Fingindo-se de morta para sobreviver

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Charge do Genildo

              Credibilidade é todo o capital que uma instituição necessita tanto para exercer com eficiência seu mister, como para ganhar a confiança e aprovação daqueles que buscam seus serviços. Sem essa qualidade, nada pode ser levado adiante. No caso das instituições públicas, essa é uma virtude fundamental, que uma vez perdida, dificilmente pode ser recuperada.

             O problema com a perda de credibilidade de algumas, ou de boa parte das instituições do Estado, é que isso não fica restrito apenas no âmbito da avaliação da sociedade, sendo que seus efeitos deletérios acabam se estendendo e ganhando terreno, contaminando toda a máquina pública, prejudicando o cidadão e, por tabela, gerando crises que, de uma forma ou de outra, acabam afetando a qualidade da própria democracia.

            Por essa visão, fica explícito que democracia e credibilidade são irmãs siamesas. Onde uma está, está também a outra. No caso do Brasil, em particular, esse é talvez um dos maiores problemas a afetar a qualidade do nosso almejado regime político. A população em geral não deposita confiança nos homens públicos e na maioria dos que estão à frente das instituições em nosso país. Diversas pesquisas de opinião comprovam a perda de confiança da população não apenas com relação às instituições, mas com relação também aos três Poderes da República.

            No ano passado, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, cerca de 50% dos entrevistados diziam não confiar no desempenho da Presidência da República. A mesma baixíssima avaliação era apontada com relação ao Legislativo e ao Judiciário. Até mesmo o Ministério Público entrou nessa lista, considerado como instituição que goza de pouca ou quase nenhuma confiança por parte dos brasileiros.

            Reparem aqui que confiança e credibilidade são sinônimos diretos, sendo que a perda de uma ou de outra traz prejuízos incalculáveis para a população, afetando de modo drástico a vida de todos, criando um fosso irreparável entre a nação, de quem, segundo o artigo 1º da Constituição, “todo poder emana”, e o establishment. É na perda de credibilidade das instituições que está o nascedouro das desigualdades, do qual somos campeões mundiais. “O país real, esse é bom, revela os melhores instintos; mas o país oficial, esse é caricato e burlesco”, já afirmava o escritor Machado de Assis, em 1861.

            De lá para cá, e no sentido contrário do que induz a evolução e o progresso, esse modelo perverso ganhou ainda mais ímpeto e maiores proporções, ao ponto de hoje estarmos diante de uma situação anômala, em que a população se vê forçada a trabalhar, de modo compulsório, para sustentar todo esse edifício em ruínas e sem credibilidade, recebendo em troca as migalhas que caem das mesas fartas.

             Não causa espanto que todas as pesquisas de opinião pública acabam por apontar os partidos políticos com os maiores índices de desconfiança ou credibilidade. Em 2021, ainda segundo o Datafolha, 61% dos ouvidos disseram não confiar nas legendas. Também o Congresso Nacional é visto com desconfiança por 49% da população. O Judiciário alcançou, em 2021, 31% de desconfiança dos brasileiros. Melhor avaliação ficou com as Forças Armadas, que conta com 76% de confiança por parte da população. A questão aqui é saber que nação pode almejar algum futuro ou melhora nos índices de desenvolvimento humano, quando seus cidadãos torcem o nariz para suas instituições, porque reconhecem a pouca credibilidade que possuem?

            Essa perda paulatina de credibilidade interna provoca estragos também fora do país, forçando o Brasil a ir se afastando de outras nações desenvolvidas do planeta. Sobretudo no quesito combate à corrupção. A impunidade, que a população reconhece que vigora para as elites, juntamente com os mecanismos que tornam a classe dirigente blindada aos rigores da lei, tem sido um fator a catalisar fortemente a desconfiança da população em suas instituições.

            Os ricos e poderosos estão totalmente não apenas imunes às leis, como recebem proteção e prioridades nas altas Cortes. Há quase mil dias, repousa, nos labirintos infinitos do Congresso, o projeto de condenação já em segunda instância, o que coloca nosso país numa posição sui generis perante os 194 países que fazem parte da ONU. Aproveitando essa brecha, que veio a calhar, o Supremo tem livrado da cadeia os maiores corruptos deste país, gente que desviou bilhões de reais e nem por isso perdeu seus direitos políticos.

             São benefícios a atingir apenas os poderosos, que podem, com o dinheiro que roubaram, pagar os mais caros escritórios de advocacia deste país. O desmanche da Operação Lava Jato e a colocação do ex-presidiário para disputar o mais alto cargo da administração pública falam por si e traduzem o trabalho hercúleo que as altas Cortes vêm fazendo para tornar a corrupção, nas altas esferas, crimes eleitorais de menor importância.

             Leis como a Ficha Limpa, que a população chegou a creditar um dia, que teria vindo para impedir que verdadeiros delinquentes ocupassem cargos públicos, foram estraçalhadas, o mesmo acontecendo com a Lei de Improbidade Administrativa. Na percepção da população, há todo um arcabouço meticulosamente engendrado para que os três Poderes mantenham o status quo de intocáveis, fora do alcance, inclusive, da própria Constituição. É o Brasil oficial ou perniciosamente oficioso e que medra como erva daninha, dilapidando o país por dentro. O mais espantoso em todo esse processo de dilaceração do Estado é que, nesses últimos cinco séculos, a população vem conseguido sobreviver, aos trancos e barrancos, mesmo a despeito de suas instituições e, apesar delas, de suas tiranias.

            Não surpreende sermos considerados uma nação ímpar que, há séculos, vive num autêntico sistema anárquico de governo. De fato, o povo não confia, mas também não aposta um níquel furado em suas instituições, preferindo viver à parte, porque sabe que essa é a melhor receita para sobreviver num país desigual e injusto. A fórmula é simples: fingir-se de morta.

A frase que foi pronunciada:

“Quando estamos fora, o Brasil dói na alma; quando estamos dentro, dói na pele.”

Stanislaw Ponte Preta

Stanislaw Ponte Preta. Foto: reprodução

 

História de Brasília

Para que depois ninguém venha por a culpa em ninguém, o aumento foi autorizado pelo Conselho Nacional do Petróleo, que cedeu, assim, à pressão do Sindicato dos Distribuidores de Gás Engarrafado no Brasil. (Publicada em 01.03.1962)

O status que importa

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Congresso Nacional durante a votação dos vetos presidenciais 03/03/2020 Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

 

         Junto com o fenômeno nefasto da hipertrofia dos partidos políticos, todos eles super vitaminados com os bilhões de reais dos cofres públicos, nada mais natural que, com essa metástase, verdadeiro carcinoma no tecido institucional do país, surgisse também a figura da partidocracia, em que as legendas vão assenhoreando-se do poder, sem cerimônia alguma, contaminando a democracia com uma nova roupagem que nada mais é do que a própria ditadura, erigida por outros meios e que prescindem de canhões e outros equipamentos bélicos.

         A reforçar essa desnaturalização da democracia, infectada por dentro, estão os tribunais eleitorais, todos eles uma excrescência jurídica, semelhante aos tribunais militares, aos tribunais de contas do estado e outras instituições erguidas apenas para o gaudio de burocratas com a finalidade de infernizar a vida dos cidadãos.

