Proselitismo político-pedagógico

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Nestes tempos conturbados em que os ânimos políticos foram artificialmente acirrados ao máximo, cautela e prudência são bem-vindas e necessárias. O mantra “nós contra eles”, pregado incessantemente pela cúpula petista, reproduzido e multiplicado agora pela massa de manobra do partido, coloca o país à beira de conflito insano. Uma vez açulados, os cães da discórdia ideológica não mais obedecem ao comando do dono.

Em momentos assim, as escolas, pelo menos aquelas em que a educação humanista está à frente de outros assuntos acadêmicos, têm o dever de clarear as ideias, por meio de uma chamada à razão. Na prática, no entanto, não é o que vem sendo feito.

Em parte significativa das escolas públicas, tem sido comum que professores deixem de lado o conteúdo programático, elaborado pelo pessoal especializado em educação e que deve, necessariamente, ser desenvolvido ao longo do ano, para fazer o que o sindicato da classe manda, ou seja, catequizar os alunos de acordo com os dogmas da cartilha petista.

Aulas seguidas têm sido preenchidas com o falso debate político, em que o proselitismo do tipo político-pedagógico é empregado não como ferramenta de discernimento das ideias, mas com claro objetivo de doutrinação partidária.

Não custa lembrar que as escolas são, por sua natureza, o ambiente adequado para a discussão e debates de ideias de tudo o que se refere à natureza humana. A abdução político-partidária de alunos, levada a cabo por parcela de professores pouco esclarecidos sobre suas funções, além de crime, não é aceitável por seus efeitos deletérios, já que apartam os alunos entre os que aderem e os que não.

Ao reproduzir em sala de aula o mesmo maniqueísmo pregado pelo partido no poder, o que esses pretensos educadores fazem, na realidade, é semear o caos nas escolas, dando falso significado do que é política. Em vez de doutrinar, cabe aos professores ensinar o que é política, sua origem e importância.

É preciso ensinar, com isenção, o que é comunismo, socialismo, anarquismo, Estado, formas e sistemas de governo. É preciso que os alunos tenham pelo menos pequena noção de história das ideias. É preciso falar em nazismo, fascismo. É preciso citar as conquistas e frustrações do homem com a política.

Escolas não são apêndices de aparelhos partidários. Nas escolas, deve prevalecer a discussão em que pelo menos haja um aceno para o consenso. Ao capturar professores, principalmente aqueles com precária e deficiente formação acadêmica, o que o partido no poder espera é apenas multiplicar e reproduzir nos alunos, soldadinhos sem cérebro prontos a obedecer a ordens da cúpula.

Sala de aula não deveria ser palanque de campanha. Professor não é candidato, é educador. Aluno não é militante, é aprendiz. Educação é universal nos seus valores, não tem cor, ideologia ou outras divisões artificiais criadas por espertalhões do momento. A escola é de todos.

 

A frase que foi pronunciada:

“Disseram que os advogados são prostitutos das letras. Servem sem distinção.”

Tradutor meio em dúvida sobre o que ouviu

 

Dia das Mães

A Action Aid está fazendo campanha para adotantes de mães pelo mundo todo que querem voltar aos estudos. Você autoriza o desconto em conta da quantia que quiser. O contato com a estudante é feito individualmente. O doador tem o endereço para trocar correspondência e acompanhar a evolução nos estudos. É só procurar o site.

 

Praxis

É sempre bom ver políticos diligentes como o deputado prof. Reginaldo Veras e o deputado Wasny de Roure que visitaram unidades de saúde, no Areal, como parte do trabalho da
Comissão de Educação, Saúde e Cultura da Câmara Legislativa. Ver os problemas de perto é passo mais curto para as soluções.

 

Brasília posa

Todo o amor pela capital federal. Ensaio fotográfico que estará exposto no Shopping Pier 21 até 8 de maio, das 12h às 22h. A exposição foi idealizada pelo diretor e jornalista Daniel Zukko, #minhabrasilia.

 

História de Brasília

Temendo possíveis choques pessoais, o Hospital Distrital organizou uma equipe de emergência, integrada por médicos, enfermeiros, motoristas, ambulâncias e todo o pessoal necessário. Se houvesse necessidade, diversas enfermarias de emergência teriam sido feitas em poucos minutos. (Publicado em 5/9/1961)

Serviços públicos devem explicação ao público

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Já não é segredo para ninguém que a qualidade dos serviços públicos oferecidos à população oscila, há anos, entre o insuficiente e o caótico. As raízes desse desajuste, entre o que é arrecadado em forma de altos impostos e o retorno em prestação de serviços adequados, também são do conhecimento das autoridades e da sociedade. Parte significativa dos recursos tomados dos brasileiros se dilui tanto na malversação de aplicação das verbas recebidas, quanto nos descaminhos, perdidos nos meandros da corrupção generalizada.

Uma visita aos hospitais, às cadeias e às escolas públicas, em qualquer lugar do país, revela claramente que nossa indigência administrativa é de âmbito nacional. Enquanto o enquadramento saneador das autoridades responsáveis por esse descalabro não acontece, especialistas recomendam que os governos atuem fortemente na ponta desses serviços, através de um incisivo trabalho de fiscalização.

