Ecocídio

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

 

          Por analogia, fosse a Terra um cachorro gigante, nós, seres humanos, seríamos nada mais do que piolhos, carrapatos ou pulgas a infernizar a pobre animal canina. De fato o somos, como tem observado o cientista e climatologista, mundialmente famoso por suas pesquisas sobre o meio ambiente, Carlos Nobre, a “doença da Terra”. Com isso, vai ficando cada vez mais patente que as ações humanas sobre o planeta, ao longo dos séculos e, principalmente, após a Revolução Industrial, levaram a Terra ao atual estágio de aquecimento global e de emergência climática.

         Para esse pesquisador, considerado hoje como um dos guardiões do planeta, vivemos um momento em que a humanidade se depara com o maior desafio já enfrentado desde seu aparecimento sobre a Terra. Nobre é um dos autores do importantíssimo documento, intitulado “Saúde do Planeta”, apresentado em Nova York durante a semana climática promovida pela ONU. O fato é que boa parte da humanidade parece não ter sido despertada ainda para a importância de parar de vez com as emissões de gases estufa, para a poluição em geral e para o rápido esgotamento dos recursos naturais do planeta. Vivemos o que seria o ponto máximo de inflexão. A partir desse ponto temos que parar imediatamente com o atual modelo econômico que nos levou a esse beco sem saída.

         O lado otimista desse problema mundial é que ainda existem alternativas, na verdade poucas, para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Mas essa possibilidade vai se exaurindo também a passos largos. Na avalição do cientista, o fato de o Brasil ainda apresentar as maiores florestas tropicais do planeta, em tempos de aquecimento global, favorece, em certos parâmetros, para que assistamos também nesse momento, os maiores incêndios já ocorridos em nosso país em todos os tempos.

         Carlos Nobre cita o caso do Cerrado que, ainda, é a maior savana tropical do planeta, com a maior biodiversidade e com enormes quantidades de carbono armazenado na forma de matéria orgânica do solo. Esses e outros fatores juntos são de suma importância para a estabilidade climática do planeta e de todos os outros biomas brasileiros. O fato de estarmos experimentando agora quase 15 meses de temperaturas recordes dos últimos 120 mil anos, mostra que a estamos no limite das possibilidades do planeta.

         Essa situação parece ainda grave se verificarmos que em torno de 97% dos incêndios ocorridos são devido à ação humana. Nesse sentido, o que parece claro, tanto para os climatologistas como para todo o mundo, é que é chegada a hora de uma proibição total, que elimine o crime de usar o fogo como meio de limpar a terra, como tem feito sistematicamente a pecuária e a agricultura em nosso país. É preciso o uso agora de práticas modernas e sustentáveis que não usem o fogo.

         Para Carlos Nobre estamos, de fato, em plena era do chamado antropoceno, em que o homem é o autor direto dessas mudanças bruscas no clima planetário. Estamos indo em direção ao que os cientistas chamam de estresse térmico, em que o corpo humano não suporta mais as altas temperaturas. Caso venhamos a atingir esse estágio dramático, bebês e idosos não viverão mais do que meia hora ou trinta minutos. Mesmo os adultos saudáveis não resistirão por mais de 2 horas. Dessa maneira, tornaremos muitas áreas do planeta inabitáveis.

          Caso a temperatura escale ou passe acima dos 4 graus, nas próximas décadas, iremos gerar a sexta maior extinção de espécies do planeta, tudo provocado pela ação nefasta e irrefletida do ser humano. O pior nesse cenário é que as pesquisas mais atuais mostram que estamos imersos num cenário tão preocupante que já é possível antever: adentramos por um caminho sem volta.

         Daqui para a frente, cabe, à humanidade como um todo, agir de forma racional e unida, para que essa situação de fim de mundo anunciado não aconteça no curto prazo, dando-nos a chance de, quem sabe, salvar nosso planeta de nossas ações egoístas e destruidoras. É preciso ainda reconhecer, de forma sincera, que estamos praticando uma espécie de “ecocídio”, comprometendo a vida no planeta e impossibilitando a chance de viver das futuras gerações.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Vivemos em uma época perigosa. O homem domina a natureza antes que tenha aprendido a dominar a si mesmo.”

Albert Schweitzer

Albert Schweitzer, fotografia de Yousuf Karsh.

 

Protocolo

Nossa leitora chama a atenção para a burocracia de atendimento da Caesb. Um cano estourado no setor habitacional da W3 Sul jorrou água por dias, apesar das inúmeras ligações dos moradores à empresa e à ouvidoria. Até que, numa tarde, um caminhão da empresa apareceu no local. Quem estava em casa foi ver os trabalhadores acabando com o vazamento. Só que não. Eles estavam ali para consertar uma calçada e, apesar de presenciarem a fonte que jorrava o dinheiro do contribuinte, informaram que a solução daquele problema era em outro setor.

Caesb. Foto: destakjornal.com.br

 

História de Brasília

A cidade de Moreno, em Pernambuco, está para ficar sem prefeito. O vice pediu à Câmara a cassação do mandato do sr. Ney Maranhão, e ninguém sabe o que pode vir a acontecer naquele município. (Publicada em 18.02.1962)

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