Coreografia de movimento popular

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ARI CUNHA – Visto, Lido e Ouvido
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com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

Com a manifestação organizada pelo PT e pela Central Única dos Trabalhadores, cerca de 50 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar, ocuparam a Esplanada dos Ministérios em apoio à presidente Dilma, contra o impeachment e contra o que chamam de movimento golpista. Se há uma coisa que funcione bem dentro do Partido dos Trabalhadores é a sessão de marketing, espécie de DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo).

A data (31 de março) foi escolhida com a intenção de estabelecer relação entre o processo de impeachment, em curso, e o golpe militar ocorrido em 1964. Trata-se, obviamente, de falsificação grosseira da história, visando confundir as pessoas mal-informadas. A bem da verdade, a própria manifestação é uma farsa em si, do começo ao fim — vazia de propósitos democráticos ou republicanos. A começar pelo processo de arregimentação dos manifestantes, convocados a fazer figuração e número, em troca de pagamentos, alimentação, transporte, camisetas e outros itens.

Os figurantes, todos vestidos de vermelho e portando bandeiras dos organizadores, representam, literalmente, a massa de manobra, usada para dar falso verniz de apoio popular a um governo que vai sendo desmontado pela ação da polícia. A tentativa de fundir os efeitos de mera operação policial, que, par e passo, vai desmanchando uma organização criminosa no poder, a um movimento dito golpista, semelhante ao ocorrido 52 anos atrás, é, lógico, criação ficcional do pessoal de propaganda do partido.

Pela insistência com que buscam subverter a realidade crua dos fatos, melhor seria que essas manifestações fossem agendadas para o 1º de abril, data reservada para o dia da mentira. Fossem retiradas as benesses e incentivos aos figurantes profissionais, a manifestação seria drasticamente desidratada ou simplesmente desapareceria.

O importante é analisar o que está por trás dessas manifestações e que não aparece nos cartazes exibidos pela massa. Na retaguarda dessas agitações ensaiadas, há nítida tentativa de mostrar para a opinião pública que o atual governo, seu partido e suas lideranças, ainda contam com o apoio popular massivo, e qualquer tentativa de desconsiderar esse fato acirrará conflitos de toda ordem.

Não é por outra razão que os ditos velados ou não são cada vez mais ouvidos em todo país. Nessa última manifestação, o presidente da CUT, Vagner Freitas, voltou a proferir ameaças: “Quero ver qual é o golpista que vai ter coragem de nos enfrentar.”

Na verdade, o que os dirigentes da CUT e da maioria dos sindicatos temem de fato é que o advento de um governo sério venha a pôr fim na perniciosa república sindical, azeitada com o dinheiro fácil dos contribuintes. Se existe um fato verdadeiro nessas manifestações e que a conecta ao fatídico ano de 1964, é que também naquela ocasião, o hipersindicalismo ameaçava o Estado democrático e foi usado, naquela ocasião, com um dos motivos para intervenção saneadora dos militares.

 

A frase que não foi pronunciada

“O povo brasileiro não está na Constituição Federal. Ele é representado.”

Página solta ao vento

 

Sofrimento

Professores da Escola de Música de Brasília continuam sofrendo com a indefinição dos rumos. Os profissionais estão tombando com AVC e problemas de depressão.

 

Palmas

Reginaldo Marinho Bruno Steinbach Silva, a partir da próxima semana, ingressará no Kickante de financiamento coletivo e conseguirá os recursos para fazer o protótipo da primeira construção inteiramente transparente do mundo.

 

Santo de casa

São 16 anos desde que comemorou as primeiras medalhas de ouro conquistadas, sem nenhum apoio governamental, na 28th International Exhibition of Inventions of Geneva e na BBC Tomorrow’s World Live, em Londres. O que é

 

Essa invenção introduz dois novos paradigmas à engenharia. Será a primeira estrutura do mundo em resina plástica que será incorporada às outras modalidades estruturais conhecidas: de madeira, concreto e metal. Com ela, será edificada a primeira construção inteiramente transparente.

 

Exportar é o que importa

O compromisso ambiental da tecnologia Construcell tem encantado vários países que levam a conservação do ambiente a sério. O reconhecimento à eficiência do trabalho do dr. Marinho vem desde a concepção do módulo que permite usar o plástico das garrafas PET descartadas na natureza, a possibilidade de instalar uma placa fotovoltaica em cada módulo, transformando a construção em uma usina solar. Pena que nossos líderes governamentais não relevem o art. 219 da Constituição Brasileira.

 

História de Brasília

A FAB realiza, no momento, em Brasília, a Operação Aeroporto, comandada pelo major Clipper. Cada empresa prepara uma relação dos passageiros, assinalando os que são parlamentares e, no embarque, todos têm que apresentar carteira de identidade, inclusive os deputados, que o fazem sorrindo a maioria das vezes. (Publicado em 3/9/1961)

FHC: Não é apenas uma crise, são várias.

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Em entrevista concedida a emissora de tevê, nessa quinta-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma análise bastante lúcida do atual momento político, a começar pela constatação de que o país vive não uma crise, mas várias. A entrevista foi ao ar exatamente na data que marca os 52 anos do golpe militar e no mesmo dia em que o governo arregimentou, segundo cálculos da Polícia Militar, 150 mil nas principais cidades brasileiras, contra o impeachment.

Apontada por FHC, a primeira grande crise, é de ordem econômica e decorre, segundo ele, de uma falsa avaliação das oscilações dos mercados internacionais (2006/2007/2008) e que levaram o governo a abandonar a política de responsabilidade fiscal, que vinha seguindo com certo êxito, para, em seguida, adotar diretriz dentro chamada nova matriz econômica.

