O Grande Irmão

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Cartaz promocional do filme ‘1984’ com a mensagem “O Grande Irmão está te vigiando” (1956)ALAMY (CORDON PRESS)

 

         Por mais espantoso e surrealista que possa parecer, os ainda cidadãos brasileiros estão, de forma lenta e gradual, aplainando, com as próprias mãos, o terreno para a construção do que pode vir a ser o mais eficaz e moderno Estado ditatorial que se tem notícia. Toda essa distopia vai, a cada dia, ganhando forma e conteúdo, por meio de um mega sistema que vai permeando todo o Estado, contaminando suas instituições, ao mesmo tempo em que prepara todo um arcabouço legal para legitimá-lo, em caso de oposição ou questionamentos.

         Trata-se, aqui, não de uma teoria da conspiração, como alegam seus beneficiários, mas de uma realidade que vai se concretizando a olhos vistos, diante de todos. De um lado, vamos assistindo inertes, o enfeixamento de super poderes nas mãos do Judiciário, com juízes e outros operadores desse Poder, ganhando relevância sobrenatural, operando e interferindo em outras instâncias, legislando e interpretando as leis como bem lhes aprazem, investigando, julgando e punindo, tudo num mesmo pacote, intimidando governadores, prefeitos e até o presidente da República abertamente e, enfim, impondo um clima de medo geral, ameaçando inclusive todos aqueles que ousarem antepor dúvidas sobre seu comportamento. Há aqui uma visível hipertrofia do Judiciário, prejudicial ao que ainda acreditamos ser o Estado Democrático de Direito.

         Um termo pomposo, mas que vai perdendo seu significado real, à medida que os dias passam. Por outro lado, existe ainda uma ameaça tão ou mais sobrenatural para a cidadania vinda justamente de onde se esperava haver uma maior proteção e amparo aos cidadãos. Os ditos representantes da população, com assento no Poder Legislativo, estão, todos eles, por conta de uma atuação estratégica, coordenada e controlada pelos partidos, com o controle absoluto sobre um naco significativo do Orçamento da União, na forma de emendas secretas, tanto de relatoria, como de bancadas ou individuais.

          São dezenas de bilhões de reais, que transitam sem controle, indo diretamente para correligionários, redutos ou currais eleitorais ou para as mãos de amigos, parentes, laranjas e outros grupos, que usam essas verbas para abrir veredas livres para esses parlamentares e para perpetuação desses indivíduos no poder. Nada dessa dinheirama toda, sem carimbo e sem auditoria, é destinada para o benefício de projetos para as populações necessitadas.

          O que se tem aqui é um novo tipo de Orçamento da União sujo, em que o dinheiro do pagador de impostos vai para essa união espúria de grupos parlamentares, que dele fazem o que querem. Nesse verdadeiro oceano de dinheiro em que navegam, os parlamentares contam ainda com os recursos bilionários provenientes dos Fundos Partidários e Eleitorais, todo ele destinado ao enriquecimento de legendas privadas e vazias de conteúdo, para a perpetuação de um sistema viciado em que notórios indivíduos, a maioria com processos cabeludos junto à justiça, permanecem se elegendo, pleito após pleito.

         Leis como improbidade, ficha limpa e outros instrumentos legais, que deveriam trazer alguma proteção e ética à coisa pública, são descartados e sequer mencionados. O que a população parece não ter se dado conta ainda é que está, por meio dos impostos que paga ou que são arrancados pela Receita daqueles que não possuem as blindagens do Estado, financiando a consolidação de um governo e principalmente de um Estado ditatorial, onde a elite política, juntamente com a elite da magistratura, está fechando o cerco em torno dos cidadãos, obrigando-os a custear uma gigantesca máquina burocrática e corrupta, a serviço apenas de um pequeno grupo, que vive naquilo que Machado de Assis denominava, ainda no século XIX, como o Brasil Oficial, longe do que é o Brasil real. É a nossa versão piorada e abrasileirada do Grande Irmão, que bancamos com nosso suor.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Esta é a primeira CPI da história que fecha os olhos para a corrupção.”

Senador Girão sobre estados e municípios que não prestaram contas do que fizeram com o dinheiro público

Senador Girão. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

 

Inacreditável

Mais uma vez, o consumidor, completamente desamparado, é feito responsável pelas perdas das empresas de turismo durante a pandemia. Amiga que buscou o judiciário, não só não conseguiu o dinheiro de volta da viagem que marcou antes da pandemia, como não pode remarcar o mesmo percurso e ainda teve que pagar os honorários do advogado da parte contrária. A sugestão dada para a nova viagem é diminuir o percurso e pagar quase o dobro do que já pagou. Se isso é justiça, precisamos trocar de dicionário.

 

É mesmo

Recebemos uma pergunta do leitor Davi Yamim e não sabemos responder. Alguém viu uma nota de R$200 por aí?

Imagem: bcb.gov

 

História de Brasília

Não posso mais falar com minha vizinha aí do lado. Ela foi para outra página, enquanto nós registramos, daqui, nosso protesto ao Elton e Adilson. (Publicada em 23.02.1962)

Edifício sem portas ou janelas

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Charge publicada no jornaldamanhamarilia.com

 

        Enquanto a terceira via míngua a olhos vistos, deixando milhões de eleitores literalmente sem chão, pendurados no teto pelo pincel, as duas pinças pontiagudas do venenoso extremismo político seguem preparando o que pode ser o bote final.

        É tudo o que falta para levar à morte toda uma nação, que não se alinha, nem de um lado, nem de outro, encurralada que está, nesse ringue, entre a jararaca e o perigoso escorpião. A inexperiência nas artes de fazer política, sobretudo naquele tipo de política à brasileira, em que a prestidigitação e o embuste são ferramentas essenciais para iludir o eleitor, fizeram do possível candidato, Sérgio Moro, um candidato impossível de se encaixar no gigantesco e preordenado edifício das eleições nacionais. Ciro não é terceira via. É apenas o rebotalho de um velho sistema que teima em não sair de cena.

        Nos infinitos labirintos dessa mega-construção, ardilosamente e pré desenhada por dentro, não há espaços para alternativas ou candidatos desprovidos de peçonha letal. O que temos pela frente não são disputas civilizadas e dentro do que o inocente e vestal eleitor imagina. O que há, de fato, é uma batalha ou um UFC, que apontará o próximo vitorioso, que virá justamente para derrotar a cidadania.

