Estádio humilha nome de Mané Garrincha

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De Garrincha, a alegria do povo e o anjo das pernas tortas, as novas gerações nada conhecem. Considerado, ao lado de Pelé , como o maior jogador de futebol de todos os tempos , Garrincha é , ainda hoje unanimidade na avaliação de muita gente que entende do assunto, aqui e em boa parte do mundo. Graças à seu talento natural no domínio da bola, Garrincha elevou esse esporte à categoria de arte. Com uma série de dribles desconcertantes e que acabavam por humilhar seus adversários , Garrincha foi o maior ponta direita que o Botafogo e a Seleção Brasileira já tiveram.

Para os apreciadores do ludopédio, quando Garrincha entrava em campo , todos os outros jogos do campeonato daquele ano, perdiam a importância. Esse tempo de alegria e improvisação ficou para trás, perdido na memória. A modernidade transformou os clubes em empresas altamente lucrativas e hoje o futebol é um negócio milionário de tal monta, que os cartolas acabam sendo muito mais importantes do que os próprios jogadores, comprados e vendidos à peso de ouro. No futebol moderno, tudo é absolutamente um negócio, pouco importando elementos como arte e alegria.

Com a vinda da Copa do Mundo de Futebol para o Brasil, em situações ainda muito nebulosas, ficou demonstrado na prática e em campo (7×1) que a antiga alegria do povo era apenas coisa do passado. Não foi preciso a derrota vergonhosa da Seleção , para o povão desconfiar que todo aquele campeonato , em que as autoridades da FIFA ameaçavam chutar o traseiro do governo brasileiro, era apenas um pano de cena que escondiam mil maracutaias, aqui e na Suíça, sede da FIFA.

Banidos do futebol pela justiça daquele pais, os dirigentes da FIFA ainda aguardam os desdobramentos das investigações e as expectativas são de que as punições sejam ainda mais severas. No Brasil ficaram, além das armações habituais da cartolagem, os imensos elefantes brancos na forma de estádios de futebol, gerando prejuízos dia , após dia e dividas milionárias, debitadas, obviamente, na conta dos pobres contribuintes. Brasília, por sua importância como capital do país e por sua desimportância como sede de clubes de futebol, construiu o quarto estádio mais caro do mundo para receber algumas partidas de futebol dos jogos da Copa do Mundo.

Cumprida esta fase curtíssima, eis que as autoridades finalmente “descobrem” que o novo e pomposo estádio, erguido à um preço exorbitante ,não tem serventia para nada, além de enfeiar a região. Tentaram de tudo para viabilizar financeiramente o monstrengo, transformando-o em arena multi uso, mas ainda assim o paquiderme não moveu de lugar.

Com a prisão agora dos principais personagens envolvidos neste tremendo conto do vigário, a polícia e o Ministério Público fizeram um favor a população do Distrito Federal , retirando, pelo menos por enquanto, os nomes desses políticos das próximas as disputas eleitorais na capital.   Falta ainda o devido ressarcimento aos cofres públicos e um pedido de desculpas, pos mortem , ao grande Mané Garrincha, cujo nome foi parar num estádio que está muito longe de ser a alegria do povo.

 

A frase que  foi pronunciada:

“Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.

Confúcio

 

Segurança

Aumenta a incidência de objetos furtados dentro de automóveis. No Centro Olímpico da UnB não há policiamento e o cidadão é só mais um número nas estatísticas.

 

Informativo

Por falar nisso, nas baias de atendimento e nos portões das delegacias da cidade o Sindpol informa à população que a polícia está sucateada e cita o governador Rollemberg. Ao final pergunta: a quem interessa uma polícia sucateada?

 

Lazer

 

Sucesso o cais ao final da asa norte. Famílias se divertem por ali em ambiente de paz. O piscinão do Lago Norte merece um aporte similar. O local é ponto de encontro aos finais de semana com vários atrativos para a criançada.

 

Beleza

Até o dia 9 desse mês, no 1o subsolo do Venâncio 2000 a exposição”Yanomami – Olhares ocultos” do repórter fotográfico André Rodrigo Pacheco estará aberta a visitação.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Vinte minutos depois do acidente, o governador Leonel Brizola chegava à estação de passageiros, e tudo voltou a ser alegria, novamente no aeroporto. (Publicado em 28/09/1961)

 

 

Um advogado de defesa na Justiça

 

São, no mínimo, preocupantes as primeiras declarações dada pelo novo Ministro da Justiça, Torquato Jardim , com relação aos últimos acontecimentos precipitados pela delação dos executivos da JBS. Pelo que foi dito e pelo que fica subentendido, o temor de que o novo ministro teria um protagonismo para além de suas funções republicanas, podem ser pescadas aqui e ali em suas últimas entrevistas a vários órgãos de imprensa.

Mesmo antes de ser empossado Torquato Jardim já havia deixado entender nas entrelinhas que sua missão imediata na pasta seria além das atribuições relativas à nova função, a defesa do presidente Temer. Mesmo sua chegada ao Ministério da Justiça foi feita de tal modo atabalhoada e as pressas que não deu tempo nem para avisar ao antigo ocupante da cadeira.

Essa nomeação, feita num fim de semana, deixou claro, para muitos, que se tratava de uma substituição de emergência, feita sob a necessidade do momento delicado e ante a iminência do afastamento do próprio Temer. Não poderia ser diferente. Amigo do presidente por décadas, a nova missão que tem pela frente vai obrigar este jurista experimentado, a caminhar no limbo , entre as observações legais do seu mister oficial e suas convicções pessoais acerca do velho amigo.

Usando de uma sinceridade enviesada de ironia, Torquato afirmou, mesmo sem conhecer pormenorizadamente o processo, que ainda não há motivos suficientes para investigar o presidente, mesmo sabendo que Supremo Tribunal Federal , através do ministro , Edson Fachin, e o Ministério Pùblico, já deram início ao processo . Para ele há muita especulação e uma espetacularização do episódio envolvendo a gravação do presidente pelo executivo da JBS. Para o novo titular da pasta , “faz parte de cultura parlamentar, ser acessível a qualquer hora e em qualquer lugar”. Mesmo com relação a cassação da chapa Dilma/Temer, Torquato já considerou como “recomendável” que haja um pedido de vista do processo. O temor que ele possa controlar a Polícia Federal, fez com que a Federação Nacional dos Policiais Federais emitisse nota criticando essa situação.

