença.

Imagem: portalsolar.com.br

 

Reconhecimento

À espera de Lêda Watson, o Troféu Iaras, que será entregue por relevantes serviços prestados à cultura do DF, ao lado de Marianne Peretti. As diretoras Ivelise Longhi e Marlene Cabrera visitaram a artista Leda Watson, em seu ateliê de gravura, para, em nome da Presidente da AMABRASÌLIA, Cosete Ramos, convidar para o evento cultural, em homenagem às Mulheres de 22.

Lêda Watson. Foto: Ed Alves/CB/D.A Press

 

Convite

Quem quiser conhecer ou rever os trabalhos de Lêda Watson, a Finissage será no dia 13 de agosto, às 17h, na Galeria de Arte do Pátio Brasil, 3° piso.

Lêda Watson. Foto: facebook.com/patiogaleriadeart

 

Preparação

Já se preparando para dezembro, a versão 2022 da Serenata de Natal abre inscrições para quem adora cantar. Todas as informações no portal serenatadenatal.org.

 

História de Brasília

Enquanto isto, perdurará a má impressão de degredo, de abandono, de inferioridade perante os que moram na Asa Sul e pagam alugueis menores. (Publicada em 02.03.1962)

Noivos desconhecidos

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Charge do Bessinha

 

          Fossem medidas em unidades astronômicas (AU), a distância a separar hoje os cidadãos comuns dos diversos candidatos que seguem entabulando negociações políticas com vistas ao preenchimento de vagas na disputa eleitoral pelo Distrito Federal, diríamos que esse número é gigantesco. De fato, não há nada a ligar o cidadão eleitor da capital e os atuais candidatos aos cargos políticos. O que se vê são notícias de encontros esporádicos, confabulações e outros movimentos que parecem acontecer em uma outra galáxia distante. O que há, e isso é visível, é uma corrida na surdina dessa turma, que hoje está no poder, tanto no Legislativo, como no Executivo local, para manter suas posições e privilégios pelos próximos quatro anos.

          Para aqueles que estão de fora e almejam também essas sinecuras, a luta vai se dando nos bastidores, longe da realidade do cidadão comum. São muitos os cargos em disputa e mais ainda de postulantes. Desde que foram estabelecidas as possibilidades legais de reeleição, é comum verificar que as disputas eleitorais começam justamente logo no primeiro dia da posse e do mandato. Com isso, é fácil verificar que esses movimentos e conchavos já foram iniciados quatro anos atrás, com o auxílio providencial e financeiro embutido no próprio mandato.

         Não há uma liga ou cola a unir os eleitores e os candidatos. Tudo vai acontecer apenas quando forem iniciadas oficialmente as campanhas, por ordem do Tribunal Superior Eleitoral. O que pode, à primeira vista, parecer uma movimentação natural e corriqueira, é, na verdade, um arranjo que se repete, sempre divorciado da realidade do cidadão. Ninguém, na população, sabe quem está disputando o quê, quem está coligado a quem e o que cada um pretende fazer nesse posto.

         Para o brasiliense e, principalmente, com base no que sempre foi afirmado nesse espaço, o Distrito Federal estaria em situação muito melhor se prescindisse de representantes políticos em todos os níveis. Mas como a capital se viu emaranhada nesse sistema perverso, construído justamente por uma minoria interessada nessas benesses e longe do que pretendia sua própria população original, o jeito foi entrar nessas disputas, obrigando o cidadão a bancar, financeiramente, toda essa estrutura caríssima e de resultados pífios, se não negativos.

         Houvesse o voto distrital puro, em que os candidatos saem das próprias comunidades e a elas estão ligados, desde sempre, por fortes laços de vida, toda essa disputa faria algum sentido. Mas o que se tem e bastam ver as fotos de cada, são candidatos sem laços com a população, verdadeiros forasteiros que por essas bandas surgiram em busca de mordomias dessas sinecuras políticas. Os milhões de quilômetros que separam a população desses alienígenas que agora disputam cargos políticos apresentam apenas uma certeza para o futuro: estaremos ou na mesma situação do presente, ou pior do que estamos agora.

          Nesse casamento arranjado entre os candidatos e a população local, seguimos como aqueles noivos que vão se conhecer apenas no dia do matrimônio. E depois não terá recall.

 

 

A frase que não foi pronunciada:

“Maus políticos são enviados a Brasília por gente decente que preferiu não votar.”  

Regina Lopes, pensando enquanto lê os jornais.

Charge do Ivan Cabral

 

Escorpião

Ciatox é o Centro de Informações e Assistência Toxicológica da Secretaria de Saúde do DF. Dados apontam que, já em 2022, os casos de picadas de animais peçonhentos somam 175 ocorrências na parte Norte da cidade e 164 na parte Oeste. Em 2021, do total de 2.640 chamados envolvendo animais peçonhentos, 2.065 foram de picadas de escorpião.

Foto/Imagem: Matheus Oliveira/ Saúde-DF

 

Nota 10

Merece registro elogioso a organização e atendimento da UPA do Paranoá Park. Sempre limpinha, com pessoal atencioso, nome visível dos médicos de plantão, informações acessíveis aos pacientes.

 

Muito bom

Por falar em Paranoá, a ideia de consertar as calçadas do comércio da avenida principal é a saída para tornar o lugar mais transitável. Por enquanto, um passeio de cadeira de rodas é impossível. Isso sem falar na poluição visual e sonora do local.

Foto: facebook.com/ParanoaNews

 

Barragem do Paranoá

Parece que não está dando certo a ideia de sentido único no horário de maior fluxo. As reclamações são constantes!

Foto: der.df.gov.br

 

História de Brasília

A situação na Asa Norte poderá melhorar quando outros Institutos construírem suas superquadras, e quando a Assessoria de Planejamento entregar a planta do Setor Comercial Local para a venda pela Novacap. (Publicada em 02.03.1962)

Que coisinha mal ajambrada

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Mafalda. Tirinha do Quino

 

          Democracia, como dizia um dos pouquíssimos homens sérios deste país, o filósofo Millôr Fernandes, é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim. No nosso caso particular, esse sistema hoje é um pouco mais complexo e até difícil de ser decifrado. Se formos classificar nossa democracia a partir dos candidatos que agora se apresentam para o pleito de outubro próximo, nosso sistema de democracia, para dizer o mínimo, necessitaria ser revisto antes aos olhos da psicanálise ou mesmo da sociologia, tal o grau de desvio da realidade e da decência.

         De um modo simples, poderíamos entender nosso atual estágio democrático com base apenas na hipertrofia dos partidos políticos, donos das candidaturas, ou mais precisamente com base na direção partidária e na vontade dos caciques. Não seria exagero supor que vivemos um momento em que a nossa democracia pode ser definida como resultado da vontade e dos caprichos dos caciques.

         Não se sabe ao certo se, por herança da cultura indígena, mas o fato é que estamos imersos numa espécie de caciquismo urbano, todo ele moldado com base nas mais de trinta legendas ou tribos que parasitam nosso sistema representativo. Nesse ponto, é lícito afirmar que as federações partidárias nada mais são do que federações de tribos, todas elas de olho gordo nas benesses do poder.