         Sem uma reforma política e administrativa séria, que viesse pôr um fim nessas sinecuras a onerar os contribuintes, as eleições vão se transformando naquilo que elas possuem de essência, que é a perpetuação dessa gigantesca e inoperosa máquina do Estado. É justamente com as eleições, feitas nesses moldes em que ditam os partidos e seus caciques, que todo esse arcabouço vai se estendendo no tempo, atando o país num burocratismo estatal que em nada se diferencia do antigo Brasil Colônia.

           Com isso, fica fácil deduzir que as eleições, a despeito da polarização e das brigas fratricidas que ocorrem e que podem recrudescer ainda mais, nada mudarão para os cidadãos, permanecendo o mesmo aparato estatal inerte, em que o estado, perdulário e indiferente às necessidades reais da população, usa e abusa da nação, quer por meio de uma carga tributária, que é uma das maiores do planeta, quer por intermédio de leis que blindam o estamento e as elites no poder, fazendo do povo apenas um gerador de riquezas, pronto a alimentar todo esse Leviatã que não para de ganhar estatura. A dicotomia que faz do Brasil um país rico, povoado por uma população pobre, tem, nesse modelo cruel, seu nascedouro e prolongamento no tempo.

         Portanto, não é de se estranhar que praticamente inexiste, entre nós, a figura de um político ou alto burocrata que tenha permanecido com o mesmo patrimônio depois de sair do poder. A escassez, e mesmo a quase inexistência de verdadeiros homens públicos entre nós, é o que nos diferencia do restante dos países desenvolvidos.

         O pior nessa paisagem desolada e sofrida é que todo esse quadro, que antes tinham como personagens apenas os áulicos do Executivo e Legislativo, hoje vai sendo povoado também pelas figuras das altas corte, todos eles irmanados nesse projeto de manter o subdesenvolvimento do país. Assim, o que temos de fato, é que nenhuma eleição, dentro desse modelo perverso será capaz de mudar.

          É uma elite de sibaritas, muito bem instalada nos píncaros do poder, imbuída de comandar os destinos do país de acordo com suas próprias regras, disposta a permanecer, a qualquer custo, onde estão e, para isso, comandam todo um circo de pantomimas, iludindo os eleitores com as prestidigitações bem orquestradas, que virão em outubro próximo. Não é por outra razão que dizem: o status que importa é o status quo.

 

 

A frase que foi pronunciada:   

“A inteligência não basta ao que aspira dirigir homens. Se à inteligência não se alia o caráter, o condutor de alma frágil baqueia na jornada.”

Assis Chateaubriand

Assis Chateaubriand Bandeira de Mello. Foto: Agência Nacional

 

Protocolo

Farmácias da capital têm tido dificuldades em manter o estoque de antibióticos infantis. Seria um facilitador para os pais se os pediatras colocassem, pelo menos, duas alternativas de medicamento nas receitas.

Foto: Jhonatan Vieira/Esp. CB/D.A Press

 

Contra a lei

Mais uma armadilha da Nestlé. Depois do “composto lácteo” em embalagem idêntica à embalagem do leite Ninho, agora a “mistura láctea condensada” ganha a embalagem similar do Leite Condensado. Mesmo que a lei diga que induzir alguém ao erro e obter vantagem sobre a situação seja crime (artigo 171 do Código Penal Brasileiro), as novidades continuam tomando conta das prateleiras dos mercados.

 

Pesquisas

Hoje é possível avaliar a importância de se regular a divulgação das pesquisas eleitorais. Um leitor estranhou o ibope de Lula em relação a Bolsonaro na pesquisa do Ipec. Se o ex-presidente não consegue nem passear mais nas feiras, que resultado é esse? Indagou. Os dados estão absolutamente corretos. Só que poucos meios de comunicação divulgaram que a entrevista foi feita com apenas 1.008 pessoas. Veja tudo sobre essa pesquisa nos links a seguir.

–> Consulta às pesquisas registradas

–> Visualizar Pesquisa Eleitoral

Charge do Ivan Cabral

 

História de Brasília

Um bujão de gás, de 13 quilos, que custava 590 cruzeiros, está custando, agora, 712 cruzeiros sendo êste o maior aumento verificado nestes últimos tempos. (Publicada em 01.03.1962)

A Hidra da Praça dos Três Poderes

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Ex-juiz Sérgio Moro. Foto: ISAAC AMORIM/MJ

            Em algum lugar muito recôndito deste pais, a verdade e sua coirmã, a justiça, parecem ter se abrigado, fugindo desse momento presente de incertezas e em que  a inversão de valores se transformou, da noite para o dia, no novo normal, com os tribunais agora protegendo e inocentando notórios criminosos, ao mesmo tempo em que condenam e perseguem inocentes, sobretudo aqueles que ousaram, um dia, mandar para a cadeia, poderosos e influentes políticos e empresários, todos eles metidos até a ponta do cabelo, no mais profundo e fétido lodaçal de corrupção já visto pelos brasileiros.

             É nesse ambiente, onde já não é possível, sequer, distinguir o chão do teto, que os autênticos operadores da justiça, aqueles que buscaram verdade, em nome da sociedade, vão se transformando em réus, apenas pelo fato de que cumpriram com o que ordena o dever profissional e a ética, mandando para a cadeia os principais membros dessa bem estruturada quadrilha, que dilapidava o Estado, por dentro do coração do Estado, num esquema tão surreal, que nem mesmo os mais inventivos escritores de ficção policial imaginariam.

             É tudo tão absurdo, que nem mesmo o uso das expressões correntes da nossa língua conseguem traduzir o que se passa nesse momento. Felizmente, aqui e ali, ainda despontam alguns personagens, dotados de digna coragem, para denunciar esses e outros descalabros, que assistimos todos, entre mudos e inertes.

            Um caso aqui, digno de nota, foi trazido pela coluna de JR Guzzo, publicada na revista Oeste, nessa última semana, intitulada “Estão querendo virar a mesa”. No artigo, o jornalista diz, textualmente, que há um golpe de Estado, sendo preparado e organizado em câmera lenta, pronto para ser executado, na frente de todos. Não se trata, segundo o articulista, de um golpe nos moldes tradicionais, comandado pelas forças militares, mas levado a cabo por aqueles que se arvoram defensores da democracia, mas que, no íntimo, estão angustiados com a perspectiva de perderem seus privilégios. “É gente que vem com uma doutrina destes nossos tempos”, diz. Gente que, segundo consta no artigo, está disposta a “salvar” a democracia, destruindo as regras da própria democracia, disposta, inclusive, a anular os resultados das eleições de outubro, caso vença o demiurgo de Garanhuns, aquele mesmo, que apareceu no centro das imagens de slides apresentadas pelo então procurador Deltan Dallagnol e que identificado e apontado, naquela ocasião, como o chefe mor dessa mega “orcrim”.

            O que fica evidenciado nesse artigo, que inclusive mereceu ampla divulgação feita pelo presidente Bolsonaro em sua live semanal, é que tanto a cúpula do Poder Judiciário como parte do atual Congresso estão se articulando para governar o país, afastando todas as pautas consideradas, por essa turma, como conservadoras e contrárias aos seus propósitos. Para tanto, alerta Guzzo, não se intimidarão em bloquear, degenerar ou falsificar as eleições para fazer prevalecer suas regras. Quem acompanha e conhece  a longa e prestigiosa trajetória de JR Guzzo, considerado hoje o mais brilhante e incisivo jornalista do nosso país, deve ter ficado de orelha em pé com esse artigo.