A mais estranha das declarações para um ministro da justiça foi dada à um repórter que lhe perguntou sobre a questão da origem as centenas de milhões de reais que andaram irrigando os caixas da campanha eleitorais: “Se a doação eleitoral entrou legalmente, não interessa a origem” afirmou Torquato para quem o problema de de caixa 1 ou caixa 10 é irrelevante, desde que contabilizado. Em outras palavras o que o novo ministro entende é que uma vez declarado junto ao Tribunal Superior Eleitoral qualquer recurso, doação ou gasto de campanha é imediatamente legalizado não importando se a origem do dinheiro é fruto de crime. Uma declaração desta equivale a dizer que o TSE tem lavado todo e qualquer recurso, mesmo com todo o estardalhaço e seguidos alertas feito por toda a mídia do país.

Trata-se aqui de um personagem polêmico que ainda vai dar muito o que falar e que por sua posição arriscada, pode empurrar , ainda mais, o presidente Temer, para a beira do abismo. Pretender ser mais realista que a própria realidade, fixando seu escritório de advocacia no posto avançado do Ministério da Justiça é tudo o que os brasileiros não precisam nem agora , nem nunca.

Com Dilma ocorreu a mesma coisa . Instalou o dublê de advogado, José Eduardo Cardoso no Ministério da Justiça e enquanto o Brasil era incendiado pelo processo de impeachment, todas as atividades da pasta ficaram paralisadas enquanto se concentravam esforços de toda a ordem para a defesa da presidente moribunda . Deu no que deu.

 

Chega logo Copa do Mundo!

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Depois das delações bombásticas da dupla caipira, Joesley e Wesley, a mesma que parece ter comprado , à preço de banana, boa parte da república, nada menos do que duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) entraram em fase de gestação . No Congresso Nacional já foi lido, inclusive, o requerimento para a criação de uma Comissão mista, para apurar as relações suspeitíssimas, envolvendo as empresas JBS e o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).

Pelas possíveis consequências que advirão para muitos dessas devassas, entende-se porque, até agora, não houve indicação, por parte das principais lideranças, dos nomes para formar a CPI. Seja qual for o encaminhamento dado pelos parlamentares à esse caso, o fato é que os desdobramentos dessas investigações são imprevisíveis e terão que vir, necessariamente à reboque do que a polícia e Ministério Público já tem conhecimento.

O problema com Comissões dessa natureza é que os reais objetivos dos políticos nestas investigações não estão claros. Para aqueles que acompanham de perto esse assunto, a formação de uma CPMI agora,  de forma tardia, esconderia , no seu âmago, uma estratégia para tumultuar o processo , enquanto se buscaria uma fresta legal por onde muitos envolvidos tentariam escapar. O que parece pesar nas delações da dupla da JBS é que pelas gravações ´colhidas nos depoimentos fica patente e debochadamente claro que todas as doações eram, na verdade, propinas .

Sem credibilidade e vivendo seu pior momento junto a população , os congressistas vão ter que se desdobrar muito para mostrar serviço nestas apurações e andar a passos largos, já que em 2018, ano de eleições, ninguém quer ficar chamuscado na foto de candidato.

 

A frase que foi pronunciada:

“ O maior erro dos “espertos” e achar que podem fazer todos de otários.”

Jô Soares

 

Fato gerador

Fizeram as contas. Se toda a corrupção for extirpada da sociedade brasileira, os prejuízos causados nos últimos anos estarão pagos em 2060.

 

 

Mal na fita

 

Samba, futebol e corrupção. As façanhas do Brasil tomam as manchetes nada elogiosas pelo mundo. Por curiosidade vejam as manchetes nos jornais alemães:  Die Welt – Barão da carne mergulha Brasil no caos na Alemanha,

Wirtschaftswoche – O grande prato de carnes

Frankfurter Allgemeine Zeitung–Temer mobiliza militares contra manifestantes.

Der Tagesspiegel – Brasília queima .

 

Caos

 

Arthur Maia, deputado federal pela Bahia já avisou que com a situação política do jeito que está sendo levada fica impossível organizar a votação da reforma da Previdência, da qual é relator.

 

Pecado

 

Falta mobilização mais efetiva das entidades pró-vida nas manifestações contra a descriminalização do aborto. A 10a edição da “Marcha pela Vida” e o “Grande Ato contra o Aborto” não contou com a presença de muitos por divulgação ineficiente.Com a Internet à disposição, isso é um pecado capital!

 

Como começou

 

Só para lembrar, o primeiro aborto aprovado por lei aconteceu em 1973 no famoso caso Joe contra Wade, nos Estados Unidos. Jane Roe era o pseudônimo de Norma McCorvey que faleceu em fevereiro desse ano. Norma declarava em todas as entrevistas que cada vez que a imprensa a levava ao passado ela era obrigada a encarar o maior erro de sua vida. Sua declaração diante da Suprema Corte foi falsa.

 

É alguém

 

Norma McCorvey queria apenas se livrar do filho de um homem que ela não amava. Por isso mentiu sobre um estupro que nunca houve. Hoje, para convencer qualquer Corte basta instalar um datashow no plenário e mostrar as imagens dentro do ventre materno durante o procedimento do aborto. O feto reage, tenta se proteger, tem o batimento cardíaco acelerado. É um assassinato previsto  no art. 121 do Código Penal.

 

Release

 

Desemprego alcança 14 milhões de pessoas.

 

 

Agenda

 

No Brasil 21 é possível ter uma alimentação saudável e saborosa. Em parceria com a clínica Ravenna, o restaurante Norton elaborou um menu sob a coordenação da chef Myriam Carvalho e Isadora Fadul, a nutricionista. Proteínas, saladas, caldos e sobremesas caprichadas. Vale conhecer. Para os combos há desconto.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O Hospital Distrital, ao receber a notícia, enviou, imediatamente, uma equipe de médicos e enfermeiros, e um pequeno hospital ambulante foi transportado para o local. (Publicado em 28/09/1961)

O príncipe e o mendigo

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No clássico de 1881 “O príncipe e o mendigo” , Mark Twain elabora uma estória , perfeitamente factível, da troca de um príncipe , por um mendigo, baseada apenas na incrível semelhança física que havia entre estes personagens. Para tanto , bastou que ambos trocassem de vestes para que a trama se desenrolasse, enganando todo mundo, inclusive o próprio rei Henrique VIII.