“Naquele momento houve um sinal que foi mal interpretado pelos que mandavam no Brasil. Dessa forma, as medidas de bom senso, que vinham sendo adotadas e que não obedeciam a nenhuma fórmula neoliberal, já que as contas públicas precisam ser organizadas e, até certo ponto controladas, foram postas de lado.

Na avaliação de FHC, naquele momento houve falsa sensação de que, com a oferta abundante de crédito tudo era possível. Foi nesse instante que teve início movimento de frouxidão nas contas do Estado. Também a utilização exagerada do BNDES, como alavanca do crescimento, geraria problemas futuros, pois, segundo disse, uma superdosagem na utilização desse banco, como fonte de crédito, deu ao governo a falsa sensação de ser todo-poderoso e que, portanto, podia tudo.

A formação do que chamou “anéis burocráticos”, juntando setores do Estado e setores produtivos e que foi a base da nova matriz econômica, durou pouco e, quando isso começou a se desfazer, começou a crise do Brasil, agravada, disse, pela queda nos preços das commodities.

Com a desilusão no modelo, as classes empresariais e média se retraíram e houve o colapso daquela política. FHC se mostrou surpreso com a rapidez com que o governo perdeu apoios na sociedade. “Não é só questão de popularidade, mas, sobretudo, de credibilidade”, afirmou o ex-presidente. Nesse quesito, avalia, começa a haver não só uma crise de governabilidade, mas também de condução do próprio processo político.

Basta observar a diferença do entusiasmo petista nas ruas. O PT de hoje é bem diferente daquele PT onde ninguém recebia um tostão para agitar as bandeiras no período de disputa eleitoral. Os filiados ao partido eram espontâneos. Ninguém via uma caravana de ônibus, com comida, uniforme e um dinheirinho distribuído para agitarem a bandeira vermelha. O partido conseguiu convencer que não convence. Os sindicatos bem abastecidos financeiramente cuidam de recrutar os que “acreditam” no partido. (Nota do autor.)

O que o país assiste hoje, segundo FHC, é à junção das crises econômica, política, e social, piorada ainda com a introdução de uma crise de ordem moral escancarada, dada pela continuidade dos escândalos de corrupção do mensalão e petrolão. É muita crise junta, ressaltou o político, lembrando que quando o sistema de presidencialismo de coalizão foi transformado e deformado para sistema presidencialista de cooptação pura e simples, o modelo fracassou por completo e com ele o atual governo.

 

A frase que foi pronunciada:

“A democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-entendido.”

Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil

 

Festa

Merecida homenagem à pianista Jaci Toffano feita pela Academia Jauense de Letras. Capitaneada por Dirceu Barbosa, o reconhecimento engrandece também Brasília.

 

Nosso abraço

Depois de um susto pregado pelo coração, Sérvulo Esmeraldo volta ao brilhantismo das esculturas. Um galpão é pouco para abrigar tanta criatividade.

 

Do bem

Por falar em artistas, os tambores rufam iniciando o aquecimento. Lourenço de Bem comemora 60 anos de vida em 24 de abril, e 30 anos de atelier. A festa vai ser no atelier.

 

Moral da história.

Não é a revolução que liberta, nem a força, nem a ideologia. O que liberta é a verdade. Mensagem de Renata Cunha

 

Nas ruas

Um ônibus pela avenida com o adesivo rosa e letras garrafais: ASSÉDIO ZERO NO ÔNIBUS — Não tem desculpa. Assédio sexual é crime. Denuncie. Ligue 180.

 

História de Brasília

O Serviço Nacional de Telecomunicações distribuiu à imprensa, há três dias, uma nota segundo a qual, estava se realizando um movimento de tropas rumo ao Rio Grande do Sul. Nós, naturalmente, não temos nada com isto, mas que tem, bem que podia perguntar onde estão estas tropas, porque já faz três dias e não chegaram a Porto Alegre. (Publicado em 3/9/1961)

Modelo podre

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Com a instalação formal, na Câmara dos Deputados, do colegiado que analisa o processo de impeachment da presidente Dilma, o Brasil assiste, pela segunda vez, ao rito político e desestabilizador da defenestração de um chefe do Executivo, com todas as possíveis consequências que esse movimento sempre traz à estabilidade democrática. Mais uma vez, a república é abalada por mecanismos extraordinários de emergência, que, em última análise, paralisam o país, provocando sérios abalos na estrutura econômica e social. A questão deveria merecer honesta abordagem por parte daqueles que cuidam do ordenamento jurídico e institucional do país.

Como é possível que, em pouco mais de duas décadas, os brasileiros se vejam às voltas com o mesmo dilema do impeachment?  Eis aqui uma questão de resposta simples, mas de dificílima solução. A repetição dessa história como tragédia ou ópera bufa, deixa à mostra certa teimosia burra, característica, talvez, da nossa formação histórica e cultural, de insistir no erro, na esperança de que desta vez dê certo. Por que ainda não nos livramos de crises como esta, já que conhecemos, por experiência, o que nos levou até ela?

Com a promulgação da Constituição de 1988, restou aos legisladores a importante tarefa de cuidar da regulamentação e do aperfeiçoamento das muitas leis infraconstitucionais restantes. Entre esses institutos, ficou pendente conjunto de reformas vitais para o país e que nunca foi objeto sequer de atenção do Congresso. A mais importante dessas revisões era justamente a reforma política. Considerada a mãe de todas as reformas, por sua importância no alicerce do Estado, a reforma política, adiada sine die, seria remédio eficaz para crises desse tipo. No que diz respeito aos partidos, a inclusão das cláusulas de barreiras, que impossibilitaria o surgimento de tantas legendas de aluguel, seria o primeiro passo.

