Disque D para denunciar

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Reprodução da internet (página de pesquisa)

 

Aprender com os erros do passado tem sido a receita de muitos povos, em todo o tempo e lugar, para não repetir os mesmos modelos fracassados de antes. Quando as lições não são devidamente aprendidas e os caminhos corrigidos a tempo, o resultado aprisiona esses povos num ciclo sem fim de caos e decadência. Exemplos desse modo de atuação são demonstrados ao longo de toda a história humana. Para não ir muito longe, ficando apenas num grande exemplo trazido pela história contemporânea, vemos que no regime nazista (1933-1945), a acumulação de erros e estratégias abreviou essa ideologia, que pretendia se estender por mil anos. Mesmo assim, o curto período ativo, com toda a monstruosidade por ele operado, já denotava, desde os primórdios, que esse era um regime fadado ao colapso, tantos foram os crimes cometidos por seus protagonistas.

Demonstra a história que impérios, no caso o Terceiro Reich, que pavimentaram seus caminhos e conquistas com carne e sangue humanos, não avançaram além do que pretendiam seus principais líderes. Ainda assim, ficam as interrogações em forma de espanto. Como pôde um regime e uma ideologia contaminar e controlar toda uma nação que, à época, era a mais desenvolvida e organizada do planeta? Como foi possível a um só homem, dotado de dois olhos, dois ouvidos e uma boca, controlar milhões de olhos, ouvidos e bocas?

A resposta possível é que esse único indivíduo contava para controlar as massas de milhares de ouvidos para escutar os opositores, milhares de olhos para vigiar os dissidentes e outras milhares de bocas para denunciar todos aqueles que se mostravam contrários ao regime. Para tanto, uma ferramenta muito antiga foi posta em prática por toda a parte: a delação.

No regime nazista, as delações foram não apenas uma prática corriqueira, mas uma atitude adotada por milhares de cidadãos e largamente incentivada pelo governo, para que nada fugisse ao controle do regime. Nada naquele período era mais sofisticado e massivo do que o aparelho de propaganda do governo. Tivessem existido, naquela época, as mídias sociais, como a conhecemos hoje, aquele regime nefasto iria durar muito mais do que uma década, pois esses canais de comunicação estariam severamente censurados e usados apenas em benefício do regime.

O regime de Adolf Hitler, como os demais governos totalitários, como é o caso também do regime stalinista na antiga União Soviética, utilizaram-se de um gigantesco sistema de vigilância e controle da população, ao obrigar a própria sociedade a vigiar uns aos outros, criando assim um intrincado e eficaz modelo para os órgãos de repressão agirem pontualmente. Nesse sistema de repressão, que dependia fortemente das denúncias feitas pelos próprios cidadãos, valia todo o tipo de acusação e incriminação, desde vizinhos que se odiavam, até familiares que, por algum motivo banal, desentenderam-se. Todos denunciavam todos o tempo todo e por tudo.

Muitas dessas delações podiam ser motivadas por razões diversas, daquelas buscadas pelo regime, incluindo medo, oportunismo, vingança pessoal ou até mesmo um desejo de mostrar lealdade ao regime. Na verdade, fazer-se de delator era uma maneira de escapar ao regime, mesmo que as custas de outras vidas. Ainda hoje, na Rússia, China, Coreia do Norte, Nicarágua, Cuba e outros regimes totalitários, as denúncias, feitas pela população, servem de lastro para o governo reprimir os opositores e todos que não obedecem ao regime.

No caso do Nazismo, as denúncias eram frequentemente feitas à Gestapo, a polícia secreta do Estado, que investigava e tomava medidas cruéis contra os acusados. As consequências para aqueles denunciados podiam ser severas, incluindo prisão, tortura, deportação para campos de concentração e, em muitos casos, a morte. Obviamente que, nesse ambiente de medo e desconfiança mútua, ninguém confiava mais em ninguém, pois essa ferramenta poderosa para o controle social desestimulava qualquer forma de oposição ao regime.

A delação naquele e em regimes ainda em vigor em nossos dias, mostraram-se uma ferramenta fundamental para a perpetuação do terror e da repressão. Outro aspecto essencial para a manutenção tanto do regime nazista como para outras ditaduras modernas é o estabelecimento da censura à imprensa e aos meios de comunicação em geral, incluindo, nos casos atuais, as mídias sociais. Nesse caso, o Estado passa a alardear a necessidade de que esses novos meios de comunicação sejam regulados de acordo com o que planeja o governo em seus três poderes. Os tempos mudam, mas os modelos de controle dos regimes persistem em variadas formas, inclusive sob uma nova roupagem de manutenção do Estado Democrático de Direito.

Para esses casos, criam-se até número de telefone onde os cidadãos podem denunciar as chamadas fakenews, ou seja, as mentiras ou verdades que o regime não quer ver expostas ao público.

 

A frase que foi pronunciada:

“Dedo duro é aquele que tem um caráter frouxo e uma vida mole.”

Helgir Girodo

Helgir Girodo. Foto publicada em seu perfil oficial no Instagram

 

História de Brasília

A Graça Couto e a Severo e VIlares estão na fase de acabamento de seus prédios no Setor Comercial Sul, frente para a W3. O da Severo já está pondo em e experiência o acabamento externo em tom vermelho, e tomara que não seja para contrastar com os mosaicos pretos. (Publicada em 15.04.1962)

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