Será a herança maldita?

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Com Mamfil e Circe Cunha

 

Da posse como presidente da República em 1º de janeiro de 2003 até 10 de maio de 2017, quando estará, frente a frente com o juiz Sérgio Moro prestando depoimento, Luiz Inácio Lula da Silva terá consumido exatos 5.243 dias de sua fulminante trajetória, indo da Terra ao céu e deste ao inferno, descrevendo, tal qual uma bala de canhão, uma parábola perfeita. Posto contra a parede na condição de acusado de crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, obstrução da justiça e outras modalidades graves do Código Penal, Lula vai cumprindo, à risca, o figurino que costurou para si quando afirmou ser metamorfose ambulante.

Da glória à antessala do catre, ao longo desses incontáveis dias, também a história recente da nossa República sempre velha fez o que parece ser o último desfile diante de todos os brasileiros. Com Lula desmorona também o Estado tal como concebido e aviltado pela classe política ao longo destes anos. Do Cristo Redentor que decolava como um foguete Saturno rumo à galáxia do Primeiro Mundo, restou ao Brasil dar uma meia volta e retornar à condição natural de “pouca saúde e muita saúva”, como já aludia, no início do século passado, o escritor Monteiro Lobato.

Nesses milhares de dias que nos separam daquele janeiro de 2003, o país permaneceu, boa parte do tempo, como que suspenso no ar, pendurado por uma sequência frágil de narrativas que iam se sucedendo. A cada novo escândalo revelado correspondia uma nova versão. De narrativa em narrativa, chegamos ao que parece ser a derradeira falácia da “consumação do golpe”, em que as elites tentam impedir, com Moro, que Lula retome o controle do governo e reacenda a chama apagada do foguete altaneiro.

Eleito o personagem antípoda da ocasião, o famoso juiz de Curitiba é descrito na Bíblia dos crédulos como o representante das vilezas da direita. Despidas, uma a uma, as versões vão mostrando a verdadeira face de uma República que nunca saiu do chão miserável de terra batida. A mesma e velha República que sempre olhou de longe, através das janelas de cristais, o povo miserável vagando pelas ruas. Neste dia, caso ainda se sustente a data para a prestação de contas, quem vai se sentar também ao lado de Lula no banco dos réus é a fulanizada República, repleta de antigos vícios e de mentiras públicas.

Levada com o vendaval Lula, vai estar ainda toda uma nação embromada e atônita. Filiados abrirão os olhos e retomarão a consciência de que até agora serviram de títere. Além dos filiados, dos personagens arrastados por Lula para os tribunais, há um que se destaca. Ele mesmo. E ocupará o lugar de destaque na cadeira dos réus. Ele e toda a esquerda brasileira, ou pelo menos aquela parte que apoiou a fantasia mesmo sabendo que, por trás do pano, era tudo encenação e engodo.

No tribunal estarão presentes também os velhos fantasmas do conservadorismo político, que aderiram de pronto ao lulopetismo desde o tilintar da primeira moeda. Conhecendo a covardia daquele que em nenhum momento foi capaz a prestar a mínima solidariedade aos companheiros presos por sua causa, não surpreende que Lula venha atiçar, numa estratégia final, seu exército Brancaleone na tentativa de constranger quem ousa intimá-lo.

Quando for aberta a sessão de depoimentos, 5.243 dias de 1º de janeiro de 2003 até hoje terão se passado desde aquela manhã distante quando se agitavam as bandeiras vermelhas da cor do coração. Foi naquele dia que a metamorfose ambulante subiu apressada a rampa do Planalto.

 

A frase que não foi pronunciada

“Ou dá, ou desce.”

Fazedores de corrupção

 

Carta

» Leitor reclama da Casa Nordestina no Paranoá. Está ótima, ampliada, com produtos que atendem a todos os gostos. A fila no caixa anda rápido. Mas, quando pedem nota fiscal, a coisa se complica. Até sai, mas depois de testar a paciência do consumidor.

 

Acertado

» Muita gente vai agradecer ao senador Jorge Viana pela iniciativa da lei que torna o estupro crime imprescritível. “Estou acrescentando o crime de estupro por conta das características que ele tem. Tem mulheres que sofrem o estupro quando ainda são muito jovens e só vão ter coragem de denunciar 40 anos depois, quando viram avós. Então, se a gente mandar um recado para os criminosos, dizendo: olha`, se cometer um crime de estupro, não importa quanto tempo passe, você vai pagar por ele´, eu acho que a gente ajuda a melhorar a nossa sociedade”, disse Jorge Viana. Atualmente os crimes imprescritíveis trazidos na Carta Magna são o de prática de racismo e o de ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o estado democrático.

 

Outros tempos

» Lendo a historinha publicada em 1961, logo abaixo, muita coisa mudou. Para a Justiça nunca faltará beca. Mas, apesar de estar previsto em lei que cabe ao Estado prover o uniforme prisional, na realidade a família dos presos providencia a roupa branca e a sandália havaiana da mesma cor. Se não chegar, o encarcerado espera de cuecas.