            O próprio presidente foi um desses. A ideia final desse grupo, continua o artigo, é dar a vitória ao único adversário real do atual presidente. Guzzo, em seu texto, dá o nome aos bois. Logo em seguida, vêm os políticos do Brasil velho, bichado e inimigo do progresso – “dos  túmulos do PSDB, dos que querem roubar e estão em síndrome de abstinência, dos parasitas da máquina estatal, dos fracassados que precisam voltar ao governo e afastar o risco de perderem o resto de suas carreiras. O golpe é apoiado abertamente pela maior parte da mídia – tanto jornalistas como seus patrões. Traz consigo, ainda, o consórcio nacional formado pelos empreiteiros de obras públicas, os empresários-pirata, os ladrões em geral, as classes intelectuais, as empresas aflitas com as questões de gênero, a raça e a sustentabilidade, os artistas de novela e os banqueiros de esquerda.” Como diz o jornalista, esse golpe vem sendo preparado em variadas frentes e feito em pequenas doses, incluindo nessa artimanha o próprio Superior Tribunal Eleitoral na figura de seu atual presidente, Edson Fachin, que anulou as quatro ações penais contra Lula, mesmo contrariando a decisão de outros nove juízes, tornando esse ex-presidiário apto para disputar as eleições de outubro próximo.

            Na avaliação do articulista, a chave de todo esse processo está no Supremo, onde, dos onze ministros que lá estão, sete foram nomeados por Lula e Dilma. A reforçar o teor desse artigo, é possível elencar um calhamaço de sentenças oriundas das altas cortes que vão de encontro às suspeitas do articulista de que há, de fato, um golpe em preparação. Só para ficar na mais recente dessas decisões, o Superior Tribunal de Justiça acaba de anular, por quatro votos a um, uma série de sentenças condenatórias proferidas pelo ex-juiz Sérgio Moro contra membros do Grupo Schahin e contra ex-dirigentes da Petrobras, no âmbito da Operação Lava Jato, com todos esses processos sendo encaminhados, pasmem, para a Justiça Eleitoral.

             Agora, também, o próprio ex-juiz Sérgio Moro foi tornado réu em ação popular que foi aceita pela Segunda Vara Cível da Seção Judiciária do Distrito federal (SJDF), acusado de ter provocado prejuízos de mais de R$ 172 bilhões à Petrobras por conta de seu protagonismo frente à Operação Lava Jato, e que teria resultado em graves danos à estatal e a diversos entes da administração pública. Um dos signatários dessa ação é ninguém menos do que o notório deputado José Guimarães, do PT.

             Pelo o que se tem visto até aqui, todos os elos desse esquema vão sendo montados um a um, diante de todos nós, com a cumplicidade de muitos, o silêncio de outros e a covardia daqueles que, mesmo sabendo dessa trama, fingem-se de mortos.

 

 

A frase não que foi pronunciada:

“Uma pesquisa com 1.200 entrevistados é capaz de retratar a intenção de voto dos brasileiros?”

Dúvida que não quer calar

Charge do Thiago Rechia

 

Caesb vs consumidor

De um lado, a Caesb anuncia, com antecedência, o dia em que será feita a próxima leitura; de outro, o consumidor reclama que não sabe a hora, então precisa ficar disponível durante o horário comercial. O fato é que se a Caesb não tiver acesso à leitura ela está amparada, por lei, a cobrar pelo o que não foi consumido, indo contra o Código do Consumidor.

Caesb. Foto: destakjornal.com.br

 

Impasse

Aconteceu com consumidor que conseguiu diminuir a conta para 30 reais por mês. Como não havia gente em casa, no dia da leitura, o cálculo feito com a média dos últimos 12 meses somou 70 reais. Mais que o dobro dos últimos meses de economia.

 

Amparo por lei

Ao mesmo tempo em que isso ocorre, a Caesb anuncia que vai devolver, em 2022, mais de R$ 11,5 milhões aos consumidores que economizaram. Nesse caso, os consumidores estão amparados pela Lei Distrital e pela Resolução da Adasa.

Foto: brasiliaagora.com

 

História de Brasília

Para que depois ninguém venha por a culpa em ninguém, o aumento foi autorizado pelo Conselho Nacional do Petróleo, que cedeu, assim, à pressão do Sindicato dos Distribuidores de Gás Engarrafado no Brasil. (Publicada em 01.03.1962)

É ou não é?

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Charge do Cazo

 

         Nunca, em tempo algum, o Brasil, como o resto do mundo, teve tanta necessidade de conhecer ou até mesmo se aproximar da poderosa luz da verdade. O que nos parece, nesses tempos de niilismo extremado e de uma distopia generalizada, é que nos aproximamos do que muitos acreditam ser a chegada de um apocalipse bíblico. Vivemos um período muito peculiar, intensificado pela passagem simultânea de século e de milênio. De fato, o século XXI teve sua inauguração no folhetim das ações humanas, com os ataques às Torres Gêmeas em Nova Iorque, no dia 11 de setembro de 2001, numa espécie de revival anacrônico das antigas cruzadas.

         Nada do que acontece hoje deve ser deixado de lado, sob pena de virmos a nos arrepender depois. Pudéssemos ouvir o que conversam em particular, no recato do lar ou entre amigos de longa data, as autoridades e as elites deste país, por certo, a maioria seria banida da vida pública ou presa e linchada em praça pública. Repetia o filósofo de Mondubim: In vino veritas, querendo, com isso, confirmar que, sob o efeito embriagador dessa bebida, o cérebro entorpecido pelas musas do álcool faz com que as travas na língua e a prudência verbal deixem de existir, despindo o indivíduo de suas máscaras diárias.

         A verdade vale por sua conveniência de momento. Os ministros do Supremo Tribunal Federal não tiveram receio ou pudor em usar as escutas telefônicas, feitas de modo ilegal, para ouvir as conversas entre o juiz Sérgio Moro e os procuradores, conversas essas totalmente normais entre envolvidos num caso tão rumoroso e delicado como foi a Lava Jato, apenas para encontrar filigranas jurídicas por onde enveredaram seus pareceres para libertarem os padrinhos poderosos.

         Nesse caso, as mentiras não estavam nos diálogos ouvidos, mas sim nas manobras por onde obtiveram a desculpa para anular a custosa operação. A verdade, assim como sua antípoda, a mentira, pode conduzir, sobre suas costas, a carga da conveniência ou seu oposto, de acordo com interesses de cada grupo e em certas ocasiões. Assim é que, em nosso tempo, em que vamos erguendo essa Torre de Babel moderna, verdade e mentira se misturam ao gosto do freguês, criando o que já chamam de pós-verdade. São as chamadas mentiras sinceras ou verdades fictícias, tudo muito bem ajeitado e amarrado, dentro do embrulho que passou a ser conhecido como a meta-verdade, dentro desse mundo virtual em que vamos nos enfiando até o pescoço.

         O trabalho em desembaraçar o ex-presidiário Lula das amarras da Justiça, depois de um caminhão de provas, confissões de cúmplices e devolução real de grandes somas de dinheiro, é um exemplo dessa pós-verdade, construída dentro desse mundo virtual de aparências, onde o verdadeiro e o falso ganham mesmo protagonismo e roupagem, transformando o que é em o que não é.