         O que acontece agora com as campanhas, que sequer tiveram início, mostram o tipo e a qualidade de democracia que temos nessa imensa aldeia chamada Brasil. Com todo respeito que devemos aos índios, que foram desde sempre os verdadeiros donos desta terra e, cuja cultura genuína, por suas características sofisticadas, dista anos luz da nossa, o que presenciamos hoje, na dança ritualística das campanhas de 2022, são arremedos de cultura, a mostrar o quão primitivo e selvagem podem ser os homens urbanos neste país.

         Nada do que se ouve e fazem em público pode nos remeter ao que seja civilização. Não é à toa que foi dito, a respeito desses selvagens engravatados, que temos o melhor conjunto de políticos que o dinheiro pode comprar. Melhor conjunto em tudo o que há de ruim e mal conformado.

         Se a qualidade da democracia pouco importa, isso é outra coisa. O importante aqui é a questão que compara a democracia diretamente aos seus representantes eleitos. Fosse um personagem de carne e osso que, se visse diante de um espelho, a democracia brasileira não acreditaria no que estaria vendo. Difícil é saber o que fazer com esses zumbis que dia sim, dia também, surgem nas manchetes dos jornais, dizendo o que não são e o que não farão. O que ocorre agora com a candidata Simone Tebet, do MDB, é apenas um fragmento colhido entre milhares de outros exemplos que, todo o dia, mostra-nos a selvageria de uma disputa capaz de impor uma humilhação pública não apenas a uma indicada oficialmente pela legenda, mas, indiretamente, a todas as mulheres deste país.

         A verdade é que esta e outras campanhas passadas mostram bem o que somos em essência e como o mundo nos vê de longe. Fosse nossa democracia uma mulher, teríamos que confessar para nós mesmos e em silêncio: que coisinha mal ajambrada.

A frase que foi pronunciada:

“A democracia não pode ter sucesso a menos que aqueles que expressam sua escolha estejam preparados para escolher sabiamente. A verdadeira salvaguarda da democracia, portanto, é a educação.”

Franklin D. Roosevelt

Franklin D. Roosevelt. Foto: super.abril

 

Memória

Hoje seria o 95° aniversário de Ari Cunha, criador desta coluna em 1960.

 

Notícia positiva

Depois do sucesso da organização da Feira do Livro, Marcos Linhares divulga agora a “Biblioteca de Gentes”, ideia do Instituto Fazer o Bem, inspirada no projeto dinamarquês Human Libraries, que propõe uma forma diferente de leitura: a leitura de pessoas.

Marcos Linhares. Foto: sindescritores.com

 

Dada a largada

Ontem, Darley, Luiz Eduardo e Núbia inauguraram a primeira edição do projeto. Segundo Linhares, no projeto Biblioteca de Gentes, cada pessoa escolhe um número e é dirigido a uma mesa. Depois de formadas as mesas, cada um dos convidados, com seus respectivos números, assume o seu lugar e conta a sua história. Não serão divulgados os nomes completos das pessoas, para que sejam encontros-surpresa.

Na biblioteca

“São páginas lindas de vidas inspiradoras, que não aceitaram as dificuldades que a vida lhes impôs. São obras abertas e que, ao terminar, respondem perguntas. A duração total varia de 45 a 60 minutos”, revela o presidente do Instituto, Marcos Linhares, que também coordena a programação cultural da BDB, na 506/507 Sul.

 

Fora da lei

Não é o período seco que causa incêndio na mata. São os grileiros. No Setor de Mansões do Lago Norte, pelo trecho 9, começou a corrida por terra alheia. Nada de fiscalização. Pelo contrário, o que parece área verde é terreno vendido.

Foto: chicosantanna.wordpress.com

 

História de Brasília

Já que o povo não se educa num dia, e a manutenção de um guarda para os jardins ´parece dispendiosa, o melhor seria atender a êsse problema em parte, para que não se perca, de uma vez, a beleza dos jardins. (Publicada em 02.03.1962)

Lei de Talião

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Charge do Alpino

 

          Depois da imensa alegria que os brasileiros irão sentir com o retorno da alma mais honesta deste país, nada melhor do que assistir também o retorno dos mais eficientes e probos políticos que essa nação já teve. Com a reformulação ou a anulação, pura e simples, da antiga e draconiana Lei de Improbidade Administrativa, os brasileiros e, mais particularmente, os brasilienses podem comemorar agora o retorno de personagens, que algumas leis mais radicais recomendavam serem afastados da vida pública.

          Com os Poderes Executivo e Legislativo, tanto no âmbito federal como estaduais, voltando a receber esses verdadeiros homens públicos, que foram cassados, sem dó nem piedade, por leis e julgamentos rigorosos, e, diga-se de passagem, levados a cabo pelo injusto clamor popular, o país poderá, enfim, dar prosseguimento às reformas tão necessárias para esse novo tempo que se anuncia.

          A começar pela reforma do foro privilegiado, dando ampliação, sem limites para essas prerrogativas, livrando esses homens públicos das bisbilhotices e interferências da lei. Para tanto, essas prerrogativas devem ser estendidas também para todos os familiares e pessoas do entorno imediato desses políticos, acabando com essa novela de perseguição aos nossos homens públicos.

          Com isso, essa leva de políticos, que agora retorna, poderá trabalhar sem os atropelos e longe dos humores ciclotímicos das leis brasileiras. Mesmo a questão de prisão em segunda instância deve ser revista, quiçá tornando impossível que os nossos valorosos políticos, que agora reassumem, sejam molestados legalmente por seus afazeres em favor da nação.

         O teto dos gastos públicos, uma medida que colocava freios e limites à ação desses gestores políticos, é outra providência que deve ser imediatamente abolida, deixando que esses valorosos homens públicos, que sabem muito bem que destino dar ao dinheiro do pagador de impostos, invistam em projetos que considerem melhor para todos.

         Uma outra ação de grande relevância, e que traria tranquilidade a esses gestores em seu regresso ao poder, seria tornar a ação desses políticos, durante todo seus mandatos, inimputáveis e fora do alcance das leis ordinárias, para dar maior liberdade de ação a esses personagens tão significativos para a vida dos brasileiros. Receber esses e outros políticos que foram perseguidos e afastados por uma verdadeira versão brasileira da Lei de Talião é mais do que um dever cívico, é uma obrigação humana!

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O maior obstáculo à descoberta não é a ignorância – é a ilusão do conhecimento.

Daniel J. Boorstin

Daniel J. Boorstin. Foto: loc.gov

 

Liberdade de expressão

Publicado, no portal Migalhas, a posição do Brasil em termos de liberdade de imprensa. O país aparece no 110° lugar no Ranking Mundial. O estudo foi elaborado pela ONG Repórteres sem Fronteiras.