 

História de Brasília

A sessão de ontem do Tribunal do Júri de Brasília não pôde se realizar porque não havia beca para os advogados. (Publicado em 27/9/1961)

Bancadas privativas

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Com Mamfil e Circe Cunha

 

Engana-se quem acredita que a formação de bancadas políticas do tipo monolíticas dentro do Poder Legislativo traz benefícios diretos para o processo de aperfeiçoamento democrático e a população de modo geral. Pelo contrário. A existência dessas bancadas é nociva e contrária aos reclamos do cidadão, sendo necessárias apenas para atender a interesses de grupos fechados e ilhados da sociedade.

Para os políticos de pouca expressão e sem poder de atuação, a inserção nessas bancadas resulta em oportunidade de se fortalecer e, com isso, obter vantagens e dividendos para si. Atuando com desenvoltura, cada bancada dessas conta com o patrocínio generoso de um ou mais padrinhos, que passam a ter, a seu dispor, um bloco de políticos que agem de acordo com as suas orientações.

Tome-se aqui, à guisa de exemplo, o caso da bancada da bala. Formada por uns 40 deputados, na maioria com ligações dentro das polícias Civil e Militar, esse agrupamento tem insistentemente agido para sepultar o Estatuto do Desarmamento, sob o enganoso argumento de que os índices de violência requerem que cada cidadão porte uma arma de fogo para a própria defesa e da família, tal qual é feito hoje nos Estados Unidos.

Para esse tipo de bancada, que prega uma falácia desse tamanho, não seria nada surpreendente se a poderosa indústria bélica do país, de alguma forma, financiasse essa retórica, com patrocínios fabulosos de campanhas eleitorais. O mesmo ocorre com a bancada da Bíblia, financiada pelas igrejas; com a bancada ruralista, financiadas pelo agronegócio, e assim por diante.

Surpreendente seria a formação de uma bancada do cidadão, voltada para os interesses diretos de cada brasileiro que financia essa festa para a qual não é convidado. Mais surpreendente ainda seria a formação de uma bancada da educação, concentrada em preparar o país para a grande revolução do ensino, único caminho seguro para a superação do subdesenvolvimento.

Para um país com mais de 200 milhões de habitantes, não faz sentido algum que essas bancadas, financiadas por todos, continuem trabalhando e fazendo lobby para grupos exclusivos. A atuação delas chegou a tal paroxismo que hoje é possível observar que o comportamento e a linha de trabalho desses grupos se sobrepõem às diretrizes do partido ao qual esses políticos estão filiados.

A bem dos fatos, a bancada hoje é independente dos partidos e age apenas por conta dos interesses do grupo, mesmo que isso vá contra as diretrizes de cada legenda. Qualquer reforma política que não venha tratar desse assunto diretamente não deve ser levada a sério.

 

A frase que foi pronunciada

“Fica, Lula!”

Recepção com duplo sentido do povo curitibano

 

Publicidade

» Normas gerais de processo administrativo tributário. Enigma para os contribuintes que, por falta de publicidade, não conhecem os direitos que têm. Os deveres, sim. Esses são divulgados constantemente. Falta interação mais amigável com os contribuintes.

 

Reciclagem & emprego

» Começa a ser desativado o Lixão da Estrutural. Lugar que cresceu além das possibilidades de manutenção. Começou errado até na escolha do local. Em pronunciamento, o governador Rollemberg anunciou que cumprirá as exigências do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. O Aterro Sanitário será uma saída interessante para combater o desemprego.

 

Celíacos

» Seria esperar muito dos empresários da alimentação que partisse deles a preocupação em proteger os celíacos, portadores de doença autoimune intolerantes ao glúten. O Superior Tribunal de Justiça reconheceu a legitimidade ativa de uma associação que defende os celíacos (sem ter um ano de formação) e ajuizou uma ação civil pública contra uma pizzaria.

 

Novidade

» Operadoras de plano de saúde não podem limitar o serviço de home care. O entendimento do STJ é que esse tratamento se configura em uma extensão dos cuidados hospitalares.

 

Trabalhador

» Agindo de forma diversa do ídolo, metade da bancada petista da Câmara dos Deputados está em Curitiba para apoiar Lula. Quem chama a atenção pelo comportamento imparcial é o senador Paulo Paim. Se existe alguém desse partido que trabalha, Paim é o exemplo.

 

Tsunami

» Disse o juiz Moro que há provas de “macrocorrupção” praticada de “forma serial” pelo ex-ministro Palocci. Essas palavras começam a invadir ações que até então eram impenetráveis.

 

História de Brasília

Afora isto, houve outra irregularidade na sessão de ontem do Tribunal do Júri de Brasília. Pelo menos 21 jurados deveriam ser avisados pessoalmente, mas o oficial de justiça deu o ciente a apenas dez jurados. (Publicado em 27/9/1961)

Não à corrupção se aprende na escola

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Com Mamfil e Circe Cunha

 

Cabral, na visão tardia dos índios, foi o primeiro invasor oficial de Pindorama. Com ele vieram as virtudes e os vícios da civilização portuguesa, que logo foram enfiadas goela a baixo dos silvícolas. A opção de fazer das terras achadas uma colônia, exclusivamente, de exploração, como era corrente no período do mercantilismo, deu o rumo que viria a marcar todo o futuro desse lado da América.