         Assim como a coragem humana, a verdade vai se exilando para longe e hoje são raros os exemplos daqueles que defendem e lutam pela luz da verdade, já que a maioria prefere repousar sob a sombra da mentira. Não fosse por essas nuances singelas entre os padrões modernos a classificar verdade e mentira, pouco ou nada haveria o que comentar. Ocorre é que existe, exatamente entre essas tênues variações, todo um conjunto de realidades que vai afetando nosso cotidiano, colocando-nos num mundo de incertezas e dúvidas, em que os honestos e éticos vão se assemelhando aos criminosos, sendo as virtudes iguais aos vícios, com o homem de bem se envergonhando de seu comportamento, considerado hoje conservador e ultrapassado.

          Mesmo o combate às chamadas fakenews e sua coirmã representada pelo controle da mídia, defendido justamente pela alma mais mentirosa deste país e seu grupo, encastelado nas altas cortes, entram nesse “novilíssimo” processo de falsa purificação, não por uma busca e sede de verdade, mas por estratégias políticas que visam manter essa confusão em que as línguas foram costuradas com arames e ninguém já não se entende. O fato é que, ao acenderem as luzes sobre as leis, haverá de ficar claro, para todos, que não se faz e não se opera justiça alguma sobre um mar de mentiras. É ou não é?

A frase que foi pronunciada:

“No Brasil, quem tem ética parece anormal.”

Mário Covas

Mário Covas. Foto: Agência Brasil.

 

Diário de Brasília

Café, leite, pão quente, manteiga e jornal. Era esse o pensamento de Geraldo Vasconcelos quando capitaneou o lançamento do Diário de Brasília, em 1° de Maio de 1972. A notícia vinha com o primeiro alimento da manhã. Para o corpo e para as tomadas de decisão. Veja a foto do jornal a seguir.

Corpo

Participaram, do Diário de Brasília, Antônio Carlos Elizeide Osório, vice-presidente do jornal e primeiro advogado de Brasília; José de Ribamar Oliveira Costa, diretor financeiro; Ivo Borges de Lima, diretor comercial; Oswaldo Almeida Fischer, escritor; Wilson Menezes Pedrosa, diretor de impressão, que foi também diretor da gráfica do Senado; José Carlos Vasconcelos, integrante da equipe da gráfica; Nuevo Baby, redator-chefe; e Maria Julia Ludovico, secretária executiva da diretoria. Também colaboraram os jornalistas José Wilson Ibiapina, Fernando César Mesquita e Paulo Fona.

 

História de Brasília

O governo anunciou há três meses, a diminuição do preço do gás engarrafado. Anunciou certamente sem saber o que estava prometendo, porque veio, agora, um aumento de uma violência sem paradeiro. (Publicada em 01.03.1962)

Linha do horizonte

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Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

 

          Por anos a fio, este espaço vem fazendo críticas vigorosas, além de sérios alertas sobre a delicada situação em que se transformou a ocupação de terras em todo o Distrito Federal. Ninguém precisa ser um especialista e técnico em assunto fundiário para perceber que, desde o estabelecimento da nefasta maioridade política da capital, uma excrescência vinda a luz a fórceps, apenas para favorecer propósitos inconfessáveis de grupos muito específicos locais, tal medida provocaria, em curto espaço de tempo, a desfiguração de todo o quadrilátero da grande Brasília, transformando-a em mais uma unidade da federação em que os problemas sobejam e as soluções, quando existem, minguam.

          É o que vamos assistindo a cada ano. A transformação das terras públicas em moeda de troca, dentro do conceito finório, um voto um lote, que antes tinha como lastro promessas eleitorais da classe política local, hoje ganhou status de uma bem articulada estratégia em que verdadeiros espertalhões, dentro e fora da máquina pública da capital, agem para garantir vantagens e ganhos de todo o tipo, tornando, esse negócio rendoso, uma fabulosa commodity, em que quem perde é apenas o cidadão de bem, pagador de impostos.

         O pior é que os recursos volumosos, desperdiçados para manter uma máquina pública, burocrática e inchada, criada para alojar esses novos personagens trazidos pela emancipação política, fazem muita falta aos cidadãos. Não bastassem os envolvimentos de grupos formados por políticos, empreiteiros e outros empreendedores da capital nesse esquema, agora o negócio escuso vai se espraiando para outros nichos, conforme publicações, com envolvimento de policiais, servidores da própria secretaria que deveriam cuidar desses assuntos, além de marginais, que agem diretamente em muitos assentamentos, expulsando e ameaçando moradores, tomando imóveis pela força das armas, criando o que já se pode classificar como um pandemônio a ameaçar o futuro da capital.

         Nessa sanha por lucros, nem mesmo áreas de grande segurança para os brasilienses, representada pelo Parque Nacional de Brasília, por seus recursos hídricos e naturais, são poupadas. Áreas de amortecimento em torno desse Parque e mesmo internamente estão, aos poucos, sendo cercadas e pressionadas por loteamentos, ameaçando seu delicado equilíbrio.

         Os livros de história estão repletos de exemplos que mostram o apogeu e decadência de civilizações inteiras, em que a causa de seu desaparecimento é creditada, sobretudo, à escassez de recursos hídricos. Não há, pelo menos que se saiba, qualquer projeto consistente por parte do Governo do Distrito Federal, que estude, analise e projete cenários possíveis para o que pode vir a ser a capital do país, na virada do próximo século. Trata-se aqui de um estudo necessário e urgente e que pode traçar algumas perspectivas para o futuro. Para isso é preciso, antes de tudo, frear as ocupações aceleradas de terras públicas dentro de todo o quadrilátero, sob pena de vir a instituir-se a decadência precoce e mesmo a extinção de todo o projeto que começou ainda com a transferência da capital para o Planalto Central do país, no final dos anos cinquenta.

         Especialistas nesses assuntos são unânimes em concordar que a distribuição de terras públicas, nos moldes em que são feitas hoje, por cada governo que chega, seguido de um conjunto de parlamentares locais e federais, é um processo sem fim, semelhante a enxugar gelo. Políticos com visão de futuro, como o próprio idealizador da nova capital, Juscelino Kubitschek, fazem falta.

         O que temos hoje são políticos cujo horizonte se estende apenas até as próximas eleições, e isso é, para todos nós, um grande e sério problema. Não é preciso dizer aqui que homens públicos, com visão limitada, e que parecem olhar apenas para o próprio umbigo, por suas ações irrefletidas, encolhem o horizonte de vida de milhões de outros seres, ameaçando-os de existirem. Não é pouca coisa.

A frase que foi pronunciada:

“Pela primeira vez na história do Brasil os eleitores não vão consultar a plataforma dos partidos para votar, muitas são notoriamente falsas. A vida pregressa dos candidatos é o que interessa.”

João Damasceno

 

Homem bom

Lenda ou não, há uma história curiosa sobre o cearense Edson Queiroz. Surpreendido com um ladrão dentro de casa, resolveu a situação da seguinte forma: reconheceu que a vida estava difícil para muita gente, então ofereceu os eletrodomésticos da casa para serem levados. Pediu que o rapaz voltasse porque seria contratado como segurança da mansão. Ganharia um bom salário e não precisaria mais arriscar a liberdade. Assim mudou mais uma vida.

Edson Queiroz. Foto: unifor.br

 

Homenagem

Por iniciativa do deputado federal Idilvan Alencar, a Câmara dos Deputados, no dia 24 às 10h, homenageará os 50 anos da Fundação Edson Queiroz.  Depois da sessão solene, a comitiva do grupo será recebida para um almoço na Casa do Ceará.