Nos tempos atuais, houve relatos parecidos , com os serviços secretos de países da antiga Cortina de Ferro, utilizando sósias de altos dirigentes para missões de risco, provando que aspectos circunstanciais ,como a aparência física, podem definir a posição e o futuro não apenas de pessoas, mas de nações inteiras. Quanto a isso, os antigos costumavam dizer que o mundo gira como uma roda gigante justamente para alternar indefinidamente as posições de cada um neste planeta, colocando no alto hoje, quem esteve, por baixo, ontem e vice-versa.

Apogeu e ruína, compõem lados opostos da mesma moeda, a moeda da vida. Nossa história recente, está repleta de casos envolvendo personalidades políticas que experimentaram a glória e a desonra e, em nenhum desses momentos, foram capazes de avaliar e aprender quão fútil e transitório é cada uma dessas fases. Num país em que a injustiça e a desigualdade são sentidas pela população desde 1500, não surpreende que nossa elite política ainda permaneça alheia e indiferente a realidade em volta, sobretudo quanto as flagrantes diferenças com que são tratados pelo Estado, os membros do governo e o restante dos brasileiros.

O caso, revelado agora, do ex-ministro Guido Mantega, que mantinha na Suíça uma conta secreta com U$ 600 mil, prova que , ao chefe geral da pantagruélica Receita Federal tudo é permitido, inclusive possuir conta milionária no exterior, sem declarar a justiça tributária. Caído em desgraça, por conta das múltiplas delações, Mantega começa a experimentar o outro lado da moeda, embora, como todos na mesma situação, não tenha aprendido nada e nem esquecido nada.

Na leva dos cinco milhões de refugiados que tiveram que abandonar a Síria as pressas, deixando tudo para trás, estava o artista plástico Abdalla Al Omari. De posse das únicas armas que domina,  Omari começou a pintar a série “Vulnerabilidade” , retratando líderes mundiais como refugiados comuns, vivenciando as mesmas situações de agruras experimentadas pelos migrantes forçados. Na série aparecem em filas gigantescas os presidentes Bashar Al Assad, Nicolas Sarkozy, Donald Trump, Obama, Kim Jong Un e outros, vestindo trajes comuns, sujos e com a expressão desesperadas de quem não tem para onde ir nem para onde voltar . “Queria imaginar como todos estes líderes poderosos se veriam calçando nossos sapatos” afirmou o artista, para quem esse trabalho foi uma reação pessoal e uma doce vingança, feita com arte.

No Brasil nossa série Vulnerabilidade é retratada ao vivo através da presença de ilustres políticos colocados a frente do Juiz Moro. Nestas imagens reais, nossas elites políticas mais e mais se parecem com aquilo que sempre foram: meliantes comuns postos no banco dos réus, não por motivos ideológicos e nobres, mas por razões descritas no Código Penal, Código Civil, Constituição, Código Tributário, Lei de Execução Penal, Lei de Improbidade Administrativa e outras tantas leis que preveem a conduta ilícita. Nossos príncipes ,são  na realidade, mendigos comuns, alçados ao poder , por obra e desgraça  de um povo que com o seu voto ainda não teve acesso

 

A frase que foi pronunciada:

“ A nação é conduzida pela ignorância da nação.

Uma nação sem consciência protesta contra si própria.”

Gilberto Angelo Begiato

 

Decepção

Auris populi não é auris Dei. Assim começou o protesto de um leitor que pede para não ser identificado. Ele comenta o show do Fagner no Ulysses Guimarães. Ruído e barulho entrecortados por música foi uma sequência de assassinatos. As músicas de Belchior foram literalmente executadas, atesta o leitor. O mais interessante de tudo foi a felicidade da plateia. “100% compreensível, continua, considerando que vivemos em um país assolado pela incultura e pelo som automotiva. Lamentável, ver um criador imolar sua obra tão delicada e sensível por um punhado de dinheiros e de aplausos.

Conhecimento

A ministra Cármen Lúcia deixará marca importante no Conselho Nacional de Justiça. Apaziguará o processo Judicial Eletrônico com a integração dos sistemas dos tribunais. A tramitação dos processos comporá um sistema único e similar que conversará com o sistema antigo sem a necessidade de substituição.

Humanizar

Quem acha que o governo gasta muito com remédios de alto custo deveria ler a carta de Shara Nunes Sampaio, Procuradora da Associação Brasileira de Assistência à Fibrose Sística. Mãe de portador da doença que é crônica, Dra. Shara colocou os pingos nos is respondendo a um editorial que criticava a judicialização do acesso a saúde. Ao autor ela aconselhou que deveria se limitar a criticar a roubalheira dos políticos, porque essa é a raiz da falta de verbas para o sistema de saúde do país. Diz ainda fechando com o coração inconformado:

“      Eu entendo! Os doentes não podem pagar por uma matéria que os defenda em um grande jornal do país! Aliás eles não conseguem sequer pagar o tratamento!” encerrou a missiva.

 

História de Brasília

Não houve, entretanto, necessidade de sua intervenção, a não ser em alguns casos em que o nervosismo do povo provocava acidentes como desmaios. (Publicado em 28/09/1961)

Segue o jogo

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Colocados em posições antípodas, políticos citados em delações e membros do Ministério Público, Polícia Federal seguem diante do tabuleiro de xadrez, movimentando suas peças. A cada deslocação de uma peça, de um lado, corresponde a mobilidade de outra, oposta. A estratégia é anular o jogo do oponente, tornando nulas as investidas de cada um. Nesta disputa, em o que está em tela é o interesse soberano do cidadão, não há espaço para vacilos.

Advogados dos mais renomados e caros escritórios do país e que , em tempo algum anteriormente, lucraram tanto, espreitam , com lentes potentes, as investidas dos homens da lei.