Charge: revistaforum.com

 

Tolhida

Quem imaginaria que uma juíza eleitoral gaúcha caracterizasse a Bandeira Nacional como “um lado da política”. Empresário Luciano Hang aproveitou a deixa para turbinar a venda das bandeiras por baixo custo. Só falta agora proibir o uso da bandeira do Brasil em tempos de eleição.

 

Âmbito jornalístico

Thalita do Valle foi uma das brasileiras que perdeu a vida durante a guerra. Tropas russas invadiram a Ucrânia e a modelo, militar e estudante de Direito, não conseguiu sobreviver. Dentro desse quadro de sofrimento, a professora e jornalista Heloisa Preis traz uma abertura para discussão sobre  a perda da força midiática na guerra e a importância do trabalho voluntário.

 

Redação

Estão abertas as inscrições para os estudantes concorrerem na 12ª edição do Concurso de Desenho e Redação 2022 da Controladoria-Geral da União – CGU. Com o tema “Conversando a gente se entende!”, as inscrições e envio dos trabalhos podem ser realizadas até 28 de agosto.

Cartaz: Divulgação

 

Hoje

Estampada em comerciais e avenidas de várias cidades da Bahia, a foto de Janiel Sacramento mostrava que todo sonho é possível de ser realizado. Bahia. Com 18 anos de idade, crescido em uma comunidade quilombola da cidade de Camamu, Janiel passou no vestibular de Medicina da Universidade Estadual de Santa Cruz. Hoje, tenta se manter no curso, que custa caro demais.

Foto: Arquivo pessoal/Janiel Sacramento

 

Incoerências democráticas

Renan Ramalho pontuou 3 incoerências no discurso do candidato Lula em restabelecer a democracia: Os escândalos de corrupção, a simpatia com líderes autoritários mundo afora e as tentativas de “regulamentar” os meios de comunicação, incluindo, agora, a internet e as redes sociais. Alguém explica?

Charge do Jindelt

 

História de Brasília

Uma boa solução para o caso dos jardins que estão sendo pisados pelo público, principalmente em frente às estações de TV, seria a colocação de pedras fazendo uma passagem. (Publicada em 02.03.1962)

Quanta felicidade

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Charge publicada no jornal argentino La Nación

 

          Nem dá para imaginar a alegria com que os cidadãos aguardam o retorno do ex-presidente Lula à Presidência do país, trazendo consigo toda a sua já conhecida e eficiente equipe. O Brasil, por certo, será outro. Ficamos a imaginar a Praça dos Três Poderes toda ocupada por bandeiras vermelhas do Partido dos Trabalhadores, do Movimento Sem-Terra e dos Movimento Estudantis, Sindicatos, todos festejando a volta do ex-presidente. Nessa cerimônia grandiosa, estarão presentes também todos os personagens ilustres, que, nos últimos anos, foram maldosamente desprestigiados como os presidentes dos mais democráticos países da América Latina, como a Venezuela, a Nicarágua, Cuba, Argentina, e outros como o presidente do México e de tantos países governados pela esquerda.

          Por certo, o cidadão de bem, aquele que acorda cedo e vai sacolejando nos transportes públicos e que hoje paga alta taxas de impostos, também estará comemorando o retorno desse que é o pai dos pobres e dos desassistidos, e que foi injustamente perseguido pelo tirânico ex-juiz, Sérgio Moro, num julgamento todo ele incorreto e parcial.

          Do exterior, tem surgido as mais contundentes mensagens de apoio, como do ex-deputado Jean Wyllys, que teve que renunciar ao mandato para não ser morto e que agora anuncia que retornará para ajudar o futuro da nação. Diria o filósofo de Mondubim, “Quantas notícias formidáveis!”.

          Pensar que todo aquele injusto e penoso processo da Lava Jato, do Mensalão e de outros do mesmo gênero, que tantos males causaram a todos os envolvidos, serão revistos e anulados, com a devolução dos bens e do dinheiro confiscado, com juros e correção. Também serão ressarcidos todos aqueles que foram caluniados, principalmente o ex-presidente Lula, acusado por gente sem coração como o ex-procurador Deltan Dellagnol.

           Mal dá para esperar que a Gleisi Hoffmann volte a ocupar a Casa Civil, onde irá cuidar das importantes ações no campo da política. Também é com grande entusiasmo que a população irá receber de volta personagens ilustres como o ex-ministro Guido Mantega ou o ex-ministro Paulo Bernardo, que, juntamente com a Gleisi, foram maldosamente acusados de desviar dinheiro dos aposentados.

         Também estarão em êxtase os funcionários da Caixa, dos Correios, Petrobras e do Banco do Brasil e todos os trabalhadores que terão, finalmente, seus fundos de pensão valorizados e bem distribuídos. Em festa, estarão também os milhares de presos em todo o país, que foram postos nessa condição pela perversidade de uma sociedade indiferente aos problemas sociais. Por certo, no novo governo Lula, estes e outros trabalhadores perseguidos pelas elites serão postos em liberdade e compensados pelas injustiças sofridas.

          Com todo esse entusiasmo, virão também novos componentes para a Suprema Corte, todos eles muito afinados com esse novo Brasil que se anuncia. As universidades finalmente terão a paz que sempre almejaram e vão poder dar prosseguimento ao excelente padrão de educação que sempre fizeram jus. Também as escolas públicas poderão retomar as magníficas diretrizes educacionais, com a volta da escola com partido, do retorno das políticas de gênero e todo um manancial extraordinário de medidas pedagógicas com vistas ao engrandecimento do partido.

         É preciso lembrar que esse retorno só estará completo após a punição exemplar de todos aqueles que ousaram acusar ou apontar o dedo para o grande líder. O brasileiro já nem consegue esconder toda a sua expectativa para esse grande dia, quando parte da imprensa será finalmente regulada, para que aprenda, de uma vez por todas, a não falar mal de seus líderes. Que venha logo esse glorioso dia para que o Brasil, como diz, nosso grande guia, volte a sorrir.

A frase que foi pronunciada:  

“Por mais iludido que você seja, sempre haverá um iludido maior para achar que você não o é.” 

Emprestado de Millôr Fernandes

Millôr Fernandes. Foto: Daniela Dacorso/Bravo (exame.abril.com)

Conhecimento

Vale conferir o webinar mediado por Alexandre Garcia, do Instituto Villas Bôas. Os assuntos sugeridos são: “Mineração na Amazônia e os inimigos invisíveis”, com Antonio Feijão, geólogo, advogado e presidente da Fundação Amazônica de Migrações e Meio Ambiente (Finama) e “A Amazônia que os satélites não conseguem ver: o extrativismo mineral sustentável, um sonho possível”, com Marcelo Norkey, garimpeiro e conselheiro de unidades de conservação no Pará. Disponível no link 4º webinar do Instituto General Villas Boas.