Fundação Edson Queiroz. Foto: unifor.br

 

História de Brasília

Com esta ultima medida, evitar-se-ia o deslocamento diário de dezenas de alunos para o Plano Pilôto, e possibilitaria, ainda, a muitos outros que não podem se deslocar, cursarem o ginasial. (Publicada em 01.03.1962)

Re Evoluções

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Imagem: Envato Elements

 

             Nada como uma crise de grandes proporções, como a estabelecida pela pandemia mundial de Covid-19, para provocar uma série de reviravoltas nas relações sociais, econômicas e políticas, virando tudo de cabeça para baixo, decretando o fim de um ciclo e anunciando o começo de um outro. Há muito se sabe que, incrustada na palavra crise, está também o termo criar, e é isso que parece estar acontecendo não só em nosso país, como no restante do mundo.

             É nessa eterna dualidade, entre perecer e sobreviver, que a humanidade vem se debatendo, inventando novas estratégias para driblar as ameaças à sua existência, num planeta aparentemente indiferente ao destino das espécies. Nesse contexto, a pandemia passou a exigir, além dos novos modelos de comportamentos e maneiras de encarar o mundo, alguns outros ajustes no modo como são produzidos certos bens econômicos, com influência direta no funcionamento do terceiro setor da economia, incorporando inovações que podem ser observadas agora pela introdução dos chamados home office e o home schooling, no dia a dia das pessoas.

             O que parecia ser impossível, até três anos atrás, hoje vai se mostrando uma realidade que veio para ficar, com milhões de pessoas, em todo mundo, cumprindo jornadas de trabalho, sem sair de casa, evitando deslocamentos desnecessários, reduzindo custos com combustível, luz, água e uma infinidade de outros insumos que os antigos locais de trabalho exigiam para o cumprimento de metas.

            O home office é hoje um fator positivo dentro do conceito de poupança de energia e de aumento de produtividade, demonstrando, mais uma vez, que toda grande crise é capaz de fazer aflorar, cedo ou tarde, novas e benéficas estratégias para todos. Como toda grande revolução, e diante do conhecimento de que o ser humano se mostra sempre avesso a mudanças ou a sair de sua zona de conforto, o home office, embora ainda gere polêmicas,  tem se mostrado eficaz, bastando alguns ajustes aqui e ali na legislação, de modo a tornar, esse, um caminho sem volta.

            Se o home office vai, a cada dia, tornando-se um modelo consensual, o mesmo não se pode dizer de seu coirmão o homeschooling ou a educação domiciliar. A prática, mesmo já tendo sido aprovada na Câmara dos Deputados, ainda gera polêmicas entre educadores e políticos, principalmente com relação ao desenvolvimento do que seria uma educação voltada para a integração e socialização dos indivíduos. Essa é, de fato, uma longa e importante discussão, mas que em nada irá modificar sua prática, já que o apoio de parcela significativa da população ao novo modelo é hoje impressionante.

            Surpreende é que, mesmo sendo o ministério da Educação a pasta que conta hoje com um dos maiores orçamentos da história, algo em torno de R$ 140 bilhões, não tenha sido capaz de fazer da escola pública uma vitrine e um exemplo de excelência a atrair alunos e a empolgar os pais. Pelo contrário, o que se vê é o afastamento, cada vez maior, daquelas famílias que enxergam, na escola pública, um perigo tanto para a formação de suas crianças como um risco de vida.

            Vídeos que correm na Internet mostram a decadência e o descontrole que parece ter tomado conta de nossas escolas, com alunos se drogando dentro de salas de aula, agredindo professores e quebrando cadeiras e mesas, que são jogadas contra as paredes, tudo num ambiente que parece ter decretado o fim desse modelo.

            Não há autoridade capaz de frear esses alunos. Até mesmo as escolas com gestões partilhadas com militares, o que em si já é um sinal dos tempos nebulosos em que vivemos, pouco têm dado conta do recado, sem recorrer a violência e outros métodos anti-didáticos.

            Nas universidades públicas, o caos é o mesmo. Não bastasse esse ambiente distópico e que remete a uma verdadeira revolta estudantil contra o atual modelo de ensino em todos os níveis, preocupa também, aos pais, o aspecto de doutrinação política, ideológica e pedagógica a que são submetidos os alunos, com professores desprestigiados e revoltados contra o sistema, insuflando a revolta contra tudo e contra todos, inclusive contra a família e seus valores, taxados de conservadores, burgueses e opressores.

            Há, na realidade, toda uma metodologia gramsciana, erradamente apropriada de seu autor, para destruir, por dentro, toda a estrutura social vigente, incluindo nessa estratégia niilista, a família, os costumes, a religião e outros aspectos da vida como a conhecemos, de modo a atingir-se o caos e desses escombros fazer erguer o falso altar do “pai da pátria”, representado pelo grande guia que nada mais é do que o ditador comunista, a quem todos devem agradecer por libertá-los de um caos, por ele mesmo criado e do qual ninguém jamais sairá livre.

            O que muitas famílias têm buscado, até de modo desesperado, é se livrar desses escombros, que parece ter se transformado grande parte de nossas escolas públicas. Nesse ambiente de destruição por dentro, nem mesmo as escolas privadas têm escapado. Banheiros para alunos que não se enquadram dentro do conceito de homem ou mulher, ou a adoção de expressões inexistentes nos dicionários da língua portuguesa, com palavras como “todes”, mostram o grau de decadência que tomou conta das escolas, com o incentivo aberto para que meninos e meninas confundam até a que gênero pertençam.

            É o vale tudo e que pode ser resumido tanto na apropriação distorcida da obra pedagógica de Paulo Freire, como na imagem mostrando a cara de satisfação do ex-presidente Lula ao ver alunos nus beijando-se ou enfiando o dedo no ânus dos outros para uma plateia de “autoridades” que a tudo assistia, eufórica e babando como cachorros com hidrofobia.

A frase que foi pronunciada:

“Se algum dia vocês forem surpreendidos pela injustiça ou pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de engrandece-la pela decência e de construí-la pelo trabalho.”

Edson Queiroz

Edson Queiroz. Foto: unifor.br

 

Homenagem

Terça feira que vem, no dia 24, a Câmara dos Deputados vai homenagear os 50 anos da Fundação Edson Queiroz em sessão solene, às 10h. A fundação tem sido importante na comunidade cearense desde as áreas de ensino e pesquisa à arte, cultura e consciência social. Lenise Queiroz Rocha deu entrevista à Agência Câmara, onde declarou que “Por meio da Unifor, a fundação tem condições de levar seus programas e benefícios nessas áreas a diversos públicos, das mais diferentes classes sociais e faixas etárias. E uma vez que o Congresso Nacional é a Casa do Povo, não temos dúvida de que essa homenagem é um reconhecimento de toda a população cearense ao trabalho que começou há 50 anos, pelas mãos de meus pais, Edson e Yolanda Queiroz”.

Fundação Edson Queiroz. Foto: unifor.br

 

História de Brasília

Sobradinho, com 22 mil habitantes, possui apenas duas escolas primárias, e os alunos estão reivindicando, agora, a ampliação, e a construção de um ginásio. (Publicada em 01.03.1962)

De costas para a realidade

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Charge: umbrasil.com

 

          Prejuízo fabuloso tem sido acumulado por quase todas as lideranças políticas deste país ao longo de décadas, apenas pelo fato de não se cercarem de pessoas de bom senso, capazes de enxergar para além da carapaça do poder, entendendo as coisas como elas são, e não como querem que sejam os mandatários. Mesmo em monarquias, onde os poderes estão concentrados apenas nas mãos dos reis, exemplos diversos, ao longo da história da humanidade mostram que não eram descartadas as ponderações dos bons conselheiros. E isso, e apenas isso, livrou o mundo de muito derramamento de sangue.