        Pelo o que foi visto até aqui, o menos pior, entre esses lutadores verdugos, é o que está à direita do ringue, embora suas chances de vitória, dentro das quatro cordas do tablado de lona, sejam menores, porque, evidentemente, mais tolhidas por um sistema complexo que parece permear todo Estado. É nessa equação de soma zero que o perdedor já está determinado na figura de uma nação inerte.

        Pobre democracia, que aplaina o terreno para uns, embarreira para outros, deixando, sem saída, dezenas de milhões de cidadãos de bem, num país em que essas antigas virtudes são vistas hoje como escandalosas. Surpreende que um país com mais de cinco séculos de história ainda tenha que conviver com o espetáculo insano da política nacional. Pior ainda é que nesse país parece ter perdido a graça de vez. E agora, nem o rinoceronte Cacareco, nem o chimpanzé Tião poderão nos defender no próximo pleito de outubro.

        No meio dessa loucura, fica a pergunta: por que o viável é inviável? E, da mesma forma, por que o inviável é viável? Num mundo onde a brutalidade e a ignorância triunfam, e rendem apreços de uma parcela de eleitores oportunistas e niilistas, não pode haver espaços para a construção do edifício da civilização. Seguimos amuados, como vaticinava o antropólogo Lévi-Strauss, saindo da barbárie, diretamente rumo à decadência, sem ao menos conhecer os frutos da civilização. Pensar que temos ainda tantos e tantos cidadãos brasileiros, imantados pela ética e pelo saber, mas que não se apresentam, trazendo suas lanternas, porque nesse imenso e escuro edifício, erguido por esse sujeito indefinido, chamado sistema, não há aberturas ou portas para a entrada da luz.

 

A palavra que foi pronunciada:

Nunca dê as costas a um perigo ameaçador ou tente fugir dele. Se você fizer isso, você vai dobrar o perigo. Mas se você o enfrentar prontamente e sem vacilar, reduzirá o perigo pela metade. Nunca fuja de nada. Nunca!”

Winston Churchill

Winston Churchill. Foto: wikipedia.org

Situação real

Dados do Conselho Nacional de Justiça indicam que por volta de 27,5 mil crianças foram incluídas no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. A destituição do poder familiar é uma medida tomada quando há o esgotamento de ações protetivas para manter a criança no próprio lar.

Imagem: Divulgação

Turismo

Brasília espera, para o mês de junho, abrigar a maior feira náutica que a cidade já teve. Esforços da Secretaria de Turismo do Distrito Federal nesse sentido são fundamentados na excelente condição de navegabilidade no Lago Paranoá e infraestrutura para receber mais de R$100 milhões em negócios.

Foto: jornaldebrasilia.com

Para todos

Na paróquia do Corpo de Bombeiros Militar, no Setor Policial Sul, o capelão tenente-coronel Fernando Rebouças ministra um Curso de Eficiência Pessoal até 9 de junho, apenas às quintas-feiras. Veja os detalhes no Blog do Ari Cunha.

 

Para o bem

Depois da decisão da Câmara dos Deputados que aprova medida provisória que cria sistema eletrônico de registros públicos, o que a população espera é menos burocracia. A medida vai conectar todos os cartórios entre si, por meio eletrônico. A Secretaria de Economia do DF e a Receita Federal poderiam entrar na rede para compartilhar informações.

Com amor e compaixão

Para todas as mulheres que tiveram coragem de exercer a maternidade, fazendo de seu corpo o abrigo mais seguro até o nascimento. Para todas as mulheres que pariram outras mulheres contrárias à soberania da vida e para as mulheres que foram escolhidas para gerar, ser mãe e optaram por matar. Que hoje seja um dia especial.

Ilustração compartilhada no Pinterest

História de Brasília

Surge, agora, o problema, porque p Exército quer construir imediatamente nos terrenos que foram cedidos pelo prefeito Paulo de Tarso. (Publicada em 23.02.1962)

Fake, fake, fake

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Imagem: migalhas.com

 

        Que decisões tomarão os ministros do Supremo tendo, à frente, o relator das fakenews, quando as investigações, deflagradas por essa egrégia corte, demonstrarem, de forma cabal, que as fontes principais, por onde jorram, em grandes torrentes, a água suja das notícias falsas estão localizadas em terras da esquerda?

        Essa é apenas uma questão que pode definir muito o comportamento desses juízes frente a verdades insólitas. O que se sabe, até o momento, é que essas práticas criminosas compõem hoje um arsenal de ambos os lados ideológicos, embora a patente desta invenção pertença originalmente às esquerdas, sendo, inclusive, um dos itens constantes nas cartilhas políticas dessas facções.

        É preciso observar toda a cena de longe, inclusive as nuances entre verdades e mentiras, inclusive as chamadas pós verdades e mentiras sinceras. De fato, a mentira é um dos componentes fundamentais do ambiente político. Sem esse recurso, encontrado em todo o mundo animal, como mostram as camuflagens e outros mecanismos biológicos para encontrarem alimentos e se protegerem, o que seria da vida sobre a Terra? Sem mentiras não faz política. Muito menos em um país como o nosso, onde as fronteiras entre o certo e o errado são como fumaça.

        O descrédito que tomou conta do supremo é um fenômeno causado pelo próprio comportamento de seus integrantes. Foi essa corte que transformou, em fakenews, toda a exitosa e verídica Operação Lava Jato, ao anular seus efeitos e, principalmente, ao mandar soltar seu maior responsável, lançando um indivíduo, absolutamente ficha suja, goela a baixo na população, com a falsa perspectiva de que, caso reeleito, as urnas e o voto popular sacramentarão sua inocência como quer fazer crer essa corte. Nada mais falso e mentiroso.

        Fôssemos levar ao pé da letra a criminalização das fakenews, seria preciso colocar no xadrez cada político sobre cada palanque. Cada marqueteiro. Cada veículo de propaganda. Cada instituto de pesquisa de opinião. Nada é mais mentiroso do que uma justiça que jamais atinge os poderosos. De todas as centenas de milhares presos agora em nossas penitenciárias, não há um único representante de colarinho branco, nenhum corrupto. Essa não é apenas uma constatação, mas uma farsa e uma demonstração de que vivemos na Terra do Nunca, onde a verdade é sempre o que dizem os poderosos.