Opinião

Fiquem atentos. Pesquisas que indicam tendências dificilmente apontam, por antecipação, vitoriosos. Ajudam a nortear campanhas. Elas se aproximam de alguns resultados, mas não conseguem captar, no cenário real, os acasos e as incertezas no comportamento humano. Esse é um extrato da análise do professor e jornalista Aylê-Salassié Filgueiras Quintão, sobre as eleições. Leia o artigo completo a seguir.

Foto: camara.leg

“Não haverá nem segundo turno”: Cuidado com a aritmética!

Aylê-Salassié Filgueiras Quintão*
 
– Êta!…Então a eleição está ganha!. Lula tem 42 por cento da preferência  do eleitorado nacional e Bolsonaro 36 por cento, apontam as pesquisas.  Não é bem assim. Pesquisas divulgadas com antecedência tem o mesmo propósito de uma  propaganda explícita.   Pretende   fazer o eleitor acreditar que  aquele  candidato já está eleito. Uma falsa indução. A premissa condutora é a de  “não se vota em candidato previamente derrotado” . O Tribunal Superior Eleitoral  (TSE), por alguma conveniência,  faz de conta que não vê.
Nada mais enganoso que essa aritmética absolutizada, mesmo que   esteja assinada por um grande instituto de pesquisa. Existem mais de 100 no Brasil. Alguns copiando os resultados dos outros, e alguns vendendo opiniões. Assim, foi em eleições anteriores e, nesta próxima, não parece  diferente.
As indicações de resultados prévios entre   Aécio e Dilma,  Bolsonaro e Haddad e em alguns estados marcaram  grandes enganos das pesquisas. O candidato que lidera as pesquisas, na maioria dessas disputas é quase sempre atropelado no final,  embora até o última momento as pesquisas   o indiquem como potencial  vencedor. Em geral, os institutos de pesquisa concentram-se em dois dos candidatos com  melhores resultados, com vistas a um segundo turno ou não. Há pesquisas tendenciosas cujas conclusões  vem acompanhadas da afirmação – verdadeira pregação – de que  “Não haverá nem segundo turno!”. 
 Esquecem-se dos votos dos candidatos pouco citados, dos votos nulos e brancos – já chegaram a 20 %  dos votantes – , dos indecisos que podem mudar o voto na última hora (está ainda em 4 %) e dos ausentes. Somados chegam a milhões de eleitores. Existem  estudos no campo da política eleitoral,  mostrando que, o número de votos perdidos pelo eleitorado  é maior que os       conquistados pelos eleitos: em geral, mais de 50 %. Dir-se-ia que se trata de uma performance democrática.
Fiquem atentos. Pesquisas indicam tendências, dificilmente apontam, por antecipação,  vitoriosos. Ajudam a nortear campanhas.  Elas se aproximam  de alguns resultados, mas não conseguem captar no cenário real os acasos e as incertezas no comportamento humano. Nunca se sabe  tudo da pesquisa, embora, por exigência do TSE, ao serem registradas , as pesquisas  são obrigadas a revelar os métodos  usados , o período e os objetivos a serem alcançados.  
Os maiores interessados  em conhecer resultados prévios das pesquisas eleitorais são os  empresários, atentos ao futuro da economia e, por extensão,  dos seus negócios.  Mal concluída uma eleição, os políticos distribuem os cargos para os cabos eleitorais, e já estão preocupados com a próxima. Os empresários não são assim. Para eles, cada eleição é um drama ou uma solução para os investimentos.  Por isso, financiam pesquisas eleitorais, como álibi, para conhecer as tendências  e fazer projeções sobre  a nova política econômica. Daí aqueles financiamentos de campanha  tentando fortalecer os candidatos que mais compactuam com seus propósitos empresariais ou os que mais tem chance de sair vitoriosos das eleições.
Os empresários não estão nem aí para os partidos. O fulano, sendo eleito, vai abrir a economia à busca do desenvolvimento, conceder estímulos e isenções fiscais;  o outro vai exercer um controle fiscal rigoroso para equilibrar as contas públicas e os empresários e empreendimentos em andamento serão suas vítimas.  A equação é simples. O resto é pantomina. Por isso as mudanças  no Brasil  são lentas: Primeiro o meu, depois o do Abreu.
Após a eleição de Obama nos Estados Unidos, amparada nas redes sociais digitais, houve grandes mudanças na estrutura das campanhas, mas por aqui centenas de candidatos ainda dependem da propaganda analógica e dos Correios para comunicar-se com os eleitores.  Se este for o caso, não confie que terá êxito. As pesquisas tem seus problemas e nos Correios existe  uma militância não expressa que interrompe qualquer processo eleitoral. Ninguém sabe, ninguém viu : o certo e que a correspondência eleitoral – pesquisas, cartas, folders, santinhos e até cartazes costumam não chegar, ou se chegam, os prazos já venceram. Existem regras, manuais operacionais, mas os servidores são distópicos, agem organicamente, quase sempre em sentido contrário, acho que nem  sempre por opção ideológica, mas disposição mesmo para o trabalho. Tem regras e ritmos próprios. 
Na verdade, pesquisas eleitorais são mesmo é um bom negócio, quando não trabalham para candidatos caloteiros. Quase  todos o são . Se perdem a eleição, não pagam as contas. A Rede Globo conseguiu, certa vez, financiamento para  acompanhamento prévio do resultado das eleições presidenciais no Brasil, fazendo  boca de urna (proibida)   nas maiores cidades do País. Usou duas estratégias: selecionou aqueles colégios eleitorais mais representativos  e ouviu o eleitor no momento em que  ele acabava de dar seu voto. Resultado: acertou em cheio, e divulgou  o resultado no mesmo dia, usando inclusive seus comentaristas políticos para dar legitimidade pública. Onde chegamos: o sistema Globo esteve próximo de dirigir o País. Seus proprietários, diretores, repórteres, atores e atrizes ainda são cortejados por aí
Foi o maior vexame para o TSE, que demorava quase uma semana para anunciar os resultados das eleições . Digamos que esses eventos não mais seriam possíveis, e  que as pesquisas que estão sendo divulgadas até agora  são todas duvidosas: Lula tem 42 % dos votos; Bolsonaro, 36%,  Ciro tem 9%, a Tebet ( de um dos maiores partidos do País) 4%  . O Data Folha divulgou recentemente uma nova provocação :  12 %, pelo menos, do eleitorado decide mesmo em quem votar quando está, de fato, em frente  ao desafio de uma  urna. Fiquem espertos . Até aqui a aritmética não bateu.
*Jornalista e professor

História de Brasília

Todos os dias de manhã, um ônibus da Fundação Brasil Central faz uma contra-mão à altura do edíficio da Câmara dos Deputados, virando à direita, no Eixo Monumental, em direção ao Bloco 11. No dia em que houver um desastre, surgirão, então, as explicações, mas aí já será tarde demais. (Publicada em 02.03.1962)

Motivo de piada

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Ilustração: otambosi.blogspot.com

 

         Exercitar o engenho e as artes da política, ao contrário do que pensam os vivaldinos e outros espertalhões, que transformam esse importante instrumento das boas relações humanas em algo sem valia, não é para qualquer um. Exige, além de expertise nesse mister, talento, bagagem cultural e intelectual e uma boa dose de humanismo e ética. Sem esses atributos, fica-se apenas na pequena política, de olho em posições e vantagens, voltada para satisfação do próprio ego, alheio ao mundo em redor.