Obviamente, os primeiros a sentir os efeitos da corrupção foram os próprios índios, enganados, roubados e posteriormente escravizados por tentativa infrutífera. Das intrincadas filigranas da burocracia lusa, praticadas, aqui, a partir de 1530, herdamos, por questões até de sobrevivência, o que de pior o capitalismo comercial da era moderna podia legar. Daqui tudo se extraía, da forma mais bruta e sem remorsos, inclusive, a dignidade de muitos. O nepotismo, o clientelismo e o oligarquismo foram introduzidos e enquistados no modus operandi do Estado, de tal forma e por tanto tempo que ainda hoje nos vemos envoltos sob o manto difuso de um modo de proceder que, ao fim e ao cabo, nos mantém acorrentados a um eterno subdesenvolvimento.

Se a corrupção é um fenômeno histórico, difícil, depois de cinco séculos, se desvencilhar porque, ao longo do tempo, prosseguimos, por conta própria, alimentando e chocando os ovos dessa serpente, e prologando a razão de nossa própria ruína. Uma das fórmulas mais eficazes de interromper esse ciclo vicioso, sem abarrotar as cadeias com meliantes é conhecida, há tempos, e só não foi posta em prática porque nunca interessou aos que detinham poder para fazer essas transformações. Ao que a sociedade brasileira assiste, em pleno século 21, com os escândalos revelados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, nada mais é do que prosseguimento natural do girar de uma roda iniciada em 1500.

Ao longo dos anos, a cada geração em formação, temos a oportunidade única de pôr fim a esse ciclo malsão. É, portanto, na educação de base que estão colocadas as oportunidades de se iniciar novo e redentor ciclo. Dessa forma, soa sempre como uma esperança de que esses vícios podem ser interrompidos quando assistimos a iniciativas como a realizada agora pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) que, até o dia 12, percorrerá as escolas públicas da capital com palestras sobre o combate à corrupção.

Ensinar aos pequeninos ações do dia a dia, como não furar fila, não colar nas provas e a proceder de modo a não levar vantagens em tudo e a qualquer preço, é como plantar uma boa semente para o futuro. Palestras com tema  “O que você tem a ver com a corrupção” para os estudantes dos ensinos fundamental e médio é, segundo os idealizadores, uma oportunidade de levar a eles a “reflexão de que a própria criança, o próprio jovem, enfim, todos nós, temos um papel extremamente ativo na mudança da realidade da corrupção que nos atinge, seja no compromisso com atos de honestidade do dia a dia, seja no controle social do nosso país”, afirma a coordenadora e promotora de Justiça Luciana Asper. No ano passado, foram realizadas 163 palestras, com o envolvimento de 27 mil alunos. É um bom e promissor caminho para o redescobrimento do Brasil.

 

A frase que não foi pronunciada

“O sol é nascente, mas o homem é morrente.”

Dona Dita, pensando ao lado de um corpo tombado na cidade Sol Nascente.

 

Release

» Sustentabilidade — Promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Portugal Centro-Oeste em parceria com a Federação das Câmaras de Comércio Exterior, o Congresso Internacional de Energias Renováveis e Sustentabilidade (Ciers) objetiva estimular atitudes capazes de contribuir com um mundo mais sustentável. O Ciers será realizado em Brasília, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, no período de 16 a 18 deste mês. As inscrições são gratuitas. Informações no site www.ciers.org.br.

 

Depois

» Professores da rede pública precisam criar meios mais inteligentes de protesto. Depois da greve, os alunos são penalizados, precisando abrir mão do sábado para que os professores possam receber o salário pelos dias parados. São sempre os mais prejudicados.

 

Avanço

» Projeto impecável que ajuda estudantes a alçar voo é o Centro Interescolar de Línguas (CIL). A unidade de Taguatinga passa a ser credenciada como associada à Unesco. A partir daí, o mundo abrirá as portas para os projetos internacionais da organização.

 

História de Brasília

Mudando-se para a Asa Norte, o Ministério das Minas poderia mandar vir do Rio todas as suas seções, mas, agora, vem a pergunta para se saber onde seriam localizados os funcionários e suas famílias. (Publicado em 27/9/1961)

Invasões de terras: um dia todas serão legalizadas

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Com Mamfil e Circe Cunha

 

Numa época em que se assiste ao esgotamento progressivo dos recursos naturais, como a água, as questões fundiárias passam a requerer, com mais urgência, um tratamento racional e especializado, de modo a não comprometer, ainda mais, esse que é um dos grandes problemas que a humanidade terá de resolver neste século, caso ainda tenha planos de permanecer neste planeta. Dessa forma, é no mínimo temerário que problema dessa magnitude seja totalmente delegado ao arbítrio da classe política cujo horizonte, todos sabemos, se estende somente até as próximas eleições. Essa situação, já por si muito delicada, ganha contornos mais preocupantes quando se verifica que decisões sobre a ocupação do solo emanadas do Legislativo quase sempre se revestem de aspectos nitidamente fisiológicos, já que buscam soluções imediatas para problemas complexos, cujos resultados são sempre de longuíssima duração.

Esse parece ser o caso da Medida Provisória nº 759/16, aprovada agora, com 16 votos favoráveis e 4 contrários, pela comissão mista criada no Congresso Nacional. A MP trará mudanças significativas na legislação que trata da regularização de terrenos urbanos, sobretudo condomínios fechados, favorecendo quem já construiu e quem ainda não iniciou obras nesses espaços.