Outras medidas, como o voto distrital, aproximando o eleito do eleitor e o instituto do recall, que possibilitaria a retirada do político que contrariasse os interesses do eleitor, seriam também de grande significado para nosso ordenamento partidário. O sistema eleitoral também deve ser modificado, acabando, de vez, com as caríssimas campanhas, movidas a milhões de reais, com a possibilidade, inclusive, de lançamento de candidatos sem partidos. Só essa medida daria fim a antigo sistema político plutocrático, em que prevalece o candidato endinheirado.

O fechamento da máquina pública à sanha dos políticos, com a entrega de todos os cargos de importância para concorrer à disputa eleitoral, seria outra medida necessária para aperfeiçoar nossa democracia. Muitos outros novos mecanismos deveriam ser introduzidos, mas, para isso, seria preciso começar, o mais rapidamente possível o processo de reforma política, antes que um terceiro processo de impeachment venha a acontecer em breve.

 

A frase que não foi pronunciada

“Não reclame da manifestação dos sindicatos. Você é o maior financiador desse movimento.”

Manifestante

 

Boa nova

Enfim, a volta da Bilblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles e do Escritório de Direitos Autorais do DF. A iniciativa partiu do deputado distrital Roosevelt Vilela (PSB) em resposta a ofício expedido pelo Sindicato dos Escritores do DF (Sindescritores) pedindo ajuda referente aos dois assuntos.

 

Atitude

Participaram da reunião, que foi realizada no gabinete do parlamentar, o diretor do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca do Ministério da Cultura (DLLLB/MinC), Volnei Canônica, o presidente do Sindescritores-DF, Marcos Linhares, a chefe de gabinete do deputado Roosevet Vilela, Dayanne Timóteo, além do próprio parlamentar.

 

Futuro

“Não será apenas uma reabertura, como também faremos da BDB uma biblioteca de referência para o país todo. Acabo de voltar de viagem aos EUA para falar com parceiros da DLLLB/MinC e estive numa biblioteca pública nos moldes que pretendemos implementar em Brasília”, explicou Volnei Caônica.

 

Chave de ouro

O presidente do Sindescritores-DF, Marcos Linhares, mostrou-se satisfeito com o resultado da reunião e comemorou as informações recebidas. “Agradecemos o empenho do deputado Roosevelt Vilela por ter oportunizado o encontro assim como ao diretor do  DLLLB/MinC, Volnei Canônica, pelas excelentes notícias. Tais reaberturas serão muito importantes não só para os escritores do DF, assim como para toda a comunidade.”

 

História de Brasília

O Repórter Esso está cada vez pior. Só dá notícias que agradam aos censores. Com isto, está quase provado que as “forças terríveis” a que se referiu o sr. Jânio Quadros não são as americanas. (Publicado em 3/9/1961)

Auditoria já!

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No jogo político, é comum que partidos se utilizem e difundam estratégias que visam apenas confundir e iludir os oponentes. Como numa partida de cartas, a política lança mão do blefe e da simulação para preservar vantagens. Quem não consegue reconhecer, de cara, essas artimanhas acaba fazendo o jogo do concorrente, às vezes sem se dar conta disso.

No caso do movimento de impeachment da presidente Dilma, é justamente isso o que vem ocorrendo. Ao reconhecer a força desse movimento, a cúpula petista faz o jogo duplo para confundir as oposições. De público, rechaça o impeachment, dizendo se tratar de golpe contra uma presidente democraticamente eleita com 50 milhões de votos. Na intimidade, porém, as lideranças consideram que a destituição constitucional da presidente vai pôr fim ao desgaste de um governo que, reconhecem, sempre atingiu o partido de forma negativa.

De fato, a retirada de Dilma do caminho interessa mais ao partido do que às oposições. Em primeiro lugar, acreditam, tira a sigla dos holofotes e do protagonismo negativo, lançando-o de volta à oposição, seu lugar de origem e onde se movimenta como nenhum outro. Neste momento de crise, é tudo o que o partido no poder quer. Catapultado de novo à oposição, vai lavar as mãos para a crise e, ao mesmo tempo, se colocar na posição de vítima injustiçada de um golpe no tapetão.

O derradeiro dia da presidente Dilma à frente do Executivo marcará as primeiras horas no trabalho de renascimento do partido, livre agora do enfado da administração do país. E, já no primeiro instante, do outro lado do balcão, começará a difundir a versão de que a ruína econômica é obra dos golpistas que sabotaram um governo popular.

Lançar Dilma ao mar é tudo o que resta agora para preservar um partido caído em desgraça e, talvez, sua última chance de sobreviver. Importante nessa jogada é que novos ocupantes do Palácio do Planalto se acautelem das bombas deixadas para trás e providenciem, o quanto antes, uma auditoria internacional e isenta das contas do Estado, apresentando-as prontamente ao público. Depois é só chamar um padre para benzer o lugar.

 

A frase que não foi pronunciada

“Quando você vai fazer uma coisa  certa, pode fazer de qualquer  jeito. Mas, quando for errada,  tem que fazer direitinho.”

Frase solta pela Praça dos Três Poderes

 

Pardal

Encampando a reclamação de outro leitor na coluna sobre a sanha arrecadatória, mais contribuição para o assunto trânsito em Brasília. Diz André Felipe: “Sugiro que verifiquem um pardal localizado na BR-020, próximo ao km 14 da via, no sentido Sobradinho-Brasília, altura de bairro denominado Nova Dignéia II”.

 

E continua

“Colocaram uma lombada eletrônica para redução de velocidade calibrada para 40km/h em uma BR, o que já não seria por si algo muito explicável. O problema, contudo, torna-se mais grave quando tal lombada foi colocada poucos metros depois de um retorno da estrada. Assim, quem sai do retorno preocupado com quem vem na estrada, acelerando para não atrapalhar o trânsito, fatalmente é multado por uma lombada eletrônica de 40 km/h.”

