Pegadas de destruição

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: CBMDF / Divulgação

 

Na sequência de fotos, em que aparecem diversas pegadas impressas na areia, o autor quer chamar a atenção para as flagrantes diferenças que os rastros, deixados para trás, por animais e homens, causam na paisagem e, por conseguinte, ao meio ambiente. Os animais passam pelo local sem causar dano algum ao ambiente, deixando apenas as marcas de suas patas na areia.

Já os humanos, considerados o ápice da criação e o mais inteligente e apto dentre os animais, deixa atrás de si, uma verdadeira montanha lixo, formada por produtos que ele simplesmente descartou no ambiente sem o menor cuidado. Essa é uma imagem frequentemente vista em todo o mundo. Por onde quer que os seres humanos transitem, logo é possível observar o rastro de sujeira, de lixo e de depredação ambiental causado por sua presença.

Infelizmente, a sofrível ou mesmo a inexistência de uma educação ambiental mínima, reduziram os habitantes, da maioria das grandes cidades espalhadas pelo mundo, a perigosos bandos de selvagens, que, pouco a pouco, vão destruindo o planeta que habitam, num comportamento aparentemente suicida de quem retira o próprio chão sob os pés. O que vem ocorrendo em toda a parte dentro de nossas fronteiras e, particularmente, na região que escolhemos habitar, aqui no Centro-oeste, não pode ser traduzido por palavras, tamanha é a falta de sentido com que lidamos com os recursos naturais, que permitem nossa existência.

Os caudalosos e cristalinos rios que, até há pouco tempo, cortavam todo o Cerrado, fazendo, desse delicado bioma, um verdadeiro berço das águas a irrigar todo o país e que, no passado, foi uma das principais motivações para a transferência da capital, do litoral para o interior, hoje encontram-se, em sua maioria, ameaçados pela presença humana e por um tipo de exploração irresponsável da terra, que transformou os alimentos em commodities vendidas a preços de dólar.

É em nome de um agronegócio que desconhece o valor da vida, e que serve apenas para o enriquecimento de um pequeno grupo, que vão sendo feitas a transformação do Cerrado em extensos latifúndios, de monoculturas transgênicas, infectadas por pesticidas de alto poder de toxidade, que o progresso avança por cima de tudo e todos. Visto de cima, o Parque Nacional está praticamente cercado pelo agronegócio. O que ocorre hoje com a Chapada dos Veadeiros e com todo o Parque Nacional naquela região, queimada impiedosamente, ano após ano, por ação criminosa de grupos com interesses próprios muito específicos, precisa ser detido o quanto antes.

Aliado a esse poder de destruição representado pelo agrobusiness, a região da Chapada vem experimentando, também há alguns anos, uma intensa e descontrolada onda de especulação fundiária, atraindo, para essa localidade paradisíaca, todo o tipo de empresário, desde o bicho grilo dos anos setenta, disposto a explorar a área em troca de alguns trocados até o alto empresário que planeja transformar todo esse ambiente natural e exótico numa espécie de Disneylândia tupiniquim, para gerar lucros. O intenso fluxo de pessoas que passou a circular, sem qualquer cuidado, por essas áreas ao norte de Brasília, em busca de lazer, representa hoje uma ameaça a toda a região.

Cidadezinhas como São Jorge, anteriormente paraíso dos hippies e mochileiros e onde a diversão era barata e certa, transformou-se hoje numa espécie de um amplo resort de alto custo, com pousadas e restaurantes que cobram preços de Paris em pleno sertão. Aos fins de semana, a localidade fica intransitável, com todo o tipo de frequentador, a maioria descompromissada com questões como preservação do meio ambiente. Não se enganem: o que ocorre hoje com a Chapada dos Veadeiros, consumida por um incêndio incontrolável, que já dura mais de dez dias, decorre exatamente dessas pegadas deixadas pelos humanos por onde quer que andem.

A frase que foi pronunciada:

Com o governo não se brinca e pelo governo não se briga.”

Filósofo de Mondubim

30/09/2013 Crédito: Monique Renne/CB/D.A Press. Brasil. Brasília – DF. Jantar Prêmio Engenho. Ari Cunha.

Gatos pardos

Em época de seca, onde os problemas respiratórios aumentam, na quadra 311 Norte, em um dos prédios, a limpeza do jardim é feita, o material orgânico é deixado no estacionamento da quadra e, à noite, colocam fogo, causando sério transtorno para os moradores. Curiosidade: o órgão Brasília Ambiental fica na mesma área.

Foto: arquivo pessoal

História de Brasília

Há funcionários antigos, residindo em Brasília, com a família no Rio, enquanto que funcionários vindos recentemente, solteiros recebem logo seus apartamentos. (Publicada em 09/02/1962).

No espaço dos leitores, a modernização dos jornais

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Foto: Arquivo/Agência Brasil

 

Como tudo na vida, a imprensa, no geral, e os jornais, em particular, se veem obrigados a seguir as mudanças impostas pela sociedade e pelo mundo. Aqueles que teimam em prosseguir com velhas fórmulas correm o risco de se verem varridos da paisagem ou deixados para trás. A evolução exige mudanças e é preciso evoluir sempre.

Com relação aos jornais impressos e toda a sua enorme e intrincada cadeia de necessidades para existir concretamente, que vai, resumidamente, da compra do papel, passando pelo levantamento das notícias, sua impressão até a distribuição final para os diversos pontos de venda na cidade, há esse esforço que somente àqueles que lidam com essa faina sabem o quanto é árduo e trabalhoso, nesses tempos de mídias instantâneas e notícias fáceis, fazer chegar aos leitores, a tempo e a hora, uma seleção das mais importantes informações do momento.