A despeito de beneficiar cerca de 1 milhão de brasilienses que vivem em imóveis sem escritura, como Jardim Botânico, Vicente Pires e Sol Nascente, o que na prática a adoção dessa medida passa ao cidadão é que as invasões de terras públicas, uma vez se tornando fato consumado, vale a pena serem realizadas. Um dia, dada a natureza elástica da política, principalmente às vésperas das eleições, toda invasão acabará por ser legalizada.

Primeiro os órgãos públicos tratam de ligar água e luz. Os grileiros, que nunca ganharam tanto dinheiro como nestas últimas décadas aqui em Brasília, obviamente agradecem e hão de reconhecer e retribuir o favor político. Por essa medida, fica proibida a derrubada de guaritas e do cercamento desses condomínios, como determinava a legislação passada. Também os moradores dessas regiões saberão retribuir o esforço da bancada de Brasília que votou a favor do projeto.

Quem não aceitou com tanta facilidade a questão foi a Justiça, que, por meio do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), pediu que a matéria fosse discutida por outros mecanismos que não medida provisória. A regularização de assentamentos urbanos consolidados, diz a nota do Ministério Público, havia sido inteiramente disciplinada pela Lei Federal n° 11.977, de 7 de julho de 2009. A norma em questão promoveu sensíveis alterações com o intuito de viabilizar a regularização desses assentamentos, tendo como principais inovações os institutos da legitimação de posse e da demarcação urbanística. Para os urbanistas, o novo entendimento legal é um complicador a mais nos já tão delicados problemas de infraestrutura da capital.

 

A frase que foi pronunciada

“Ninguém morre. As pessoas só despertam do sonho da vida.”

Raul Seixas

 

Release

» Enquanto na França o país se divide entre fechar as fronteiras ou abri-las para o mundo, no Brasil, os refugiados em São Paulo participam do maior festival de inovação da América Latina. É a 5ª edição do Festival Path que será neste fim de semana, promovendo encontros entre inovadores e pessoas refugiadas. O evento será a partir das 9h, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

 

Opinião

» Quem foi contundente nesta semana, ao microfone no Senado, foi o senador Acir Gurgacz. Criticou a política econômica do governo, que, segundo ele, só aprofundou a tendência de favorecer o mercado financeiro em detrimento do setor produtivo, da indústria, do comércio, dos serviços, que fazem a economia real do país. O senador ainda criticou com veemência a atuação do BNDES, que nem irriga a economia, nem estimula investimentos.

 

Pode Arnaldo?

» Parlamentares legislam em causa própria para terem perdoadas as próprias dívidas com a União. A denúncia é de Achilles Frias, presidente do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz). E fechou o discurso sobre a relatoria. “No Brasil, um deputado, que é grande devedor, que deve mais de R$ 67 milhões à União e é da base do governo, foi designado para relatar a MP 766, que prestigia o mau pagador em detrimento do bom.”

 

Mais essa

» Agricultores do DF começam a mudar de ramo. Falta água.

 

História de Brasília

Se todas as repartições que estão mal acomodadas em Brasília tiverem que se mudar, deveríamos ver, antes, o número de funcionários residindo em locais impróprios, e providenciar melhores acomodações para asd suas famílias (Publicado em 27/9/1961)

CPI – Comissão Parlamentar Inútil

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Com Mamfil e Circe Cunha

 

Dos muitos instrumentos legais de que dispõem as casas legislativas para fiscalizar a correta aplicação, pelo Executivo, do dinheiro do contribuinte na máquina pública, a comissão parlamentar de inquérito (CPI) é a mais eficaz e imprescindível. Regulamentada no art. 58, § 3º da Constituição de 1988, a CPI possui os mesmos poderes de investigação de uma autoridade judicial.

Ocorre que, por vezes, sua duração e complexidade acabam custando mais caro para o contribuinte do que o montante alvo da comissão. Dessa forma, uma CPI que estenda os trabalhos por um ano inteiro terá consumido volume considerável do dinheiro do contribuinte. Nada é feito de graça, muito menos em nossos legislativos. Se os cidadãos soubessem, de fato, quanto custa o funcionamento de uma CPI, cobrariam cada centavo gasto nos resultados efetivos desses trabalhos.

Criada originalmente com o objetivo de enquadrar o governador Rodrigo Rollemberg e colocá-lo à mercê dos interesses de parte da Câmara Legislativa do Distrito Federal. A CPI da Saúde nasceu anencéfala. Depois de um ano de múltiplas audiências, diligências, convocações, depoimentos, requisições, discussões e outras pantomimas, o relator, deputado Lira (PHS), apresentou, num calhamaço de 600 páginas, o resultado das investigações. O relatório final reflete bem o que pensa o cidadão sobre a importância dessa instituição para a vida da capital.

Ao investigar um período de seis anos, entre 2011 e 2016, nos governos Agnelo e Rollemberg, o deputado distrital simplesmente não encontrou nenhuma irregularidade de monta, digna de nota.