Mesmo com os parcos recursos que chegam efetivamente a escolas e hospitais, é possível elevar o nível na qualidade de atendimento. Mas, para que esse nível seja melhorado, é preciso que sejam aperfeiçoados também os níveis de fiscalização. Tão importante quanto as leis para coibir desvios são os mecanismos de controle da real aplicação dos recursos. Portanto, os órgãos de fiscalização devem ser ativados diuturnamente.

Tão importante quanto professores, médicos e enfermeiros é a onipresença constante de fiscais em escolas e hospitais, relatando, a tempo, absolutamente tudo o que acontece nesses locais. Essa é a melhor contrapartida ao contribuinte pelo dinheiro suado e levado pelo Fisco.

A falta de médico, enfermeiro, professor, material hospitalar, remédios, material escolar, limpeza, tudo deve ser comunicado a tempo e a hora com transparência. Serviços públicos devem explicação ao público. A maneira mais racional de fazer com que escolas e hospitais funcionem minimamente dentro do que espera a sociedade é colocar uma lupa sobre eles.

A prisão de administrador ou político flagrado em caso de corrupção passiva resolve um caso específico de crime e tira um criminoso do caminho. A fiscalização dos serviços públicos resolve várias ilegalidades por antecipação e de uma vez só.

A frase que não foi pronunciada

“Eu criei o Fome Zero, eu melhorei a vida dos brasileiros, eu fiz toda essa moradia para o povo.”

Autoridade que não pratica a impessoalidade como objetivação da imputação

Galeria

Enquanto a Câmara Legislativa vota o relatório da CPI dos Transportes, as vans continuam tomando o espaço deixado pela insuficiência dos ônibus. A precariedade de horários e percursos continua.

Leão corrupto

Por falar em CPI, é bastante provável que empresas devedoras da Receita Federal tenham sido vergonhosamente favorecidas. A CPI do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda, vai destrinchar as ilegalidades apontadas pela Operação Zelotes, da Polícia Federal. Esse esquema teria dado um prejuízo de quase R$ 20 bilhões aos cofres públicos.

Tampa

Volta a novela da paralisia do parlamento. Na Câmara, medidas provisórias empacam a atividade legislativa. Seguro, exportação, despesas da União, benefício garantia-safra. Os projetos sobre precatórios e agentes auxiliares do comércio também são entraves.

Sobre o PSDB

Sem lavar as mãos, o senador Aloysio Nunes Ferreira deixa transparecer que com Michel Temer aceitando os programas sugeridos pelo partido, não haveria razão para fugir das responsabilidades com o país.

História de Brasília

Esta crise deixou em evidência uma expressão que vem se juntar às demais que formam o cordão da antipatia: “Dispositivo de Segurança”. Em nome dessa expressão, muita coisa foi feita, está sendo feita, e Deus queira que não seja feita mais. (Publicado em 5/9/1961)

 

Serviços públicos devem explicação ao público

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Já não é segredo para ninguém que a qualidade dos serviços públicos oferecidos à população oscila, há anos, entre o insuficiente e o caótico. As raízes desse desajuste, entre o que é arrecadado em forma de altos impostos e o retorno em prestação de serviços adequados, também são do conhecimento das autoridades e da sociedade. Parte significativa dos recursos tomados dos brasileiros se dilui tanto na malversação de aplicação das verbas recebidas, quanto nos descaminhos, perdidos nos meandros da corrupção generalizada.

Uma visita aos hospitais, às cadeias e às escolas públicas, em qualquer lugar do país, revela claramente que nossa indigência administrativa é de âmbito nacional. Enquanto o enquadramento saneador das autoridades responsáveis por esse descalabro não acontece, especialistas recomendam que os governos atuem fortemente na ponta desses serviços, através de um incisivo trabalho de fiscalização.

Mesmo com os parcos recursos que chegam efetivamente a escolas e hospitais, é possível elevar o nível na qualidade de atendimento. Mas, para que esse nível seja melhorado, é preciso que sejam aperfeiçoados também os níveis de fiscalização. Tão importante quanto as leis para coibir desvios são os mecanismos de controle da real aplicação dos recursos. Portanto, os órgãos de fiscalização devem ser ativados diuturnamente.

Tão importante quanto professores, médicos e enfermeiros é a onipresença constante de fiscais em escolas e hospitais, relatando, a tempo, absolutamente tudo o que acontece nesses locais. Essa é a melhor contrapartida ao contribuinte pelo dinheiro suado e levado pelo Fisco.

A falta de médico, enfermeiro, professor, material hospitalar, remédios, material escolar, limpeza, tudo deve ser comunicado a tempo e a hora com transparência. Serviços públicos devem explicação ao público. A maneira mais racional de fazer com que escolas e hospitais funcionem minimamente dentro do que espera a sociedade é colocar uma lupa sobre eles.

A prisão de administrador ou político flagrado em caso de corrupção passiva resolve um caso específico de crime e tira um criminoso do caminho. A fiscalização dos serviços públicos resolve várias ilegalidades por antecipação e de uma vez só.

 

 

A frase que não foi pronunciada

“Eu criei o Fome Zero, eu melhorei a vida dos brasileiros, eu fiz toda essa moradia para o povo.”