 

Sugere

“Acredito que o lugar minimamente sensato para essa lombada seja, pelo menos, antes da saída do retorno. Assim, os motoristas que já estão na estrada reduzem a velocidade e quem sai do retorno tem seu ingresso na estrada facilitado. Da forma como está, é praticamente impossível sair do retorno preocupado com o trânsito e passar a menos de 40km/h na lombada.”

 

Release

“Venham cantar, tocar algum instrumento ou declamar a convite do Clube da Bossa e do Sesc no próximo sábado, dia 2, às 11h30, no Teatro do SESC situado na Quadra 2 do Setor Comercial Sul. Quem não quiser se apresentar poderá vir assistir. A entrada é franca.”

 

História de Brasília

O repórter de um jornal uruguaio transmitindo noticiário para seu país pela Cadeia da Legalidade informou que ontem à tarde um avião da FAB sobrevoava Porto Alegre, soltando boletins com a portaria do ministro da Guerra, licenciando os cabos e sargentos do III Exército.(Publicado em 3/9/1961)

A quinta-coluna governista

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A crise, por seus desdobramentos diários, se tornou assunto inesgotável e, portanto, obrigatório. Esse fenômeno ocorre não é por conveniência da imprensa, sempre aberta a manchetes de escândalos. A mídia reage, na maioria das vezes, apenas aos acontecimentos, dando prosseguimento correto à divulgação para o grande público. Essa é a sua razão de existir. Os observadores são unânimes em afirmar que o momento político vivido hoje no país é o mais grave dos últimos cinco séculos de nossa história.

A avalanche ininterrupta de fatos, vindos da Praça dos Três Poderes e de Curitiba, ocorre em tal volume que, praticamente, não dá tempo para se pensar em reação nem em respostas nem em estratégias de defesa. DesTa vez, os caríssimos escritórios de advocacias que, anteriormente, faziam a diferença entre os “iguais perante a lei” se veem diante de processos de defesa cada vez mais intrincados.

O encurtamento das possibilidades recursais à segunda instância provocou uma revolução no rito jurídico, que ainda não foi devidamente aquilatado. O risco de uma profunda cisão na sociedade é presente e, mesmo assim, continua sendo alimentada pelo que restou da turma de apoio ao governo. A tática de dividir para enfraquecer e confundir continua sendo empregada, talvez como recurso de desespero final.

A força do tempo mostra, mais uma vez, que nada no mundo é para sempre. Pessoas e partidos também não escapam à ação corrosiva do passar dos dias. Mais duradouros e quiçá necessários são os valores morais humanos. Mas esses também sofrem com o efeito ralador do tempo. A moral, e não o moralismo, se tornou mercadoria escassa. Muito mais do que o fim que se anuncia inexorável, o que mais deve torturar aqueles que ainda estão embarcados na nau governista é o fato de saber que eles podiam absolutamente tudo.

A partir de 2002, um país inteiro foi disposto numa grande mesa ao partido para que operassem as mudanças necessárias e que por séculos foram sendo adiadas. Era a verdadeira travessia do Mar Vermelho que se abria para a passagem de milhões de desassistidos. O que, à primeira vista, parecia uma jornada tranquila, se revelou — por carência na qualidade dos quadros convocados para a alavancagem histórica do Brasil — um trabalho impossível de ser realizado.

Essa missão veio a se confirmar num fracasso imensurável, quando revelou que a falta de qualidades pessoais era agravada ainda pelo vício da corrupção. “Deus põe e o diabo dispõe”, diz o filósofo de Mondubim, resumindo o que aconteceu na sequência. O governo agiu, o tempo todo, como quinta-coluna, minando o próprio caminho, sabotando a si próprio e, por tabela, a todos, indistintamente.

 

A frase que não foi pronunciada

“O que o futuro fez por você?”

Lição do ontem

 

Da fonte

Amanhã, às 10h, na sede do Ipea, no Edifício BNDES, ocorrerá uma solenidade para o lançamento da coletânea de artigos Catadores de materiais recicláveis: um encontro nacional. Sob a perspectiva dos próprios catadores, o material fundamenta novas políticas públicas de reciclagem. O evento contará com a presença do presidente do Ipea, Jessé Souza, e do presidente do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria, Gilberto Carvalho.

 

Rio Doce

Perguntas do leitor Danilo Emerich. 1) Há algum posicionamento do Ministério do Meio Ambiente sobre o estudo que aponta contaminação nos peixes 140 vezes acima do limite? 2) Além de pesquisas, o que pode ser feito para reverter o quadro da contaminação da vida aquática? 3) Há risco para a saúde humana ingerir esses peixes? 4) O que está sendo feito para impedir a comercialização?

 

Força-tarefa

Bruna Pinheiro, diretora-presidente da Agefis, mostrou que se trata de uma guerra a ação dos grileiros no DF. Em seminário, ela revelou a perda em arrecadação. Verba que poderia ter sido usada na saúde e na educação. “Uma única chácara vendida por grileiros, no ano passado, por R$ 20,8 milhões. Um hospital para atender 40 mil pessoas custa R$ 15 milhões. O maior roubo que a gente tem dentro da cidade, o maior desvio financeiro, é o da terra”, disse Bruna.

 

Release

O mundo continua de braços cruzados assistindo à dramática situação dos refugiados da Síria. A Acnur promove hoje conferência de alto nível em Genebra. A avaliação da Acnur é que dos 4,8 milhões de refugiados sírios registrados nos países vizinhos da Síria e no norte da África, mais de 10% dessa população necessitam ser reassentados em outras regiões do mundo. Com a continuidade do conflito na Síria, mais de 450 mil vagas de reassentamento serão necessárias até o fim de 2018.