Descontado o conhecido corporativismo, em que os deputados fazem de tudo para não indiciar os colegas de ofício, surpreende que o relatório não tenha enxergado a megainvestigação levada a cabo pelo Ministério Público e pela polícia —  Operação Drácon —, em que, os membros da Mesa Diretora da Câmara Legislativa foram transformados em réus pelo Tribunal de Justiça do DF.

Para o relator, seu trabalho se ateve a “detectar erros e apontar soluções” para a área. Além da Operação Drácon, o relatório passou longe de investigar e esclarecer desvios das verbas do Fundo Constitucional de Saúde, no descredenciamento de serviços básicos, na apuração das empresas fornecedoras de medicamentos, próteses, órteses e equipamentos para os serviços de saúde pública do DF e outras maracutaias denunciadas e tornadas públicas pela imprensa.

Para produzir relatório muito mais consistente e útil, bastaria à CPI uma visita in loco às unidades de saúde e aos hospitais da capital para comprovar o que toda a população já sabe e sente na pele há muitos anos. O que é inadmissível é torrar o dinheiro do contribuinte para produzir um documento inútil e fantasioso.

 

A frase que foi pronunciada

“O código de competência é o único sistema moral baseado no padrão ouro.”

Ayn Randt

 

Quem se lembra?

» Gilmar Mendes afirma que saiu “perplexo” da conversa com Lula. Tudo aconteceu no escritório de Nelson Jobim. Mas isso foi no dia 28 de maio de 2012. Ali as coisas começaram a esquentar.

 

Impressionante

» Documentário A morte inventada, de Alan Minas, é cru, sem nada para amenizar a dor, em vários momentos até amargo, profundamente triste. Traz o assunto alienação parental sem rodeios. Mostra a crueldade do parente que cria um personagem que não existe para separar a família. Vale ver. No YouTube é fácil de achar.

 

Parece piada

» E a população parece inerte. Nunca a conta d’água chegou tão cara. Observe que você paga mais para receber menos. Não admitem o redutor de ar no encanamento. Sendo assim, o ar é cobrado também. Depois do corte, a água que chega vem marrom. É contabilizada do mesmo jeito. Só os brasileiros aguentam ser tripudiados dessa forma.

 

Nada muda

» Volta e meia o governo anuncia liberação de verbas a instituições federais de ensino. Dessa vez o Ministério da Educação repassou mais de R$ 200 milhões. É pena que não haja um portal da transparência que mostre à população quando, quem assinou, onde foi aplicada a verba, quanto e em quê. Isso porque sempre que se anuncia repasse de verba para a educação, absolutamente nada, nem uma agulha se move.

 

História de Brasília

Se todas as repartições que estão mal-acomodadas em Brasília tiverem que se mudar, deveríamos ver, antes, o número de funcionários residindo em locais impróprios e providenciar melhores acomodações para as suas famílias. (Publicado em 27/9/1961)

Improvisações em tom menor

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Com Mamfil e Circe Cunha

 

Usando de um argumento, no mínimo, duvidoso, o governador Rodrigo Rollemberg regulamentou a chamada Lei dos Puxadinhos, que estabelecerá as normas para a ocupação dos espaços junto ao comércio das quadras 100, 200, 300 e 400 da Asa Norte. Na prática, a LP sacramentará uma realidade que foi se formando ao longo do tempo, com os bares e outros estabelecimentos comerciais, avançando sobre os espaços públicos, no vácuo das fiscalizações.

O que se tem aqui, e a própria lei explicita, é a descaracterização legal do projeto urbanístico da cidade, ameaçado e vilipendiado, desde a primeira hora, a partir da criação da Câmara Legislativa. Leis com esse viés revisionista passaram a ser confeccionadas para atender prioritariamente os dois lados do balcão. Da associação de políticos astutos com empresários gananciosos, Brasília e suas áreas no entorno passaram a sofrer um intenso e caótico processo de mercantilização, em que os princípios científicos do planejamento urbano foram postos totalmente de lado, em nome de lucros rápidos. Com isso, a população, principalmente aquela que ocupa as áreas centrais da capital, vai perdendo aos poucos a qualidade de vida que distinguia Brasília das demais cidades brasileiras.

Não é segredo para ninguém que os moradores das quadras limítrofes ao comércio local vivem hoje em guerra declarada contra a poluição sonora, os casos de violência e a sujeira produzidas pelos milhares de bares que foram brotando nesses locais. Os estacionamentos dos moradores estão sempre lotados. Brigas e arruaças têm sido constantes. Chamar a polícia para restabelecer a paz é inútil. O antigo clima bucólico que circundava as quadras residenciais desapareceu por completo.

Aos poucos os estabelecimentos especializados em bebidas alcoólicas foram se alargando, invadindo gramados, calçadas e outros espaços públicos, transformando a cidade, patrimônio cultural da humanidade, num gigantesco mercado a céu aberto, onde se encontra de tudo, menos sossego.

Puxadinho em arquitetura é um termo usado, com sentido pejorativo, para identificar projetos mal resolvidos, em que os remendos e outras reformas são providenciadas a toque de caixa para atenuar erros de concepção e esconder defeitos.

No caso da Lei dos Puxadinhos, o que se tem é justamente isso: a confecção de remendos, feitos às pressas, para atender todo mundo, menos os moradores locais que não invadiram.