Autoridade que não pratica a impessoalidade como objetivação da imputação

 

 

Galeria

Enquanto a Câmara Legislativa vota o relatório da CPI dos Transportes, as vans continuam tomando o espaço deixado pela insuficiência dos ônibus. A precariedade de horários e percursos continua.

 

Leão corrupto

Por falar em CPI, é bastante provável que empresas devedoras da Receita Federal tenham sido vergonhosamente favorecidas. A CPI do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda, vai destrinchar as ilegalidades apontadas pela Operação Zelotes, da Polícia Federal. Esse esquema teria dado um prejuízo de quase R$ 20 bilhões aos cofres públicos.

 

Tampa

Volta a novela da paralisia do parlamento. Na Câmara, medidas provisórias empacam a atividade legislativa. Seguro, exportação, despesas da União, benefício garantia-safra. Os projetos sobre precatórios e agentes auxiliares do comércio também são entraves.

 

Sobre o PSDB

Sem lavar as mãos, o senador Aloysio Nunes Ferreira deixa transparecer que com Michel Temer aceitando os programas sugeridos pelo partido, não haveria razão para fugir das responsabilidades com o país.

 

História de Brasília

Esta crise deixou em evidência uma expressão que vem se juntar às demais que formam o cordão da antipatia: “Dispositivo de Segurança”. Em nome dessa expressão, muita coisa foi feita, está sendo feita, e Deus queira que não seja feita mais. (Publicado em 5/9/1961)

Efeito estufa

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Enquanto o planeta parece entrar em ciclo perigoso de elevação progressiva das temperaturas médias, dentro do que os cientistas denominam de aquecimento global, no Brasil a temperatura da crise política, gestada única e exclusivamente pela incúria da atual chefe do Poder Executivo, parece ter atingido o ponto máximo de ebulição, provocando a passagem antecipada do comando do país.

Para um governo que, na prática, ainda não deu início efetivo ao segundo mandato, chega a ser surpreendente o esforço que vem sendo feito pela presidente para desvirtuar em público o processo de impeachment que os poderes da República legitimamente movem contra ela.

No discurso a ser proferido na ONU, em que 162 países ratificaram o Acordo de Paris de 2015, relativos às mudanças climáticas, o que muitos temiam é que a presidente usasse a tribuna das Nações Unidas para contar a sua versão pessoal sobre os fatos que vem ocorrendo no seu governo.

Alertada para a inconveniência dessa fala num ambiente onde o assunto era totalmente outro, o discurso da presidente se ateve às medidas e aos compromissos assumidos pelo governo brasileiro para mitigar os efeitos do aquecimento do planeta. Contudo, no finalzinho da fala, a presidente alertou: “A despeito disso, quero dizer que o Brasil é um grande país, com uma sociedade que soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia. Nosso povo é um povo trabalhador, e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas, impedir quaisquer retrocessos”.

Tal afirmação deve ter dado um nó na cabeça dos tradutores e principalmente de quem ouviu e ficou sem entender onde esse trecho final se encaixava no assunto clima. O que todos já anteviam é que a presidente Dilma não abriria mão de pelo menos citar os acontecimentos internos, numa tribuna mundial, observada ao vivo por centenas de milhões de pessoas em todo o planeta.

Em linguagem jornalística, o que a presidente Dilma estrategicamente fez foi lançar um lead, ou uma primeira parte de um assunto que pretende comentar mais longamente com os órgãos de imprensa internacionais. Dessa forma, a viagem para Nova York, com uma comitiva gigante de 52 pessoas, segue o roteiro antecipadamente traçado pela eminência parda para assuntos externos, Marco Aurélio Garcia.

O que parece estranho é que a presidente prefira ainda denegrir para o mundo as instituições e os poderes da República de seu país, insistindo numa versão que sabe ser falsa e sem base nos fatos. Impressiona também a alargada capacidade que o Itamaraty tem de se submeter a humilhações dessa natureza.

A frase que não foi pronunciada

“Brasília, fosforescente  cristalina.”

Juscelino Kubitschek

 

Volta, alegria

Aquela alegria de Rodrigo Rollemberg foi radicalmente transformada em semblante cansado. Os problemas que o governador vem enfrentando são preocupantes. A foto que tirou com a meninada de escolas públicas mostra a seriedade do governador. Se fosse ainda senador, talvez estivesse com o sorriso mais aberto ou recitado poesias, fazendo largos gestos.

Absurdo

É de dar inveja para a Coreia do Norte. A missão da Anatel foi totalmente deturpada. Uma agência reguladora que deveria frear a gana das empresas tem feito exatamente o contrário. Prejudica o consumidor que paga a internet mais cara do mundo e protege as empresas que não dão trégua. Privatizar assim dá lucro.

Fatalidade

Ao atravessar a rua distraída com o celular, uma senhora foi atropelada e morreu no Iate Clube de Brasília. Ela estava a caminho da academia.

Apareçam

No dia 27, na sala de reunião das comissões, às 10h, será apresentado o Projeto do Museu da Educação do Distrito Federal (Mude) na Câmara Legislativa.