 

História de Brasília

Posse, pura e simples, é o que determina a Constituição. Os arremedos encontrados pelo Congresso são a prova da fraqueza do povo na escolha dos seus representantes. E a atitude de 21 deputados do PTB determinou a aprovação da emenda parlamentarista que, há 16 anos, é recusada pelo mesmo Congresso.(Publicado em 3/9/1961)

Brasília na mira dos destruidores

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Uma cidade é, antes de tudo, um organismo vivo. É gerada a partir de um complexo planejamento tão ou mais sofisticado do que a própria vida orgânica. Uma cidade nasce, cresce, se expande e, não raro, entra em decadência e morre. Dessa forma, pode-se considerar que a construção de uma cidade é processo contínuo e que, praticamente, jamais se completa ou tem ponto final. No caso de cidade ou sítios tombados, essa mecânica segue modelo ou protocolo diferente. A área tombada pela Unesco em Brasília em 1987, abrangendo seu aspecto volumétrico, está restrita ao perímetro urbano do Plano Piloto. O que deveria ser comemorado como motivo de orgulho para toda a população, vem sendo, desde a emancipação política da capital, em 1988, alvo de todo tipo de ataque.

De um lado, a especulação imobiliária, impulsionada pelo inchaço populacional da cidade, levou a pressões variadas — algumas, inclusive, criminosas — para alterar ou simplesmente desprezar o tombamento. Os argumentos para os ataques são, obviamente, falsos. Dizer que o tombamento engessa o crescimento da cidade e impede seu desenvolvimento não passa de retórica de gente que tem no horizonte apenas motivos financeiros próprios.

O pior nesta polêmica toda é que aqueles que deveriam, até por função, proteger e lutar para a preservação do Plano Piloto no Livro do tombo da Unesco, são os primeiros a buscar a desfiguração do projeto original de Lucio Costa. A Câmara Legislativa, por diversas vezes, por incrível que isso possa parecer, tem voltado sua artilharia contra o tombamento da capital.

As razões para este comportamento contraditório, já tratado neste espaço, se resume ao binômio um lote, um voto. De um lado, os corruptos, e, de outro, os corruptores loucos para efetivar o ganho. O verdadeiro festival de puxadinhos e remendos improvisados vão, pouco a pouco, tomando conta da cidade, não respeitando as áreas verdes, o comércio nem mesmo as residências.

Todas essas modificações e improvisos são apoiados e incentivados por nossos representantes. A profusão paulatina de modificações ao projeto de Lucio Costa, em pouco tempo, tornará irreversível a ideia original, contaminando também a permanência da capital como patrimônio cultural da humanidade. Os arremedos de arquitetura vêm acontecendo numa sequência tal que, em poucos anos, Brasília terá o mesmo aspecto desarrumado comum à maioria das cidades brasileiras, onde o desrespeito à arquitetura e ao urbanismo é norma e segue a sanha de políticos de passagem.

A diretora-presidente da Agefis, Bruna Pinheiro, anuncia que, até julho, amplo levantamento de intervenções irregulares será seguido de campanhas educativas no Plano Piloto. A partir dessa data, o órgão promete remover as construções irregulares que ferem o tombamento. Fechamentos de pilotis, grades e cercas não serão aceitos e  eles vão ser devidamente arrancadas, promete o órgão.

 

A frase que foi pronunciada

“Não poderá prevalecer a paz na Terra enquanto existir o aborto. Porque é uma guerra contra as crianças. Se aceitarmos que uma mãe mate seu filho no próprio ventre, como podemos dizer para outras pessoas que não matem uns aos outros?”

 

Madre Teresa de Calcutá

 

Carta do leitor I

É impossível para o bom senso entender a razão da diminuição da velocidade de 80km/h para 60 km/h em pequeno trecho da Avenida das Nações Norte em frente ao Iate Clube. A Avenida das Nações é uma via de velocidade constante onde o motorista crava os 80km/h e consegue fazer seu deslocamento sem problemas.

II

Tecnicamente, nada justifica dois pardais distantes a menos de 300m um do outro nessa localidade. A não ser o furor arrecadatório. O leitor deve ter reparado que me referi a órgão de trânsito. Isso porque não consigo entender que quem multa na L4 deve ser o DNER e, na L2, o Detran. Provavelmente, os diretores e chefes são duplicados nos dois órgãos. Não há bom senso; nem consigo entender por que no eixinho quem multa é o Detran e no Eixão o faturamento é do DER.

III

Nossos governantes e todos os escalões inferiores precisam perceber que a população está com a paciência atingindo o limite quando o assunto trata de má gestão e de desrespeito aos direitos do cidadão contribuinte. É justo pagar multa quando se desvia da legalidade do trânsito. Mas é insuportável para a paciência do contribuinte perceber armadilhas (dois pardais e redução maluca de velocidade) que visam apenas o faturamento dos órgãos.

 

IV

Sr. governador, perceba o descontentamento do cidadão e exija que os órgãos, para os quais o senhor nomeia os diretores e chefes, respeitem o direito do contribuinte. É difícil pagar enormidades em impostos e multas e trafegar em vias esburacadas, remendadas e cheias de armadilhas inseguras.

 

História de Brasília

Na hora de defender a pele, de tentar salvar o seu prestígio, o sr. Carlos Lacerda esqueceu todos os seus dotes democráticos. Mandou apreender jornais, arrolhar jornalistas e distribuir, pelo Palácio, notícias tendenciosas e desprovidas de verdade.(Publicado em 2/9/1961)

A Páscoa que nos cabe

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Como todo marco histórico ou religioso, a Páscoa tem um significado que oscila entre o mundo dos homens — com data, local e personagens identificáveis — e o mundo celeste, das coisas dos espirituais, do metafísico e ligados à fé.