         É desse mal que padecemos e que nos torna eternos prisioneiros de um subdesenvolvimento crônico e sem sentido. Quando essa deficiência política se estende para além dos assuntos internos e passa a abarcar também os interesses do país no campo internacional, o que se tem é a ruína completa de todo o edifício do Estado e de seu entorno. Saber que países jamais estabelecem laços de amizade e sim relações de interesses econômicos e estratégicos é uma das primeiras lições a serem aprendidas. Os amigos do Brasil são, em primeiríssimo lugar, para os brasileiros e para os que aqui vieram com suas famílias começarem uma vida nova e estão aqui para somar. De resto, o que se tem são interesses, inclusive os mais inconfessáveis. Acreditar, como fez o atual governo, que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, era seu amigo particular e de seus filhos foi não só um engano, como um perigo para o Brasil. Do mesmo modo, crer que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, nutre laços de amizade fraternal e de apreço pelo atual governo e pelos brasileiros é de uma ingenuidade sem par.

          Putin tem tanta simpatia e amizade com o atual governo e o Brasil, como teve com a Ucrânia, que invadiu e vem destruindo, tijolo por tijolo, matando civis e riscando aquele país, outrora uma nação independente. Observem que, nesse caso, assim como os russos, os ucranianos possuíam, com o invasor, uma história comum e até laços consanguíneos. Nada disso prevaleceu.

         Encontrar vantagens em preços de fertilizantes NPK, como nitrogenados, fosfatados e potássicos, que o Brasil passou a importar da Rússia ou a compra de diesel, como vem sendo negociado agora, é um passo no escuro, como tem alertado aqueles que realmente entendem do xadrez das relações internacionais.

         Comercializar abertamente com um país que está na mira do mundo por seu procedimento arrivista e bélico e que pode, na sequência, levar toda a Europa e o planeta para um guerra sem precedentes, é outra demonstração de um infantilismo político e perigoso. Burlar as sanções justas contra a Rússia é se colocar ao lado do agressor e contra as demais nações democráticas, assumindo o lado errado da história.

          Com o ex-presidente e agora candidato Lula, ocorriam os mesmos erros na condução da política externa. Também o demiurgo de Garanhuns acreditava ser o rei da cocada preta. Suas amizades com os espertos irmãos Castros, com Evo Morales, Hugo Chaves e outros ditadores da América Latina, a quem chamava de “irmãos”, custou bilhões de reais aos contribuintes brasileiros, que deles só obtiveram o calote, puro e simples. Podemos imaginar aqui as risadas que esses personagens da tirania latina davam, entre baforadas de charuto, zombando da grande trapaça que aplicaram no brasileiro Lula, em nome de um socialismo que nem eles, nem ninguém mais acredita.

         Não fosse pela alternância de poder e outros atropelos, como o impeachment contra Dilma, esses falsos camaradas de chanchadas, metidos em seus uniformes militares de fantasia, teriam levado até as cuecas dos brasileiros, tudo em nome do socialismo do século XXI.

A frase que foi pronunciada:

“Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e oficial, em uma palavra, opressores e oprimidos, estavam em constante oposição um ao outro, travavam uma luta ininterrupta, ora oculta, ora aberta, que cada vez terminava, ou na reconstituição revolucionária da sociedade em geral, ou na ruína comum das classes em conflito”.

Karl Marx, O Manifesto Comunista

Retrato de Karl Marx (1818–1883). Foto: John Jabez Edwin Mayall – Instituto Internacional de História Social.

 

De graça

Sempre valorizando a arte e a comunidade brasiliense, a Casa Thomas Jefferson apresenta, no programa Sexta Musical, as Obras para Violão de Guerra-Peixe interpretadas pelo violonista Álvaro Henrique, “conhecido por se apropriar da música como forma de comunicação. O concerto será às 20 h, na Thomas da 706/906 Sul.

Violonista Alvaro Henrique toca obras de César Guerra-Peixe no palco do CTJ Hall

Com entrada gratuita, espetáculo será nesta sexta-feira (15), às 20h, na Casa Thomas Jefferson da SEP Sul 706/906

Nesta semana, as Sextas Musicais apresentam ao público o espetáculo Obras para Violão de César Guerra-Peixe. No palco do CTJ Hall, na Casa Thomas Jefferson da SEP Sul 706/906, peças do renomado compositor brasileiro (1914-1993) serão interpretadas pelo versátil violonista Alvaro Henrique, conhecido por se apropriar da música como uma força de comunicação. O espetáculo, nesta sexta (15), às 20h, tem entrada gratuita.

A apresentação terá também transmissão ao vivo pelo YouTube do centro binacional, que conta com o apoio da Embaixada dos EUA na realização de seus eventos culturais. Dessa forma, esse patrimônio de belas apresentações musicais permanecerá disponível online.

Sobre César Guerra-Peixe

César Guerra-Peixe foi o primeiro a se formar como compositor no Conservatório Brasileiro de Música (1944). Em seguida foi estudar com Koellreuter e mesclou serialismo com nacionalismo. Abandonou o serialismo em 1949. Viveu em Recife de  1948 a 1950. Participou do Movimento Armorial.

Guerra-Peixe começou a escrever para violão após retornar ao nacionalismo. Sua primeira peça para o instrumento mistura serialismo com nacionalismo, a Suíte para violão sua Sonata para violão é a primeira sonata para o instrumento feita por um brasileiro. Desenvolvidos a partir de uma trilha sonora que ele escreveu, seus 5 Prelúdios exploram muito cordas soltas com arpejos ao longo do braço do violão. 

A maior parte de sua obra para violão é para iniciantes, como o Caderno de Mariza, as Breves, e as Lúdicas (de Ludos, diversão em Grego). Peixinhos da Guiné é uma composição a partir de uma canção folclórica.

Sobre Alvaro Henrique  

Alvaro Henrique, violonista, percorreu uma longa trajetória para se tornar um intérprete bem incomum. Iniciou seus estudos musicais como um adolescente muito tímido que tinha dificuldade de interagir com outras pessoas. Seu pai pensou que tocar um instrumento ajudaria. Alvaro não estava interessado até ouvir o violão. Alguns dias depois, ele começou a estudar o violão clássico. 

Por sorte, Alvaro entrou numa escola de música que o encorajou bastante a tocar em público. Então, desde o início, notou que a música poderia ser sua forma de se comunicar e se conectar com outras pessoas. Ele podia expressar o que sentia – o que todos sentimos e precisamos dizer – com música em vez de palavras. Portanto, a música é, para Alvaro Henrique, uma linguagem que usa para se comunicar com as pessoas. Todo seu trabalho artístico é baseado nisso, seja pesquisando a expressividade musical (na sua dissertação de mestrado), seja programando recitais que conectam as plateias com um mundo de emoções e histórias que incendeiam ideias, conversas, e significados. Os programas de recital de Alvaro Henrique incluem vários instrumentos de cordas dedilhadas cobrindo uma vasta gama de histórias e culturas. 