 

A frase que não foi pronunciada

“Qualquer povo defende sempre mais os costumes do que as leis. É mais fácil vencer um mau hábito hoje do que amanhã.”

Confúcio, conversando com o Barão de Montesquieu

 

Juntos

Alexandre Innecco ensaiou, ontem, pela primeira vez, a orquestra permanente do Espaço Cultural que leva seu nome. Como tudo o que se começa, as expectativas são enormes e a torcida para que tudo dê certo, também.

 

Nascido

Por falar em Alexandre, vale repetir a história do Ribondi contada no FB. O pai queria registrá-lo como Victor Hugo, mas o padre não gostou porque o escritor era maçom. O pai resolveu o problema na hora. Então, Alexandre Dumas Valadares Ribondi. E assim o artista que já é candango chegou ao mundo.

 

Terror

Foi um deus nos acuda no plenário das Comissões da Câmara dos Deputados na votação da reforma da Previdência. Os parlamentares foram atingidos pelos efeitos de bombas de gás lacrimogêneo e outros arsenais em posse de agentes públicos.

 

Release

A tradicional feira de produtos autorais, Enova, traz para a quarta edição de 2017 um especial para o Dia das Mães. O evento será realizado amanhã, na pracinha da 201 Norte, das 10h às 18h. Além de preços convidativos, variedades em artesanato, acessórios, semijoias, entre outros, esta edição terá uma oficina gratuita de difusores aromáticos, com óleos essenciais, que será realizada pela loja Potira, com produtos da TerraFlor. Interessados em participar devem se inscrever pelo facebook: https://www.facebook.com/enovafeiraderua.

 

E agora, São Pedro?

Por essa não esperavam. No centro de uma gestão passada e presente que não foram capazes de evitar o racionamento d’água na capital do país, em um ano a mesma capital sediará o Fórum Mundial da Água, ou da seca.

 

História de Brasília

A notícia da transferência do Ministério para a Asa Norte deixou o sr. Oscar Niemeyer tremendamente aborrecido, e, como construtor de Brasília, deverá achar um absurdo, antes de uma solução, não o terem ouvido a respeito, para que ele indicasse uma solução. (Publicado em 27/9/1961)

    Vaidade. Tudo é vaidade

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Com Mamfil e Circe Cunha

Fosse analisado apenas à luz da psicanálise, o parecer apresentado agora pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, para deferir, num voto de minerva, o pedido de habeas corpus, apresentado por José Dirceu, revelaria, por trás das falsas filigranas jurídicas, um juiz , cujo narcisismo e o ego gigante, o faz crer estar no mais alto das colinas, de onde contempla a humanidade que vaga no escuro da ignorância.

Ninguém deve se atrever a desprezar o impecável currículo do magistrado. Mas há algo no meio jurídico onde os responsáveis não são os mestres.

Ao se referir ao trabalho dos Procuradores da República como “brincadeira juvenil”, feita por “jovens que não tiveram a vivência institucional” ,Gilmar Mendes criticou, num discurso de fundo moralista, a insistência a com que o procurador Deltan Dallangnol vem atuando para manter no cárcere criminosos contumazes . “Se cedêssemos a esse tipo de pressão, deixaríamos de ser o STF”, disse o ministro, para quem “ o Supremo deu uma lição ao Brasil”.

A pressão ao qual o ministro se refere é, no mínimo, a mais legítima e legal das pressões, já que emana também de um braço da Justiça. Justamente aquele que mais a fundo , conhece por dever de ofício investigativo , as atividades criminosas e as ardilesas de José Dirceu, o verdadeiro cérebro por trás do lulopetismo.

Causa estranheza para muitos que às vésperas de fechar as negociações para um possível acordo de deleção premiada, o ex-homem forte do governo Lula, tenha conseguido um relaxamento de sua prisão. O que não causa surpresa alguma é a atitude adotada pelos ministros Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli a não se declararem impedidos de votarem no processo por suas ligações históricas e mesmo subalternas ao Partido dos Trabalhadores.

O que fica evidenciado neste julgamento, mesmo para os mais leigos dos cidadãos, é que já não é mais possível aceitar pacificamente que os membros do STF sejam escolhidos diretamente pelo Presidente da República. Este modelo, pelo que se tem visto desde os julgamentos do mensalão, e pelo que vai se anunciando nos escândalos em curso do petrolão, tem, insistentemente, se mostrado parciais e tendenciosos.   Justificativas jurídicas para este ou outras decisões e comportamentos polêmicos, sempre se acharão no oceano das leis. O que nunca haverá de se achar é a sintonia do que pensa e acreditam os cidadãos e as discutíveis decisões de muitos juízes, aprisionados entre o que desejam os brasileiros que lhes garante os proventos e aqueles políticos que lhes franquearam o alto cargo.

 

A frase que não foi pronunciada:

“ Caráter é adquirido  com experiência no STF?

Pergunta da senhora Democracia

 

Cuidados

O que alguns síndicos não sabem é que reformas na fachada faixa deve ser comunicada ao arquiteto autor da obra. Se em Brasília alguém se interessar por esse tema, terá material farto. O Código Civil dita no artigo 1336: “São deveres do condômino: III – não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas”

 

Alfinetada

Novamente denúncia de assédio sexual no metrô. Lembro da Júlia ensinando a filha Rosana a espetar com alfinete de fralda qualquer tarado que se atrevesse a encostar nela. Deu certo. O intento era bruscamente interrompido com uma literal alfinetada.