No mundo judaico, a Páscoa ou passagem relembra a longa fuga dos judeus do cativeiro babilônico, possivelmente no ano de 1447 a.C. e que é descrito no Antigo Testamento (Êxodo). Para os cristãos, a Páscoa simboliza um dos fundamentos de sua fé, que é a ressurreição de Jesus, após ter sido barbaramente torturado e crucificado. Em ambas as tradições, observa-se que o sentido de passagem estabelece também um sentido de superação de um estado para outro patamar. Nas duas tradições, a Páscoa é tomada como uma alegoria que mostra o rito de passagem, como um obstáculo necessário a ser transposto.

Para os judeus, foram necessários 40 anos vagando no deserto, até o momento em que Jeová estabelece com eles aliança que é firmada nas Tábuas da Lei. Na história cristã, a passagem é sinalizada por um obstáculo de 40 dias de jejum (Quaresma), durante o qual Jesus foi submetido a todo tipo de tentação para se entregar ao mundo.

Esses terríveis obstáculos foram superados graças não só ao predomínio da força do espírito sobre a matéria, mas sobretudo pela certeza de que, além daqueles estorvos imediatos, havia Canaã, onde jorrariam leite e mel, ou a vida celeste e eterna.

A maioria das religiões do planeta pregam em comum a valorização do espírito sobre a carne e a renúncia ao materialismo, que é apontada por elas como obstáculo a ser passado para trás. O que a Páscoa relembra, a cada ano, na nossa tradição judaico-cristã, é que devemos ter como incentivo esses exemplos luminosos de superação. Cada um, individualmente, e a sociedade, como um todo, podem e são capazes de transpor os obstáculos imediatos.

 

A frase que não pronunciada

“Porquanto, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e por causa dessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se atormentaram em meio a muitos sofrimentos. Exortações aos homens de Deus.”

1 Timóteo 6:10

 

Lá fora

A CNN mostrou pessimismo sobre a organização dos Jogos no Rio de Janeiro e pontuou as preocupações dos estrangeiros. Os protestos podem não ter acabado em agosto, mais de 1,5 milhão de casos de zika em 2015, o problema da água contaminada em locais dos Jogos de Verão não foi sanado. Os organizadores esperavam uma venda melhor. Apesar de a presidente ter reunido jornalistas estrangeiros para esclarecimentos sobre a política do Brasil, o material da CNN  sugere que analistas acreditam que o impeachment de Rousseff ajudaria a recuperar a confiança dos investidores na economia golpeada do país.

 

Dono

Quem gravou o presidente Obama dançando tango cortou todas as reproduções da internet. Em vários sites, há um aviso que a reprodução em outros websites foi proibida e remete ao YouTube.

 

De olho

Como as empresas de agrotóxicos estão um pouco esquecidas em detrimento das construtoras que ganham propina para ínfimas obras de saneamento básico, a ideia é aproveitar a distração popular para apresentar uma proposta em que os agrotóxicos sejam jogados por aviões agrícolas para controle do mosquito da dengue. A ideia é estapafúrdia pela ineficiência do produto nesse combate e pela fórmula cancerígena. Mas injetará uma fortuna para os fabricantes.

 

Capelinha

Público impressionante no Morro da Capelinha. Mais de 50 mil pessoas participaram da encenação da ressurreição de Cristo. Realmente emocionante.

 

História de Brasília

Enquanto o país pega fogo com a divergência de opiniões, o responsável pelo estado de coisas singra, placidamente, oceanos coloridos, no luxo de um “Uruguay Star”. Enquanto isto, o povo devota-lhe o esquecimento, que é o maior castigo. (Publicado em 2/9/1961)

 

Itamaraty, Itamaraty

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Chega a ser espantosa a capacidade que este governo tem em produzir diariamente fatos negativos contra si. A máquina de desastres do Executivo obedece a uma lógica irracional presente desde a posse para o primeiro governo Lula e continua trabalhando a todo o vapor até hoje. Para a imprensa, eleita a inimiga da hora, a fabricação do governo de factoides, como comunicar às embaixadas de que o Brasil sofre um golpe, ajuda a encher as manchetes e os noticiários. Para a população, trata-se de uma calamidade que lança o país, cada vez mais, no gueto do subdesenvolvimento permanente. Basta ver o estrago causado pelo propinoduto.

Desta vez, o tiro no pé, como se ainda existissem pés a serem atingidos, vem do Itamaraty. Não bastassem as seguidas humilhações impostas por este governo à Casa de Ruy Barbosa, transformada em anexo do Partido dos Trabalhadores para assuntos internacionais, a Secretaria de Relações Exteriores do ministério (Sere), por meio do ministro Milton Rondó Filho, antigo assessor do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e ardente militante petista, resolveu enviar às embaixadas brasileiras no exterior uma mensagem em que alerta para o risco de um golpe político no Brasil.

Na mensagem lunática, o ministro pediu que cada posto designasse um diplomata para dialogar com organizações da sociedade civil local, esclarecendo o que vem ocorrendo por aqui e pedindo adesão. “Nós”, diz a mensagem, “os movimentos sindicais, sociais e populares do Brasil, componentes do Grupo Facilitador do Foro de Participação Cidadã da Unasul e do Mercosul denunciamos o processo reacionário que está em curso em nosso país contra o Estado Democrático de Direito. Não ao Golpe. Nossa luta continua. Abong — Organização em Defesa dos Direitos e Bens Comuns.”