         O ego hipertrofiado tem sido a causa da ruína de muitos políticos da cena nacional, assim como a falta de ilustração, trazida pela leitura atenta dos clássicos da literatura mundial que abordam a arte de bem governar, dentro dos parâmetros da ciência política, fugindo assim dos perigos e incertezas trazidas pelos desejos e pelas paixões egoístas. O problema com a pouca ou nenhuma bagagem cultural daqueles que ousam se colocar como faróis de lideranças, é que pela própria deficiência de luz interior, acabam por levar a todos à beira do abismo escuro.

          Essa tem sido a principal causa a amarrar o país na rabeira das nações desenvolvidas, mesmo aquelas que começaram sua jornada para o primeiro mundo depois do Brasil. A questão toda cai no labirinto sem saída quando se observa que a capacidade limitada daqueles indivíduos que são alçados ao poder dificulta e até impede que eles determinem o comportamento de outros indivíduos.

         De que adianta aos indivíduos a quem os eleitores delegam o poder, se não sabem como ordená-lo em benefício dos cidadãos, restringindo toda a sua atuação nesse posto, em obter vantagens pessoais, fazendo valer sua vontade, mesmo em prejuízo de todos?

         Por outro lado, a hegemonia absoluta dos partidos em nosso país impõe uma arquitetura de democracia que é desenhada exclusivamente pelos donos desses partidos, com a finalidade de servir-lhes. Nessa construção em que inábeis indivíduos chegam ao poder, como resultado de uma orquestração arranjada pelos partidos, a existência de excrescências, representada pelos tribunais eleitorais, faz-se necessária para impedir que o jogo de cartas marcadas seja contestado.

         O bom senso e o auxílio de conselheiros dotados de razão estão exilados da política nacional. A voz da razão foi substituída pela paixão pelo poder. Não há espaço para gente de experiência e isso se reflete nas ações políticas destrambelhadas. Tampouco há condições para princípios básicos da ética, quando se verifica o desprezo por precondições como a certidão negativa dada pela Lei da Ficha Limpa para aqueles que buscam o poder.

         De tão arraigada na política e mesmo na vida nacional, a corrupção, que resulta dessa pouca qualificação de nossas lideranças, é vista hoje por boa parte de população como um mal menor, quando se sabe que esse vício é a maior corrente a nos prender num subdesenvolvimento eterno e cíclico. Desde sempre se soube e Maquiavel já pontuava que “O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta”.

         Também Bobbio esclarece a necessidade de bons conselheiros ao afirmar: “Acreditamos saber que existe uma saída, mas não sabemos onde está. Não havendo ninguém do lado de fora que nos possa indicá-la, devemos procurá-la por nós mesmos .” É nesse ponto em que o dirigente, a quem foram delegadas altas responsabilidades, não tendo o devido preparo e não tendo ao seu lado um bom conselheiro, resolve seguir a direção apontada pelo próprio nariz.

          É nessa direção, traçada a partir da ponta do nariz daqueles que nada sabem, que rumamos todos para o buraco. É como diziam os antigos:“ quem segue apenas a direção apontada pelo nariz, sem ligar para as vozes da razão em volta, dá de cara contra a parede da realidade premente, quebrando o nasal e o dente.”

A frase que foi pronunciada:

“Qual será nossa escolha: degradação ou recuperação, escassez ou fartura, compaixão ou cobiça, amor ou medo, tempos melhores ou piores?”

Carl Safina

Carl Safina. Foto: M. Minocri

 

Levantamento

Passado um ano, GDF inicia ciclo de apresentações do resultado da pesquisa por amostra de domicílio. As novidades da pesquisa estão no questionário que registrou respostas sobre preferência sexual, existência de animais domésticos nos domicílios e questões relacionadas à insegurança alimentar.

Foto: Arquivo/Agência Brasília

 

Brasileiros em NY

Uma ópera transforma o filme Sétimo Selo. A adaptação musical estreou nesse mês em Nova York sob o comando do brasileiro João MacDowell, compositor e diretor artístico da ópera. O coro e 16 instrumentos foram preparados pelo maestro também brasileiro, de Brasília, Néviton Barros. Obra de Ingmar Bergman está sob o comando de profissionais brasileiros muito competentes.

O compositor brasileiro João MacDowell em imagem de seu perfil no Facebook —  Foto: Divulgação

 

História de Brasília

Na terceira página, o jornal que traz, ainda, o nome do sr. Carlos Lacerda no expediente, noticiava atividades sociais do sr. Samuel Wayner, que almoçara com diversas figuras da administração nacional. (Publicada em 01.03.1962)

Ventos de outubro

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Charge publicada na estanciadeguaruja.com

 

       Com ou sem eleições, com ou sem a possibilidade de aferição pelo voto impresso, o fato é que, dentre as lideranças políticas deste país, incluídos nesse rol os ministros do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral e todos os candidatos que aí estão se apresentando para o pleito de outubro deste ano, ninguém, dentro desse imenso grupo, parece reunir condições ou capacidade de deter o quadro de decadência institucional do Estado Brasileiro.

        Aos eleitores que, em tese, deveriam caber essa capacidade de mudar os rumos do país, seguem indiferentes, como bois rumo ao matadouro. Não se iludam! As eleições nada mudarão no dia a dia dos brasileiros. A inflação continuará aumentando, a corrupção, dentro da máquina do Estado, e que está na raiz de todos os nossos problemas, continuará da mesma forma ou, talvez, com mais intensidade. Também a indiferença dos políticos e dos altos escalões da República, com todos os seus privilégios e mordomias e toda a sua capacidade de manterem-se imunes às leis, permanecerá ou, quem sabe, ganhará ainda mais fôlego.

        As injustiças sociais e a concentração de renda, que faz de nosso país o campeão mundial das desigualdades, permanecerão as mesmas ou, talvez, até cresçam ainda mais, aumentando o fosso entre ricos e pobres. Da mesma forma, permanecerão os programas ditos sociais, que escondem em seu interior, mecanismos viciados de perpetuação do voto de cabresto. Programas formulados às custas dos pagadores de impostos apenas para dar projeção aos anseios pessoais de políticos sem escrúpulos e sem projetos para o país.

        Esses e outros programas, desenhados de última hora, e sob a pressão das eleições, permanecerão intactos, justamente porque impossibilitam que largas parcelas da população encontrem meios de tomar posse de seus destinos, libertando-se, de vez, do jugo populista. Do mesmo modo, ficarão os aumentos cíclicos dos fundos bilionários eleitorais e partidários, assim como as emendas secretas e todo um conjunto de benefícios vetados aos cidadãos comuns.

        O que haverá, de fato, nessa dança das cadeiras, são mudanças cosméticas, em que os donos das legendas milionárias e seus caciques, todos eles amasiados na mais rendosa e segura empresa que existe, designarão aqueles que irão para esse ou aquele posto, para que tudo permaneça como está.