 

Registros

Brotam  a todo momento comentários na Internet sobre o STF . Homer Itaquy observa: Realmente os “meninos”de Curitiba não têm a experiência que um membro do STF tem.

 

Em boa hora

Empresas em débito tributário terão chance de regularização. Uma Medida Provisória foi aprovada no Senado criando o Programa de Regularização Tributária para empresas em débito.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Ademais, o edifício para onde se mudaria o Ministério, é de propriedade da Comissão do Vale do Rio Doce, que é subordinada ao Ministério das Minas e Energia. Não tem água, luz, esgotos nem telefones. Como está, a própria Prefeitura não poderá dar o “habite-se”. (Publicado em 27/09/1961)

Hospital da Criança assediado pelo Estado

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MAMFIL com Circe Cunha

Para os brasileiros que têm a oportunidade de conhecer os países do Primeiro Mundo, a primeira boa impressão, que logo desperta a curiosidade do estrangeiro, é como as instituições públicas funcionam com tanta precisão e prestam serviços da mais alta qualidade para os cidadãos? E como é possível ainda que, nesses países, a iniciativa privada e o setor público consigam trabalhar de forma complementar e harmônica, sem choques e principalmente sem a ocorrência de escândalos de corrupção, tão comuns por aqui quando os dois personagens se cruzam?Chega a causar espanto que hospitais públicos e privados atendam com o mesmo nível de excelência. O mesmo ocorre com escolas, teatros, museus, transporte, segurança e uma diversidade de outras atividades, todas trabalhando de forma exemplar. Por aqui, a realidade é totalmente oposta. As instituições públicas, na sua grande maioria, não prestam bons serviços à população.Em nosso caso e de forma resumida, essa questão encontra como explicações o fato de que nos faltam fiscalizações rigorosas e sobram burocracias do tipo kafkaniana, que acabam por favorecer os setores públicos e privados a negociarem com vistas a atender primeiro os interesses de cada um e não os da coletividade.

As parcerias público-privadas (PPPs) e, mais recentemente, a eleição das empresas tidas como campeãs nacionais demonstram que, na prática, os benefícios advindos dessas reuniões em nosso país acabaram por favorecer apenas os agentes participantes das negociações, sobretudo os partidos políticos e as empresas privadas.Operações policiais como a Lava-Jato provam que ainda estamos muito longe de garantir que os recursos públicos tenham gestão eficiente e de plena confiança. Qualquer licitação parece fadada a favorecer grupos determinados e sempre em prejuízo dos contribuintes. De certa forma, vamos ficando acostumados com essa situação.Quando ocorre de alguma instituição chamar a atenção pela excelência na prestação de serviços, logo a desconfiança é geral. Como ela consegue e as outras não? Mesmo em casos como esse, o natural seria tomar esses minguados exemplos como modelos a seguir. Mas, em nosso caso, os bons exemplos passam a ser imediatamente sabotados para não contaminar os costumes vigentes e prejudicar futuras negociatas.

O Hospital da Criança José Alencar é um dos raros exemplos de atendimento de qualidade que, por isso mesmo, parece atrair sobre si todo tipo de sabotagem. Criado há cinco anos pela Abrace e por um grupo de profissionais da saúde, o HCB vem sendo, como denunciam agora seus dirigentes, alvo de conluio que envolve, além do Ministério Público, os sindicatos dos Médicos e de Servidores, o Conselho de Saúde, uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) formada na Câmara Legislativa com esse intuito — a mesma Câmara envolvida na nebulosa e ainda inexplicável Operação Drácon.Surpreende que um hospital tão novo já tenha realizado mais de um milhão de atendimentos médicos, quase 8 mil por mês. Questões políticas e outras suspeitas vêm minando a resistência da diretoria da instituição, que já pensa em jogar a toalha e se render à pressão da nossa realidade. Caso isso venha se concretizar, o prejuízo será de todos; os ganhos, obviamente de poucos.

A frase que não foi pronunciada

“Há esperanças, só não para nós.”

Franz Kafka

Carta

Recebemos a missiva de Roldão Simas com o seguinte teor: o 1º de Maio tem origem em greve havida nos EUA contra a exploração da mão de obra operária. Lá, o dia comemorativo, para que não lembrasse o evento original, foi transferido para setembro. A denominação adequada é, portanto, Dia do Trabalhador, não Dia do Trabalho como é de hábito aqui no Brasil. Este ano deveria ser comemorado como Dia do Desemprego, com os Correios em greve desde 28 de abril sem notícia dela nos jornais convencionais.

Piano imperdível

Amanhã, dia 3, recital dos alunos de Gisele Pires e Daniel Tarquínio no auditório do Departamento de Música da UnB, às 12h30.

Laureados

Por falar em música, a equipe MPC – Música para crianças/UnB — recebeu o 1º lugar na categoria Educativo, no Prêmio Profissionais da Música 2017. Marina Ferraz, Ivana Bontempo, Sergio Fonseca, Zeze Rezende e Paulo Henrique Gaspar. Ricardo Dourado é a estrela que trouxe o projeto de musicalização para bebês em gestação.