História de Brasília

Um deputado explica o parlamentarismo: “O presidente tem quase os mesmos poderes, e na hora da pancada tira o corpo e joga em cima do Parlamento”. Foi com essa disposição de espírito que foi votada a emenda. (Publicado em 5/9/1961)

 

O Fausto de Dilma

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Ah! se entre o céu e a terra existem entes dotados de poder, eia! aos meus rogos, do doirado nevoeiro onde se ocultam descendam presto!”

Fausto, de Goethe

Em viagem a João Pessoa, na Paraíba, em 2013, a poucos meses da eleição, a presidente Dilma declarou, alto e bom som, para uma plateia atenta de 22 prefeitos da região: “Podemos fazer o diabo quando é hora de eleição, mas, quando se está no exercício do mandato, temos de nos respeitar, pois fomos eleitos pelo voto direto”. A frase suscitou apreensão entre os presentes. Alguns ficaram de orelha em pé. Que sinais essas palavras escondiam ou buscavam transmitir? A fala, feita ainda quando a presidente detinha algum prestígio e credibilidade, deu a senha para o que viria a seguir.

Nos bastidores, corriam soltos acordos e estratégias tanto para carrear para os cofres do Partido dos Trabalhadores 1% ou mais de todas as grandes obras do governo, quanto para travestir as contas públicas com a roupagem falsa da probidade financeira. O correr dos acontecimentos, pouco mais de dois anos depois, levantou a cortina espessa, mostrando o que se passava longe dos olhos curiosos da imprensa e da opinião pública. Nesse enredo, o que se sabe, hoje, é que — além da presidente, de seu círculo íntimo e da figura mefistofélica invocada por ela na Paraíba — ninguém mais tinha a mínima noção da real situação das finanças públicas.

Amparada na sua astúcia pelo marqueteiro João Santana, conhecido no meio como o bruxo das artes ocultas da propaganda, Dilma espalhou aos quatro ventos que uma possível vitória da oposição levaria não só ao fim o imenso mar de bolsas sociais generosamente concedidos pelo governo, como marcaria também, de forma sinistra, a entrega das riquezas do país à sanha imperialista dos capitalistas do Norte, já de olho no potencial do pré-sal. A propaganda petista parece ter deflagrado para a população brasileira os mesmos efeitos das falsas simulações de invasão da Terra pelos extraterrestres, feitas por Orson Welles em seu programa de rádio em 1938. O pânico geral inflou sua candidatura de forma irreversível e selou sua vitória.

Ajudada pelos entes dotados de poder, a mentira garantiu, ao governo, apenas alguns meses de glória. Passado o poder encantatório, veio o resgate da dívida. Depois de ferir de morte a Lei de Responsabilidade Fiscal, nos artigos 4,5,9, 36 e 38; a Lei Orçamentária, nos artigos de 9 a 11; e a Constituição, nos artigos 85 e 167, chegou a hora de a presidente cumprir o pacto oculto e entregar a alma. Parte dela já foi levada pela Câmara. A outra seguirá com o Senado. Por longos seis meses, uma Dilma desalmada ainda vagará pelos jardins do Palácio da Alvorada.

 

A frase que não foi pronunciada

“Estamos no fim de uma era, prontos para a chegada do será.”

Alguém pensou

 

Tremedeira

Lentes da Polícia Federal voltadas para o Eletrolão. O acerto é para desmembrar o inquérito que apura desvios e irregularidades na licitação da usina nuclear de Angra 3.

 

Golpe ou evolução?

Amigos que viajam pela Europa ficaram impressionados com as publicações em periódicos em Londres e Paris.  Até os taxistas têm a opinião formada.

 

Parlamento digital

Parte da brilhante missiva do amigo Aylê-Salassié F. Quintão diz que “o Brasil vive um bom momento para desvendar os sentidos ocultos, desambiguar lugares, discursos e pretensões imaginárias do reino das trevas que permeia o Estado. É a oportunidade de buscar novos formatos, novas configurações e desalojar os que se escondem em Valhalla.  O país vai precisar de alguns psicanalistas e linguistas, e não apenas de economistas e políticos.  Esses estão se suicidando aos poucos”.

 

Release

Os jovens fãs de videogame podem curtir Video Game Show, no Taguatinga Shopping, até domingo. A meia-entrada custa R$ 35.  Museu com mais de 150 consoles, fliperamas com 200 jogos da primeira geração, freeplays e outros itens do mundo geek. Leve seu neto.

 

História de Brasília

No mesmo dia, o ministro se declara contra a vinda do sr. João Goulart para o Brasil. Agora, o sr. João Goulart vai assumir mesmo o governo, e o sr. Parsifal Barroso não está nas melhores das situações.(Publicado em 5/9/1961)

 

Agências do contra

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Surgida a partir da Lei Geral de Telecomunicações (LGT) de 1997, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tornou-se a primeira agência reguladora instalada no Brasil e tinha pela frente o desafio de operacionalizar a passagem do enorme e obsoleto sistema de comunicações estatal para regime de competição aberto e privado, e que, sem dúvidas, possibilitou a expansão do setor, com ganhos para toda a sociedade. Basta lembrar que, sob o controle do Estado, a simples aquisição de uma linha de telefone fixa requeria anos de esforços e era o grande sonho de consumo de cada um.