        Também ficarão os modelos perversos de reeleição, assim como a possibilidade de parlamentares elegerem para uma função e abrir mão dela, em troca de um outro cargo mais vantajoso, jogando fora os votos recebidos. Ficarão onde estão, ainda, a malandragem dos suplentes a deputados e senadores, cabendo, nessa função, até mesmo o pai ou a mãe. Os campeões de emendas secretas permanecerão onde estão.

        A impunidade para os poderosos, amigos, parentes e agregados, incluindo nessa lista até as amantes, permanecerá a mesma. Só poderosos ganharão, na Justiça, causas contra o Estado. O mesmo vale para a impossibilidade de prisão em segunda instância, tudo igual. A dúvida quanto à lisura das eleições permanecerá intacta, do mesmo modo que permanecerão inexplicáveis as tentativas dos ministros supremos de explicarem esse mecanismo.

        Ficarão as ameaças de um retrocesso, apenas com uma possível vitória de Lula da Silva, salvo do presídio, na undécima hora, por ministros amigos e por ele e seu partido indicados. É que as coisas poderão mudar, tornando o que já está ruim para calamitoso, com toda uma perigosa e bem articulada quadrilha subindo, de volta, a rampa do Palácio do Planalto, de onde darão prosseguimento ao projeto de saquear o país, interrompido, brevemente, pela Operação Lava Jato.

        É isso ou aquilo, numa mistura eterna e mal cheirosa entre passado e presente, e onde o futuro é sempre adiado. Marchamos para as urnas, como condenados marcham em direção ao laço da forca, que balança com os ventos de outubro.

 

A frase que foi pronunciada:

Se a lei defender a propriedade, muito mais deve defender a liberdade pessoal dos homens, que não podem ser propriedade de ninguém.”

José Bonifácio de Andrada e Silva

José Bonifácio. Imagem: josebonifacio.sp.gov

 

Direitos Humanos

O capixaba Jean Carlos Gomes Gonçalves projetou uma gaiola, atendendo a ideia do vereador petista Adriano Pereira, que fez um projeto prevendo que todos os caminhões de coleta de lixo tenham grades e assentos para os profissionais, proibindo que fiquem pendurados sem segurança no trânsito. A experiência foi testada no Rio de Janeiro.

 

Força Tarefa

Agaciel Maia lembra os colegas que Câmara Legislativa recebe projeto da LDO para 2023 com previsão de 14 mil nomeações. Concursados serão chamados para preencher vagas desde a Secretaria de Educação, Secretaria da Saúde a Segurança Pública.

Foto: cl.df.gov

História de Brasília

Quem leu ontem a Tribuna da Imprensa, estranhou, certamente, a alteração na orientação do jornal. (Publicada em 01.03.1962)

O poder de fogo da caneta

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Ministro do Supremo, Edson Fachin. Foto: Nelson Jr./STF

 

         Se por detrás de cada palavra, isoladamente, esconde-se um mundo infinito de interpretações, que dirá de frases inteiras ou mesmo de discursos. A insistência dos políticos em fazerem discursos intercalados de parábolas, quer para fugir do efeito direto da verdade dos fatos, quer para não dizer o que dizem, não apenas confunde os interlocutores, como deixam uma série de interrogações soltas no ar. Deixem as parábolas com Jesus, porque Ele sim sabia do que estava falando e para quem falava. Foi justamente esse modo apropriado de analogia que fez, dos ensinamentos de Cristo, um modelo que se perpetua até os dias de hoje. O perigo em discursos feitos de improviso, quando o cérebro tem que trabalhar mais rápido do que a língua, é que muitos dos boquirrotos que infestam o mundo da política nacional acabam entregando, de bandeja, o que pensam realmente sobre determinado assunto, bastando para o ouvinte atento, uma leitura mais acurada do que estão falando.

         Por certo, o mais fácil paciente num divã de psicanálise é o político profissional, bastando, ao especialista, fazer uma leitura de cada palavra escondida, trocando-lhes o sentido. Parafraseando Millôr Fernandes, como são éticos e sábios os políticos que não conhecemos. Pesado na balança da honestidade, nada do que dizem vale um pataco. O pior é que, mesmo com toda essa mímica verbal, o que esses personagens políticos anunciam acaba por interferir negativamente na vida de cada um. É preciso, pois, ficar atento ao que dizem e não deixar passar nada. Caso contrário, corre-se um risco grande.

           Nesse sentido e tendo como pressuposto o que acaba de dizer o ministro do Supremo, Edson Fachin, que, quer queira ou não, também adentrou no mundo pantomímico da política, juntamente com seus pares, é preciso analisar com cuidado sua afirmação: “quem cuida das eleições são as forças desarmadas.”

          Primeiro, quando diz que não quer mandar recado, o que pretende é justamente o contrário, mandar um aviso a todos aqueles que buscam colocar interrogações, pertinentes ou não, ao sistema eletrônico de votação. Essa não é uma discussão encerrada e nem será, enquanto personagens da política, nesse caso de toga, insistirem em falar por parábolas. Ora, que forças desarmadas seriam essas as quais o ministro se refere?  Para uns, poderiam ser as forças desarmadas de bom senso. Ou desarmadas do devido recato que o cargo requer. Ou, pior ainda, seriam essas forças desarmadas as mesmas que cuidaram de desarmar todo o volumoso e custoso processo da Lava Jato? É preciso lembrar ao ministro, indicado pela notória e destrambelhada Dilma Rousseff em 2015, que a caneta capaz de fazer “descondenar” um criminoso do naipe de Lula da Silva, condenado em três instâncias por liderar a maior quadrilha que este país já presenciou, é muito mais poderosa e mortífera do que a metralhadora lurdinha, que Tenório Cavalcanti escondia sob a capa que envergava. Recolocar, num pleito político, por meio da mais clara manobra jurídica e chicaneira, um criminoso, para que ele volte ao poder ou ao lugar do crime, pode ter o efeito de uma bomba atômica, com repercussões totalmente imprevisíveis e perigosas. Sim, ministro, por debaixo dessa toga se esconde uma arma com o potencial de destruir toda a nação, entregando-a inerte em mãos de um grupo que acende o lampião.

A frase que foi pronunciada:

“É bom ficarmos atentos porque esse exemplo da pandemia mostrou que “em nome da segurança abrimos mão da nossa liberdade. Aceitamos pacificamente a dominação.””

Emília Soares dos Santos

Passageira de máscara em estação do metrô de Londres em 12 de junho de 2020 – AFP

 

Arte

Que iniciativa enriquecedora. Com o apoio do Sebrae, Hélvia Paranaguá, secretária de Educação, e Alice Simão, diretora da Kingdom School, homenageiam o artista plástico Carlos Bracher. Quase 100 alunos cegos ou surdos participaram da oficina “Arte e Cores”, pintando com Bracher dois quadros. Um, em homenagem aos 200 anos da Independência do Brasil, e outro, hoje, em homenagem aos 62 anos de Brasília. Às 19h, na Qi 11, Entrequadras 2 e 4, área especial B, no Lago Sul. A presença deve ser confirmada no número 9 9643-1828.

Carlos Bracher. Foto: Daniel Ferreira/CB

 

Alegria, alegria

Hoje começa também o 7º Festival de Teatro de Bonecos do Gama, com a presença internacional do Chile, da Argentina, do Peru, do Uruguai e das regiões brasileiras. Veja, a seguir, detalhes das apresentações.