         Infelizmente, esse não é um problema apenas nosso, mas que parece atingir todo o mundo, a começar pelo mediático, onde figuras tornam-se celebridades da noite para o dia e do mesmo modo são canceladas. Anita é fake. Pabllo Vittar é fake. Aqui na capital, toda a feira de importados é fake A picanha do Mc Donald’s é fake. A alma mais honesta desse país é fake, os impostos pagos não trazem progresso para a vida da população. Assim como é fake o patriotismo dos eleitores, ao elegerem mentirosos de várias estirpes ideológicas, apenas por sadismo. Não há lugar que se possa olhar nesse mundo, sem que os traços da mentira estejam presentes. As motivações para a Rússia invadir a Ucrânia são fakes. O comportamento da ONU frente a um problema dessa dimensão também é fake. O que não é fake, nesse caso, são as milhares de mortes de jovens dos dois lados. O que não é fake em nosso país é a miséria que aumenta.

       Vivemos tempos estranhos nos quais já não existe certeza alguma. Mesmo o aquecimento global fez do clima, anteriormente funcionando como um relógio suíço, virar uma incerteza e uma fakenews. Se ainda formos olhar pelo ponto de vista do consumidor, verificaremos que a grande maioria das empresas prestadoras de serviços, de luz, água, telefonia e muitas outras são fakes, entregando produtos de má qualidade a preços altos, principalmente as que não têm concorrência. Também são fakes os nossos órgãos de fiscalização da saúde, da aviação, das telecomunicações e muitos outros.

        Estivéssemos em uma monarquia onde o rei fosse um ardente adepto da ética, com certeza ele diria do alto de seu castelo: saiam todos com as mãos para cima! Estão todos presos!

A frase que foi pronunciada:

Ponte é coisa para tempo de gasolina barata. Brasília precisa de metrô decente, por toda a cidade.”

Yuri, turista na Praça dos Três Poderes

Foto: metro.df.gov

 

Peixe Vivo

Vejam, a seguir, uma foto inusitada para os dias de hoje. Na Escola Classe da 308 Sul, as crianças, à espera da abertura do portão, tocam flauta e se divertem fazendo dueto. É uma imagem que dá esperança de um mundo melhor.

 

Comunidade unida

Já acabaram com o complexo aquático do Defer, Claudio Coutinho, agora é preciso que a comunidade lute pelo resgate do Clube de Vizinhança da Asa Norte. Entenda tudo indo à Super Feijoada no clube (vai ter vegana também), que vai acontecer no dia 7 de maio. A venda dos ingressos será feita até o dia 5 de maio.

Cartaz: clubevizinhancanorte.org

 

História de Brasília

Esta, é a situação do regime. Os ministros veem a seu gabinete de trabalho uma vez por semana, e passam o resto dos dias no gabinete político, atendendo aos conterrâneos no Rio, mandando verbas para seus municípios, fazendo cartas para amigos. (Publicada em 23.02.1962)

O formigueiro

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Quem observa toda a cena da política nacional hoje, pairando no alto da paisagem como se fosse um pássaro, pode, de maneira mais clara e racional, entender o que ocorre tanto nos bastidores como à luz do dia, com a intensa movimentação de candidatos e partidos rumo as eleições de outubro deste ano.

O atribulado formigueiro de políticos, que vêm e vão buscando parcerias, alianças, federações e mesmo os apoios buscados até onde ninguém jamais pode imaginar evidencia, na grande maioria dos casos, que vem chegando, de fato, à estação dos acasalamentos de ocasião. O ser humano é o único habitante do reino animal que se move apenas por conveniência, sendo todos os seus movimentos orientados por um racionalismo instintivo que busca muito mais do que sua própria sobrevivência.

O que o faz se mover em determinadas direções é a busca pela satisfação de seus desejos íntimos. No caso aqui, o desejo que faz toda essa dança tresloucada do formigueiro dos políticos é o desejo pelo poder. Não um poder qualquer, capaz de satisfazer desejos momentâneos, como é comum a muitos indivíduos, mas o poder de se tornar o controlador daquilo que o formigueiro mais necessita, que é seu suprimento básico. No caso aqui são os recursos da União.

Esse é, do ponto de vista de quem paira sobre toda essa agitação, o leitmotif dessa dança frenética, faltando seis meses para as eleições. Pensar que toda esse bailado e suas pantomimas, cessariam de imediato, retirando essa espécie de açúcar que tanto atrai as formigas. Ou mesmo lançando sobre elas o inseticida da sensatez, na forma do fechamento das porteiras do Estado à sanha sedenta das formigas. Em outras palavras, toda essa agitação seria encerrada de imediato, retirando dessa dança patrimonialista, o acesso aos cofres públicos.

Sem o dinheiro dos pagadores de impostos, o que restaria desse formigueiro seriam alguns espécimes vagando de um canto ao outro, desorientados , sem saber para onde ir ou o que fazer. Antigamente era ditado, de modo furtivo e premonitório, a sentença: “ou o Brasil acaba com as saúvas, ou as saúvas acabam com o Brasil.” O curioso aqui é observar que a manutenção e preservação dessas saúvas é feita justamente pelas formigas operárias, que operam, em grande número, para manter todo esse sistema imutável.

Por outro lado, observa-se também, para a manutenção do status quo vigente a infestação da máquina do Estado, por formigas mais resistentes. Instalados no alto dos três Poderes da República, longe dos inseticidas da ética pública, estariam as saúvas rainhas, responsáveis pela sobrevivência do restante do formigueiro.

Nos intrincados corredores do Estado, um verdadeiro labirinto infindável de túneis e bunkers, essas rainhas estão protegidas, assegurando a continuidade da espécie. Com a quase extinção e enfraquecimento dos tamanduás, que seriam os órgãos de fiscalização, da Polícia Federal, Ministério Público, Tribunal de Contas da União, Coaf e outros, espécies que poderiam trazer um certo equilíbrio ecológico e político ao formigueiro, o domínio absoluto das formigas, é imposto.

Por certo, essa é uma história que não irá se encerrar depois das eleições. Fechadas as urnas eletrônicas e proclamados os vencedores pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral, em poucos dias, todo o excitado vai e vem das formigas volta a acontecer, dessa vez, para alojar cada uma em seu devido lugar, dando reinício a essa desassossegada movimentação que vai minando e corroendo a terra sob nossos pés.