Mesmo assim, independentemente da velocidade impressa por outras fontes de notícia, os jornais, de um modo geral, imprimem mudanças significativas em sua confecção, de modo a acompanhar o ritmo dos novos tempos, de acordo com exigências contemporâneas. Não tem sido uma tarefa fácil. Pelo contrário. Exige, de todos, empenho e dedicação permanentes.

A democracia e a sociedade, como um todo, devem muito ao papel desempenhado pela imprensa. Até o exercício da cidadania está muito vinculado a fatores como a correta informação, que só um jornalismo de qualidade pode oferecer. E é nesse sentido que muitos jornais têm buscado maior interação com os cidadãos, como forma de apresentar aos leitores exatamente aquilo que eles querem ver noticiado, com toda a transparência, mesmo que isso acarrete contratempos aos jornais.

É comum encontrar, no espaço dedicado aos leitores, análises e pontos de vista que vão muito além do noticiado, enriquecendo e dando novas visões sobre determinada notícia. Tem sido comum até o aproveitamento de muitos assuntos enviados pelos leitores, para pautar algumas matérias jornalísticas. A voz do leitor é a voz de Deus, dizia, com muita propriedade o filósofo de Mondubim. É pelo veio aberto nas Colunas do Leitor, nas Cartas do Leitor, na Opinião do Leitor ou no espaço deste jornal, chamado Sr. Redator, que muitos órgãos de imprensa, principalmente os jornais ,encontraram a fórmula correta de manter aceso um diálogo permanente com a sociedade, doando e recebendo informações, numa interação sadia que faz bem a ambos.

É impossível pensar em jornal sem um espaço adequado ao leitor correspondente. Entre os muitos esforços feitos pelos jornais para manter o movimento permanente, um dos meios mais criativos, seguros e, quiçá, menos dispendiosos para isso, foi a ampliação e valorização do espaço dedicado aos leitores, formando assim, de modo espontâneo, a maior rede de informação possível, ou, no jargão jornalístico, um pool numericamente fabuloso de setoristas, espalhados por toda a cidade e por outras partes do planeta, enviando e análises variadas. O que muitos jornais modernos começaram a perceber é que, para fazer frente às novas tecnologias da informação, nada é mais necessário do que buscar uma interface com o leitor, dando-lhe aquilo que lhe é de direito: espaço para sua manifestação sincera.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Pobrezinha, fizeram de você um mero capacho para limpar os pés antes de entrar no Universo…”

Mafalda olhando para a Lua

Ilutração: Quino

 

Reconhecimento

É bom que o país saiba que, graças ao trabalho acadêmico de Ana Lúcia Novelli, o reconhecimento da Presidência da Casa, da Diretoria-Geral e da Comunicação Social, à época ACM e Agaciel Maia, e Fernando César Mesquita, a interação entre o Senado e os cidadãos tornou-se realidade. Com um projeto competente, ao ser classificada no concurso do Senado e tomar posse, já tinha o plano de implementação do Alô Senado. Hoje, o DataSenado, por exemplo, é o instituto de pesquisa mais confiável do país.

 

Sábado

Vão chegar as chuvas, conforme anunciam os sabiás. É o momento de pintar os quebra-molas e as faixas de pedestres, além de verificar as bocas de lobo pela cidade.

Foto: Amanda Karolyne

 

História de Brasília

Toda repartição quando traz funcionário para Brasília, já o fazia com designação de apartamento. No DCT, há mais de cinquenta funcionários vindos do Rio, e até hoje aguardam moradia. E, como injustiça, citamos que não há critério na repartição, para a entrega de apartamentos.  (Publicada em 09/02/1962)

Das fragilidades do mundo

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Foto: REUTERS / Eduardo Munoz / Direitos reservados Internacional

 

Por certo, muitas são as fragilidades do mundo — desde sempre. A começar pela exploração do homem pelo homem. Homo hominis lupus, dizia o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679), autor do clássico Leviatã. Com esse conceito, Hobbes queria expressar a ideia de que o homem, ao longo de toda a sua história, desde o aparecimento dos primeiros aglomerados humanos, havia confirmado sua posição como o maior dos inimigos de sua própria espécie, superando as feras em animosidade e vileza.
O mal está no semelhante, convivendo e espreitando bem ao lado. Por meio dessa relação conflituosa e por causa dela, o homem construiu todo o tecido da sua história no planeta. Talvez, por isso mesmo, a história do homem tenha se transformado na história da tragédia humana. O que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, mencionou ontem, em seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU, como sendo as fragilidades do mundo, desnudadas pela Covid-19, na verdade, poderiam ser assinaladas como as fragilidades humanas, deixadas à mostra por conta da pandemia, principalmente as do caráter, capazes, inclusive, de nos conduzir para o beco sem saída da extinção da espécie.
Com os pés mais fincados na realidade, o secretário-geral da ONU disse, acertadamente, do ponto de vista metafórico, que o mundo hoje está virado de cabeça para baixo, tais foram as transformações maléficas geradas pela pandemia de Covid-19. Segundo ele, experienciamos agora, mais do que em qualquer outro momento de nossa história, a chegada conjunta dos quatro cavaleiros do apocalipse, representados pelo aumento das tensões geoestratégicas globais; a crise climática; a crescente e profunda desconfiança global, tudo isso associado ao que chamou de “lado negro do mundo digital”, representado aqui, entre outras torpezas, pelo mundo paralelo e perigoso das fakes news.
A frase que foi pronunciada
“O meu pai ensinou-me a trabalhar; não me ensinou a amar o trabalho”
Abraham Lincoln
Abraham Lincoln. Foto: wikipedia.org
História de Brasília
Temos acompanhado, desde há muito, o trabalho do cel. Dagoberto Rodrigues em Brasília, e somos entusiastas do diretor do DCT. Essa é a razão de abordarmos, hoje, assuntos ligados a essa repartição. (Publicada em 09/02/1962)