Para quem entende dos meandros do Itamaraty, principalmente sob este governo, não tem dúvidas de que o ministro Rondó agiu por determinação e cobertura superior, dado a gravidade do conteúdo desse documento. Enquanto não se esclarecem, devidamente, esses fatos, ficam aqui mais uma prova, entre muitas, do engajamento político-partidário dessa outrora importante instituição e uma evidência a mais de sua decadência e perda de credibilidade perante o mundo.

 

A frase que não foi pronunciada

“Há uma hermenêutica entre nós.”

Diálogo entre o subconsciente dos juízes Moro e Zavascki

 

Ruído

Enquanto a presidente Dilma dá entrevista para repórteres estrangeiros, o jornal britânico escreve: “Mesmo que essa não tenha sido a intenção da presidente, esse seria o efeito. Esse foi o momento em que a presidente escolheu os interesses de sua tribo política em vez da lei. Por isso, ela se tornou inapta a continuar sendo presidente”.

 

Revista Fortune

A única coisa que o juiz Sérgio Moro tem em comum com o PT é o número 13. Ele ficou em 13º lugar como um dos homens mais influentes do mundo. A ação anticorrupção foi a razão dessa projeção.

 

Trombone

Lentes voltadas para Mônica Moura. Com livre acesso aos palácios do Planalto e da Alvorada, a responsável pelas finanças do marido sabe muito.

 

Antagonista

Adilson Dallari, em setembro de 2015, explicou na casa de Hélio Bicudo como o governo do PT viola a Constituição ao defender, por exemplo, o sigilo sobre os empréstimos do BNDES. Disse ele: “Quem contrata com o poder público está abrindo mão do sigilo, porque o princípio constitucional é o da publicidade. Não se pode admitir negócio público sigiloso”.

 

Incrível

Quem disse que criança gosta de nhe-nhe-nhém? Emmanuel Emiliano Fortes de Andrade vibrou com o troca-troca de livros na Banca da Conceição. O pai lê para ele, em média, meia hora por dia em voz alta. Curiosidade: Emmanuel tem 4 meses de idade.

 

História de Brasília

Há, na Câmara, um homem que já se torna impertinente pelo seu trabalho incansável. Está à beira da estafa, pelo esforço desenvolvido, mas é para o povo, para o eleitor comum, o homem símbolo de um Congresso. A defesa da Constituição é para ele um dogma e o trato para com as leis é para ele uma devoção. Chamam-no de impertinente, combatem-no, mas que bom se todos os deputados tivessem a mesma consciência do sr. Aurélio Viana. (Publicado em 2/9/1961)

Do terceiro andar

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Personalismo, que o dicionário traduz como atitude de que tem a si próprio como ponto de referência de tudo o que ocorre à sua volta, adquiriu características muito próprias entre nós. Tomado fora do conceito de movimento ligado ao Humanismo de 1929, de Emmanuel Mounier, que busca conduzir o homem para a sua realização como pessoa, o que temos atualmente com o governo da presidente Dilma é desvirtuação completa do conceito original, utilizado mais no sentido de voluntarismo, no qual a pessoa acredita que possa modificar o curso dos acontecimentos apenas por vontade própria.

O problema com o sistema presidencialista, nos moldes como ele é concebido no Brasil, é que as variações de humor e personalidade dos chefes do Executivo possuem poder brutal de se irradiar para todo o governo, contaminado a máquina pública, que passa a operar segundo desejos e feelings do mandatário. Logicamente, isso não dá certo, ainda mais quando esse posto passa a ser ocupado por alguém de personalidade obtusa, incapaz de enxergar o mundo a sua volta.

Essa limitação, somada à falta de talento demonstrada por Dilma para comandar a administração, levou-nos até aqui em abaixo. Para piorar a situação, a presidente se encontra refém, por vontade própria, de seu criador e de seu partido, um agrupamento de gente primitiva e extremamente perniciosa aos interesses da nação.

Como não podia deixar de ser, nesse caso, Dilma transformou o Palácio do Planalto em bunker de sua trupe, de onde passa a fazer diariamente discursos inflamados e irresponsáveis, buscando desacreditar não só a Justiça, como o parlamento e todos os que dela discordam.

Fechada, cada vez mais em torno de um núcleo formado de áulicos oportunistas, e com um discurso que vai se assemelhando a grito de guerra, Dilma segue ao encontro do destino que traçou para si, arrastando todos, indistintamente, para seu ocaso. Na eminência da hecatombe, Dilma acaricia displicente as cordas de sua lira louca, enquanto assiste impassível, da janela no terceiro andar do seu Palácio, a um país que arde em chamas.

 

A frase que não foi pronunciada

“O caixa da Petrobras é nosso.”

Campanha flagrada

 

Rigor

É preciso que a Secretaria da Saúde exija dos profissionais que a lavagem das mãos seja rigorosamente técnica. Hospitais e postos de saúde, principalmente na vacinação, a equipe é completamente displicente na limpeza das mãos.

 

Buraqueira

Principalmente agora, durante cobrança do IPVA, seria bom que os responsáveis pelo pavimento das estradas fizessem uma vistoria mais apurada. O que os cidadãos não aguentam mais é pagarem impostos e não terem a contrapartida. Os buracos nas pistas, a cada chuva, acabam custando mais caro do que os impostos para a manutenção dos automóveis.

 

Desleixo

No Trecho 8 da SMLN, uma empresa a serviço da Caesb rasgou o asfalto para levar manilhas da RA do Paranoá até o Lago. Metade da pista, na entrada da quadra, era de asfalto, e hoje é de terra. E fica por isso mesmo. Os moradores que pagam o IPTU mais caro da cidade que aguentem.