Ele toca a antiga vihuela, o violão barroco ateorbado, o violão do século XIX e, claro, o violão moderno. Seu repertório flexível permite apresentações com cinco séculos de música e culturas. 

Alvaro Henrique também estreou obras de vários compositores, como Mario Ferraro e Ernest Mahle. Ele toca obras de Villa-Lobos, Scarlatti,Tárrega e Guerra-Peixe, assim como transcrições surpreendentes de obras de Tchaikovsky e Stravinsky. 

Como solista de orquestra, já se apresentou no Brasil com a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro e com a Orquestra de Cordas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, assim como na Finlândia com a Vaasa Sinfonietta. Estreou 5 concertos, e trabalhou com os regentes Julio Medaglia, Ville Mankkinen, Angelo Cavallaro, dentre outros. 

Com um interesse especial em arte que provoca mudanças, os projetos de Alvaro incluem a encomenda de obras sobre temas sociais. São exemplos o Concerto Que Todos os Ditadores Caiam, de Jean Goldenbaum (inspirado na Primavera Árabe), e Brasília 50, de Jorge Antunes (uma obra para violão e sons pré-gravados que descrevem eventos históricos que ocorreram de 1960 a 2010). 

Comprometido a auxiliar a plateia a realizar conexões significativas com a música, Alvaro com frequência realiza concertos didáticos e aulas-espetáculos em escolas, centros comunitários e asilos. 

Conhecido pelo drama e humor de suas performances, além de suas presença de palco com a plateia, Henrique viajou por 15 países e lançou dois álbuns solo e um DVD. 

Alvaro Henrique é bacharel em violão pela Universidade de São Paulo (USP), possui diploma de Kunstliche Ausbildung pela Hochschule für Musik Nürnberg (Alemanha) e é mestre em música pela Universidade de Brasília. Entre seus principais professores, estão Franz Halasz, Alvise Migotto, Bohumil Med e Zilmar Gustavo Costa. Os recitais, concertos, e gravações de Alvaro Henrique mostram a música primeiramente como uma força de comunicação, e cada projeto transmite uma mensagem.

 O programa do espetáculo:

 – Suíte para violão (5 min): serial + nacional.

 – Sonata para violão (13 min): a obra-prima que você ainda não conhece.

 – Prelúdios 4 and 5 (4 min): uma aula de orquestração com cordas soltas

 – Violão a Bordo, do Caderno de Mariza (2 min): fácil pode ser bonito.

 – Breves II (2 min): música para iniciantes com cara de música.

 – Lúdicas 4 (Berimbau) (2 min): a melhor representação no violão.

A Casa Thomas Jefferson e Brasília

A história da Casa Thomas Jefferson se mistura com a de Brasília. O centro binacional, entidade sem fins lucrativos, foi criado na capital federal para contribuir para o desenvolvimento dos habitantes por meio de experiências singulares em cultura e educação. Idealizada desde a inauguração da cidade por um grupo formado por brasileiros e norte-americanos, iniciou as suas atividades em 1963, modestamente, em salas comerciais na Quadra 510 da W3 Sul e segue fiel ao seu estatuto e compromisso com a sociedade.

A série Sextas Musicais destaca-se no cenário de Brasília e do Brasil e pode ser considerada um patrimônio imaterial da capital por sua contribuição à sociedade, às instituições e à comunidade artística. A excelência em todas as áreas em que a Casa Thomas Jefferson adquiriu ao longo de seis décadas e que agora é expandida para outras cidades no Brasil deve ser considerada, com legitimidade, típica e oriunda de Brasília para o Brasil.

Sobre as Sextas Musicais

As Sextas Musicais são um tradicional evento de Brasília. Desde 1987, a Casa Thomas Jefferson realiza esses concertos gratuitos e com classificação indicativa livre, mantendo-se fiel à missão de conectar e transformar vidas através de gerações por meio de experiências singulares.

Desde 2020, com a pandemia do novo coronavírus, a Casa Thomas Jefferson adaptou as apresentações para o formato on live streaming. Com produção requintada, qualidade de captação e transmissão de som e imagem, as Sextas Musicais demonstram o compromisso e o respeito do centro binacional com os artistas profissionais da música que dedicam suas vidas ao estudo e à performance musical e ao público.

Serviço

Evento: Sextas Musicais com público presencial e transmissão ao vivo

Obras para Violão de César Guerra-Peixe

Alvaro Henrique, violonista

Data: 15 de julho de 2022

Horário: 20 horas

Local: CTJ HALL-Casa Thomas Jefferson – SEP-Sul 706/906

Classificação indicativa: Livre

Entrada gratuita

 

Mestrado

Em Harvard e Yale, está dando certo. Também a Universidade de Brasília passou a ministrar a matéria ‘Felicidade’. Como trazer a felicidade para a família, Medicina, Direito ou para qualquer profissão escolhida. Como chegar à felicidade com o compartilhamento. É um assunto novo e, dessa vez, positivo.

 

História de Brasília

Nêstes últimos dias, o gás engarrafado sofreu um aumento de 20,6%, o que constitui um record sôbre todos os aumentos anteriores. (Publicada em 02.03.1962)

Sem remorsos e sem intrigas

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Charge do Jindelt

 

         Quase sempre incorre em erro aqueles que, em matéria de discussões e de fatos políticos, buscam tirar conclusões apressadas. À ninguém é dado o condão de se colocar como juiz e árbitro, seja no que for, ainda mais quando o que está em pauta são debates acalorados, rixas e todo e qualquer acontecimento havido no mundo político.

         Em assunto desse tipo, o mais acertado e sensato é colocar-se no papel de espectador silente e desconfiado de tudo, até mesmo da sombra. Não há o preto no branco quando a questão é de cunho político. Tudo nesse campo possui a forma de uma densa fumaça, varrida pelo vento forte. O político, pelo menos no nosso caso, e parafraseando o poeta português Fernando Pessoa, é um fingidor.

         Finge tão completamente que chega a fingir que é verdade a mentira que lhe escapa por entre os dentes. Não é por outra que o também escritor realista português Eça de Queiroz dizia com propriedade: “Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão.” Ao contrário dos animais domésticos, não se deve adotar político de estimação. Melhor é ficar longe deles, mantendo-os sempre ao alcance da vista.

         A situação de antagonismos e mesmo de violência vem num crescendo desde que, a partir de 2002, o então presidente Lula passou a dividir o Brasil em duas bandas opostas denominadas “nós e eles”. Foi depois dessa estratégica e metodológica cizânia política que a grande parte dos brasileiros, que ficou alijada do que seria o “nós”, buscou alternativas para não ficar politicamente órfão, principalmente depois de tudo o que assistiu.