No Congresso prosseguem as tentativas sub reptícias de alterar a legislação de modo a estender o beneplácito da anistia aos políticos que venderam a alma aos empresários. Para a população que assiste a esse ballet ensaiado , interessa o final da partida, dentro das regras e sobretudo uma mudança radical no modo de comandar o Estado.

Interessante observar que aqueles personagens que até então todos apostavam e torciam por sua vitória, foram postos na vala comum dos amaldiçoados com o recebimento ilícito de dinheiro público.

Um caso que chama a atenção tanto como decepciona é com relação ao senador suspenso de suas atividades Aécio Neves. Considerado , até pouco tempo, uma aposta jovem e promissora para mudar o jeito manhoso da velha política, esse mineiro , filho e neto de políticos tradicionais e conhecidos, parece ter sucumbido aos encantos do vil metal. Nas gravações e confissões vindo à tona a cada instante, o que se esta revelando é a face desconhecida de um político, até experiente, mas que , por razões que só ele sabe ao certo, acabou envolvendo ,de forma escandalosa , seu futuro, seu passado e , de quebra, levando à prisão sua irmã dileta e seu primo de confiança, todos irremediavelmente riscados da agenda dos eleitores de Minas e do Brasil.

Ao lado de Aécio, tomba também Michel Temer. Esse por sua importância no comando da articulação para sanear as contas públicas, tem maiores contas a prestar à justiça e aos seus eleitores. Pelo o que se sabe, Temer esta pendurado no cargo de presidente do Brasil apenas por um fio de cabelo. No caso , pelo cabelo do deputado e homem de confiança, Rocha Loures, candidato a homem bomba da vez, caso sua situação se complique ainda mais.

De certa forma essas e outras decepções com homens públicos, acabam funcionando como lição prática de cidadania: não existem super heróis e salvadores da pátria capazes de resolver o problema do país apenas por voluntarismo próprio. Na realidade, neste jogo de xadrez, em que importantes personagens da nossa história política atual vão tombando lado a lado, fica, ao menos a certeza de que é preciso mudar os rumos do país, despir as velhas vestes e dar início à um tempo novo, no qual a política não seja mais confundida com mero caso policial.

 

A frase que não foi pronunciada:

“Ninguém ouse aconselhar os outros antes de seguir seus próprios conselhos.”

Sêneca, um dos mais célebres intelectuais do Império Romano

 

 

Documento

Trabalho de extremo valor para jornalistas e pesquisadores feito pelo funcionário do Senado Nerione Cardoso Júnior. Ele é da Coordenação de Arquivo e a partir de reuniões com a coordenadora do Arquivo, Carla Mendes, e a chefe do Arquivo Histórico, Rosa Vasconcelos, elaborou um guia on-line de referência com todas as CPIs ocorridas no Senado e as CPIs mistas.

 

Pesquisa

A diretora da Secretaria de Documentação do Senado, Dinamar Pereira Rocha, explicou que esse trabalho atende as diretrizes estratégicas do Senado para divulgação do acervo histórico da Casa. As CPIs disponíveis ao público externo aconteceram desde 1946.

 

Perigos

A Sífilis está voltando de maneira assustadora. Interessante é que na Escola do Varjão apenas as mulheres ficaram na palestra sobre o assunto. Os estudantes homens foram dispensados. Entre 2010 e 2015 houve um aumento de mais de 5.000% nos casos de sífilis no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. O obstetra Domingos Mantelli não poderia ser mais claro: “não se vê quem tem alguma doença sexualmente transmissível pelo rosto ou documento. Há casos em que o próprio portador não faz ideia que está contaminado. A doença fica incubada e é transmitida por relação sexual sem proteção”.

 

Bárbaros

Nosso leitor Roldão Simas aponta locais anti-urbanos com ocupações irregulares, como os quiosques no Setor Médico Local Sul ou as pichações na extinta CEME, Central de Medicamentos abandonada a mais de 50 anos.

 

Detalhes

Palestra do Prof. Robert Alexy em Brasília fez sucesso por onde andou. Chamou a atenção de alguns presentes o velho hábito de docente. O doutrinador da teoria dos direitos fundamentais não abriu mão de falar escrevendo no Flipchart. Mesmo que ninguém enxergasse.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

No pátio de manobras, as pessoas que esperavam o governador Leonel Brizola não acreditaram noutra versão senão a de sabotagem. (Publicado em 28/09/1961)

 

Ordem sem progresso

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Andamos em círculo. Fatores históricos explicam uma parte de nosso atraso com relação a outros países do continente, caso do Chile ou dos Estados Unidos. Com a instalação da República em 1889, o Brasil trocou a monarquia por outra forma de governo, apenas de modo oficioso.

A concentração de poderes nas mãos do chefe do Executivo permaneceu semelhante à que havia com a monarquia. Trocou-se um imperador por um presidente. O cetro foi substituído pela caneta. O aparato permaneceu o mesmo.

A população da época nem tomou conta da substituição de um pelo outro. O mandonismo e o patrimonialismo continuaram intocados. O homem cordial, que no período monárquico era identificado com mais facilidade pelo título de nobreza ou por consanguinidade, foi substituído e modernizado com o advento do nepotismo. A hereditariedade na transmissão do poder está intocada.

Não estranha que hoje muitos jovens políticos ostentem no sobrenome o brasão que os identifica com os seus antepassados ilustres. Os que, no presente, ocupam o poder, tratam, desde sempre, de aplainar os caminhos para os seus que virão em seguida.

Ao mantermos as estruturas do passado na montagem e composição do governo, adiamos, sine die, nosso encontro com o futuro. Assim a presença dos clãs políticos no controle do Estado se repete num ciclo monótono.

A manutenção dos atores e seu séquito no controle da máquina pública trouxe naturalmente a ideia da imprescindibilidade do Estado como meio de atingir o desenvolvimento e o paraíso. Ao Estado foi incorporado o papel de grande pai de todos, indutor do progresso.

 

A frase que foi pronunciada

“Com as mãos prontas para fazer o mal, o governante exige presentes, o juiz aceita suborno, os poderosos impõem o que querem. Todos tramam em conjunto.”

Miquéias 7:3

 

Ri ou chora?

» Na delação foi dada a notícia de que a Odebrecht lançaria um canal para estabelecer uma “linha de ética”. A intenção seria receber informações sobre denúncias de atos ímprobos, violações das políticas internas ou mesmo às leis. Parece que a notícia é brincadeira porque quem prestava depoimento eram os diretores e senhores com o sobrenome da empresa.

