Saneando a Caesb a água volta a fluir

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com
com Circe Cunha e MAMFIL

Caso não sejam corrigidas, com presteza, todas as variáveis que concorrem para a crise hídrica que assola a capital do país, a primeira vítima desse flagelo anunciado será, sem dúvida alguma, o próprio governador Rodrigo Rollemberg, que poderá ter a carreira política encerrada de forma seca, definitiva e melancólica. Em relação à crise, nenhum número ou dado pode ser desprezado.

Na verdade, a maioria das variáveis quantitativas conhecidas até agora depõe contra o sistema de fornecimento de água e, objetivamente, contra a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). A começar pela folha salarial milionária da empresa. São mais de R$ 17 milhões mensais para pagar 2.500 funcionários.

A empresa, dirigida por um parente do governador, tem em seus quadros motoristas recebendo mais de R$ 20 mil mensais. Há funcionários cujos os penduricalhos incorporados ao salário-base chegam a perceber muito acima do que determina o teto constitucional. Uma pesquisa rápida nesses dados revela salários absurdos de R$ 33 mil, R$ 65 mil, R$ 95 mil. E, note-se bem, a fonte de pagamento desses servidores sortudos são as tarifas cobradas dos consumidores. Talvez resida nesse fato prosaico a razão de o brasiliense pagar o maior preço de todo o país pelo metro cúbico da água.

Ressalte-se que a Câmara Legislativa, a Caesb e a própria Adasa vão na contramão da economia quando cobram por faixas de consumo. De que adianta o consumidor economizar usando só 3 mil litros de água se terá que pagar por 10 mil litros? É o que diz a famigerada lei distrital. Nos dias de hoje, é um estímulo ao gasto.

Enquanto em São Paulo o metro cúbico custa ao consumidor R$ 1,30, em Brasília, pagam-se R$ 4. Os absurdos não param por aí. Somente nos últimos seis anos, por conta da demanda crescente, houve um aumento de 80% no preço da tarifa, isso sem contar com a taxa extra de 40% cobrada de quem consome acima de 10 metros cúbicos mensais, a título emergencial decorrente da crise, além, óbvio das multas por atrasos e outras cobranças abusivas.

A chamada tarifa social, que em São Paulo dá descontos de até 66%, em Brasília o valor cai para apenas 23%. Essas discrepâncias surreais só podem ter como explicação o fato de ser a Caesb uma empresa ungida com o poder do monopólio de distribuição desse insumo vital para mais 3 milhões de pessoas. Nem as leis soberanas do Código de Defesa do Consumidor têm poder sobre ela.

Qualquer ação judicial contra a companhia, como cobrança abusiva ou má prestação de serviço, só pode feita de modo indireto, por meio da Vara da Fazenda Pública, onde os processos são caros, morosos e 93% decididos em favor da empresa.

Trata-se, pois, de uma empresa devidamente blindada por legislação discutível e que, por isso, mesmo não teme e não dá a menor atenção para os consumidores. Pudesse a população de Brasília contar com uma Câmara Legislativa de credibilidade e com algum nível moral, bastaria a instalação de uma simples Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para solucionar, sem maiores traumas, a atual crise hídrica. Não seria demais afirmar que a fonte principal da crise hídrica se encontra alojada na própria empresa e no modo como está atualmente estruturada. Saneando a Caesb, a água volta a fluir.

A frase que foi pronunciada

“A probabilidade é de que, em 100 mil anos, ou teremos nos rebaixado a um barbarismo selvagem, ou então a civilização terá se desenvolvido além do imaginável, em colônias através do espaço sideral.”

Richard Dawkin

Bate-papo

» Uma parada na padaria Pães e Vinhos e um bate-papo com o senhor José Mario Campos Guimarães. Desde Epitácio Pessoa, quando instituiu a Missão Cruls, que se hospedou na casa de Salviano Monteiro Guimarães — onde hoje é o Museu em Planaltina —, até a morte estúpida e inexplicável da professora Stela dos Querubins Guimarães.

Economia e conforto

» Danniel Mosse era um aluno gênio do Colégio Objetivo. Hoje, ele está em Pittsburgh, comandando uma pequena empresa, a HiberSense. A equipe criou uma solução para controle de clima residencial. Trata-se de um termostato distribuído que cria uma zona de rede de sensores que controlam a temperatura, umidade, movimento do split, luz e pressão do ar. São formas simples ou complexas de deixar o meio ambiente totalmente agradável. Tem até um algoritmo de autoaprendizagem que lembra horários e temperaturas desejadas para cada cômodo da residência.

Segredo

» Se há uma coisa que ninguém no país pode botar defeito é no jardim da rede de shoppings dos Jereissatti. O patriarca é quem comanda o verde. Projetos, plantios, conservação, tudo passa por ele.

Embrapa

» Vale uma visita ao portal da Embrapa. Vários livros disponíveis para baixar. Desde o plantio de maracujás com centenas de perguntas e respostas até o serviço de atendimento ao cidadão, com vários esclarecimentos úteis.

Mais participação

» Uma novidade no cartão reforma que subsidia obras de conservação para pessoas de baixa renda: a senadora Ana Amélia quer todos os bancos oficiais envolvidos na ação, e não só a Caixa.

História de Brasília

Asneira, e asneira grossa. Porque se for este, o caso de honra do PSD de Goiás, jamais vou querer que o partido perca sua honra, e desde já ponho à disposição dele o meu cargo. (Publicado em 23/9/1961)

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