          Foi nesse ponto que boa parte da população passou a perceber que todos os valores que mais prezava como família, ética, propriedade e diversas outras, tão caras e universais à dignidade humana, estavam simplesmente sendo solapadas a partir de seus alicerces, num processo perverso de corrosão social que visava apenas ao advento do caos e deste para a consolidação de uma ditadura do proletariado, conforme pregado nos longínquos anos sessenta do século passado.

         O que se vê hoje em forma de fezes lançadas do céu, bombas de lamas, assassinatos e outras sandices vem na esteira que diz: semear ventos e colher tempestades. Lula de fato acabou trombando com um adversário tão radical quanto ele próprio. Deu no que deu. O curioso é que ainda vemos, entre nós, a razia vazia das ideologias, como se elas fossem a ponte segura para atravessar a história do país. Como dizia o filósofo Millôr: “As ideologias quando ficam bem velhinhas vêm morar no Brasil”. O fato é que o leitor e principalmente o eleitor, que lê essa coluna desde sua fundação em 1960, já pode perceber que, ao longo de todas essas décadas, nunca nos guiamos por arautos da política, sejam eles de que cores forem. Do mesmo modo, nunca nos deixamos iludir por falações e outras verborrices regurgitadas a esmo. Usamos o cérebro e o subproduto deste que é a razão para guiarmos e enxergarmos o caminho a seguir.

         Num jogo de boliche, o que permite a bola derrubar todos os pinos numa única jogada é, além do fato dela possuir um desenho perfeitamente geométrico e sem arestas, ser lançada com precisão e força bem no centro desses pinos, dispersando-os igualmente para a esquerda e direita, não deixando nenhum de pé. Assim, pensamos nós, deve ser a imprensa, oposição centrada, capaz de atingir, indistintamente, um lado e outro. Sem remorsos e sem intrigas.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O desespero eu aguento. O que me apavora é essa esperança.”

Millôr Fernandes

Millôr Fernandes. Foto: Daniela Dacorso/Bravo (exame.abril.com)

 

Agência Senado

Dados do senador Paim, vice presidente da Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacionais e Refugiados, mostram o seguinte: o Brasil registrou uma queda de 88,3% no número de refugiados em 2021, quando comparado ao ano anterior. Até o momento, o país tem refugiados de 77 nacionalidades, com Venezuela em primeiro lugar, representando 90,82% dos totais de casos. O número elevado em 2020 ocorreu em razão do fluxo de imigrantes da Venezuela durante a grave crise humanitária. A Síria ocupa o segundo lugar, com 3,91% e a República Democrática do Congo em terceiro, com 1,22% de refugiados

Foto: Getty Images/iStockphoto/direitos reservados

 

De olho

Já na Câmara dos Deputados, O PLN 17/22 autoriza mudar o credor da nota de empenho, durante os procedimentos contábeis relacionados à execução de restos a pagar não processados. Atualmente, no caso de impossibilidade de pagar um credor, é necessário cancelar a nota de empenho e emitir uma nova com o nome do outro credor. Por um lado, o deputado Carlos Henrique Gaguim defende a medida que vai retomar 28 mil obras inacabadas, e por outro, a deputada Adriana Ventura chama de lambança o fato de permitir que os restos a pagar sejam alterados, driblando a transparência.

Foto: congressonacional.leg

 

História de Brasília

O sr. Francisco Mangabeira está disposto a importar gás da Argentina, em troca de automóveis. O gás será utilizado para abastecimento doméstico, já que vindo daquele país poderá sair mais barato que o produzido no Brasil. (Publicada em 02.03.1962)

De olhos bem fechados para outubro

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          Fechar os olhos à realidade em volta é o mesmo que andar descalço sobre um chão forrado de cacos de vidro. Do mesmo modo, de nada adianta parte da mídia fingir que não enxerga a extensa folha corrida ou capivara, no jargão policial, apresentada pelo candidato das oposições e que não para de surpreender a todos pelo acréscimo constante de crimes de toda a natureza.

         Não bastasse o diálogo “cabuloso” que esse ex-mandatário mantinha com as lideranças do crime organizado, conforme revelado por escutas feitas pela própria polícia, a votação surpreendente que o seu substituto, Haddad, receberia da população carcerária nas eleições de 2018, não deixa margem para dúvidas de que estamos diante de um candidato favorito, pelo menos, entre os quase um milhão de presos que cumprem pena nas penitenciárias de todo o país. Mais de 82% desses cidadãos, que, em tese, não deveriam ter o direito de votar, preferem, segundo pesquisa do Globo, que esse candidato assuma o comando do país.

         Não é por outro motivo que, em suas declarações em comícios, volta e meia surgem menções à liberação das drogas, da “injustiça” sofridas pelos “meninos” que roubam celulares, ou quando se mostra orgulhoso por sua cruzada, para libertar, da cadeia, os sequestradores do empresário Abílio Diniz. As ilações de que esse candidato sempre manteve interlocuções com o mais ativo e perigoso grupo do crime organizado são antigas e se sucedem, desde que subiu a rampa do Palácio do Planalto em 2002.

         A mais importante e conhecida jornalista investigativa da Espanha, Cristina Segui, que, há décadas, dedica-se com afinco a acompanhar os bastidores da política ibero-americana, vem fazendo denúncias sérias da conexão existente entre os partidos de esquerda em seu continente e, principalmente, na América do Sul, com o narcotráfico latino-americano. A Segui cita, em sua pesquisa, Lula e Dilma Rousseff como políticos que receberam ajuda financeira para alavancar o Partido dos Trabalhadores, desde seu surgimento nos anos oitenta.

         Toda essa revelação bombástica, e que não recebeu atenção devida da imprensa brasileira, teria surgido a partir da prisão do ex-chefe de inteligência do governo chavista da Venezuela, Hugo Carvajal, conhecido como El Pollo. Extraditado para os EUA, Pollo falou o que sabe e o que presenciou na Venezuela e em outros países como o Brasil, Espanha e Portugal. Há, segundo Cristina Segui, uma extensa rede internacional, formada pelos mais poderosos carteis de drogas, para apoiar, financeiramente, os partidos de esquerda nos dois lados do Atlântico, pois sabem que a ascensão dessas siglas ao poder ajuda a dar proteção ao comércio ilegal de drogas e armas, fazendo vista grossa dessas atividades, ao mesmo tempo em que recebem partes dos lucros com essas transações.

          Essa é, de fato, uma longa e tenebrosa história que deveria merecer uma investigação parlamentar aprofundada aqui no Brasil, mas que, misteriosamente, continua sem o mínimo de atenção. O perigo trazido por essa associação criminosa entre esses cartéis é o da formação de verdadeiros Narco-Estados, como ocorre hoje em países como a Venezuela. Para dar ainda maior tensão a uma situação que em si já é bastante delicada e nefasta, investigações recentes, feitas pela Polícia Federal e que resultou na prisão do maior e mais procurado contabilista do crime organizado do Brasil, mostrou que esse técnico em finanças era também quem fazia as declarações de imposto de renda do ex-presidente Lula há anos, sendo que, no prédio onde estava instalada sua “consultoria”, funcionava também o escritório do Lulinha, outro craque em finanças.