A importância da informação num mundo em transformação

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Foto: Arquivo/Agência Brasil

 

Nunca saia do seu quarto pela manhã até que tudo esteja certo entre você e Deus, recomendava o notável evangelista e missionário inglês George Müller (1805-1898), querendo, com isso, apontar também a necessidade dos indivíduos em buscar um sentido para suas vidas que, de alguma forma, ajude a tornar o mundo um lugar melhor para todos.
Para aqueles que, graças a Deus, ainda não perderam o velho e bom hábito de acertar os ponteiros da própria vida e, ao mesmo tempo, conferir as notícias estampadas nos principais jornais do país, para que, mesmo antes de saírem de casa, já tenham uma noção aproximada da realidade diária, desenhada em traços ligeiros, em seu entorno, fica claro que estamos imersos num mundo em acelerados e radicais movimentos de mudanças. Por isso mesmo a necessidade, cada vez maior, de acertar os ponteiros da vida, quer por meio da espiritualização, quer por meio de uma clareza sobre os rumos da humanidade.
Contrariando aqueles que recomendam ficar longe do noticiário, devido a uma avalanche de casos de ansiedade que a pandemia provocou em muita gente, é preciso, mais do que nunca, buscar informações que facilitem a orientação de rumos. A alienação proposital em tempos agitados e de grandes e rápidas transformações é capaz de gerar indivíduos totalmente perdidos e desorientados, criando hordas de fantasmas que passam a vagar pelas cidades sem propósito e sem ânimo, apenas obedientes a uma rotina cega e vazia.
Sem essa interação com a paisagem cotidiana, não é possível encontrar o lugar ideal de cada um. Principalmente agora, quando o mundo vai ficando cada vez mais populoso e indiferente ao destino das pessoas. Experienciamos hoje o fenômeno da redução e da perda de significado do espaço vital de cada um, num processo em que o inchaço demográfico do planeta é apontado como o principal motivo. A coletivização do cotidiano, juntamente com uma espécie de pasteurização dos costumes, vai, aos poucos, transformando e reduzindo nossa sociedade num enorme e disciplinado formigueiro, onde a cada um caberá uma função, distante daquela imaginada e desejada por muitos.
Não há como entender a importância que o espaço vital tem para cada um sem a alavanca da informação. É justamente esse espaço que está agora em contínua mudança e redução de tamanho. E isso é capaz de provocar uma diminuição, também, no próprio indivíduo, em seu tão sonhado livre arbítrio.
Sem o esforço diário de enxergar e ver o que ocorre nas cercanias de nosso país e no mundo globalizado, não há saídas seguras para o indivíduo. Melhor permanecer dentro do quarto. Ou é assim, ou muitos irão se surpreender quando chegar o dia em que, ao abrir a porta de casa para dar uma volta pelo quarteirão do bairro, darão de cara com um muro, construído à frente, que impede agora a passagem para o lado de fora, como era de costume.
Seria um sonho? O futuro que vai se desenhando no horizonte à frente neste século, e que aos poucos vai sendo posto nos noticiários em conta gotas, aponta para uma série de alternativas, todas elas igualmente preocupantes. Ou a redução da população mundial; ou a redução apenas da população de idosos, cada vez mais numerosa e que acaba pesando no orçamento dos estados; ou a redução no número de tolos, que não para de aumentar também.
Segundo o pensador francês Jacques Attali, autor do livro Uma breve história do futuro, “na própria lógica da sociedade industrial, o objetivo não será prolongar a expectativa de vida, mas fazer com que, em um determinado período, o homem viva o melhor possível, mas de tal forma que as despesas de saúde sejam as mais baixas possíveis em termos de custos coletivos”. É para refletir.
A frase que foi pronunciada:
“O homem é um animal de hábito ou será que de hábito o homem não é um animal?”
Mafalda
Ilutração: Quino
História de Brasília
Muita gente pensa, e está imensamente enganada, que Brasília é o lugar ideal para esconder bandalheiras de administração, fazer tramoias, ganhar dinheiro ilegal. (Publicada em 09/02/1962).

De olhos fechados para a educação

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Charge: reprodução celsogiannazi.com

 

