O depois…

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Vivemos o que filósofos como o italiano Franco “Bifo” Berardi, registra em Fenomenologia do Fim. Há no horizonte, segundo pensa Berardi, uma bolha econômica no sistema financeiro que pode vir a estourar. Essas mudanças, ao seu ver, irão provocar um caos jamais visto, virando o mundo de cabeça para baixo. Mas é no caos que o filósofo enxerga a proliferação de comunidades autônomas, com experimentos igualitários de sobrevivência. O próprio planeta, por seu estágio de deterioração não permite mais o prolongamento do atual modelo capitalista de consumo. “ O crescimento, diz, não retornará amanhã ou nunca.”

As consequências do coronavírus não se fazem sentir apenas no seu âmbito de saúde da economia, mas se transformou numa espécie de doença psicológica e mental, que afeta principalmente a esperança no futuro. E isso, pondera, nos obrigará  a imaginar novas formas de vida pós-economia, mais autônoma, centrada na autoprodução do necessário, na autodefesa, inclusive armada .

A rapidez e complexidade dos eventos atuais são, na sua concepção, fortes demais para que haja uma elaboração emocional e consciente de tudo que se forma à nossa volta. O vírus, acredita ele, é uma entidade invisível e ingovernável e o mundo parece se desfazer debaixo de nossos pés, sem que possamos fazer nada a respeito de forma imediata e definitiva. O mais sério parece ser a possibilidade de a vacina não decretar o fim da pandemia. Na impossibilidade de determos, a contento, as sérias consequências de um mundo pós-pandemia, o que parece ser mais efetivo, é a criação de redes comunitárias autônomas que não se firmem em conceitos como o lucro e a acumulação, mas baseada em hábitos de sobrevivência mais frugais.

Nesse ponto o filósofo diz não acreditar em soluções de longo prazo. Não há tempo para isso. O mais sintomático é que as elites políticas, todas elas, não possuem capacidade de apresentar soluções mínimas para o problema. A política, como um todo, tornou-se impotente diante de um colapso de tal magnitude. Sentencia. Nesse instante a política tornou-se um jogo sem razão, sem conhecimento.

As soluções que podem apresentar, nesse momento, são, em sua visão, derivadas da raiva pela constatação da impotência diante da realidade. Ainda assim a pandemia, diz, marca uma ruptura antropológica de profundidade abissal, justamente pela proibição de contatos mais íntimos. Trata-se aqui de uma epidemia de solidão que parece decretar a morte até da solidariedade. É uma verdadeira bomba atômica sobre nossas cabeças. Acredita ele.

O mais afetado será, sem dúvida o consciente coletivo, através do que chama de sensibilização fóbica, com o inconsciente de todos capturado de forma abrupta. Por outro lado, a aproximação do Estado com os grandes órgãos de controle informatizados, captando grande quantidade de dados, pode ocasionar maiores limitações das liberdades individuais. As próprias palavras Estado, política e democracia, parecem ter perdido o sentido e significado. O Estado tornou-se, não uma organização da vontade coletiva, mas um conjunto da disciplina sanitária obrigatória, dos automatismos tecno-financeiros e da organização violenta de repressão aos movimentos trabalhistas, avalia.

Para esse filósofo o Estado passou a ser o próprio capitalismo em sua forma semiótica, psíquica, militar e financeira, todos transmutados em grandes corporações de domínio sobre a mente humana e a atividade social. Embora se fale muito em globalização e outros sinônimos correlatos o fato é que a pandemia impossibilitou a atuação na dimensão nacional , marcando, sobremaneira também o fracasso final de todas as hipóteses soberanas , da esquerda e da direita.

Por fim Franco Berardi diz que não existe mais o conceito tradicional de liberdade na era dos automatismos tecno-financeiros. “O inimigo da liberdade não é mais o tirano político , mas os vínculos matemáticos das finanças e os digitais da conexão obrigatória.” Vivemos um instante que parece decretar a morte da liberdade, tal como sonhávamos. Resta, em sua visão, no lugar da palavra liberdade, a palavra igualdade, única possibilidade de restaurar, nesse momento, algo humano entre os humanos.

O mais interessante nesse cenário é a constatação de que o dinheiro nada pode fazer para contornar a crise atual. Resta-nos, segundo o pensador, aguardar pelo imprevisível que tudo pode alterar, inclusive essas previsões sombrias.

 

A frase que foi pronunciada:

“Um grão de filosofia dispõe ao ateísmo; muita filosofia reconduz à religião.”

Platão, filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga.

 

Só assim

Leia o texto do presidente da Associação Brasiliense de Amparo ao Fibrocístico, Fernando Gomide, que desabafa sobre a necessidade de uma força tarefa entre as corregedorias, Ministério Público, Judiciário e Tribunais de Conta para que nunca falte medicação de alto custo nas farmácias.

O Brasil agradece

Por Fernando Gomide*

O mais recente escândalo na política nacional atinge, mais uma vez, o setor de saúde. Em tempos de pandemia, esses crimes assumem proporções muitíssimos mais graves, merecendo punição muito mais rápida e rigorosa.
Quanto tempo mais será necessário, ou melhor, quantos milhares de vidas a mais serão perdidas, até que as autoridades deste país tomem consciência e ajam definitivamente para fechar os atalhos que políticos, empresas e corruptos dos mais diversos níveis, usam há décadas para desviar recursos tão necessários aos brasileiros?
No Brasil, já está comprovado que o crime compensa. Os bandidos, especialmente os de colarinho brando, sopesam na balança os riscos e chances contando com a morosidade seja das autoridades, seja dos processos. Sofisticam-se as organizações criminosas, analisando o custo-benefício de seus malfeitos e, ao que parece, insistem em suas práticas exatamente porque confiam na impunidade.
Roubar da saúde então, quando o que está em jogo é a vida das pessoas, devia constituir crime hediondo ou agravante genérico, com julgamento sumário nas esferas administrativas e criminais.
Vários são os exemplos. Os métodos são os mesmos e muitas vezes os envolvidos. Que as corregedorias, a polícia, o Ministério Público, o judiciário, os tribunais de contas e os políticos de bem se unam urgentemente, numa espécie de força-tarefa cívica para estancar esses desvios, por onde escorrem também a vida e a esperança de milhares de brasileiros. O Brasil agradece.

*Presidente Associação Brasiliense de Amparo ao Fibrocisitico

 

Mais segurança

Cada vez mais placas do Mercosul são vistas nos automóveis da cidade. As novas placas do Mercosul seguem o padrão para todos os países do bloco: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Chile, Colômbia, Peru, Equador, Venezuela, Guiana e Suriname.

 

Segredo

No forno a nova produção de Dad Squarisi: As 7 maravilhas de Brasília. Na linguagem que todos conhecemos, Dad revela a beleza do cerrado, das águas, do céu, o Plano Piloto, monumentos, paisagismo e claro, sua paixão pelos brasilienses. Hoje ela fala com o orgulho e gratidão de quem foi recebida pela capital de asas abertas. “Sou de Brasília.”

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Minha solidariedade aos companheiros de “Última Hora” de São Paulo. O absurdo do atentado de que foi vítima é um atestado do espírito lutador do jornal, da unidade de pensamento de sua equipe. E para terminar: o revide ao inimigo fantasma deve ser olho por olho, dente por dente. (Publicado em 14/01/1962)

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