ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
Numa listagem de 180 nações, elaborada pela Transparência Internacional no início desse ano, o Brasil aparece no nada honroso 97º lugar, misturado entre os países mais corruptos do planeta. A cada ano, nosso país vem caindo de posição, descendo a perigosa escada onde estão as mais problemáticas nações do globo.
Diversas operações levadas a cabo pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, nesses últimos anos, têm tido o condão de mostrar, ao mesmo tempo, o quão profunda e entranhada é a corrupção no Estado brasileiro e o quanto temos ainda que avançar para deter essa praga que nos mantém presos a um passado de subdesenvolvimento eterno, caminhando na rabeira do mundo civilizado.
Mas afinal, o que isso tem de importância? Perguntariam os cínicos, depois de apontar que somos ainda uma das dez maiores economias do planeta. Talvez não custe enfatizar ainda que o fenômeno da corrupção é hoje a principal causa, entre nós, das desigualdades sociais e dos péssimos serviços públicos que são prestados à população, induzindo ainda a violência exacerbada que tomou conta de nossas principais cidades, deteriorando as economias locais, afastando investidores, degradando o meio ambiente, desempregando e levando à marginalidade populações inteiras, roubando, acima de tudo, o futuro dos brasileiros.
Se já não fossem poucos os malefícios gerados pela corrupção, o mais assustador é constatar que ela permeia praticamente todas as instituições e poderes do país e tem, na sua elite dirigente, os maiores exemplos negativos dessa prática, já tornada costumeira em todas as instâncias do governo.
Embora não exista uma fórmula ou metodologia para medir, com exatidão, a corrupção de um país, é fato que, sentido na pele pela população e confirmado pelas inúmeras investigações, comprova uma clara correlação entre esses atos ilícitos e a prática corrente de atividades criminosas de todo o tipo, dentro e fora do governo.
Mesmo se comparado a outros países desenvolvidos, no Brasil, o índice de corrupção aumenta ainda mais essa percepção geral de que o país caminha numa trajetória descendente; é justamente a falta de transparência. Nesse quesito, estamos na 80ª posição entre 137 nações, segundo o Fórum Econômico Mundial. No nosso caso específico, é patente que a corrupção tem arruinado, por séculos, qualquer chance de desenvolvimento econômico.
De fato, o que parece agravar nosso caso, é que a medida em que vamos retrocedendo e, por conseguinte, ficando mais pobres, vamos ficando também mais abertos à corrupção, num ciclo sem fim e cujo o resultado final acaba por contaminar a própria população que passa a aderir a esse jogo sujo com naturalidade.
Portanto, não seria demais salientar que a medida em que a corrupção vai corroendo a máquina do Estado por dentro, mais e mais essa ferrugem ética acaba por extrapolar, envolvendo toda a nação na mesma lama, tornando inviável o próprio Brasil.
A frase que foi pronunciada:
“Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam com a outra. Antes se negam, se repulsam mutuamente. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.”
Rui Barbosa
Dia especial
Muito carinho dos leitores, hoje, no aniversário do titular dessa coluna. Ari Cunha agradece, comovido, as manifestações dos amigos.
Vôlei de praia
Brasília está pronta para receber a 3ª etapa do Circuito Brasileiro Challenger. Medalhistas olímpicos e novos talentos abrilhantarão o evento gratuito à população. Até domingo, no Parque da Cidade.
Mercado de trabalho
Passados cinco meses com o índice de empregados no mercado formal caindo vertiginosamente. Menos 661 postos de emprego.
Babá
Por falar nisso, cumpridores das obrigações sociais dos empregados domésticos exigem mais qualidade e capacitação. Acrescente-se o desemprego e o resultado é: pedagogas, até com mestrado, procuram emprego de babá, recebendo muito mais do que paga uma escola, considerando uma classe com 20 crianças e uma casa com apenas 1 criança. Novos tempos.
Curso humanizado
Novamente, um policial agredindo gente trabalhadora. Nessa crise, não são os que lutam para sobreviver dignamente que merecem esse tipo de tratamento. O fato aconteceu novamente na Rodoviária do Entorno, no centro da capital. Com celulares, uma atitude dessa é imediatamente registrada por qualquer transeunte. Policiais estão com os nervos à flor da pele. Precisam de reciclagem!
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O primeiro passo para reestruturar, seria a unificação de todas as campanhas ligadas ao Ministério da Educação, para o combate ao analfabetismo, que dentro de cinco anos poderá ser reduzido ao mínimo, com a aplicação de recursos da ordem de 160 bilhões de cruzeiros. (Publicado em 26.10.1961)