Categoria: ÍNTEGRA
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Nos últimos dez anos, o Brasil tem ocupado seguidamente o topo no ranking do maior consumidor mundial de agrotóxicos. Em média, cada brasileiro tem consumido o equivalente a 7,3 litros de veneno por ano, uma quantidade que não possui equivalência em qualquer outro país do planeta. Todo dado referente à importação, fiscalização, consumo e outros vem, até hoje, sendo justificado sob o manto falso de que o Brasil é o celeiro do mundo e, portanto, esses inconvenientes se justificam como única maneira de resolver o problema de abastecimento de alimentos para o mundo. Visto de perto e com mais vagar, essa fundamentação não se sustenta. Consumir alimentos contaminados, envenenando a população e toda a cadeia natural do meio ambiente é, sem dúvidas, um preço impagável e que, certamente, acarretará em prejuízos seríssimos para as próximas gerações.
Dossiês elaborados por organizações que se interessam pelo assunto, como é o caso da Associação Brasileira de Saúde Pública, afirmam as “fartas evidências documentadas onde comprovam que a produção de alimentos intoxicados não é uma necessidade irremediável para assegurar o abastecimento de uma população mundial crescente.”
No exterior, entidades que estudam o problema já demonstraram que após uma extensa compilação de estudos feitos por pesquisadores da Universidade de Michigan (EUA) têm demonstrado, de forma clara, que os sistemas de produção orgânicos, que não utilizam pesticida algum, possuem os mesmos rendimentos de produção que os sistemas baseados em preparo químico do solo. Em alguns casos, a produção orgânica tem alcançado safras superiores, com a vantagem de não tornar o solo infértil e contaminado e, sobretudo, sem envenenar os consumidores com substâncias que podem levar à morte.
Pesquisadores têm, insistentemente, alertado para o fato de que a quantidade de agrotóxicos na produção de alimentos não pode, em tempo algum, se sobrepor à questão da segurança alimentar. A utilização indiscriminada de herbicidas, fungicidas, inseticidas, acaricidas e outras substâncias altamente venenosas para o homem e o meio ambiente continua sendo empregada no país, sem fiscalização adequada, em nome de um agronegócio altamente predatório e que, por certo, está cobrando seu preço, intoxicando, de modo irremediável, a população, nossos rios, nossas terras.
Essa situação ganha contornos mais preocupantes quando se observa que dentro do Congresso se aninha uma bancada ruralista ferrenha que chega a representar 40% de todo o Legislativo e que, portanto, possui capacidade de manobra para forçar a aprovação de medidas como o projeto de lei 6299/2002, de autoria do senador Blairo Maggi, que altera a forma de avaliar, suavizando os registros de agrotóxicos que entram no Brasil, inclusive muitos pesticidas já banidos em muitas partes do planeta.
Por esse projeto até a nomenclatura dos perigosos agrotóxicos passa a ser denominada de defensivos fitossanitários. Caso venha a ser aprovado, o PL abre espaço para reduzir a fiscalização dos órgãos federais, direcionando a ação regulatória necessária para um simples ato de autorização automática, onde os riscos potenciais são minimizados ao extremo. Felizmente, em contraposição a esse projeto nefasto e que só interessa e beneficia os grandes produtores rurais, a Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados aprovou, por unanimidade, a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNARA), transformando as propostas contidas nesse debate em projeto de lei (PL 6670/2016).
A intenção da proposta é reduzir a quantidade de agrotóxicos no Brasil. Na justificativa que acompanha o PL está expresso que o objetivo central dessa lei será o de “implementar ações que contribuam para a redução progressiva do uso de agrotóxicos de alto perigo e risco para a saúde e meio ambiente na produção agrícola, pecuária, extrativista e nas práticas de manejo dos recursos naturais, com ampliação da oferta de insumos de baixo perigo e risco de origens biológicas e naturais, contribuindo para a promoção da saúde e sustentabilidade ambiental, com a produção de alimentos saudáveis”.
Para que haja mudanças significativas nesse setor bem organizado e que possui um poderoso e convincente lobby no parlamento é preciso uma mobilização popular consciente (sem sanduiche de mortadela), pressionando o governo a banir o uso de veneno na produção de alimentos, forçando o país a adotar uma política nacional de agroecologia.