Que o atual governo federal não vem dando a devida atenção às áreas do conhecimento científico, da educação e da cultura, é fato do conhecimento de muitos. O que não é do conhecimento de todos, principalmente daqueles que aplaudem a postura intransigente, é que, ao se posicionar contra essas áreas do saber humano, o governo está promovendo um atraso ou uma paralisação total do desenvolvimento do país, uma vez que se sabe que educação, ciência e cultura representam o principal lastro de progresso de uma nação.
Não é por outro motivo que a maioria dos países desenvolvidos, há muito, adotaram a educação e o incremento das pesquisas entre suas prioridades máximas. O referencial de riqueza de um país não reside mais na exploração de suas matérias-primas ou está centrada na balança comercial superavitária, como era crença durante o período mercantilista entre os séculos 15 e 18, época do colonialismo.
Hoje, os avanços na educação, na tecnologia e nas ciências são os fatores que trazem divisas para o país. A confirmar essa tese estão as empresas de alta tecnologia como as mais rentáveis em todas as Bolsas de Valores do mundo moderno. O valor de mercado de algumas dessas empresas de alta tecnologia supera em muitos bilhões as do petróleo, dos maquinários e outras. O século 21 será marcado, cada vez mais, pelo capital da alta tecnologia. Isso é uma realidade que nenhum chefe de Estado pode contestar ou se opor, sob pena de manter a nação em estágio de subdesenvolvimento perpétuo.
Quando se tem um ministro da Educação que sai pelos quatro cantos do país pregando abertamente a inutilidade do diploma de curso superior, ou dizendo que as universidades não são para qualquer um, como as falas do titular da pasta, Milton Ribeiro, fica demonstrado todo o seu despreparo para uma função que, por sua importância estratégica para o país, poderia estar no centro das preocupações e alvo das principais políticas de qualquer governo. Mas, infelizmente, não é o que vem acontecendo.
Ciente do descaso do governo e do despreparo dos ocupantes do ministério, a maioria das universidades e dos centros de pesquisa do país não escondem seu descontentamento com a atual gestão e, em alguns casos, estão em confronto declarado com o governo e com o ministro da Educação.
Para piorar um panorama que é, em si, para lá de caótico, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma entidade que o Brasil tem feito grandes esforços para integrar de fato, afirmou em seu Relatório Education At Glance (Um Olhar sobre a Educação)”, divulgado na quinta-feira (16/09), que a capacidade de leitura e aprendizado dos jovens brasileiros, principalmente os de baixa renda, ao afetar as habilidades em seu desenvolvimento social e profissional, afeta, de modo direto, o exercício da cidadania.
Entende a OCDE que, entre os fatores que influenciam o desempenho na educação dos jovens, o status socioeconômico tem o maior impacto nas habilidades de aprendizagem. As desigualdades econômicas no Brasil, uma das mais acentuadas do mundo, demonstram que os jovens de classes menos favorecidas têm mais dificuldades de leitura e interpretação de textos do que aqueles de classe mais alta.
Ainda de acordo com a OCDE, o orçamento destinado para o ensino fundamental no Brasil não foi aumentado, na contramão do que fizeram outros 37 países, que, para superarem os desafios impostos pela pandemia do Covid-19, elevaram a injeção de recursos nessa etapa do ensino, como forma de contornar os problemas criados pelo apagão mundial.
Trata-se de uma estratégia que rende excelentes efeitos, sobretudo nas áreas de maior importância para o futuro, ainda mais depois de crises de grande impacto, como a pandemia, e tem sido uma tática em muitos países situados no clube dos ricos, que sofreram com períodos de calamidade, como guerras e outros eventos. O referido relatório traz, ainda, um panorama sobre o piso salarial dos professores brasileiros no ensino fundamental, mostrando que, entre 40 outros países, o Brasil é onde os rendimentos dos docentes, no início de carreira, é um dos menores do mundo.
Para a OCDE, a carreira de professores no Brasil precisa ser estruturada, de modo a garantir o desenvolvimento profissional dos mestres, bem como o aumento da aprendizagem dos alunos. Essas são, sim, apenas algumas das necessidades que até os técnicos de fora enxergam em nossa educação de base. Para um ministro que se preocupa apenas em agradar a quem o nomeou, essas são prioridades que sequer ele próprio tem conhecimento formal, ou finge ignorar.
A frase que foi pronunciada
“Tudo serve para alguma coisa, mas nada serve para tudo.”
Mafalda
Ilutração: Quino
Revival
O calçamento da W3 é importante, mas não é a única obra que essa via necessita para voltar a ser o que era. O tempo e o descaso de muitos governos e da própria população causaram estragos nas W3 Norte e Sul, que exigirão esforços não só do governo, mas de todos que querem essas avenidas de volta.
Foto: embsb.com

Agito

O tempo dos shoppings parece, com a informatização e com as compras online, ter chegado a um limite e a uma exaustão. Por isso o renascimento das avenidas W3 Norte e Sul podem representar uma nova era de prosperidade para a cidade em que todos sairão ganhando, não só os comerciantes, mas os consumidores, incluindo aí os amantes da noite, os artistas, os galeristas, os boêmios, os turistas e uma infinidade de outros brasilienses, carentes de um lugar que não tenha hora para fechar.

Foto: olharbrasilia.com
História de Brasília
Cada superquadra tem um bar que não merece. A 106, o Caiçara, a 306, o Barrica (gafieira), a 107, o El Torero, a 304, o Copo Verde, e assim por diante. (Publicada em 08/02/1962)

Eleições e masoquismo político

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Foto: AFP / EVARISTO SA e AFP / Fabrice COFFRINI

 

Imensas são as responsabilidades, principalmente os deveres, daqueles, que em função do cargo de representação, dado pelo voto popular, são alçados à condição de chefe da nação. Não é por outra razão que os presidentes da República, no caso do Brasil, concentram grande soma de poder. Infelizmente, não são poucos, em nosso país, aqueles que, uma vez atingida essa condição extraordinária, veem-se muito aquém dessa missão, transformando-se, depois de empossados, em verdadeiros anões políticos, reféns das circunstâncias ou totalmente entregues às forças que os circundam.

Não é um cargo para muitos e, talvez, por isso mesmo, muitos têm fracassado, levando todo o país de roldão para crises que parecem se perpetuar no tempo. A história política de nosso presidencialismo, desde sua implantação à força em 1889, apresenta uma tal sequência ininterrupta de crises que não seria exagero dizer que esse sistema de governo ainda não disse a que veio, nem conseguiu acertar as contas com o passado, quando expulsou, de forma violenta, a família real do país.