A arquitetura desse novo modelo de gestão, tendo o Estado não mais na função de provedor, mas de regulador do sistema, funcionou a contento até o advento do governo de petista, quando a agência sofreu um processo de esvaziamento progressivo, se transformando, a exemplo das demais agências, em cabide de emprego para os simpatizantes e apoiadores do Palácio do Planalto.

De lá para cá, além de perder a credibilidade perante os consumidores, a Anatel abandonou o papel de reguladora e defensora da sociedade, para se transformar em agência protetora dos interesses corporativos dos grandes oligopólios das telecomunicações. Esse desvirtuamento de suas funções básicas levou o Brasil a possuir hoje o mais caro serviço de acesso à internet de todo o mundo. Pior, o serviço de pacotes, contratado pelos usuários de banda larga, é sempre inferior ao contratado.

Se o consumidor comprou 10 megabytes, vai receber apenas um megabyte. Para se ter ideia, o custo de 1GB no Brasil, por volta de US$ 51, é vendido por apenas US$ 4 no Quênia ou na Turquia. Desta vez, as operadoras partiram para cima dos clientes, um mercado bilionário, anunciando a possibilidade de cortarem a internet fixa, ao fim da franquia. Para a Anatel, obrigar as operadoras a oferecerem banda larga ilimitada levará a um aumento significativo de preços, ao mesmo tempo em que prejudicaria também a qualidade dos serviços.

De acordo com o presidente da Anatel, João Rezende, “o discurso mais fácil para a Anatel seria colocar que a internet tem de ser ilimitada. Mas aí as empresas poderiam aumentar preços, reduzir a velocidade e isso terminaria prejudicando o consumidor. Temos também de pensar na sustentabilidade do setor”.

A Ordem dos Advogados do Brasil entrou na briga. De acordo com o presidente da OAB, Claudio Lamachia, a própria Anatel vem criando normas de internet fixa para que as operadoras prejudiquem os consumidores. Trata-se de peleja de gigantes e que envolve muitos bilhões de reais. Em meio à contenda, estão os consumidores, que, abandonados pela agência, recorrem, cada vez mais aos tribunais de Justiça para ver seus direitos preservados.

 

A frase que foi pronunciada

“Aqueles que merecem um monumento não precisam dele.”

William Hazlitt

 

Notícias

Nestes 56 anos da coluna Visto, lido e ouvido, agradecemos aos amigos, aos críticos, aos funcionários do Correio Braziliense e a todos os que colaboram para dar voz a Brasília. Mais do que o orgulho em registrar os primeiros passos da cidade, é a alegria de saber que tantos leitores e tanta gente competente nos acompanham.

 

Iniciativas

Uma das mais fortes mobilizações da cidade foi a união dos moradores da Asa Norte para a criação e manutenção do Parque Olhos D’Água. Esse é o símbolo verde da força que há na união da comunidade.

 

Para a alma

Que beleza está o Aeroporto de Brasília, principalmente o terminal onde há exposições. As fotos com cenas reconstruídas por Toninho Euzébio estão simplesmente sensacionais. A mostra acontece no corredor do Píer Norte até o fim deste mês.

 

Novidade

Depois que a Operação Lava-Jato entrou em um prédio do Rio de Janeiro para prender um envolvido, uma quadrilha gostou da ideia e, facilmente, conseguiu o uniforme da corporação. Voltou ao prédio e assaltou moradores de oito apartamentos. A moda está chegando a Brasília. É bom ter cuidado.

 

Nota 10

Por falar em segurança, apesar das críticas, Márcia de Alencar,  secretária da Segurança Pública e da Paz Social, acertou em cheio na iniciativa para manter a ordem durante as manifestações.

 

História de Brasília

A situação no Ceará está para mudar, e muito. O governador Parsifal Barroso, filho político do sr. João Goulart, no auge da crise mandou um telegrama de inteira solidariedade com o ministro Odílio Denys. (Publicado em 5/9/1961)

Palavras ao vento

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“No início, quando da aceitação da abertura do processo de impeachment, as razões que levam a aceitação dessa abertura, não são razões fundadas na necessidade da aceitação”. A afirmação, feita durante a entrevista dada pela presidente Dilma, após a decisão da Câmara do Deputados que aprovou a admissibilidade de seu processo de impeachment, resume um pouco do silogismo que caracteriza o universo dilmista e que pode ser bem mais  entendido em proposições do tipo: um queijo suíço é cheio de buracos.

Quanto mais queijo, mais buracos. Cada buraco ocupa o lugar onde deveria haver apenas queijo. Assim, quanto mais buracos, menos queijo. Quanto mais queijos mais buracos, e quanto mais buracos, menos queijo. Logo, quanto mais queijo, menos queijo. É dentro dessa estrutura de pensamento que se move o mamulengo criado por Lula para elevar o Brasil à condição de desenvolvimento experimentado por nossos irmãos bolivarianos da Venezuela.

Fosse Dilma a mulher sapiens que acredita ser, nesta altura dos acontecimentos, forçada pelos deputados a se transformar em meia presidenta, diríamos que ela está dependurada apenas por uma das mãos no galho seco da República, prestes a se precipitar no pântano onde os crocodilos a esperam de boca aberta e dentes afiados.