A frase que foi pronunciada:
“O que uns chamam de crise ecológica é consequência da ambição humana, este é nosso triunfo e nossa derrota.”
Mujica
Legisladores
Se a saúde é um direito de todos, o dever do Estado seria ressarcir aos contribuintes que recorrem ao sistema privado de saúde. A mesma coisa com a Educação. Se a situação fosse inversa, o Estado não titubearia na cobrança. Chegou uma sugestão de um leitor para a senadora Ana Amélia, que se mostrou preocupada com os plantadores de fumo do Sul. Diz José Rabelo que as terras mais nobres são dedicadas ao tabaco ao invés de alimentos, e pior, com o forte apoio e empréstimo do Banco do Brasil. E continua: “Os recursos que existem a tais empréstimos ao tabaco faltam ao investidor comum da economia, agravando a questão seríssima dos juros no Brasil. Preferem produzir doenças e fumaça.”
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Há um grande número de interessados, e os pedidos são feitos para que o sr. Menezes Cortes não obstrua a votação do projeto, com a apresentação de emendas. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
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Com a divulgação publicada nos últimos dias de parte de um documento da Agência Central de Inteligência americana (CIA), supostamente mostrando que os dois últimos presidentes do ciclo militar, Ernesto Geisel e João Figueiredo, não só eram devidamente inteirados sobre a política de eliminação dos dissidentes ao regime, como comandavam, de fato, toda a operação naquele período, lança gasolina diretamente na fogueira onde ardem os antagonismos atuais que opõem direita e esquerda.
Sem dúvida, essa nova revelação, vinda de uma central de inteligência que teve participação ativa naquele período, não só no Brasil, mas em todo o continente, reacende as discussões e as polêmicas sobre esse ponto específico da história do país. Para as esquerdas, a revelação, trazida pela bisbilhotice alheia, vem em boa hora, justamente quando parte significativa de seus maiores expoentes estão ou presos ou sob investigação dos órgãos de justiça, não exatamente por motivos políticos, como querem fazer crer, mas por crimes absolutamente comuns.
Em uma instituição sólida como o exército, onde a obediência aos princípios da hierarquia é a base de toda a doutrina militar, os comandantes supremos não só tinham conhecimento de tudo o que ocorria ao seu redor, como eram deles diretamente que emanavam todas as decisões sobre assuntos de segurança nacional, tida naquela ocasião como de máxima necessidade, diz o relatório. O que soa inacreditável é que a Comissão da Verdade, nitidamente partidária, trabalhando por 30 meses seguidos com um grupo de mais de três centenas de pesquisadores, revirando arquivos por todo o país, não tenha, em momento algum, se atinado para o fato de que sem as decisões da alta cúpula do regime, nada se fazia ao derredor.
De toda a forma, o documento dessa Agência ajuda a abrir as feridas daqueles tempos, parcialmente cicatrizadas pelo processo de anistia que se quis, ampla e irrestrita. No entanto dois fatos se colocam no caminho da Comissão da Verdade. O primeiro é que os protagonistas desse processo, que poderiam eventualmente ser processados ou condenados por esses atos, já estão mortos. Em segundo lugar, a publicação desses documentos demonstra, na prática, que a Comissão da Verdade, que deveria ter um caráter permanente de apuração dos fatos, livres de tendências políticas partidárias de toda a espécie, acabou por funcionar como uma entidade que visava ressarcir economicamente apenas um lado desse conflito pela chamada “Bolsa Ditadura”, que, segundo cálculos, já custou aos brasileiros mais de R$ 4 bilhões com reparações, inclusive às pessoas que tiveram pouca ou nenhuma participação naqueles episódios, como é o caso do próprio ex-presidente Lula.
Dilma Rousseff, de triste memória, recebe, além dos benefícios como ex-presidente, indenizações por sua atuação naqueles episódios por três estados (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), que totalizam R$ 72 mil. O problema com fatos verdadeiros é que ele só admite um lado. Nesse caso, o correto seria condenar os excessos dos dois lados e não penalizar os contribuintes, que, ao fim, ao cabo, foram as verdadeiras vítimas da falta de liberdades.
