Volta o dragão da inflação. Herança maldita

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha com MAMFIL

Volta o dragão da inflação.

Herança maldita

De todos os dados que demonstram de modo cartesiano a crise que se instalou na economia do país, nenhum é mais importante e preocupante do que aquele que assinala o fechamento de postos de trabalho.

Primeiro, porque a questão do desemprego afeta direta e individualmente cada um dos brasileiros e, por tabela, suas famílias. A propagação e os efeitos do fechamento de postos de trabalho geram malefícios que ultrapassam os próprios indicadores numéricos, incidindo em cheio na questão social.

Quando os efeitos da crise econômica começam a ser inscritos na Carteira do Trabalho nas folhas destinadas às anotações de rescisão de contrato, o estrago está consumado. Nesse ponto, a questão dos indicadores e da matemática deixa de ser preocupação apenas de economistas e ascende a um outro patamar de importância que diz respeito ao maior bem de todos: a cidadania.

A divulgação agora apresentada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), feita pelo Ministério do Trabalho, demonstra que em junho foram fechados mais de 91 mil vagas de emprego formais. Mesmo a sensível melhora registrada, se for comparada com os dados de junho de 2015, quando foram fechados 111.119 postos, demonstra que o flagelo do desemprego ronda os lares em todo o país. Se forem contabilizados os últimos 12 meses, esse número ascende para 1,765 milhão de postos com carteira assinada a menos.

Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego atual se situa em 11,2%, o que equivale a dizer que 11 milhões de brasileiros, em idade ativa, estão desempregados. É a maior taxa registrada desde 2012. Basta percorrer os centros das metrópoles brasileiras para constatar o grande número de estabelecimento comerciais fechados.

Sumiram os empregos e os consumidores. Shoppings e supermercados estão vazios. Só se compra o essencial e básico. Sem consumidores, crescem os riscos de desabastecimento por falta de demanda. Sem demanda, cai o ritmo industrial. Sem as compras pelo setor de transformação, acabam os pedidos para o setor primário.

A contaminação sistêmica se instala de modo crônico. O ciclo de crise econômica se fecha e é perpetuado. Nos últimos três meses, a indústria fechou 3,9% dos postos de trabalho, o comércio 1,7% e construção civil , mais afetada, fechou 5,1% dos empregos. Também o rendimento médio real, recuou 3,3% em relação a 2015. Os salários dos trabalhadores da agricultura, pecuária, pesca e produção florestal, tiveram também um recuo da ordem de -6,4%.

A crise bate à porta das famílias brasileiras, adentra pelas dispensas vazias e se instala na sala de visitas em frente à televisão, aguardando boas notícias, que, pelo visto, tão cedo não chegarão.

A frase que não foi pronunciada

“Dilson Funaro disse que teríamos um crescimento japonês com uma inflação suíça. Ainda tem desse sonho para vender?”

Senhorinha que gosta de discursos

Institutos

Sem órgãos de defesa do consumidor que façam alguma coisa efetivamente, o brasileiro continua a pagar R$ 12 pelo quilo de feijão. O advento da internet é uma arma potente contra esse tipo de abuso. Em apenas alguns minutos, é possível organizar um boicote de dimensões continentais. Mas somos um povo resignado. Do feijão ao STF.

LIA

A Lei de Improbidade Administrativa já existe. Não falta legislação no país. O Ministério Público do Pará tem um estudo interessante sobre o assunto no portal http://bancodeprojetos.cnmp.mp.br/consulta.seam

Apareça

Pena que os atletas do Rio estejam perdendo o XVI Encontro de Culturas da Chapada dos Veadeiros. O evento vai até domingo, em São Jorge. Mas você pode se programar para passar o fim de semana mais perto da cultura brasileira. Roças, quilombolas, pequenos produtores, rezadeiras, parteiras, batuqueiros, artistas do povo e também indígenas. Eles iniciaram a programação do encontro com a Aldeia Multiétnica, que chegou à 10ª edição.

História de Brasília

Está de pé o caso da Prefeitura de Brasília. O regime parlamentarista está sendo desvirtuado, porque estão fazendo leilão de cargos. O que ocorre com Brasília é simplesmente lamentável. (Publicado em 12/09/1961)

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