 

A frase que foi pronunciada:

“Uma geração que muda a lei para nunca ser contrariada não consegue se lembrar de um rei que não seja a própria mesada.”

Em um vídeo anônimo nas redes sociais

 

Virada

Empresa se comprometeu com TSE a segurar megagrupos até o eventual segundo turno da eleição, ou até o ano que vem, diz a imprensa. Não há desespero na causa. Esse aplicativo pode ser substituído pelo Telegram, Tandem, Hello Talk, Speaky, Ablo, Lingbe, e outros tantos. Uma réstia de criatividade e adeus WA!

Foto: Dado Ruvic/Reuters

 

Babel

Caesb não atende pontualmente os prazos estabelecidos por ela mesma para análise de contas. Consumidor que tem a conta retida, por causa desse atraso, recebe mensagem que a conta está atrasada e ele está em débito. O sistema do leiturista não entende o sistema que indica a análise da conta.

Caesb. Foto: destakjornal.com.br

 

Dica

Ótima programação da Rádio Mec agora também em podcasts. É só acessar no Spotify e curtir entrevistas e músicas. De governo em governo, a melhor rádio de música erudita do país sobrevive porque tem qualidade e gente competente trabalhando.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

De ninar

“A Justiça não atende os que dormem.” A primeira lição do Direito pode ser jogada no lixo. O Detran, por exemplo, tem um batalhão de desembargadores que interpreta a lei diferentemente dos juízes de primeira instância, para quem busca a Justiça. Daí, multas de 15, 20, 30 anos atrás jamais prescrevem, mesmo que dezenas de artigos sejam citados como fundamento. O jeito é cantar para que departamentos como esse continuem dormindo.

Foto: detran.df.gov

 

História de Brasília

Como o número de promissória era muito grande, resolveram mandar cobrar. Os colaboradores recebiam e não prestavam conta, e, o mais grave, recebiam de uns médicos e de outros não, havendo, então, a denúncia de que alguns médicos pagavam propinas aos cobradores para receberem de seus doentes. (Publicada em 21.02.1962)

Nem o Código do Consumidor nos salva

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Charge do André

 

         Com a aprovação do famigerado instituto da reeleição, principalmente para os cargos majoritários de presidente da República, governadores e prefeitos, o que foi feito na realidade foi o escancaramento total dos cofres públicos da União, dos estados e municípios para bancar a recondução desses políticos, que não se avexam, nessas ocasiões, em usar e abusar da caneta e das prerrogativas que possuem para manterem-se no poder.

         Quem perdeu com isso foi, além dos eleitores e pagadores de impostos, toda e qualquer oposição real que venha a se formar para essas disputas. Criou-se, com isso, um quadro de disputas eleitorais totalmente injusto para a maioria dos candidatos. Somado a esse fato desalentador para as disputas, os chamados políticos profissionais, ou seja, aqueles que construíram suas vidas e principalmente suas finanças exclusivamente em função dos cargos que vêm ocupando ao longo das décadas e que jamais abriram mão, cuidaram logo de criar outro famigerado instituto, representado pelos fundos eleitorais e partidários, todos eles carreados, sem muita cerimônia ou fiscalização, para as mãos desses profissionais da política.

         Quando o pobre do contribuinte brasileiro, extorquido e tosquiado por uma das maiores cargas tributárias do planeta, acreditou que a reeleição e os bilionários fundos partidários e eleitorais seriam os únicos encargos que teriam que bancar para custear a imensa e parasitária classe política nacional, eis que esses profissionais em esperteza deram um jeito de criar ainda outro mecanismo maroto para depenar, até a última pena, o já esfrangalhado cidadão.

         Inventaram as emendas de relator, emendas de bancadas, além das emendas secretas para destinar vultuosos recursos públicos para seus nichos eleitorais, sem fiscalização dos órgãos competentes, criando um largo duto por onde tem escoado centenas de milhões de reais dos cofres públicos, a perder de vista. Os segredos impostos ilegalmente sobre esses recursos podem ser entendidos apenas tomando-se ciência exata da destinação dessa dinheirama.

          A maior parte desses recursos acabam nos bolsos de empresas amigas ou de familiares, numa aritmética enviesada onde o único a sair perdendo é sempre o contribuinte, um otário cujas obrigações florescem como erva daninha, enquanto os direitos morrem desidratados. Somados todos esses números fabulosos, inventados por pródigas e malévolas mentes, o que temos como resultado concreto dessa operação de adição mostra, claramente, que a montanha de dinheiro público, extraída a fórceps dos contribuintes, que bancam ainda uma exótica e dispensável Justiça Eleitoral, que não tem sido capaz de presentear os brasileiros com uma democracia digna do nome.

         Pelo contrário, o que estamos bancando, a preço de ouro, é um modelo falido, a atrair uma classe parasitária, incapaz de compreender as necessidades do país e sobretudo dos cidadãos. De um modo sucinto, como prevê até o Código do Consumidor, em seu artigo 26, estamos pagando caríssimo por um produto falsificado e com defeito ou problema de fabricação. Tudo isso sem indenização, compensação ou reparação. Sendo que, em caso de protesto pelo atendimento, o cidadão ainda corre o risco de vir a ser penalizado e preso.

A frase que foi pronunciada:   

“Quando agentes públicos se revelam incapazes de diferenciar parte de todo, a população se dá conta que o Estado está desvirtuado de suas finalidades e os recursos estão sendo apropriados por predadores sociais, em atentados contra o pacto social que justifica impostos e Estado. É tão difícil entender isso? Um político que entendesse essa diferença e agisse de acordo seria aceito prazerosamente como presidente vitalício. Alguém se habilita?”

Nosso leitor, Rubi Rodrigues

Direitos coletivos

A ideia do leitor Dario Maia é uma bela Ação Civil Pública partindo da nota fiscal que os hospitais apresentam aos planos de saúde. Quem tiver o cuidado de analisar os detalhes vai ficar espantado com as cobranças e valores. Fica a dica do leitor.

Charge: Bier

 

Deu certo

Ana Mascarenhas, gerente de Eficiência Energética da Neoenergia, avisa que, no mês de outubro, será lançado o próximo edital de chamada Pública para a seleção de projetos de eficiência energética. O sucesso da ação no campus da Universidade de Brasília na Ceilândia indica que a iniciativa é um sucesso.