 

Cuidado

» Alvos preferidso dos estelionatários, os idosos são vítimas de novos golpes com cartão de crédito. Nunca entregue seu cartão a ninguém. Nem no momento de pagar. Aguarde a máquina e coloque-o você mesmo. Atrás do cartão há o número de segurança que, com os seus dados, dão aos estelionatários a chance de fazer compras pela internet usando os seus dados.

 

Que clientes?

» É incompreensível a demora dos bancos e bandeiras de cartões para resolver o problema de clonagem ou uso indevido. Principalmente nos casos onde o estelionatário compra pela internet. Em algum lugar, o produto será entregue. A mesma coisa celular na cadeia exigindo resgate. Em alguma conta o dinheiro é depositado. Afinal, de que lado os bancos estão?

 

Aptidão física

» Grupo de concurseiros que fazem o TAF para os bombeiros se uniram pelo Facebook para trocar informações sobre as clínicas que prestam exatamente os exames pedidos no edital. Em muitas os atendentes mal preparados dizem que é a mesma coisa um exame e outro, o que certamente prejudicará os candidatos.

 

Que coisa!

» No dia 1º de junho, Maria Silvia assumia o BNDES aplaudida de pé, com total apoio da equipe econômica e de técnicos. Maria Silvia Bastos Marques pediu demissão na sexta-feira, alegando razões pessoais. Deixou a chave do cofre que conseguiu trancar a duras penas.

 

Passeio

» Fica até o dia 31 de julho o Pula Mania no Shopping Iguatemi. As melhores poses para fotos!  Aos sábados, domingos e feriados, o espaço também estará aberto ao público até as 22h.

 

História de Brasília

Os passageiros, refeitos do susto, acham que o pouso foi feito fora da pista ou com deficiência dos trens de aterrissagem. E alegam que o baque foi muito grande no pouso. Dizem, ainda, que o avião subiu alguns metros para se projetar novamente no solo. (Publicado em 28/9/1961)

Patrimonialismo estatal

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Os casos recentes de corrupção endêmica que vêm à tona tem como único pano de fundo a megaestrutura de um Estado, capturado, ao longo de toda nossa história pelas elites rurais e empresariais. Assim,  qualquer reforma, por mais criteriosa e técnica que se apresente, que não cuidar primeiro do gigantismo do Estado, está marcada com a sina do fracasso. É do tamanho do Estado que devemos cuidar.

O gigante deitado eternamente em berço esplêndido não é outro senão o Estado que erigimos e que ameaça tombar sobre nós. O caso das estatais explica bem a contradição: um Estado extremamente rico e uma população com os mais risíveis níveis de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

É o mesmo paradoxo que permite a existência de suntuosos palácios de mármores, como a sede dos Três Poderes, enquanto populações inteiras permanecem sem as mínimas condições de infraestrutura sanitária, sobrevivendo com as mesmas carências básicas de séculos passados.

Somente o gigantismo de um Estado injusto explica o fato de um presidente da República viajar a bordo de uma aeronave de última geração, um verdadeiro hotel seis estrelas, enquanto milhões de brasileiros são obrigados a se submeter a cada dia aos piores meios de transporte do planeta. A redução do Estado ao mínimo necessário às exigências da população é a primeira condição para se livrar do subdesenvolvimento e libertar a nação do labirinto em que se encontra.

 

A frase que foi pronunciada

“Não há despertar de consciências sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando ao limite do absurdo para evitar enfrentar a sua própria alma. Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas, sim, por tornar consciente a escuridão.”

Carl Jung

 

Simples assim

» É bom que o Palácio do Planalto cobre dos prefeitos a contrapartida do que têm sido feito com as cifras extras que recebem. O primeiro passo para controlar os cofres é acompanhar o retorno do que foi investido. Vereadores e prefeitos, antes de marcar as passagens para Brasília, preparem o relatório das obras efetivamente feitas com o que foi recebido.

 

Câmara dos Deputados

» Por falar nisso, em 12 de junho prefeitos e vereadores em defesa dos municípios de Mato Grosso virão à capital para participar da comissão especial que analisa mudanças na Lei Kandir. Pela declaração do presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios, Neurilan Fraga, a situação está difícil: a arrecadação dos municípios encolheu mais de R$ 190 bilhões em 10 anos

 

Conveniências

» Tem gente se perguntando como é que o mesmo TSE, que fez vista grossa para a entrega de panfletos pelos Correios, vai condenar a chapa Dilma-Temer três anos depois. Os Correios não fizeram o registro obrigatório para a distribuição do material eleitoral do PT e, apesar da ilegalidade registrada pelo TCU, nada foi feito.

 

De graça

» Casa cheia em todas as apresentações da orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro às terças-feiras. Com entrada franca é um programa e tanto para quem gosta da boa música. Uma pena que a orquestra não possa tocar em casa. Até hoje, o teatro está fechado. Certamente, deteriorando.

 

Leitor

» Registramos o cumprimento recebido pelo pioneiro Carlos Romeiro. Acompanhando sempre os acontecimentos na capital, também defende a cidade com o ímpeto de quem a viu nascer. Nossos agradecimentos.

 

Só suspeitos

» Quem estuda na biblioteca da UnB já viu um rapaz que escolhe sempre sentar perto das meninas bonitas. Mesmo com mesas disponíveis, ele sempre está perto delas. Agora, fotos dele estão espalhadas pela universidade alertando garotos e garotas para terem cuidado. Um senhor estranho também fica na biblioteca fotografando as meninas. Uma pena vislumbrar a UnB cercada, mas sem eficiência no policiamento. O descaso com a segurança dos alunos continuará.

 

História de Brasília

A presteza do Corpo de Bombeiros foi absoluta, mas o equipamento mostrou que é ineficiente para incêndios de tal monta. Os pertences dos passageiros e partes do avião bem que poderiam ter sido salvos, mas o equipamento deficiente fez com que o fogo se alastrasse por todo o aparelho, provocando perda total do “Caravelle”. (Publicado em 28/9/1961)

Esplanada dos vitupérios

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Pobre Esplanada dos Ministérios. Erguida numa época de grande otimismo em que o futuro do país parecia estar ao alcance da mão, essa praça cívica, na visão de seus construtores, deveria ter a amplidão do Brasil, para, assim, acolher e dar espaço a todos os brasileiros sem distinção. Um sítio de encontro e confraternização de toda a nação. A Esplanada foi concebida para representar, em grande escala, a sala de estar e de visita dos brasileiros.