Episódios como esse ganham uma dimensão mais clara quando se observa que personagens que tiveram participação ativa naqueles acontecimentos, como o ex-deputado Fernando Gabeira e o intelectual Millôr Fernandes, simplesmente recusaram receber essas indenizações. Millôr, inclusive, com sua verve conhecida, chegou a declarar na época: “Quer dizer que aquilo não era ideologia, era investimento?”. Gabeira também declarou ver com muita tristeza o pagamento de indenizações altas. Para ele, esse processo colocava em dúvida o próprio idealismo.
O problema, nessa altura dos acontecimentos, quando a nação já pode experimentar, na pele e por mais de uma década, um governo de esquerda, com participação ativa desses mesmos personagens que atuaram naquele período, é saber se os militares agiram corretamente ao impedir que o Brasil se transformasse numa Cuba, ou numa Coreia do Norte.
A frase que foi pronunciada:
“Peço ao povo que me esqueça!”
Um dos últimos desejos de João Baptista Figueiredo antes de deixar a presidência.
Novidade
PEC do senador Ataídes de Oliveira prevê qualificações profissionais para o exercício de cargos em comissão. Espera assim, desvincular apadrinhamentos e contribuir para um corpo de funcionários totalmente qualificado. Essa é a Proposta de Emenda à Constituição 21/2017.
Contraste
Cerco ao tabagismo. Projeto do senador José Serra é apreciado no Senado. Foi interessante ver a pesquisa minuciosa lida pelo senador Cristovam Buarque sobre os males trazidos pelo fumo. Nem parecia o mesmo senador animado em aprovar a maconha para recreação.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Há, na Câmara, um projeto do Mons. Arruda Câmara, efetivando todos os interinos com mais de cinco anos de trabalho. A justificação do projeto é a de que um funcionário com cinco anos de interinidade já deu prova de merecimento, ou já teria sido demitido. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
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Toda longa marcha começa com o primeiro passo, teria dito o filósofo chinês e fundador do Taoismo, Lao-Tsé. Com a decisão adotada agora pelo Supremo Tribunal Federal sobre a restrição do foro privilegiado, seguida pela afirmativa, por essa mesma Corte, de que esse foro especial não se aplica também à crimes de improbidade administrativa, estão dados os primeiros passos tímidos em direção à grande marcha para livrar o país de privilégios de toda a ordem e que estão na origem de muitos problemas que impedem o nascimento de um novo Brasil.
Acabar com os muitos penduricalhos que ainda persistem na República não será tarefa fácil e exigirá ainda muita mobilização popular para sua terminação definitiva. Esperar que essas mudanças, tão necessárias à vida da nação, sejam empreendidas apenas por vontade daqueles que estão momentaneamente no poder é uma aposta vã e sem futuro.
Com o final da prerrogativa de foro, ainda faltam empreender importantes reformas na estrutura administrativa do Estado, dando fim à uma série de distorções, muitas herdadas ainda do período da monarquia. Ao lado do aperfeiçoamento da representação política, com o banimento da figura do suplente de deputados e senadores, faltam ainda a consolidação definitiva da prisão em segunda instância, da Lei da Ficha Limpa, com a aprovação das dez medidas contra a corrupção conforme propostas por ação popular.
Prejudicial à democracia, e que acabam por sequestrar a qualidade do sistema democrático, são as eleições contínuas de parlamentares, muitos, inclusive, reeleitos e mantidos no cargo por décadas a fio. Também necessária à modernização do sistema político, adequando-o aos novos tempos e ao desejo dos brasileiros, é a possibilidade de lançamento de candidatura avulsa para indivíduos sem filiação partidária.
Ao lado dessas medidas, o Brasil reclama ainda pelo fim dos cargos vitalícios, uma prática herdada ainda do período monárquico e que hoje se mostra totalmente descabida e fora de propósito. A eternização no poder de indivíduos, facultada pelo instituto da vitaliciedade dos cargos, é outra característica anacrônica da nossa administração e que precisa ser revista o quanto antes.