Na coletiva, concedida a jornalistas do tipo amigáveis, Dilma voltou a investir nas teses de que é vítima e perseguida por um processo sem fundamentação legal e, pior, alvo de um golpe urdido por forças conservadoras, tendo àfrente o vice-presidente, Michel Temer e, seu escudeiro, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

O alerta feito pela chefe do Executivo de que está sendo alvo de um golpe de Estado, pela gravidade da denúncia deveria mobilizar imediatamente todas as instituições da República, a começar por aqueles que têm o dever constitucional (art. 142) de defender da pátria e a garantia dos Poderes que são as Forças Armadas.

Deveria merecer também a máxima atenção do Conselho da República, do Supremo e do parlamento. Em democracias maduras, Dilma seria convocada incontinenti a explicar perante o Congresso os detalhes dessas ameaças de golpe que pairam sobre o Estado. A orelha mouca às  falas alarmistas de Dilma denota sintoma já sentido também por parte de membros do próprio governo: Dilma pode falar o que quiser, pois o discurso não bate com as provas.

 

A frase que não foi pronunciada

“Não tenho vergonha de dizer que estou triste, não dessa tristeza ignominiosa dos que, em vez de se matarem, fazem poemas.”

Mario Quintana

 

Shopping

Houve uma causa na Justiça em que a mãe conseguiu indenização de um shopping depois que o filho teve o braço machucado por algum defeito das instalações. A verdade é que os funcionários de shopping raramente chamam a atenção de crianças que fazem estripulias porque as próprias mães permissivas não admitem.

 

Crescimento

A Estrutural é uma invasão gigantesca, com população de 39 mil habitantes. Anos atrás, a situação era terrível. Vi crianças, homens e mulheres correndo atrás de caminhões de lixo disputando com os urubus. Hoje, organizados, tiram do lixo o sustento com mais dignidade. Eles são fundamentais à cidade reciclando e aproveitando o material.

 

Mobilidade

Hora de passar das promessas à prática. O governador Rollemberg tem projetos para melhorar a mobilidade no DF e, até agora, nada. Com a Copa do Mundo, a população acreditou que  saísse o metrô de superfície, mas a verba desapareceu. Só há unanimidade em uma coisa: do jeito que está não dá para continuar.

 

Proatividade

Por falar em trânsito, esse é o momento de a engenharia começar os trabalhos para evitar problemas com as chuvas. É preciso proatividade para ter resultados satisfatórios.

 

História de Brasília

Reina absoluta tranquilidade em toda Brasília. Os bancos estão fechados, os colégios também, as pistas do aeroporto interditadas por tambores. Mas que reina, reina. Absoluta tranquilidade. (Publicado em 5/9/1961)

Um malvado favorito

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Quaisquer que sejam as análises políticas após a decisão da Câmara dos Deputados de encaminhar o pedido de impeachment ao Senado, um fato é inconteste: o grande vitorioso nessa peleja — se isso é possível, em se tratando de uma crise sem precedentes —, foi o deputado e presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha PMDB-RJ).

A ele se devem as intrincadas articulações e todo o tipo de costura política que resultou no impedimento de dona Dilma. É certo que a empáfia da presidente, ao abrir uma frente contrária de dezenas de descontentes e humilhados, também ajudou.

Ciente das imensas responsabilidades e dos perigos que lhe recaíam sobre os ombros, diante de um país cindido e de um adversário tenaz, o presidente da Câmara em momento algum alterou seu comportamento. Foi coerente do princípio ao fim das votações.

A frieza do parlamentar, mesmo sendo atacado e difamado diversas vezes, diretamente em sua honra, não permitiu tirá-lo de seu objetivo maior: sepultar a carreira política da presidente Dilma e, por tabela, de seus seguidores.

Para alcançar o que os adversários chamam de vingança, Eduardo Cunha se preparou com esmero, arquitetando a estratégia pacientemente, como uma aranha. Os conchavos de bastidores e as articulações que continuaram pela noite adentro aqui na capital, formam capítulo à parte desse episódio, armado com precisão de relojoeiro suíço.

Fato notório também é que nenhum assessor próximo da dona Dilma, capaz de alertá-la para o imenso perigo que era ter Eduardo Cunha como inimigo, se iguala em expertise ao presidente da Câmara.

O que se viu foi que seus adversários, na impossibilidade de lhe fazer frente no plano das ideias e das artimanhas engenhosas, partiram para o ataque pessoal (ad hominem) com xingamentos e outros impropérios, numa demonstração real e indefesa de desespero.

Embora seja alvo de sérias denúncias e investigações na Polícia Federal e no Ministério Público, a ninguém é dado o direito de ofender o presidente da Câmara, seja por sua função na República, seja por se tratar de um ser humano.

Nem mesmo a justiça e os tribunais mais rigorosos assacam ataques pessoais aos condenados à sua disposição. A verdade é que Eduardo Cunha, no que pese seus débitos para com a justiça, pode se colocar como aquele personagem, dentro dessa imensa trama, que praticamente sozinho derrubou uma camarilha que há mais de uma década vem infestando esse país.