A razão para essas crises contínuas reside, como é do conhecimento de muitos, na falta de preparo dos postulantes para exercer cargo tão instável e delicado. A vantagem da monarquia, se é que isso é possível, diante da mediocridade de figuras que desfilaram como presidentes da República, é que, naquele regime, o futuro indicado por laços consanguíneos recebia uma longa e detalhada preparação prévia antes de assumir como soberano.

A verdade é que temos experimentado, em mais de um século, uma sequência enorme e penosa de presidentes da República totalmente despreparados para a função e seguimos nessa toada, onde a única exigência ou pré-condição para atingirem esse posto é dada pelo instrumento do voto. O mesmo acontece para outros cargos no Executivo, no Legislativo e, em certos casos, para a mais alta corte de justiça do país. No lugar dos mais bem preparados, temos os mais espertos. Convenhamos que isso não é um critério que vá levar, ao poder, os cidadãos mais bem preparados e aptos a exercê-lo.

Para um alienígena que por aqui aportasse, soaria estranhíssimo termos exigências curriculares para varredores de rua e não termos as mesmas cobranças para aqueles que ocuparão o comando da nação. A coisa fica ainda mais absurda quando verificamos que estamos nos aproximando de 2022, quando, mais uma vez, teremos que escolher entre dois possíveis candidatos já demasiadamente conhecidos, testados e reprovados por suas performances.

Não há aqui necessidade de termos uma bola de cristal para sabermos que estamos diante de uma nova crise que virá, caso qualquer um desses dois nomes que aí estão em destaque nas pesquisas assumam, de novo, a presidência da República. São as imperfeições inerentes ao regime democrático, diriam uns. Dirão outros que essas são, na verdade, as imperfeições graves de um sistema eleitoral no qual o eleitor é apenas um detalhe incômodo e indispensável para o dia da votação e, depois disso, é deixado de lado e esquecido.

O fato de estarmos em meio à mais uma crise, agravada agora por uma pandemia devastadora, não nos impede, em momento algum, de estarmos preparando o próximo pleito de 22, apenas para darmos continuidade às nossas tribulações infindas. Seria própria da democracia também essa espécie de masoquismo político, que faz com que os cidadãos permaneçam atados a um sistema que parece render apenas crises cíclicas?

A frase que foi pronunciada:

A vontade é a única coisa do mundo que quando esvazia tem que levar uma alfinetada.”

Mafalda

Ilutração: Quino

Sonho

Tomara que a equipe do governador Ibaneis não apenas continue com as obras de melhoramento da W3 Sul, mas estenda essa sua iniciativa também para a W3 Norte, visando, quem sabe, num futuro não muito distante, integrar, para os pedestres, essas duas importantes vias comerciais da capital, formando uma só avenida, iluminada, limpa e atrativa para os empresários, turistas e para a população.

Foto: Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília

Concreto

Caso o atual governador consiga, o que tem parecido impossível até aqui, que é a revitalização desse importante eixo, esquecido e abandonado no tempo, essas obras representarão um marco do seu governo, capaz de gerar um novo e amplo fluxo econômico da cidade, castigada por uma pandemia prolongada e impiedosa.

Foto: mobilize.org.br

História de Brasília

Está trabalhando ativamente a Associação Profissional dos Jornalistas do Distrito Federal, para que sejam financiados os carros dos seus associados. Os primeiros entendimentos com o cel. Jofre, informa a secretaria da Associação, foram realizados com bastante êxito. (Publicada em 08/02/1962).

O Kintsugi e o vaso das leis

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Foto: historiadasartes.com

 

          Entre nós, só existe uma entidade realmente capaz de fazer cessarem as críticas contra o Judiciário e reverter o descrédito, se isso é possível, que a grande maioria da população nutre em relação ao nosso modelo de justiça. Enganam-se aqueles que pensam que a imprensa tem esse poder, ou que os políticos poderiam ajudar a melhorar a imagem do Judiciário, desgastado, praticamente, desde que, por aqui, Cabral aportou.

          O ranço elitista pespegado à nossa justiça vem de longe e parece aumentar com o passar dos anos. Por mais que alguns abnegados magistrados, espalhados por esse imenso Brasil, esforcem-se para fazer com que a justiça tenha o lugar que merece como árbitro a equilibrar os valores da civilidade e da cidadania, as altas cortes, ilhadas em capitais como Brasília, sempre encontram um meio de fazer pender a balança dos vereditos em benefício dos mais favorecidos.

         Na verdade, somente o Judiciário e seus operadores seriam capazes de recompor os milhares cacos em que o cristal de alabastro das leis vem se espatifando. Talvez essa missão possa caber às faculdades de ensino do Direito, indo em busca das origens para observar em que ponto essa ciência humana começou a desandar. Talvez, introduzindo, nas grades curriculares desse curso, disciplinas que aliassem, à didática jurídica, ensinamentos voltados às prática da ética e da artes, como meio de fazer ver, aos novos alunos, que existe vida e espírito além das letras mortas da lei.

         Nesse sentido, ética e estética poderiam se fundir, num exercício de refinamento dos espíritos e das mentes. Não há beleza onde a ética esteja ausente. Esse é, pelo menos, o que ensinavam os antigos gregos do período clássico, num detalhe talvez esquecido na formulação desses novos cursos de Direito. Muito adiantaria, a essa tão grande variedade de escolas de Direito, que brotaram por toda a parte, despertar, tanto em seu corpo docente como discente, os valores frágeis e etéreos que unem beleza e verdade e que somente a arte parece apontar como fato relevante.