Ana Christina Mascarenhas. Foto: Michele Souza/Acervo JC Imagem

 

História de Brasília

E mais: quando uma pessoa pede para ir para o Palace Hotel, os motoristas alegam que fica longe, que é mau para o hóspede, e que lá é lugar de turismo e de exploração. É uma concorrência desleal e descortez. (Publicada em 21.02.1962)

Cacicocracia

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Charge de Jorge Braga

 

          Mesmo tendo se livrado, parcialmente, do coronelismo e suas vertentes, o Brasil ainda experimenta algumas cópias mal feitas desse fenômeno do folclore político nacional. O atual candidato pelo PDT, Ciro Gomes, chamado por muitos de “coroné”, busca, insistentemente, espaço na vida pública do país para exercer seus dotes de mandonismo, embora sua performance fique longe do que deseja hoje o eleitor brasileiro.

          Nem bem parece ter enterrado o coronelismo, o país assiste agora ao fortalecimento de uma segunda praga política, representada pelo caciquismo ou o que seria a preponderância dos presidentes de partidos dentro do ordenamento político e institucional do país. Trata-se aqui não de uma praga tão nova, mas que vem adquirindo, nos últimos anos, uma força extraordinária muito mais em razão dos vícios que exibem do que pelas virtudes raras.

         Na verdade, falar em presidente de partido, não esclarece precisamente a posição desses mandatários dentro das legendas. O certo e inegável é que essas figuras de proa, raposas descoladas e experientes nas artes da engabelação política, são, e não negam, donas dessas legendas, que comandam como bem querem, atraindo e repelindo outras parcerias, sempre de acordo com a mudança dos ventos.

         A impossibilidade de candidaturas avulsas realça, ainda mais, esse poderio dos caciques. Somente através deles e com suas bençãos é que os candidatos podem disputar almejar algum cargo público. Eles dominam o país e submetem tanto os correligionários como o próprio governo a agirem de acordo com suas pretensões.

         Depois da opressão representada por sindicatos, coronéis, chega agora a vez, na história política do país, da opressão exercida pelos partidos, que nada possuem de democrático e que são guiados para muito longe do que seria o interesse público. Longe do público, mas perto do privado e da cobiça pessoal. Não há identificação alguma entre o grosso da população e quaisquer desses partidos que aí estão. Representam a si próprios e os seus.

         A população, na figura dos eleitores, entra nesse esquema apenas para referendar o modelo viciado, que é causa e consequência do atual estágio sócio econômico do país. Os fundos partidários e eleitorais, a turbinar esses clubes políticos com bilhões de reais, extraídos contra a vontade dos contribuintes, deram a essas legendas, um poderio sem igual, elevando os caciques dessas siglas à posição de verdadeiros plutocratas. Eles decidem quem serão os deputados, senadores, governadores e prefeitos que disputarão o pleito deste ano, quem sairá como candidato da legenda na disputa para presidente da República, isso se não decidirem antes que a sigla não lançará candidato ao Executivo.

         De fato, eles decidem e organizam a distribuição de candidatos em cada cargo. Exercem o poder pelo poder. Não há hoje, no país, empresa alguma mais lucrativa do que um partido político. Não surpreende, pois o número é exorbitante de legendas, todas elas muito bem posicionadas em cada teta do Estado.

         Estamos diante de um fenômeno que cresceu e até merece hoje um neologismo: a cacicocracia. Estamos aqui diante de um novo modelo de velhas práticas, em que a carne putrefata permaneceu a mesma, mudando apenas as moscas por cima. E pensar que uma reforma política séria poderia dar um fim nessa moscaria. O que ocorre é que, aparentemente, os eleitores parecem ter se acostumado a esse ambiente mal cheiroso.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Meu caro jornalista, isso me deixa bastantemente entristecido, com o coração afogado na daceptude e no desgosto. Numa hora em que eu procuro arrancar o azeite-de-dendê do estágio retaguardista do manufaturamento (…), me vêm com esse acusatório destabocado somentemente porque meia dúzia de baiacus apareceram mortos na praia.”

Odorico Paraguaçu

Odorico Paraguaçu. Foto: Acervo TV Globo

 

Encontro

Dona Gardênia, da paróquia Nossa Senhora de Fátima, avisa que, neste ano, a quermesse não será na Igrejinha e sim na igreja da 705 Sul. Começa no primeiro dia de maio.

Cartaz publicado no perfil @pnsfatimabsb no Instagram

 

Teatro

Plínio Mosca registra seu pesar pela morte de Hugo Rodas, “o uruguaio mais candango do mundo”. “Era um sujeito brilhante. Um artista com enorme domínio do espaço e da noção do tempo que precisa ser dado entre cada réplica que os atores interpretam.”

Hugo Rodas. Foto: Gustavo Moreno/CB

 

Social

No Dia Mundial das Doenças Raras, em parceria com a Empresa Brasil de Comunicação, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humano lançará uma websérie sobre o assunto para que a sociedade possa conhecer a realidade das pessoas com doenças raras. Vânia Tiedo é a  coordenadora-geral das Pessoas com Doenças Raras do Ministério.

Foto: Reprodução/YouTube

 

História de Brasília

Os motoristas do aeroporto estão recebendo propinas para levarem hóspedes para o Hotel Imperial. Há, na portaria no Hotel Nacional, a reclamação de diversos hóspedes fazendo essa denúncia. (Publicada em 21.02.1962)

Hidra de Lerna

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Ilustração: amenteemaravilhosa.com

 

        Na mitologia grega, a Hidra de Lerna aparece como um monstro com corpo de dragão e várias cabeças de serpente, que habitava o grande pântano da Argólia. Quando cortada uma de suas cabeças, outras nasciam em seu lugar, o que significava ser esse um monstro impossível de ser vencido pela força humana.

        Para alguns historiadores, essa seria uma alegoria que tentava explicar doenças como aquelas transmitidas por moscas ou mesmo pela água contaminada, que matavam as pessoas por infecções microscópicas, bacteriológicas e outras enfermidades desconhecidas naquele período. De qualquer forma, a lenda dessa besta sobreviveu por dezenas de séculos, querendo significar ou reafirmar as limitações humanas frente a um problema que, por suas características próprias, encontra-se num nível inalcançável para as pessoas comuns.