         Para dar ainda mais um tom cinzento a todos esses fatos, recentemente, o notório Marcos Valério, o homem da mala petista, preso e condenado no escândalo do mensalão, resolveu revelar, em delação premiada, os estreitos laços existentes entre o PT e a maior organização do crime que age no país, dando detalhes sobre essas amizades perigosas. Apenas um pouco de todos esses fatos já seriam, num país sério, motivo para parar tudo e dar início a investigações aprofundadas. Mas, em se tratando de Brasil, onde tudo acaba em pagode e roda de samba, todo esse cenário de mau augúrio, que se prenuncia para outubro, é considerado exagero. A fusão do PCC, formando a sigla política PTCC, para a Segurança Nacional, não passa de fake news.

A frase que foi pronunciada:

“Não é o que você olha que interessa. É o que você vê.”

Henry David Thoreau

Henry David Thoreau. Foto: Benjamin D. Maxham

 

I Encontro Regional de Palhetas Duplas do Centro-Oeste

Homenagem ao professor Václav Vinecky, na Escola de Música, com entrada franqueada ao público. Ao piano, Marília de Alexandria; oboé, Ravi Shankar e Sandra Romero; Kleber Lopes, Moisés Pena e José Medeiros representarão a OSTNCS, e o professor Lamartine representará o grupo de Choro do IFG- Campus Goiânia. Também a presença de Roseane Cruzeiro, como palestrante. De amanhã ao dia 10, no Teatro Levino de Alcântara, na Escola de Música, às 19h30.

 

História de Brasília

E as empresas são quase que forçadas a transmitir essas mensagens, apesar das restrições impostas pelo Código de Comunicações. O pessoal da Camargo Corrêa quando quer falar com o sr. José Paulo Viana, usa sinais de fumaça da usina de asfalto, porque o telefone está quebrado há mais de um mês, sem que ninguém o conserte. (Publicada em 02.03.1962)

Alienação ou desilusão

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Charge do Cazo

 

         Ora, ora, ora. O que estaria por detrás do crescente e perigoso desinteresse dos brasileiros pelo processo eleitoral, conforme demonstrado pelo próprio TSE? Você não precisa ser um eminente cientista social para entender que, nessa equação que pode muito bem dinamitar nossa jovem democracia, esconde-se um quesito básico: a qualidade duvidosa de parte dos nossos representantes políticos.

         É nessa flagrante desqualificação moral, ética, administrativa e mesmo política, no sentido exato do termo, que reside todo esse problema e que faz com que mais de um quarto de nossa população venha, a cada eleição, perdendo o interesse pelo mundo político, conforme ele é apresentado hoje ao eleitor brasileiro.

         Dizer que nossos representantes possuem a cara e a alma dos representados não resolve a questão, pois esse é um fato que diz respeito apenas àquela pequena parcela da população que, nessa altura dos acontecimentos, ainda acredita em políticos profissionais e toda as suas falações ilusórias. São esses eleitores que, como massa de manobra, seguem ainda as caravanas políticas ou atrás desse trio elétrico de papelão, de olho sempre nas migalhas que irão cair das mesas fartas desses líderes de si mesmos.

         Essa verdadeira alienação eleitoral, apontada por estudos e que faz, do voto obrigatório, um escárnio nacional, parece ser um projeto bem pensado por essa elite, para incutir na nação a descrença na democracia e seus valores universais.

          Um outro elemento a ajudar nessa desilusão do processo eleitoral vem num pacote só e corresponde a dois pontos também cruciais, todos eles vindos de uma só fonte: o Judiciário. A urna eletrônica, cujos avalistas são os próprios próceres do TSE e a impunidade, é apresentada à Nação,na forma de proteção aos poderosos corruptos de colarinho branco.

         Melhor do que alienação, conforme mostra o estudo da Justiça Eleitoral, seria nomear essa pesquisa pelo substantivo masculino “desilusão”. É esse o sentimento geral e nada parece mais apropriado. Desesperador é notar que, enquanto a população vai virando as costas para as eleições e tudo o que ela tem trazido de nefasto, na contramão desse desdém, observa-se a adesão às urnas, cada vez maior, dos presos e condenados, nos candidatos da esquerda.

         Levantamento feito pelo Globo, ainda em 2019, mostrou que nada menos do que 82,47%, de aproximadamente 920 mil presos, votaram em Haddad, nas eleições de 2018, contra apenas 17%, que preferiram Jair Bolsonaro. Se serve de consolo, o pouco caso da população brasileira em relação às eleições e aos políticos não é restrita ao Brasil. O fato é que essa tendência também é observada em outros países do nosso continente, principalmente aqueles que foram governados pela esquerda política.

         Portanto, esse desencanto não é um fenômeno só nosso, sendo comum a todos aqueles que passaram pela experiência de serem governados pela esquerda. Quem provou não gostou e não esquece. Um momento interessante de volta ao passado é folhear os jornais de 2018 com os resultados das pesquisas e comparar com os nomes dos candidatos efetivamente eleitos. Chega a ser divertido.

         Vale o leitor buscar as pesquisas no portal do TSE. As antigas e as atuais. Nas atuais, o número de entrevistados é ínfimo. O que são 2.000 pessoas escolhendo um candidato? O possível retorno da esquerda ao poder no Brasil, conforme querem fazer crer os “insuspeitos” institutos de pesquisas de opinião, é uma prova de que, a essa alienação eleitoral, vêm se juntar também outros fatores de ordem negativa, como a pouca escolaridade da população, seu grau de dependência assistencialista do Estado, bem como a crença de que governos, ditos “populares”, são democráticos e, portanto, governam em nome da liberdade e exclusivamente para a população. Nada mais falso do que isso. Basta observar o que ocorre em países em que eles estão no poder ou para nosso próprio passado imediato.

 

A frase que foi pronunciada:

“O voto tem sido um direito fundamental em qualquer estado democrático, mas quando as pessoas não se sentem devidamente representadas, os políticos acabam governando uma população desinteressada.”

Publicado no behorizon.org, sobre as eleições na França.

Foto: Francois Mori/AP

 

Origens

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, visitou o Espaço Cordel e Repente – Sertão de Carne e Alma, na 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Conversou com Helena Roraima Leite, filha do poeta e jornalista Rogaciano Leite (1920-1969),  por ocasião do lançamento da 5ª edição do clássico “Carne e Alma”, de autoria do consagrado bardo.  A Bienal foi aberta no sábado e encerra os trabalhos no dia 10.

Marcelo Rabelo. Foto: nilljunior.com

 

História de Brasília

Agora, como se não bastassem os serviços do DCT, os deputados investem, também, contra as empresas de aviação, utilizando seus serviços de rádio. Outro dia, uma empresa não sabia o horário de um avião, porque o tráfego estava congestionado, em virtude do grande número de mensagens de deputados. (Publicada em 02.03.1962)