Na real

Frouxidão nacional dos nossos líderes não impediu ações de vândalos que se diziam trabalhadores. Há que reprimir ferozmente esse tipo de ação. Que se contenham a violência e depredação em respeito aos trabalhadores que pagam impostos e obedecem às leis.

História de Brasília

Quanto à segurança do prédio, a informação do engenheiro da Ecisa é de que o problema já está resolvido com a correção das fundações, que apresentavam defeito. (Publicado em 27/9/1961)

A mentira agradece pelos votos recebidos

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Desde 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

MAMFIL com Circe Cunha

Depois da Operação Drácon, que desbaratou verdadeiro formigueiro de saúvas do dinheiro público instalados na Mesa diretora da Câmara Legislativa, chega agora a vez da Operação Hemera (deusa da mentira na mitologia grega), que tem como alvos a dublê de deputada e pastora da igreja Ministério da Fé, Sandra Faraj, seu irmão Fadi Faraj, também pastor, espécie de papa daquela instituição. Há muito se sabe que misturar religião e política vai não só contra o preceito original que manda dar a Deus e a César o que pertence distintamente a cada um, mas na contramão do bom senso e da práxis da própria política.A sequência de casos mal explicados envolvendo líderes religiosos com cargos eletivos só não é maior do que a crença cega de fiéis e de eleitores que acreditam neles para a redenção de suas vidas. Sandra e o irmão são acusados pela polícia e pelo MP de crimes de corrupção, falsidade ideológica, uso de documentos falsos, ameaças e constrangimento de testemunhas, todos crimes muito comuns e já tornados típicos entre deputados da fé e pastores legislativos.Segundo as autoridades, caso esses crimes sejam confirmados, poderão render até 20 anos para essa dupla de espertalhões. A proliferação acelerada de seitas religiosas, de partidos políticos, de sindicatos e de ONGs nos últimos anos e a interpenetração deles na vida dos cidadãos comprova que ainda estamos anos-luz de atingir um grau de maturidade democrática ideal.

A frase que foi pronunciada
“Parar o Brasil é fácil! Até agora ninguém conseguiu fazê-lo andar!”
Lea Pia Justi, pedagoga paranaense

Enquadrar
» Alexandre Fortes, profissional da imagem, faz uma observação sobre os indígenas que merece registro: imagine como deve ser exigir demarcação de terra para um povo que nunca precisou de fronteiras.

Marco
» Desburocratizar o governo pode virar realidade com a criação do Selo de Desburocratização e Simplificação. A ideia está no projeto de lei do Senado, já aprovado na Comissão de Educação. A articulação para a aprovação dessa medida está sendo feita pelos senadores Antonio Anastasia, Ana Amélia, Ronaldo Caiado e a presidente da Comissão, senadora Lúcia Vânia.

História
» Parece que a senadora Gleisi Hoffmann não acompanhou o histórico dos políticos que usaram cocar na tribuna. Juarez Távora, que disputou a Presidência em 1955, posou com um cocar ao visitar Goiás e perdeu a eleição para Juscelino Kubitschek. Mário Andreazza recebeu um cocar do cacique Crumari, perdeu a convenção do PDS. Em 1984, Tancredo Neves pousou de cocar. Ganhou a eleição, mas morreu sem assumir o mandato. Ulysses Guimarães, Lula e Dilma também usaram. Na última quarta-feira, foi a vez da senadora Gleisi.

E mais
» A explicação é única. Se o pássaro morreu para que suas penas servissem de enfeite ao homem branco, o descendente dos europeus se arrependeria de ter se enfeitado às custas do sacrifício.

Identidade
» A Medida Provisória 776, que acabou de ser editada, trata do registro público obrigatório, desde o nascimento. Todos os dados das testemunhas devem constar na certidão de nascimento quando não houver assistência médica para o parto. Nascida, a criança receberá um número que a identificará para o resto da vida. Assinada por Michel Temer e Osmar Serraglio, a medida passou a vigorar a partir de 26 de abril.

Boa iniciativa
» Se existe um projeto que angaria a simpatia do povo, é o que implementou os restaurantes comunitários. A comida é farta, com preço justo e muito apreciada. Em algumas RAs mais de mil refeições são servidas diariamente. Em tempos de crise, alimentar a população, dando-lhe dignidade, é o melhor que o governo deve fazer. Gutemberg Gomes, secretário do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, está revigorando os restaurantes.

Lei ao léu
» Câmara dos Deputados envia ao Senado projeto que aumenta de 7 para 11 anos a idade permitida para crianças serem transportadas por moto. Óbvio que a lei só servirá para os grandes centros. A moto, que substituiu o jegue em todo o interior do país, leva até recém-nascido ao posto de saúde. Isso quando não vão os 4 da família na mesma moto. Detalhe: ninguém usa capacete.

História de Brasília
Estavam quase paralisadas as obras, por falta de dinheiro, e, da noite para o dia, apareceu o dinheiro, e as obras estão em ritmo bastante acelerado. Nenhum funcionário informa com precisão o que está acontecendo, dando a ideia de que tudo está sendo feito às escondidas, o que não é normal. (Publicado em 27/9/1961)