        Tal ideia figurada pode muito bem ser transportada para os tempos atuais, em nosso país, para explicar a complexidade e mesmo a tarefa monumental que o combate à corrupção requer das forças humanas, uma vez que sua origem e defesa é feita justamente por pessoas poderosas e de grande preponderância junto aos governos. O cidadão comum, mesmo diante do entendimento de que essa é uma urgência nacional, vê-se incapacitado e mesmo impendido de lutar contra esse monstro de múltiplas cabeças.

        A corrupção, ao adquirir entre nós um status de problema sistêmico, transformou-se numa verdadeira Hidra de Lerna moderna, que, se não for dizimada a tempo, fará toda a nação de vítima. Suas várias cabeças representam os diversos estamentos dentro da máquina do Estado, dominados e infectados por esse monstro.

        Quando se combate um, outro parece nascer em seu lugar, tornando essa tarefa um trabalho apenas para os deuses. No nosso caso particular, esses deuses, ou pessoas extraordinariamente capacitadas para combater essa praga, existiram por um breve período de tempo, mostrando ser possível enfraquecer e até matar essa Hidra que hoje habita o pântano da Praça dos Três Poderes.

        Trata-se de uma tarefa sobrehumana ou, mais precisamente, suprapartidária. A questão aqui é que todo esse trabalho tem, necessariamente, que ser iniciado dentro do Congresso, com a formação de uma bancada numerosa e disposta a pôr um fim a esse monstro.

        O que os brasileiros assistem hoje, entre inertes e impotentes, é a resistência ao combate a essa praga e até a sua defesa aberta vinda justamente de quem menos se podia esperar esse comportamento malsão. Unidos nesse desidério, estão todos os Poderes da República com o Judiciário à frente e tendo o Legislativo e o Executivo na retaguarda. As várias cabeças dessa Hidra são compostas ainda por empresários envolvidos na Lava Jato, os mais caros escritórios de advocacia do país, o Tribunal de Contas da União, além de parte da imprensa que aposta no retorno do ícone de todo esse caos. Há poucos dias, o ainda candidato e um dos paladinos no combate à corrupção, Sérgio Moro, denunciou a trama que vem sendo levada a cabo pelo notório ministro Gilmar Mendes para anular todas as sentenças oriundas da Operação Lava Jato.

        Aos poucos, cada procurador que atuou contra os poderosos vão sendo espremidos contra a parede. Pedidos de indenização em dinheiro por supostos abusos são facilmente referendados pela justiça, como foi o caso da recente envolvendo Deltan Dallagnol e o chefão petista. Agora, novamente o Tribunal de Contas da União move ação contra Dallagnol por gastos em diárias durante a execução da Operação Lava Jato. Para ele, o que o TCU está mostrando com essa decisão é que se tornou absolutamente perigoso combater a corrupção no Brasil. Além disso, toda essa movimentação de procuradores, indo e vindo de diversas partes do país, possibilitou a recuperação de mais de R$ 15 bilhões desviados por essa sofisticada quadrilha formada por políticos e empresários.

        Até abril desse ano, R$ 25 bilhões, não corrigidos, já haviam sido recuperados graças à atuação dos antigos procuradores da Lava Jato, sendo que a Petrobras é uma das maiores beneficiárias dessa devolução. Para Deltan, qualquer cálculo simples de economicidade pode provar que a Lava Jato foi boa para o país. Na opinião de Deltan Dallagnol, o que há em todo esse processo é uma clara retaliação e intimidação aos antigos procuradores. Querem, por todos os meios, caçar direitos políticos e punir quem ousou investigar poderosos da República.

        A mensagem recebida pelos brasileiros que bestificados acompanham essas ações tortas é que, futuramente, ninguém ouse combater a corrupção. Dallagnol diz que essa luta contra os corruptos só terá efetividade caso a população consiga eleger uma grande bancada dentro do Congresso, comprometida com o combate à corrupção, o fim do foro privilegiado, o fim dos fundos partidários e eleitorais, a prisão em segunda instância e outras pautas de interesse da ética pública.

 

A frase que foi pronunciada:

Os lugares mais sombrios do inferno são reservados para aqueles que mantêm sua neutralidade em tempos de crise moral.”

Dante Alighieri

Dante Alighieri. Imagem: reprodução da internet

Imobilidade

Na 106 sul, um container no meio da calçada impede cadeirantes de seguir caminho.

 

Honra ao mérito

Amigos de dona Inas Valadares estão convidados para participar, no dia 18 deste mês, da homenagem às 70 pioneiras, no auditório do Centro de Convenções Ulisses Guimarães. A iniciativa é da Secretaria de Turismo.

 

História de Brasília

Doutor Ataulpa, há a informação de que a TCB vai suspender os ônibus do Gaminha, por falta de estrada. A conservação das molas está cara, e a companhia está estudando uma maneira de suprimir a linha, se não houver melhora da pavimentação. (Publicada em 21.02.1962)

O avanço da morte

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Foto: Divulgação/CIMI

 

           Enquanto avança na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei de autoria do governo (PL191), também conhecido de PL da mineração, vai levando, em seu encalço e cada vez mais, uma multidão de garimpeiros e aventureiros de toda a ordem e de todos os cantos do país para dentro das terras indígenas. O tal projeto que, obviamente tramita em regime de urgência para não dar tempo para que a sociedade acorde para mais esse absurdo, regulamenta, em sua ementa, o § 1º do art. 176 e o § 3º do art. 231 da Constituição: “para estabelecer as condições específicas para a realização da pesquisa e da lavra de recursos minerais e hidrocarbonetos e para o aproveitamento de recursos hídricos para geração de energia elétrica em terras indígenas e institui a indenização pela restrição do usufruto de terras indígenas.”

        Traduzido numa linguagem clara e direta, o que o PL autoriza é a marcha da insensatez e até mesmo do que seria um genocídio anunciado e autorizado pelo Estado contra os povos indígenas, apenas para atender a sanha e o desejo de uma minoria política e econômica que exerce preponderância dentro do atual governo. Depois do PL do Veneno, aprovado, chega a vez agora desse monstrengo, liberando, legalmente, a invasão das terras e reservas indígenas. Nossa fotografia de momento perante um planeta que luta para sair do impasse do aquecimento global nunca esteve tão manchada.