 

A frase que não foi pronunciada

“Qual foi a dificuldade em entender a mentira? Foi ruim?”

Tiririca pensando em fazer a pergunta para Lula

 

Rigidez

Depende da comissão especial, mas um dos nomes cotados para a relatoria do impeachment é o da senadora Ana Amélia Lemos. Veemente em seus discursos, a senadora é rígida sem perder a classe.

 

Lado bom

Larápios profissionais que atuavam no Shopping Iguatemi foram parados justamente na cancela. A comunicação entre os seguranças foi determinante para a empreitada. Eram três pessoas bem-vestidas, que roubavam dentro do provador. Escolhiam apenas lojas de grife. Na delegacia foi possível ver a tranquilidade dos criminosos. “Essa peça eu furtei ontem, não hoje”, disse a mulher atrás dos óculos escuros.

 

Hospital

Bichos como tamanduá e tatu são alguns dos internos no Hospital Veterinário da UnB. Parceria com o Ibama e Zoológico aumenta o número de atendimentos, que chega a 2 mil por ano.

 

História de Brasília

Chegaram a Brasília dois emissários da direção-geral do Banco do Brasil, trazendo uma ordem verbal para proibir qualquer entrega de dinheiro à agência do BB de Goiânia. Com isso, muitas agências do Banco do Brasil, no interior, já começaram a enfrentar dificuldades. (Publicado em 3/9/1961)

Auditar é preciso

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Com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

Passado o vendaval do impeachment, seja lá com que resultados, alguns movimentos de reacomodação política do Estado vão irromper naturalmente, ou não, quer por força dos acontecimentos do próprio processo de interrupção do atual governo ou em decorrência de novo modelo de repactuação ou refundação do governo Dilma. Em outras palavras, aprovado o impedimento da presidente, caberá ao novo governo, antes de qualquer outra medida saneadora da economia, realizar uma profunda auditoria nas contas pública.

Somente a partir do exame isento, cuidadoso e sistemático das finanças do Estado é que será possível dar início a uma nova gestão. Em caso de cessar o processo de impeachment, os problemas a enfrentar pela atual mandatária se mostram ainda maiores e mais complexos. A começar pelo fato de que o segundo governo Dilma, na prática, ainda não teve início. O calendário no Brasil foi congelado em janeiro de 2014, data da segunda posse.

Enquanto o país hiberna, a economia sofre um retraimento inédito de 4% e a inflação chega a dois dígitos, empurrando mais de 10 milhões de trabalhadores para o desemprego. Nas ruas, o cenário é ainda mais desolador com lojas e fábricas fechando as portas. Para piorar, como se ainda isso fosse possível, o governo perdeu a principal e necessária condição para administrar a máquina pública, que é a credibilidade.

O aspecto negativo, dado pelo rebaixamento dos títulos brasileiros pelas agências de classificação de risco, significa que, antes de tudo, o mundo já tomou conhecimento antecipadamente de nossa falência e adotou retaliações preventivas lógicas. O xis da questão internamente é como realizar um governo dentro de um sistema tradicional de presidencialismo de coalização, com um Executivo totalmente encurralado e isolado. Caso haja uma continuidade do segundo governo Dilma, a nação assistirá, impassível, à pantomina de uma presidente em estado de coma induzido, respirando por aparelhos, num prolongamento da agonia que, afinal, é de todos nós.

Outra opção, mais surrealista ainda será entregar, informalmente, o comando do país ao ex-presidente Lula, criador e principal responsável pelo caos atual. A questão é saber se a população continuará a ser apenas um detalhe incômodo, atrapalhando questões soberanas de governo. Manter o status quo, varrendo a sujeira para debaixo do tapete, apenas adiará a amputação de um membro que se sabe em estado de putrefação avançada.

Prevalecendo a sensatez, conforme prevista na Constituição, ao substituto caberá primeiro identificar as minas terrestres abandonadas e dar início ao longo processo de reconstrução do país, que, muitos creem, levará mais de uma década apenas para voltarmos ao ponto de origem. Para começar, a reacomodação política do Estado tem que se dar pelo óbvio que é a reforma política, talvez a mais urgente e profilática medida que se impõe, para que esse processo traumático não venha mais a ocorrer. Nunca mais.

 

A frase que não foi pronunciada

“Confesso que até hoje só conheci dois sinônimos perfeitos: nunca e sempre.”

Mário Quintana

 

Violência

A Pastoral da Terra mostra os dados de 2015. Os assassinatos no campo aumentam de maneira assustadora. Conflito por terras e pela água. Na Região Norte, foram 40 assassinatos. Maranhão e Mato Grosso, 47.

 

Muito triste

Primeira vez em um Tribunal de Júri. Imaginei que encontraria um homem enorme, musculoso, alguma figura pintada por Lombroso. O que aconteceu foi uma surpresa. A ré era uma menina de 22, que atirou em outra menina de 16 por causa de um boato. O crime aconteceu perto do Paranoá, no Itapuã. A ré foi condenada.

 

Futuro

Todo o esforço que o Ministério Público faz hoje contra a corrupção pode ser, em um futuro próximo, o resultado para que o Estado tenha verba suficiente para implementar políticas públicas sérias dando oportunidade para os jovens em situação de vulnerabilidade. Oportunidade de andar com as próprias pernas, pela capacitação, pelo trabalho.