Durante o auge do regime militar, a praça ficou praticamente vazia e esquecida por quase duas décadas. Com o retorno da democracia, o povo voltou às ruas e a Esplanada passou a ser o ponto central do país para a maioria das grandes manifestações em nome da liberdade. Nos últimos anos, no entanto, o que a população tem assistido é à transformação da Esplanada de todos os brasileiros em uma praça de guerra e de baderna, patrocinada e insuflada pelo Partido dos Trabalhadores e seus satélites, incluídos as centrais sindicais, os movimentos, os proto guerrilheiros dos sem-teto e dos sem-terra e os outros fascistas do gênero.

Agindo ao comando de uma esquerda irresponsável, com o patrocínio de recursos advindos dos impostos compulsórios sindicais, o que essa turma de desocupados busca é a desestabilização completa do país por meio da venezuelização do Brasil, o que levaria a cessar também o grande esforço da Justiça para pôr atrás das grades todos os políticos e empresários que arruinaram econômica e socialmente o país.

A praça que era do povo, como o céu é dos aviões, se transformou em palco constante para a exibição da força e da brutalidade de uma minoria de derrotados politicamente que, por meio do recrutamento de baderneiros mercenários, prosseguem no incitamento ao ódio, com a depredação do patrimônio Público.

O que se viu, na quarta-feira, na Esplanada dos Ministérios, foi a repetição de uma tática que visa sondar até onde eles podem prosseguir com a destruição. A cada investida, virão mais atrevidos. A cada sinal de impunidade pelos prejuízos causados, novas e mais intensas depredações se seguirão. O ar de satisfação com as lideranças desses movimentos de arruaceiros se apresentaram nas redes sociais após os acontecimentos, revelam, de fato, que o exército Bracaleone de Stédile, Boulos, Vagner e outros dessa laia já está em marcha.

O que querem é o confronto a qualquer preço, inclusive, com a fabricação de mártires. A pichação  na parede lateral de um dos ministérios destruídos dizia tudo: “Morte à burguesia”. Nesse caso, burguesia é todo e qualquer brasileiro que não se alinha, prontamente, a essa gente. A inoperância das autoridades de segurança, inclusive, o próprio ministro da Justiça, em nome de uma tolerância sem limites, é tudo o que deseja essa turma para crescer e vir a se transformar num verdadeiro problema. Aí será tarde e o ovo da serpente já terá se rompido. Querem na verdade é o retorno de 1964 para dar-lhes um motivo e um mote para prosseguir na oposição a qualquer preço, uma vez que não encontraram, até hoje, o próprio espaço dentro da democracia.

 

A frase que foi pronunciada

“A manifestação ficou da cor da bandeira do PT.”

Noelen Juliany, na Esplanada

 

Precipitado

» Sancionada a lei dos migrantes. A entrada no país, princípios e metas para políticas públicas são regulamentados.

 

Na prática

» No último dia 4, quando tudo seguia calmamente, José Dirceu deixou a Justiça Federal com um peso na garganta declarado à repórter Vera Rosa, do Estadão: “Temos que nos preparar para a guerra política”, disse. Mesmo que Lula nunca tenha mostrado, publicamente, apoio ao companheiro, ele permanece com a ideia de atrair a juventude, movimentos sociais para enfrentar o governo Temer. O enredo já se conhece. Mesmo que tenha todo o apoio do mundo vai fazer o que com o poder? A mesma coisa?

 

Enquanto isso…

» A situação dos hospitais do país está cada vez pior. Menos médicos, menos material e menos medicamentos. Até oxigênio para atender a demanda das UTIs está faltando. Os últimos a pedirem socorro foram os hospitais filantrópicos. Em Mato Grosso, as unidades começaram a suspender os serviços.

 

Liderança

» Melhor que a Secretaria de Segurança, a Força Nacional e o Exército estejam sempre preparados para as badernas. Se a próxima manifestação for pacífica, terão cumprido a missão da mesma forma.

 

História de Brasília

O medo de explosão dominava a todos. Quando saltavam, procuravam se esconder no mato rasteiro que acompanha a pista e apareciam, depois, mais adiante. (Publicado em 28/9/1961)

Anápolis compra a República

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Como galhos de uma frondosa árvore que vão se ramificando rumo ao céu, diversos subenredos, surgidos com as operações da Polícia Federal e do Ministério Público no combate às quadrilhas compostas por políticos e empresários, vão se formando ao longo dessa trama, compondo o que parecem ser novas histórias repletas de suspense de igual teor. Entre os enredos paralelos que surgiram rápido e naturalmente e que parecem chamar mais atenção do que a trama central estão as delações da empresa JBS dos irmãos Batista.

Depois das confissões dos 77 executivos da Oderbrecht, que todos acreditavam ser a verdadeira delação do fim do mundo, eis que vem à tona o mea-culpa dos donos da maior indústria de carnes do planeta. Essa, até agora, pelo menos é tida como a mais espetacular das confissões e cujas repercussões poderão pôr abaixo definitivamente o edifício já condenado de nossa República.

Caso seja transformada, algum dia, em roteiro de filme, a saga dos dois irmãos Batista, vindos do interior de Goiás, poderia repetir, por outra vertente, a história de sucesso de Dois Filhos de Francisco, baseado na vida da dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano. No caso dos Batista, a história de sucesso parece se repetir, só que com um viés totalmente novo.

Chega a ser surpreendente como pessoas de pouca instrução escolar, donas de um simples açougue em Anápolis, que parecem, em algum momento, ter experimentado o lado duro da vida, tenham vindo para a capital e aqui encontrado terreno fértil para montar, em curto espaço de tempo, o que é hoje a maior empresa processadora de carnes do mundo.