        Os relatos assustadores, que chegam a todo o momento, de diversos povos, sobretudo dos Yanomanis, mostram as consequências dessa infâmia a chocar os brasileiros e o mundo. Trata-se aqui de mais um episódio a macular nossa história com as tintas indeléveis do sangue de inocentes. Acometidos por uma espécie de transe febril pelo ouro, um distúrbio psicológico e profundo conhecido a milhares de anos aqui e em outras partes, centenas de homens brancos, em busca de metais e pedras preciosas, vão deixando nas matas virgens uma longa trilha de crimes.

         É o que esses povos indígenas acreditam ser, dentro de sua cultura milenar, a maldição das pedras reluzentes a enlouquecer o homem branco, transformando-o em fera sem alma. Não só os garimpeiros parecem movidos por esse anátema, mas, principalmente, o próprio chefe do Executivo, que não esconde seu ódio pelos povos indígenas. Em várias ocasiões, esses povos vêm sendo atacados, inclusive perante a ONU, acusados de serem os responsáveis pelas queimadas na Amazônia, entre outros crimes.

        Em pronunciamento, ainda como deputado, Bolsonaro chegou a lamentar que a nossa cavalaria, à semelhança do que acontecera nos Estados Unidos, tenha sido incompetente ao não eliminar os nossos índios. “Não tem terra indígena onde não tem minerais. Ouro, estanho e magnésio estão nessas terras, especialmente na Amazônia, a área mais rica do mundo. Não entro nessa balela de defender terra pra índio”, disse em 2015. Segundo ele, as reservas indígenas sufocam o agronegócio. Conhecemos muito bem o resultado desse feitiço e o que essa busca desenfreada pelo ouro tem provocado ao longo do tempo. A lista com os resultados dessa atividade primitiva de extração é longa e repleta de crimes de tod o tipo.

        O que fica como subproduto dessa exploração são doenças, violência, assassinatos, estupros, muita miséria e devastação nas terras onde esses minerais ocorrem, sendo inexistentes quaisquer traços de progresso ou de melhorias, tanto para habitantes locais como para os forasteiros. Já vimos esse filme de horror em lugares como Serra Pelada. Sabemos também das consequências nefastas desse tipo de atividade. Mais do que isso, sabemos, muito bem, o fim dessa história e o rastro de destruição e de morte que deixa para trás.

        Então por que seguir nesses intentos, aprovando, a toque de caixa, projetos como o PL 191, do Executivo? Caso venha a ser aprovado, como crê o governo e sua bancada de apoio, não será surpresa que em mais essa façanha, contra o bom senso e a ética humana, venha a ser apresentada mais uma acusação contra o atual mandatário perante o Tribunal Penal Internacional. Os brasileiros, que nada parecem saber dessa história macabra, figurarão como coadjuvantes de mais esse atentado, quer queiram ou não. Afinal, todo esse massacre é feito em nome do progresso da nação. Um progresso que já não é apenas o avanço da poeira, mas como diria o filósofo de Mondubim: “o avanço da mulher da foice”.

A frase que foi pronunciada:

Nunca tratei de lobby e nem tampouco articulei qualquer reunião com lobistas. Trabalho em favor da legalização da atividade, em áreas legais, permitir a atividade em áreas que possam ter atividade econômica. Dentro de rigores técnicos e licenças ambientais, somente em áreas permitidas”.

Deputado federal Joaquim Passarinho, autor do Projeto de Lei 6.432 de 2019, que facilita a venda do ouro.

Deputado federal Joaquim Passarinho. Foto: camara.leg

História de Brasília

Dá nesses vexames, as promessas que os candidatos fazem em nome da Prefeitura. A ligação da luz na Asa Norte não pode ser prometido por ninguém. É um problema técnico, e tem seu tempo. (Publicada em 21.02.1962)

Indo para o fogo

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Lula e Alckmin. Foto: Sebastião Moreira/EFE

 

          Teoria, cujo conceito se insere no campo da especulação, pode, no caso da chapa formada agora com Lula na cabeça e Alckmin de vice, induzir as mentes mais férteis a acreditar que esse arranjo desengonçado esconde muito mais do que se observa em primeiro plano. Há algo nessa formação que escapa aos princípios da lógica e nos leva ao campo hipotético das mais diversas e surpreendentes divagações.

         Primeiro ficamos a imaginar que explicações o próprio Alckmin buscou, em sua criatividade, para explicar essa junção à sua mulher e aos seus familiares. Que desculpas arranjou para justificar a adesão a esse novo companheiro? Depois de tudo, que teorias teria elaborado para defender essa nova posição diante do espelho e para seu íntimo?

          Pela experiência acumulada ao longo das décadas como político, soa improvável que Alckmin não tenha percebido que estava entrando numa espécie de cilada, armada pela esperteza matreira de Lula. Por certo, muitos dos antigos amigos de Alckmin, antes de se afastarem dele, devem ter o alertado para os perigos que corre com essa chapa e as muitas possibilidades de que ela venha resultar no sepultamento da carreira política do ex-governador de São Paulo.

         As teorias se seguem, e por um motivo que nada tem de especulação e pode ser reforçado apenas olhando a biografia de Lula e principalmente seu histórico na justiça. É bem provável que, tão logo essa união esdrúxula surta os efeitos esperados pelo demiurgo de Garanhuns, Alckmin seja ejetado, sem paraquedas para fora da aeronave petista. Nada que venha desse submundo da política petista é livre de condenação. Talvez esta artimanha esteja ligada às eleições em São Paulo, onde Lula e sua turma deseja há décadas, pôr as mãos.

         Retirando Alckmin desse caminho, a eleição de um poste lulista é mais provável. Mas como a história do Brasil parece seguir um enredo dentro do estilo literário surrealista, à moda Gabriel Garcia Marquez, tudo pode acontecer, inclusive o impensável. Nesse campo das teorias da conspiração caberia a especulação de que Lula já estaria ciente de uma doença terminal e deixaria Alckmin como herança sua na presidência, tão logo tivesse de ser afastado por problemas de saúde. Há ainda as hipóteses de que seria o vice-presidente Alckmin que iria governar de fato, deixando o mandrião Lula à solta para fazer o que mais gosta: nada.