         Existe uma antiga técnica japonesa chamada “Kintsugi”, surgida ainda quando o Brasil era uma colônia de Portugal, que exercita a recomposição e restauração de cerâmicas e porcelanas que quebraram, por meio da utilização de uma espécie de cola ou verniz, misturada a pó de ouro, para que as fissuras se destaquem entre os remendos, apresentando em destaque a beleza das cicatrizes da vida e mostrando que é sempre possível refazer erros e adversidades.

         Essa que parece, à primeira vista, ser uma solução singela e até frugal, é tudo o que a nossa justiça necessita, nesse primeiro momento, para começar a remendar os muitos cacos em que parte da elite do Poder Judiciário vem fazendo com as nossas leis. O que o Supremo vem fazendo, ao desmanchar com os pés o imenso trabalho que a força tarefa da Lava Jato fez, anos a fio, com as mãos e a mente, estilhaçando, um a um, todos os processos referentes ao maior caso de corrupção que esse país já experimentou, apenas para livrar seu maior protagonista, é um desses exercícios que mostra bem, ao alunado de Direito, a dificuldade que as novas gerações de doutores terão pela frente, para reunir novamente o fino vaso das leis,  pulverizado por gananciosos e suas chicanas ilusionistas.

 

A frase que foi pronunciada:

“Deus, espero que o senhor possa ajudar a melhorar o estado da situação… Ou será que é a situação do Estado?”

Mafalda, personagem do Quino

Ilutração: Quino

 

Regata

No dia 18 está agendada  a 2ª Regata Ecológica alusiva ao Dia Mundial da Limpeza e o Esforço da consciência ambiental. A iniciativa é da Marinha do Brasil. Uma gincana será a força motriz para deixar o lago Paranoá limpo.

 

Novidade

Por falar em ecologia, vale o registro do aplicativo desenvolvido pela UnB com o patrocínio da Finatec. O monitoramento das áreas do cerrado desmatadas pode ser encontrado no Radis, disponível gratuitamente. Mário Ávila, do projeto Restaura Cerrado, acredita que essa é uma forma descomplicada de cumprir a regularização ambiental do cerrado.

Foto: Raimundo Sampaio/Divulgação

 

História de Brasília

Já começaram a desmanchar o canteiro de obras do prédio da Central de Telex, que o dr. Jânio queria construir na superquadra 208, em frente ao bloco onze. (Publicada em 08/02/1962).

Em se cavando crimes, minhocas surgem

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Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado.

 

Não se engane: qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que venha a ser instalada no Legislativo, e que tenha como objetivo investigar, com seriedade, qualquer questão relativa ao governo, à política, às finanças, ou o que quer que seja que diga respeito ao Brasil, tanto no presente como no passado, tem potencial imenso para desvendar novas e engenhosas ilicitudes.

Onde quer que se cave nesse país, haverá de ser encontrado vestígios e cadáveres a revelar um gigantesco submundo que parece se estender pelos subterrâneos do Estado. Basta escolher o tema ou o assunto, que as revelações hão de vir à luz. No momento, a Comissão em andamento no Legislativo, denominada CPI da Pandemia, e que visa revelar os desvãos por onde bilhões de reais do dinheiro público se esvaíram com a compra superfaturada de vacinas ou apenas com a promessa de aquisição desses medicamentos, vai produzindo seus resultados ao revelar um esquema poderoso envolvendo empresas de fachada, inclusive bancos, todas elas de olho no mercado farto da compra emergencial e tardia de vacina em plena pandemia.

É o poder do dinheiro e da esperteza no mercado da vida e da morte. Entra nesse comércio sem lastro ético, apenas como número e estatística, a quantia de 600 mil mortes, a grande maioria, vítima de um sistema que envolve figuras do governo e empresários gananciosos e desumanos.

No final dos trabalhos dessa CPI, que já foi prorrogada uma vez e que poderia, por seu potencial revelador, ser mais uma vez esticada para o infinito, é esperada a elaboração de um calhamaço em forma de relatório, que contará mais uma pequena porção dessa nossa história feita de infâmias e onde a população é sempre a vítima. Há, nesse terreno fértil, formando por 8,5 milhões de quilômetros quadrados, espaço suficiente para ser escavado, donde se pode encontrar veios a desvendar nossos descaminhos históricos. E não é só no âmbito do governo e do Estado que qualquer investigação séria pode nos levar a revelações do cometimento de crimes diversos.

Veja o caso do nosso empresariado, principalmente os de maiores portes, que no governo petista se juntaram para saquear as estatais, sob orientação do próprio governo, que escancarou as portas de empresas como a Petrobras para que fosse completamente depauperada.

Para onde quer que se volte o olhar, há chances reais de vermos como continuamos, depois de cinco séculos, sendo constantemente pilhados. Invente-se um tema, por exemplo, o índio ou a grilhagem de terras e teremos outro calhamaço de denúncias a serem apuradas. Relativamente ao meio ambiente e aos crimes que acontecem num ritmo acelerado, as denúncias renderiam CPIs diversas e prolongadas.

O mesmo com relação à saúde. Com relação ao desvio de recursos pelos governadores durante a pandemia e que a atual CPI do Senado resolveu não apurar. Outro exemplo de assunto que renderia uma boa Comissão Parlamentar de Inquérito é com relação ao pagamento de precatórios, que são recursos que o Estado deve a parcelas de sua população e simplesmente deixa de pagar e fica por isso mesmo. Todo e qualquer tema poderia render uma CPI.