 

Precificar

Ocupando o terreno desde a fundação da cidade, o Lions Club recebeu apoio de Agaciel Maia para que permaneça no local. A Terracap quer leiloar a área. Talvez o preço do terreno valha o trabalho social que o Lions Club tem feito para contrabalançar a omissão do Estado.

 

Atitude

Por falar em social, a Action Aid, com sede no Rio de Janeiro, é uma proposta interessante de caridade. A instituição tem o cadastro de crianças que precisam de socorro, cuidados alimentares, carinho e atenção. Com R$ 50 por mês, a instituição repassa o que recebe dos apoiadores para uma criança, em especial, que tem endereço e nome. Assim, você se comunica e pode até marcar um encontro. Nepal. Etiópia, Zâmbia e também crianças do Brasil são atendidas pela iniciativa. É só ligar para 08009404420.

 

História de Brasília

Não defendo o sr. Jango Goulart. Vemos, com tristeza, o tratamento que está sendo dado à Constituição, pela qual todos os deputados e senadores juraram. (Publicado em 2/9/1961)

 

Discurso

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Desde 1960                        aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

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Um turista displicente, que adentrasse o Palácio do Planalto em meio à solenidade em que os juristas petistas foram emprestar solidariedade à presidente Dilma e ouvisse, por curiosidade, o discurso proferido em que a chefe do Executivo alertava para a iminência de um golpe, com sérios riscos para a ruptura democrática, com certeza pensaria estar em alguma outra republiqueta latino-americana, perdida em algum lugar do passado.

Uma boa parcela da população brasileira já se habituou a considerar, nesses últimos anos, que nos discursos da presidente, aqueles previamente escritos e com início, meio e fim, uma parte é composta por louvações a conquistas, outra se refere sempre ao papel que os pais da pátria têm na redenção dos brasileiros e, daí, a importância de mantê-los ad eternum no poder.

A outra metade é necessariamente formada por alertas e riscos para a continuidade do processo, caso a oposição ou os discordantes venham a vencer as eleições. Em regra, esses discursos parecem escritos pelo pessoal de marketing, em colaboração com ficcionistas e outros artífices da literatura e da propaganda.

A objetividade e a verdade dos fatos, com o reconhecimento dos erros de percurso do governo, são solenemente apagadas da fotografia oficial. Assim como são deixados de lado também quaisquer programas de governo de interesse da nação. Feitas as contas, o último discurso de Dilma é tecido apenas com os fios invisíveis da mentira, que busca dar roupagem a um governo que todos agora veem completamente nu.

O problema com discursos com esse perfil é que eles buscam recorrentemente a tática de apartar a sociedade em dois grupos antagônicos, lançando uns contra os outros, sempre em proveito próprio. Os ataques às instituições do Legislativo e do Judiciário representam, isso sim, desserviço à democracia de consequências irreparáveis. Ao afirmar ser necessário uma campanha pela legalidade, o que o governo deixa à mostra é seu desapreço pelo que diz a Constituição quanto aos mecanismos legais do processo de impeachment.

Dizer que “há uma ruptura institucional sendo forjada nos baixos porões da política”, e que os diálogos gravados pela polícia em que ela e o ex-presidente Lula, numa atitude flagrantemente antirrepublicana, tramam meios para obstruir a Justiça, violam a segurança nacional, é desrespeito à nossa inteligência e ao bom senso. Seria golpe se o governo e amigos tivessem cumprido a Constituição e todas as leis ao exercer suas obrigações frente à nação.

O que esse governo hoje colhe não é mais nem menos do que exatamente vem semeando nesses últimos anos. A presidente deveria dar graças aos céus por não ter os órgãos de investigação gravado os diálogos mantidos entre ela e o ex-presidente Lula nos almoços e jantares que ocorrem rotineiramente no Palácio da Alvorada sempre que há aumento da temperatura da crise. “Eu preferia não viver este momento”, disse a presidente. Imaginem, então, todos nós?

 

A frase que foi pronunciada

“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.”

Bertolt Brecht

 

Educação

Aluno não tolera só ouvir sem participar. Daí o sucesso nas escolas que encampam a novidade. A criançada vibra com a oportunidade de fazer parte de projetos LabMakers. Trata-se de laboratório tecnológico, em que os próprios alunos criam projetos físicos ou digitais. Espaços tecnológicos que funcionam como laboratórios que permitem aos estudantes criarem projetos físicos ou digitais para que tenham novas e ricas oportunidades de aprendizado.

 

Prevenção

Sem nunca ter enfrentado uma guerra, nós os brasileiros não temos a cultura da economia. Mas, com as dificuldades mundiais, esse cenário vem mudando. A iniciativa de parlamentares para o combate ao desperdício foi discutida em audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária.

 

Sem fome

Dois senadores solicitaram o debate. Senador Acir Guracz e Lasier Martins. O senador Ataídes Oliveira apresentou projeto de lei, dispondo que os estabelecimentos com mais de 200m², que trabalhem com alimentos, firmem parcerias com instituições que se interessem pelas sobras. “Temos no Brasil 26 milhões de toneladas de alimentos que vão, a cada ano, para o lixo. Sabemos que temos algo em torno de 7 milhões de pessoas que passam fome no país, das quais 3,4 milhões são crianças, que poderão ter comprometimento de seu aproveitamento escolar por causa da subnutrição”, explica o senador Ataídes.

 

História de Brasília

A ideia geral, o pensamento do novo, é no sentido de que o Congresso dê posse ao presidente Jango Goulart, e depois discuta a emenda parlamentarista. Tapar buraco na Constituição para atender a interesses políticos não é função do poder que emana do povo. (Publicado em 2/9/1961)