Nesse caso, o terreno propício que lhes permitiu encontrar rapidamente o atalho rumo à riqueza fabulosa foi achado junto aos governos Lula e Dilma, que, por motivos para lá de pragmáticos, escancararam-lhes as portas do maior banco de fomento da América Latina, o BNDES. Com o apoio flagrante desse Banco, segundo notícias veiculadas na imprensa, o faturamento da dupla Joesley e Wesley saltou de R$ 4 bilhões, em 2006, para R$ 170 bilhões em 2016.

Campeões nacionais absolutos em aporte de recursos públicos a particulares, a JBS obviamente pagou com uma mão a ajuda preciosa que recolheu com a outra, passando a financiar milhares de políticos por este país afora. Somente em 2014, doou mais de R$ 300 milhões para campanhas eleitorais, tornando-se, isoladamente, a maior financiadora de políticos. Desse ponto, até vir  a ser o centro das atenções das autoridades judiciais, foi um pulo.

Apanhados de calças curtas, cuidaram de negociar, secretamente, um acordo de delação suspeito, em troca da liberdade total. Quando essas confissões vieram a público, os irmãos estavam longe, fora do alcance da lei. Nessa história nebulosa, o que mais chama a atenção é como dois caipiras puderam comprar, de porteira fechada, toda uma República. Vai ver que é porque nossa velha república não valia grande coisa. Arrematados por uma pechincha e de baciada, nossos políticos comportam-se agora como cupins no qual foram inoculados pesticidas muito potentes: cada um fugindo como pode.

 

A frase que foi pronunciada

“Não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da

moral pública.”

Deputado. Ulysses Guimarães, sempre vivo!

 

Só números

» Pesquisa na Internet contabilizou o acesso no Twitter por assunto. As menções feitas durante o impeachment da presidente Dilma provocaram aproximadamente 100 mil mensagens pelo microblog. Empatou com o assunto Aécio Neves. Já o presidente Temer despertou a manifestação de 300 mil internautas.

 

Átimo

» Aconteceu durante aquela sessão da CAE, onde o relatório da reforma trabalhista foi dado como lido. O senador Tasso Jereissati tentava presidir os parlamentares com urbanidade. De repente, depois da fala aplaudida do senador Calheiros, o senador Romero Jucá interrompeu a ordem da fila. Com o protesto do senador Jereissati, Jucá foi rápido no gatilho. “Eu tenho a palavra porque fui citado.” Sem se conformar com o que tinha ouvido, o senador Tasso perguntou à sua volta se o senador Jucá tinha sido citado na fala de Calheiros. Enquanto tentava descobrir, Jucá disse tudo o que tinha a dizer.

 

História de Brasília

No acidente do Caravelle, o pessoal de bordo abriu, imediatamente, a portinhola da comissária e indicou o caminho que todos os passageiros deviam seguir. Atingiam o pequeno corredor da parte dianteira do avião e se jogavam, depois, pela porta de emergência. (Publicado em 28/9/1961)

A vingança do Mané Garrincha

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Com a emancipação política do Distrito Federal, ardilosamente armada por um grupo de pessoas interessadas em inaugurar aqui também um amplo balcão de negócios, como já vinha sendo praticado no restante do país, Brasília passou a integrar também o rol das unidades da Federação dilapidadas por criminosos disfarçados de representantes da população. Desde essa época e, principalmente, a partir da instalação da Câmara Legislativa, os seguidos prejuízos aos brasilienses e à cidade se acumulam ano após ano.

Fossem colocados numa balança os benefícios e prejuízos trazidos com a chamada maioridade política da capital, sem dúvida alguma, a balança penderia para o lado dos enormes malefícios que esse arranjo artificial trouxe à vida da capital. Qualquer pesquisa, a partir do fim dos anos 1980, demonstra que, com a emancipação, praticamente, a cada semestre houve pelo menos um grande escândalo de corrupção e de desvio de dinheiro público, tudo devidamente registrado pela imprensa.

Abduzida por políticos inescrupulosos de todos os matizes políticos, Brasília tem sido, desde então, negociada e retaliada, como mercadoria entre esses grupos, sempre em desfavor da população. A emancipação política foi um grande negócio apenas para os homens de negócio, amasiados no Legislativo local e blindados com a prerrogativa de foro.

A inovação trazida pela arquitetura moderna da capital, infelizmente, não foi estendida ao modo de administrar a cidade. Repetimos, assim, os mesmos erros históricos de outras unidades da Federação de confiar a gestão dos recursos públicos a grupos políticos, cujo o único compromisso é consigo mesmo e com seu entorno imediato.

Sob o falso argumento de que sem eles não pode haver democracia, os políticos da capital têm zombado por anos da credulidade dos eleitores, enquanto cuidam de engordar de forma acelerada o próprio patrimônio. Com a prisão agora de mais nove figurões da política local, por causa do superfaturamento do Estádio Mané Garrincha, o que a sociedade candanga assiste é à continuação de cenas de crimes, cujo os personagens principais continuam sendo os eleitos pela sociedade para cuidar da cidade.

A bem da verdade, qualquer grande obra pública realizada por essa turma, em todo tempo e lugar, não resistirá a nenhuma apuração feita com lentes cristalinas. O problema ganha ainda mais gravidade quando se verifica que órgãos de fiscalização, como o Tribunal de Contas do Distrito Federal, durante todos esses anos, não foram capazes de impedir a repetição dos desmandos perdulários.

Agindo como anexo do Legislativo e do Executivo local, o TCDF foi mais uma criação advinda da emancipação política e, como tal, tem mostrado a que veio. Caso a polícia persista na prisão de tantos políticos, vai chegar um momento em que eles só caberão em estádios gigantes tipo Mané Garrincha. Enfim, encontrarão uma destinação prática para o monstrengo de mil colunas.

A frase que foi pronunciada

“A reforma possível nesse momento do Brasil é a reforma do Mané Garrincha para prender tantos políticos e empresários.”

Dona Marina Quintino Isadora, falando alto no supermercado em perfeita sintonia com a coluna Visto, lido e ouvido

Novamente

» Hoje é dia do movimento Ocupa Brasília. A concentração começa, às 9h, no Mané Garrincha. Trânsito deve deixar marcas. É hora de se pensar em protestos mais inteligentes que tragam resultados. Para isso, o primeiro passo é a união dos brasileiros, coisa que não interessa a quem gosta de corromper.