O problema é que, depois de encerrados os trabalhos dessas Comissões e elaborado o relatório final, que é enviado à Procuradoria Geral da República e ao Ministério Público para que adotem as devidas providências, o caso passa a ser submetido a uma espécie de peneira, onde os figurões da República, dotados ou não de foro de prerrogativa, são deixados de fora dos inquéritos, restando o indiciamento dos peixes pequenos. Para aqueles integrantes da elite do Estado ou do empresariado que não conseguiram escapar de um primeiro cerco da justiça, resta a opção de recorrer ao Supremo, onde a prescrição ou a absolvição é o final mais comumente ajeitado.

A frase que foi pronunciada:

A sopa é para a infância assim como o comunismo é para a democracia.”

Mafalada

clubedamafalda.blogspot.com

Mobilidade

Alguns prédios residenciais das 400 e as construções das entrequadras, onde salas comerciais funcionam como moradia, precisam de elevador. O direito dos idosos de ir e vir, subindo lances de escada, é proibitivo.

Reprodução Google Maps (2020)

Escuro

BR 080, na altura da divisa com Padre Bernardo, está sem iluminação. Há um intenso trânsito de caminhões à noite, um perigo para os motoristas.

Reprodução Google Maps (2019)

Perigo

Falta de manutenção no metrô deixa passageiros a pé. Nessa segunda-feira, o Metrô do DF deixou seus passageiros à deriva. O veículo descarrilou e os passageiros tiveram que andar pelas beiradas até a próxima estação.

Foto: material cedido ao Correio

História de Brasília

Estes episódios tiveram como cenário o Rio de Janeiro, o governador é o sr. Carlos Lacerda, o Ministro é o sr. Alfredo Nasser. E os nomes dos terroristas leia, por favor, na seção de polícia. (Publicada em 08/02/1962)

Novo Código Eleitoral e as velhas patranhas

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: camara.leg

 

Nessa altura dos acontecimentos, muitos brasileiros já sabem que, para que aconteça a tão desejada e urgente reforma política, capaz de conferir maior grau de qualidade e eficiência ao nosso modelo de democracia, é preciso antes, além da boa vontade, desprendimento e espírito público dos próprios políticos, uma mudança radical na miríade de legendas partidárias. É isso ou o giro feito cachorro doido correndo atrás do próprio rabo.

Somente por esses dois requisitos básicos, para que haja essas mudanças, já se pode imaginar que temos pela frente uma verdadeira batalha de Davi contra Golias. A depender da vontade espontânea dos políticos e de seus respectivos partidos, e pelo que temos observado até aqui, isso parece muito improvável, senão impossível.

Somadas, as mais de trinta legendas, sorvem, dos pobres contribuintes, bilhões de reais todos os anos, distribuídos entre fundos partidário e eleitoral, emendas individuais, emendas de bancada, emendas do relator, emendas das comissões, além de emendas ditas “secretas”, destinadas aos redutos eleitorais de cada parlamentar, entre outras.

Não por acaso, segundo dados da União Parlamentar, uma organização internacional que analisa os legislativos em diferentes países, temos o segundo Congresso Nacional mais caro do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Para complicar uma situação que já é, em si, deveras incompreensível, diante de tantas necessidades e carências mais urgentes da população, a cada legislatura, vão sendo impostas leis que, em última análise, beneficiam direta e unicamente os parlamentares, independente de fatores externos, como a pandemia ou qualquer outra adversidade.

Com isso, temos um Congresso, com exceções é claro, que não se vexa em, repetidas vezes, legislar em causa própria, como se isso fosse a coisa mais natural e ética possível. Não é e deveria ter um freio ou um impedimento legal qualquer para vetar procedimentos dessa natureza. Na contramão desse corporativismo, a quase totalidade das leis que a população gostaria de ver aprovadas, como o fim do foro privilegiado, a prisão em segunda instância, a cláusula de barreira e mesmo a Lei da Ficha Limpa, conforme desenhada pelos cidadãos, ou são engavetadas, ou têm seus objetivos básicos desvirtuados e moldados aos interesses de parte da classe política.

É nesse descompasso, entre o que fazem os representantes da população e o que necessita o cidadão, que assistimos o recrudescimento das críticas ao Poder Legislativo e uma queda acentuada na credibilidade desse Poder. Tal fato parece não possuir força capaz de mudar esse comportamento dissociado da população. Pelo contrário, a impressão que muitos têm é de que, a cada manifestação da população contra esse comportamento, mais e mais, o Congresso parece isolado em seu mundo e esticando a corda em favor de benefícios e outras vantagens próprias extraídas dos pagadores de impostos.

Para muitos cidadãos, o que estamos assistindo, de camarote, é a hipertrofia do Poder Legislativo em relação aos demais, o que pode, facilmente, conduzir-nos para uma espécie de ditadura do Congresso. Se não é assim, como explicar, em plena pandemia e com os trabalhos presenciais suspensos, que a Câmara dos Deputados tenha aprovado agora o que chama de Novo Código Eleitoral, propondo uma série de mudanças nas regras para as próximas eleições e que trarão vantagens imensas apenas para os partidos e para os políticos?

Para começo de conversa, trata-se aqui de uma série de mudanças que não surpreende quem conhece o apetite de alguns desses senhores, mas que os especialistas consideram uma afronta e um desrespeito à própria Constituição. A lista completa de mudanças, em causa própria, está estampada em todos os jornais do país, com chamadas pouco elogiosas às alterações.