         Depois da decepção com Dilma, que arruinou sua biografia e foi uma das responsáveis indiretas por sua prisão, Lula não poderia errar na escolha de um novo companheiro de aventura. Essa tese é reforçada ainda pelo afastamento que Lula tomou em relação a muitos companheiros, como é o caso de José Dirceu. Ao menos publicamente ele encena esse afastamento. Na verdade, nada se sabe de Lula, a não ser sua capacidade mimética, já confessada, de ser uma metamorfose ambulante. Pode ser também que não seja nada disso e essa chapa tenha saído da cabeça de Lula apenas por um desejo de se aliar à um gestor com experiência comprovada e credibilidade como Alckmin. Ou mesmo Fernando Henrique mexendo as peças do tabuleiro. Pode ser ainda que Lula, do alto do seu ego tenha pretendido surpreender sua atual namorada, tão enrolada quanto ele com a justiça, presenteando à ela com o cargo de primeira-dama do Brasil.

         Seja o que for, estamos no caso de vitória dessa chapa, não apenas no sal, mas indo direto para a fritura numa churrasqueira gigante.

A frase que foi pronunciada:

“Os brasileiros estão vacinados contra o modelo lulo-petista de confundir para dividir, de iludir para reinar. Mas vejam a audácia dessa turma. Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder! Ou seja, meus amigos. Ele quer voltar à cena do crime.”

Geraldo Alckmin, em 2017

 

Na real

Ficou mais fácil escolher. Lula resolve adotar a linha de Bolsonaro e só falar a verdade. É a favor do aborto, disse que a elite brasileira é escravocrata, que a classe média ostenta padrão de vida mais alto que o necessário, convidou militantes e CUT para protestar em frente à residência de parlamentares, prometeu a demissão de 8 mil militares. Agora é só votar.

 

De cabeça

Luiz David é o modelo do barbeiro Mateus Lili, da Ceilândia. Super criativo e com habilidade artística, Mateus deixa verdadeira arte na cabeça da rapaziada. Veja as fotos a seguir.

 

História de Brasília

É que êles foram ao Prefeito em companhia de um candidato desprestigiado. Até hoje a luz não foi ligada, e êles voltam a pedir ao sr. Sette Câmara, desta vez através do jornal. (Publicada em 21.02.1962)

Semipresidencialismo

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Charge do Laerte

 

          Enquanto os principais postulantes ao Poder Executivo seguem em suas evoluções em torno de uma única cadeira de presidente da República, incluindo, nessa dança, a turma titubeante da terceira via, a Câmara dos Deputados, por orientação de seu presidente e por estratégias articuladas dentro do Palácio do Planalto pelo pessoal do Centrão, vai alinhavando o novo modelito a ser envergado pela República a partir de 2030, também conhecido como semipresidencialismo.

        Na verdade e na prática, o semipresidencialismo, esse sistema executivo dual, em que o presidente divide o poder executivo com um primeiro-ministro e um conselho de ministros que respondem diretamente ao Congresso, já vigora, de forma transversal, desde a consolidação do chamado presidencialismo de coalizão e desde a formação de blocos como o Centrão e outros.

        O que é feito aqui nessa reforma do traje da velha e carcomida República pode ser tanto um novo e elegante smoking, como uma fantasia de Jeca Tatu, com remendos e outras bizarrices de alfaiataria. Só o tempo dirá. O que já se sabe é que já existe um grupo de trabalho debruçado sobre esse delicado tema. É preciso lembrar também que, aproximadamente há três décadas, os brasileiros decidiram, por plebiscito, a permanência do sistema presidencialista por ampla maioria, sendo que, ao longo dos anos, esse modelo foi, por motivos não tão nobres, perdendo terreno e hoje já aparece, inclusive, com os parlamentares controlando parte significativa do próprio orçamento da União, o que anteriormente era função exclusiva do Executivo.

        Se existe hoje uma chamada terceira via que seja politicamente viável, essa é a que já existe, de fato, dentro do parlamento. Nada de errado haveria nessa nova modalidade de governo partilhado entre Executivo e Legislativo, não fosse o problema da pouca ou quase nenhuma credibilidade que o Legislativo goza junto à população.

        Povoado hoje por figuras que respondem a todo tipo de acusações junto à justiça e que, em boa parte, perfaz quase todo o volumoso código penal, dividir as responsabilidades de governo com esse pessoal seria, no mínimo, uma temeridade. A providência prioritária, depois do enxugamento da enorme lista de partidos e que se faria necessária e urgente, seria afastar toda a turma de políticos enrolada com as leis, por meio, inclusive, do fim do foro de prerrogativa e da reinstalação da prisão em segunda instância.

        Sem providências mínimas de saneamento da área política, o semipresidencialismo, por suas características peculiares, não apenas aprofundaria os casos de corrupção, como tornaria sua prática uma moeda corrente, cujo lastro seria a institucionalização da impunidade.

        Essa ideia de que o novo modelo representaria uma solução ágil para as crises políticas, simplesmente não se sustentam, quando se verifica que parte desses fenômenos de instabilidade institucional tem origem e raiz dentro do próprio congresso. Em termos de modernidade de governo, o semipresidencialismo pode ser uma boa solução se, somente se, houver uma reforma política que impute a esses atores as responsabilidades que a função exige e as penalidades que o novo modelo deve impor.

        A extensão do velho balcão de negócios ligando o Palácio do Planalto ao Congresso por cima da praça dos Três Poderes é tudo o que os brasileiros não necessitam. Se essa união de governo vier de fato, será necessário ainda redobrar também a atenção de todos, fortalecendo e dando maior independência aos órgãos de fiscalização e tornando os mecanismos de transparência tão translúcidos como diamante. Não será uma tarefa fácil.

A frase que foi pronunciada:

Um homem que não se ocupa de política deve ser considerado não um cidadão tranquilo, mas um cidadão inútil”.

Sócrates

Sócrates – A estátua de Sócrates na Academia de Atenas.         Obra de Leonidas Drosis (d. 1880). Foto: wikipedia.org

Convite

Adirson Vasconcelos e o Instituto Histórico e Geográfico do DF convidam para o lançamento da Enciclopédia com as Palavras Mais Fortes da Língua Portuguesa. Dia 14 de abril, às 19 h, na sede da instituição, na 703//903 Norte.

Correio Braziliense

Nossos agradecimentos pelas palavras do leitor Simão Guimarães.

Clássicos

Logo abaixo, os melhores concertos da cidade neste mês.

História de Brasília

É que êles foram ao Prefeito em companhia de um candidato desprestigiado. Até hoje a luz não foi ligada, e êles voltam a pedir ao sr. Sette Câmara, desta vez através do jornal. (Publicada em 21.02.1962)