Cartaz: divulgação oficial

–> 7º FESTINECO- Festival de Teatro de Bonecos do Gama
Dez dias de alegria (18 a 27/05) com grupos do Distrito Federal, Argentina, Chile, Peru e Uruguai e de mais três regiões brasileiras

O riso, o brilho nos olhos e o encanto dos bonecos vão abrir suas asas da quarta (18/05) até a sexta (27/05), em palcos e horários variados, no Teatro SESC Paulo Gracindo (Setor de Indústria Quadra 2), no Parque do Setor Leste (Parque infantil da Praça do Cine Itapuã ) e no Espaço Voar (SMA conjunto k lote 5 Gama – no Pró DF perto do Detran) em algumas escolas públicas, pelo 7º Festival de Bonecos do Gama – Festineco. Desta vez, serão 11 grupos do DF, cinco de outras unidades da federação (GO, PB, RJ, RS E SP) e mais quatro de outros países da América do Sul (Argentina,Chile, Peru e Uruguai). Tudo gratuito e aberto a todos os públicos., com exceção do espetáculo “Viejos”,de Sergio Mercúrio, cuja classificação indicativa é 14 anos. Este projeto conta com patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do DF (FAC-DF).

 

Etarismo

Com autoria de Candice Pomi, Cléa Klouri, Juliana Seidl, Marco Antonio Vieira Souto, Maria Sanches, Ricardo Pessoa, Ricardo Mucci e Viviane Palladino, o “Movimento Atualiza!” convida a comunidade a visitar o guia de Boas Práticas de Combate ao Etarismo. Basta buscar na Internet digitando o seguinte: bit.ly/guiaatualiza.

–> Queridos(as) seguidores(as),
Há 6 meses, o Movimento Atualiza! compartilhou o Guia de Boas Práticas para Combate ao Etarismo em parceria com a ABA e foi o maior sucesso!! 😍

Neste mês de abril fizemos uma releitura e realizamos pequenos ajustes para aperfeiçoamento do seu conteúdo. Agora compartilhamos com vocês o Guia atualizado do #Atualiza
Link: bit.ly/guiaatualiza 🧡📙

Um conteúdo necessário e de fácil leitura para começarmos a lutar contra o preconceito e a discriminação etária nas empresas e no nosso dia a dia! 🙌 Vamos lá? Baixe e compartilhe! 🙂🚀
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Autoria: Candice Pomi, Cléa Klouri, Juliana Seidl, Marco Antonio Vieira Souto, Marilia Sanches, Ricardo Pessoa, Ricardo Mucci e Viviane Palladino.

História de Brasília

É uma deformação completa da planta daquelas casas, que cada dia é mais mutilada. (Publicada em 01.03.1962)

Cevados à pão de ló

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Charge do André

 

         Houvesse um instrumento jurídico, verdadeiramente válido, que obrigasse os políticos em campanha a cumprirem cada uma das promessas feitas aos eleitores, muito dos problemas atuais, na administração pública, estariam resolvidos. A começar pelo o que parece ser o maior problema de todos neste momento, que é o malfadado instituto da reeleição, que o atual presidente da República, durante sua campanha lá em 2018, prometia pôr um fim. “O que eu pretendo é fazer uma excelente reforma política, acabando com o instituto da reeleição, que começa comigo caso seja eleito, e reduzindo um pouco, em 15% ou 20%, a quantidade de parlamentares”, prometia o então candidato Jair Bolsonaro.

         De lá para cá, o vinho virou vinagre e promessas como essas e outras viraram fumaça e foram levadas pelo vento. É preciso lembrar que foi o então presidente Fernando Henrique Cardoso que, em 1997, moveu céus e terra para ver, aprovada pelo Congresso, a possibilidade de reeleição para si mesmo, inaugurando o que é hoje o mais nefasto instrumento da vida política nacional.

         A reeleição faz de cada político eleito, um candidato permanente, já no primeiro dia de mandato, como aconteceu, de fato, com o atual presidente. O pior nesse jogo de empulhação propalado pelos políticos é que não apenas todas as promessas recitadas solenemente diante dos eleitores são deixadas de lado, como o próprio programa partidário, impresso em livretos e distribuídos para a população.

          Não há empenho em fazer cumprir nem uma coisa e nem outra. São as fakenews a preparar o terreno. Passadas as eleições, joga-se a culpa pelo não cumprimento das promessas nas costas do acaso e tudo fica como antes. Ao eleitor fica a sensação de haver comprado gato por lebre. Mentir pode não ser crime, mas obter cargo público, que deveria ser de alta responsabilidade, pelas consequências que gera para todos, por meio de falsos compromissos, é como falsificar currículo, o que é puro estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal. Só para lembrar, o referido artigo diz: “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena – reclusão, de quatro a oito anos, e multa”.

          A mesma penalidade deveria caber àqueles que se elegem para um cargo, com todo um caminhão de promessas de que vai fazer isso e aquilo, e depois pede afastamento, ou para ocupar outro cargo no Executivo, ou para se descompatibilizar e concorrer a outro cargo, deixando a população e toda a administração ao relento. Enquanto isso, o estado está acéfalo, entregue à própria sorte. Culpa dos eleitores também que não sabem avaliar a qualidade dos candidatos.

         Exemplos desse pouco caso com os eleitores e com o pouco compromisso com as funções públicas são abundantes nesse país e não há, no horizonte, qualquer iniciativa para acabar com essa pouca vergonha. Sujeito se elege prefeito, renuncia para ser governador e volta a se afastar dessa função para se candidatar à presidência da República, tudo numa sequência que deixa clara a falta de responsabilidade. Outro se elege senador, deixa o cargo para o primeiro suplente, que pode ser até a própria mãe, para ocupar cargo de ministro. Os exemplos desse pouco caso e até de desprezo flagrante com os eleitores são em grandes quantidades e, mais do que revelar o descompromisso com a função e o desejo de atender apenas a desejos pessoais, revelam o quão longe ainda estamos de uma verdadeira democracia com qualidade, ocupada por pessoas com espírito público.

          O que temos, na maioria dos casos em todas essas funções públicas, são aventureiros, de olhos postos nas vantagens materiais. Autênticos sibaritas, cevados à pão de ló.

 

A frase que foi pronunciada:

 “A voz do povo é a voz de Deus. Com Deus e com o povo venceremos, a serviço da Pátria, e o nome político da Pátria será uma Constituição que perpetue a unidade de sua Geografia, com a substância de sua História, a esperança de seu futuro e que exorcize a maldição da injustiça social.”

Ulysses Guimarães

 

História

Festa bem merecida recebeu a Imprensa Nacional pelos 214 anos de história. Glen Valente, da EBC, e Heldo Fernando, da Imprensa Nacional, participaram das comemorações.

Arte: gov.br

 

Consume dor

Continua a discussão sobre Apple e Samsung, que resolveram retirar fones e carregadores dos celulares da embalagem original forçando o consumidor a fazer nova compra para poder usar o produto integralmente. Interessante notar que se, pelo menos, 450 Procons penalizassem cada marca, o fundo de recurso do órgão de proteção ao consumidor, caso a multa fosse paga, receberia por volta de  R$ 9 bilhões. Mas o consumidor teria que comprar o aparato da mesma forma, mesmo que tenha sido o único prejudicado.

Imagem: tecmundo.com

 

História de Brasília

Atenção, DFLO. Na quadra 20 da W-3 estão construindo nos quintais das residências. Há casos em que quatro cubiculos estão sendo construídos para alugar, e, que dizem, a 15 mil cruzeiros mensais. (Publicada em 01.03.1962)