Apenas para se ter uma pequena noção desses absurdos, o fundo partidário, já pouco fiscalizado e desviado de mil formas, agora poderá ser gasto de acordo com o interesse partidário, inclusive para a compra de bens móveis e imóveis, até mesmo para a compra de aeronaves. Não adianta protestar, é lei. Aguenta Brasil.

A frase que foi pronunciada:

A sopa é para a infância o que o comunismo é para a democracia!”

Mafalda, personagem criada por Quino

Imagem: clubedamafalda.blogspot.com

História de Brasília

Um Ministro de Estado denuncia os terroristas, comunica ao governador do Estado, cita nomes, dá endereços, e o que vemos: ao invés de serem presos, os terroristas deitam falação pelos jornais, e prometem processar o Ministro. (Publicada em 08/02/1962).

A bastilha do Estado

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Justiça seja feita. Depois dos acontecimentos de Sete de Setembro, é preciso que a nação encontre meios para, de forma ordeira, nunca mais ter que experimentar crises institucionais cíclicas. E por uma razão bem simples: essas crises, por seu potencial destrutivo, acabam arruinando qualquer pretensão de crescimento econômico, o que, em última análise, acaba afetando, de modo direto, a vida de todos os cidadãos.
A inflação, que agora ameaça voltar aos dois dígitos, além do fator pandemia, é consequência, também, das repetidas crises institucionais, sobretudo pelo custo que esses desacertos ocasionam à máquina do Estado. Estão embutidos nessas querelas pecuniárias entre os Poderes, o preço do apoio do Congresso às propostas do Executivo, estimada em bilhões de reais, além dos altíssimos custos para a manutenção das altas esferas da Justiça, que muito se assemelham às cortes de Luís XIV de França (1638-1715) denominado de “Rei Sol”, além do próprio Executivo, transformado, desde 1889, numa espécie de República Imperial ou monarquia republicana, tal a concentração de poderes e o voluntarismo que parecem dominar todos os que sobem a rampa do Planalto.
Das muitas lições que podem ser retiradas dessa data, a maioria aponta para uma reforma profunda na organização do Estado, principalmente na estrutura dos Poderes da República, corrigindo esses e outros vícios que fazem do nosso país um modelo de Estado e de democracia a não ser seguido por ninguém que tenha algum juízo.
O Sete de Setembro mostrou o que parecia impossível para todos: absolutamente nenhum dos Três Poderes possui plena razão nessa crise. Tanto que, se fôssemos julgar a culpabilidade ou inocência de cada um deles nesse episódio, todos deveriam, em graus diversos, merecer reprimenda, senão uma condenação severa, tal a deformação que essas instituições hoje apresentam.
A situação atingiu um tal ponto de desestabilização que, hoje, pouco adiantaria discutir reformas do tipo política ou administrativa que regulassem assuntos referentes aos partidos políticos ou ao funcionalismo público ou qualquer outro assunto. O que se mostra premente ao Brasil é uma profunda reforma do Estado, sob pena de ficarmos congelados em pleno século XXI, tentando a aplicação de modelos de gestão do Estado que já foram vencidos há pelo menos dois séculos pelos países desenvolvidos.
Ocorre que, para que haja uma transformação dessa monta, que enxugue a máquina pública, tornando-a menos custosa ao contribuinte e infensa a más gestores e à corrupção secular que infesta, de alto a baixo todo o seu mecanismo, faz-se necessário, primeiro, não uma nova Constituição, como muitos ardilosamente pregam, mas transpor todos os obstáculos e dificuldades criados justamente pela classe política, rompendo, assim, essa Bastilha de privilégios que engessa o Estado e o torna refém desses grupos.
É nesse ponto que qualquer avanço na modernização do Estado tem encontrado resistência. É preciso, ainda, examinar o modelo de escolha para a composição nas altas cortes, mesmo naquelas ligadas ao Executivo e que cuidam de fiscalizar os gastos públicos nas esferas federal e estadual.
Das muitas análises feitas acerca do Sete de Setembro, condenando na sua maioria e com justeza, nenhuma parece ter mencionado o fato de que as anomalias funcionais diversas estão presentes nos Três Poderes igualmente, sendo essencial a correção de todo o conjunto, e não apenas de um ou de outro isoladamente.
A frase que foi pronunciada:
“A liberdade não se perde de uma vez, mas em fatias, como se corta um salame.”
Friedrich Hayek
Foto: Friedrich Hayek
Reformas
Aos poucos, a W3 vai ganhando novas calçadas, maior organização e conservação da avenida que já foi a principal da cidade. Ainda falta muito, mas o primeiro passo foi dado para valorizar o lugar.
Foto: Renato Alves/Agência Brasília
Notícia
Em Brasília Zero Hora — nono livro de Astrogildo Miag — homenageia a capital federal, que se refaz a cada dia para mostrar gratidão a tantos brasileiros que arribaram em busca da sua acolhida e hospitalidade.
Cartaz: facebook.com/astrogildomiag
Nosso imposto
Sobre o Fundo de Participação dos Municípios, setembro representa cerca de 85% do valor total repassado aos municípios no mesmo mês do ano passado. Já foram R$ 5,4 bilhões às prefeituras. Falta uma plataforma onde os cidadãos possam acompanhar a aplicação da verba e falta, também, contrapartidas para merecer o repasse.
Charge: Ivan Cabral
História de Brasília
Sem reconhecer o esforço de outras repartições que vieram em tempos mais difíceis, termina com esta grande descoberta: Quando o Itamaraty estiver aqui, “Brasília será, então, uma grande cidade…” (Publicada em 08/02/1962)