 

Responsabilidade

Drogas são o início de tudo. Daí chegam as más companhias, e, para começar os crimes, é um passo. Não podemos ver isso de braços cruzados. A guerra contra as drogas tem um sentido: a vida.

 

História de Brasília

O jornalista Raimundo Sousa Dantas recebeu 7 mil dólares do Itamarati para os preparativos de sua viagem para Gana, onde seria embaixador do Brasil. Com a renúncia do sr. Jânio Quadros, e a sua renúncia, também, criou-se um sério problema: o embaixador terá que devolver o dinheiro, e não sabe de onde tirá-lo. (Publicado em 3/9/1961)

CPI para UNE

Publicado em ÍNTEGRA

 

Resolvidos os graves problemas decorrentes do processo de impeachment, deverá seguir, na Câmara dos Deputados, boa quantidade de pedidos para a instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), destinadas a esmiuçar as entranhas do governo Dilma. Entre essas comissões, ganha dianteira a CPI da União Nacional dos Estudantes (UNE). O interesse dos oposicionistas sobre a entidade é grande e vem crescendo nos últimos anos, desde que ela passou a compor com o governo, agindo como verdadeiro braço político do Palácio do Planalto. Contando, até o momento, com mais de 201 assinaturas — 30 a mais do que o mínimo necessário para a instalação —, a CPI da UNE foi chamada ao crivo parlamentar, graças ao trabalho de coletas de feitas pessoalmente pelo deputado Marco Feliciano.

Contrariada, a entidade declarou guerra aberta ao parlamentar nas redes sociais e até nas dependências da Câmara. Criada a mais de 80 anos, a UNE sempre se notabilizou pela oposição cerrada aos governo, fosse qual fosse. Nos últimos 10 anos, contudo, a rebeldia natural, deu lugar a uma entidade dócil, quando não, defensora ardorosa do governo. O motivo dessa conversão repentina não está na identificação e afinidade ideológica com o governo. Trata-se de uma razão bem mais pragmática e material.

De acordo com o emaranhado de dados disponíveis, desde de 2006, a UNE já recebeu quase R$ 60 milhões entre repasses e doações de estatais, quer por meio de patrocínio de ministérios, quer por transferências direta do governo. O Tribunal de Contas da União e o Ministério Público já detectaram a emissão de notas fiscais frias para a comprovação de gastos, bem como o desvio de dinheiro para compra de bebidas alcoólicas e outros gastos suspeitíssimos. Somente com a construção de um luxuoso edifício para a instalação de sua sede, a UNE projeta gastar R$ 65 milhões.

“A sociedade”, diz o parlamentar, “precisa saber o que se passa numa entidade tão importante e de tantas tradições quanto a UNE, portanto, vou propor uma CPI para apurar essas irregularidades apontadas pelo TCU”. Como entidade privada de defesa dos interesses dos estudantes, na prática, a entidade há muito perdeu esse elã e hoje é vista com desconfiança no meio estudantil. O motivo é sua abdução pelo governo por motivos pecuniários, deixando de lado os interesses de quem deveria representar. Até mesmo o corte anunciado pela presidente Dilma no orçamento do Ministério da Educação, da ordem de R$ 9 bilhões, passou em brancas nuvens pela entidade e não foi comentado.

Somente a Petrobras, tão saqueada, destinou R$ 750 mil para a UNE nos últimos anos. A montanha de dinheiro despejada pelo governo petista nos cofres da entidade, dizem os opositores da atual direção, comprou seu silêncio e, pior, sua conivência e a própria razão de existir.

 

A frase que não foi pronunciada

“Não vai ter golpe! Não vai ter mais golpe de foices e machados nos cofres públicos.”

Alguém explicando o mote na praça.

 

Novidade

CNJ informa que os repasses feitos pelos tribunais de Justiça dos estados e do Distrito Federal aos demais tribunais (tribunais regionais do trabalho e tribunais regionais federais) para o pagamento de precatórios devem observar a ordem cronológica, independentemente de qual tribunal tenha emitido o título. Além disso, o pagamento, a cada exercício, deve priorizar as dívidas de natureza alimentar, e, em seguida, as de caráter não alimentar, por antiguidade de apresentação.

 

Do leitor

Roldão Simas conta que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou, na semana passada, proposta de lei, de autoria de Rodrigo Delmasso (PTN), que prevê prioridade a crianças indígenas em creches públicas.

 

Fala

O parlamentar justificou declarando: “Em respeito a todo o contexto histórico de massacres à população nativa do Brasil, é essencial a realização de políticas públicas direcionadas à proteção do índio”.

 

Complemento

Cabem algumas observações: em Brasília não há tribos indígenas a serem protegidas. É preciso lembrar a frase do marechal Rondon: “Integrar para não entregar”. Essa é a política certa: a integração dos índios aculturados à sociedade brasileira, como cidadãos, e não isolá-los.

 

História de Brasília

O governo do sr. Jânio Quadros durou exatamente 204 dias, que corresponde ao número da instrução que revolucionou o sistema cambial do país. (Publicado em 3/9/1961)