VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Não chega a ser exagero afirmar que o tempo, com todos os seus significados possíveis, corre acelerado contra o Brasil e contra o mundo. A razão é que os países, em sua grande maioria e de modo consensual, ainda não acertaram os ponteiros que marcam a hora e a data limite, na qual os fatores de poluição, provocados pela deletéria ação humana, terão que cessar de forma conjunta, ordeira e definitiva. Ou é isso, de imediato, ou será o caminho sem volta que custará a sobrevivência da própria espécie humana e de outros seres vivos, conforme a conhecemos hoje.
A fase de negar a existência do aquecimento global, culpar a ação dos conspiradores ou suas correlações com a ação humana, já deve, nessa altura dos acontecimentos, ter sido superada. As mudanças climáticas bruscas que aí estão e suas consequências danosas para todos demonstram, de forma severa, que se não forem tomadas medidas urgentes para deter o aumento do aquecimento global, as condições climáticas nesse pequeno e delicado planeta serão muito adversas e até hostis para o prolongamento da civilização humana sobre a Terra.
Sem dúvida alguma, esse parece ser o maior desafio de todos os tempos já apresentado para a nossa espécie, colocando, agora, quase oito bilhões de almas, diante do que parece ser a encruzilhada mais desafiadora e fatal de nossa existência. O pior é que, dada as condições aceleradas com que os fenômenos climáticos adversos vão se sucedendo, não há mais tempo para hesitações. Muitos países, principalmente aqueles que primeiro experimentaram as bonanças da revolução industrial, tornando-se prósperos e poderosos, foram também aqueles que primeiro chamaram a atenção para as questões das mudanças climáticas e para a necessidade de mudanças de rumos. Os países que chegaram atrasados ao processo de industrialização, e que na sua grande maioria compõem hoje a categoria de nações em desenvolvimento, obviamente, não aceitam essas mudanças de rumo nas indústrias, acusando os países do norte de terem provocado esse aquecimento global e, por isso mesmo, exigem contrapartidas que os países ricos ainda não estão plenamente dispostos a aceitar.
Para as nações situadas ao sul do Equador e que, de modo até irônico, sofrem os mais severos efeitos do aquecimento global, esses novos modelos de economia irão, não somente aumentar os índices de pobreza, como poderão ainda resultar em grandes ondas migratórias, complicando um problema que em si já é demasiado complexo e terminal.
Nesse contexto, o Brasil surge nesse novo cenário de forma ambígua, como é de sua característica própria. Lá fora, o nosso país é visto como uma esperança de que as mudanças de rumo, com produção e preservação do meio ambiente, são possíveis. Aqui dentro, todos sabemos que o respeito ao meio ambiente não é seguido à risca e nem consta de agenda alguma que trate o assunto com seriedade e emergência devida. Curioso destacar que os mesmos países ricos que clamam por um novo modelo de economia, que não destrua o meio ambiente, são os mesmos que continuam a explorar, de modo selvagem e predatório, os recursos naturais dos países em desenvolvimento.
Nosso país, a cada mudança de governo, ruma para um lado, ao mesmo tempo em que parece não estar do lado de ninguém. De maneira anacrônica, o atual governo não se avexa em prospectar mais jazidas de petróleo, o grande vilão desses tempos tumultuados. Agora mesmo e na proximidade da realização da Conferência das Partes sobre as Mudanças do Clima (COP), o nosso governo tem feito todos os esforços para abrir poços de extração de óleo na bacia da foz do Amazônia, que, segundo estimativas, possui 14 bilhões de barris do ouro negro.
Os ambientalistas sabem que essa exploração trará um desastre incomensurável para todo o ecossistema da região. Conhecendo a natureza pragmática e ambidestra de nossos governantes, é só uma questão de tempo para que as plataformas petroleiras fiquem em pé definitivamente na Amazônia, contra tudo e contra todos. Sobretudo, contra o bom senso e o tempo, que, como dizia o filósofo de Mondubim, não espera por ninguém.
A frase que foi pronunciada:
“No Brasil, continuamos totalmente engajados em nossos esforços para reduzir o desmatamento e as emissões causadas pelas mudanças no uso da terra. O Brasil está pronto para colaborar ativamente na construção de respostas inclusivas e equitativas para esse desafio coletivo e. incentiva outros a se unirem.”
Ex- ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira
Do cidadão pra o avô
Brasília tem dessas coisas. Depois de estudar linguagem formal e informal, a professora pediu aos alunos que fizessem uma carta ao Administrador do Lago Norte. Emmanuel entregou uma carta super carinhosa. Ao ser questionado pela professora, respondeu cheio de orgulho: “Meu avô foi administrador do Lago Norte. Escrevi para ele, professora.”
História de Brasília
O bloco I do IAPETC é a garagem permanente de um chapa branca do Senado. (Publicada em 08.04.1962)