Futuro

» Alunos da UnB desenvolvem pesquisa sobre os impactos reais do desperdício de alimentos. Essa pesquisa é feita com a produção de um documentário científico e monografia mostrando o custo da perda na produção. O trabalho foi parar no Ministério do Meio Ambiente que vai adotá-lo na mostra Circuito Tela Verde.

Proteção?

» Teor das gravações à parte, a população brasileira gostaria de saber a razão de os diretores da JBS estarem livres, leves e fagueiros. Quanto ao crime cometido, o que será feito?

Vergonha

» Ao ler o relatório, Lindbergh Farias avançou para cima de Ricardo Ferraço. Farias também se desentendeu com Ataídes Oliveira. Um cordão humano foi feito para impedir a leitura da Reforma da Previdência. Dessa vez Ataídes e Randolfe quase chegaram às vias de fato. Otto Alencar segurou os exaltados. O que parece um diário de diretoria de primário é uma descrição do comportamento dos representantes dos brasileiros.

História de Brasília

O fogo, a essa altura, já dominava as duas turbinas e os tanques de querosene. Os passageiros, em pânico, sentiram, entretanto, a gravidade do momento, porque, no instante de tocar o solo, o aparelho caiu pesadamente, dando tremendo baque. Subiu um pouco e caiu, depois, para se arrastar, deixando a labareda iluminando a parte utilizada da pista. (Publicado em 28/9/1961)

Balança, mas não cai

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Num ponto muitos concordam: as múltiplas relações criminosas costuradas nos últimos anos entre políticos e empresários, que vão sendo reveladas em estrepitosos capítulos a cada delação, adquiriram tal volume de enredo e situações inusitadas que ultrapassaram, inclusive, os estilos ficcionais e de realidade fantástica, atingindo uma categoria da literatura que ainda está por ser inventada.

Enquanto o novo estilo não surge para narrar com precisão essa fase extremamente tumultuada da nossa história recente, toda a trama, por sua riqueza de detalhes e mesmo pela forma ridícula com que os personagens são identificados pelos delatores, deixa exposto um vastíssimo material para compor não uma saga, mas um compêndio de sátiras e troças, descrevendo de A a Z as muitas mazelas de nossa República tão vilipendiada, o completo desprezo pelos eleitores.

Somente ao humor, com sua mordacidade e acidez aguda, é dada a faculdade de adentrar a fundo nessa história, retratando e reduzindo esses personagens e situações àquilo que realmente são: seres mesquinhos, que mercadejam a ordem moral, vendilhões, dispostos às mais degradantes tarefas por um punhado de dinheiro.

Não serão com análises formais, acadêmicas e sisudas que poderemos entender o verdadeiro espírito dessa fase, uma vez que os personagens que compõe o enredo, em nenhum momento, demonstraram seriedade em suas ações. Na maioria das situações, tanto nas negações como nas confissões, o que se tem é o burlesco e a zombaria. Todos têm estampado nas expressões que o crime valeu a pena. Milhões de reais e de dólares ficarão escondidos e à disposição para retorno da cadeia.

Tudo é tragicamente cômico. A começar pelos apelidos dados aos políticos pelos empresários campeões. Para descrever, com riqueza de detalhes, toda essa extravagância de casos, faz muita falta a argúcia de escritores como Max Nunes, Paulo Gracindo, Millôr Fernandes, Carlos Manga, Lauro Borges, Guimarães Rosa, Castro Barbosa e muitos outros de saudosa memória. Somente filósofos dessa vertente do saber poderiam, agora, decifrar o momento brasileiro.

O “Edifício Balança, Mas Não Cai” de nossa República se mostra tão impressionantemente atual nas suas diversas situaçõesque a reedição desse sucesso dos anos 1950 pareceria a continuidade de um Brasil que nunca aprendeu o que é ser sério. A PRK-30, que ia ao ar nos anos 1940 pela Rádio Nacional, poderia muito bem compor a Hora do Brasil, que ninguém sentiria a menor diferença. Não à toa que sempre fomos ridicularizados como país pouco sério pelo restante do planeta. País onde o auge do protesto é bater panelas na janela de casa.

Mesmo o povo, que diz não ver graça alguma nessas situações, vota, a cada eleição, para ter de volta ao palco esses mesmos personagens. O Brasil é uma grande chanchada. Só que no atual caso, a risada final parece vir de algum ponto no Sul do país. É uma risada que mostra todos os dentes de uma boca enorme, mas, se observada mais de perto, é formada por grades de uma prisão à espera de engolir esses bufões.

 

A frase que não foi pronunciada

“O Brasil é uma Ferrari dirigida por macacos.”

Na Internet

 

Mais essa

» Na França investigações sobre pagamentos ocultos de contratos de armamentos entre França e Brasil em 2009. O traçado das investigações está pronto. Apontam o fornecimento de cinco submarinos, inclusive, um nuclear. O contrato assinado por Lula e Sarkosy foi faraônico: 6,7 bilhões de euros (quase R$ 22,9 bilhões) entre a fabricante naval francesa DCNS e o Brasil.

 

Adiante

» Enquanto as questões políticas aquecem nos bastidores, o Senado discute na Comissão de Relações Exteriores o livre comércio entre os países. Os debates quinzenais gravitam sobre a ordem internacional, “Erguer ou Estender pontes?

 

Inclusão

» Até 26 de maio, os eleitores, numa parceria entre o Instituto dos Cegos e o Tribunal Eleitoral, participam do recadastramento biométrico durante a Semana de Inclusão. Até agora, 1.600 eleitores deficientes foram registrados no Cadastro da Justiça Eleitoral.

 

Sem solução

» A JBS pagou propina a 1.829 candidatos de 28 partidos, segundo o diretor Ricardo Saud. As doações ilícitas foram de quase R$ 600 milhões. O espectro da corrupção é de largo alcance. Só uma reforma política para resolver. Mas, sem o apoio de 1.829 candidatos de 28 partidos, será difícil aprovar.

 

História de Brasília

O “Caravelle” deslizou mais ou menos uns duzentos metros e, antes de atingir a curva de conversão para o pátio de manobras, parou fora da pista. (Publicado em 28/9/1961)