Ao lado dessas medidas modernizadoras na representação política, há ainda a necessidade de reformulação do amplo arco de financiamentos públicos para partidos e para as eleições, acabando também com as verbas indenizatórias e de representação, de forma a aproximar o político da realidade vivida pela grande maioria da população brasileira.
Ou empreendemos essas mudanças, ou ficaremos retidos apenas nos primeiros passos, longe, portanto, do país que o cidadão almeja para si e para seus conterrâneos.
A frase que foi pronunciada:
“Até você tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida, e você vai chamá-lo de destino.”
Carl Jung
Basta!
Alguma comunidade secreta deve fazer parte dos hospitais da capital, mobilizada para que nada funcione. Verba não falta! Faltam médico, material e gestão. Por isso nossos hospitais estão sempre na UTI. Hospital do Gama aboliu o atendimento pediátrico, o hospital de Santa Maria exibe luxo e esconde o lixo de atendimento com menos leitos de UTI, menos internações, falta de material. Hospital do Paranoá é um martírio para o atendimento.
Novidade
Por falar em hospital, no blog do Ari Cunha, o vídeo de Fernando Gomide, na íntegra, sobre as novidades no Hospital da Criança.
Direito
É bom que os feridos no acidente ocorrido em Brasília, na 203 Sul, saibam que tendo culpa ou não, as empresas são obrigadas a indenizar os passageiros. Gustavo Tardin já havia tratado desse assunto quando vários passageiros ficaram feridos em um acidente ocorrido na BR 101, em Guarapari.
PL 7.171/14
O projeto que obriga bancos a identificarem todas as doações em dinheiro feitas às pessoas físicas em campanhas, exceto em campanhas eleitorais. Isso não faz sentido. A Comissão de Finanças e Tributações da Câmara dos Deputados já aprovou. A autoria é do deputado Mendonça Filho. Falta a análise na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
A Vasp voltou a fazer sua linha de Viscount para Fortaleza. O Batista não disse nada a ninguém, mas o avião, na chegada, passa bem em cima de Mondubim. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
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Algumas características que definem ainda hoje nossa estrutura política e social foram, em parte, herdadas diretamente da colonização portuguesa. Ao lado de aspectos culturais como a língua, os costumes e a religião, absorvemos modelos de administração extremamente burocráticos. Resultado da união entre o Estado monárquico e a igreja, poderosa e influente naquele período.
Para alguns historiadores, a burocracia, que desde os primeiros instantes permeava toda a vida na colônia e suas relações com a metrópole, foi construída justamente para manter os indivíduos sob o controle total do governo. Todos os registros, do nascimento ao túmulo, da vida diária, das dívidas, dos negócios, das uniões, do trabalho e dos impostos eram anotados nos mínimos detalhes para dar conhecimento aos dirigentes sobre cada passo dado pelo súdito ao longo de sua vida.
Esse controle excessivo sobre as atividades do indivíduo era um modo de mantê-los sob vigilância constante, de maneira a assegurar que, por seus afazeres, esse sujeito não iria invadir e atravessar o imenso fosso existente entre o governo e a população. Manter as pessoas comuns vigiadas e longe do poder, esse era o objetivo que desde logo orientava a burocracia.
A construção de um gigantesco labirinto para manter as pessoas presas às exigências do Estado era naquela época, e ainda é hoje, um modelo muito eficiente para a manutenção do próprio Estado. Ainda hoje, no Brasil, podemos sentir o peso da burocracia estatal na vida de cada cidadão. Por mais que tenhamos nos esforçados para racionalizar e modernizar os serviços burocráticos, dando mais transparência e facilidades às relações entre os cidadãos e o Estado, proporcionando mais independência e autonomia aos cidadãos, mais e mais a burocracia encontra meios de resistir e se renovar, transmutando-se em novos modelos de controle, com roupagem tecnológica e outras modernidades enganosas.
Mesmo o advento dos computadores em rede, o que parecia ser um momento de afrouxamento das velhas regras burocráticas, veio acompanhado por um maior e mais eficaz controle do Estado. Hoje, o preenchimento de certos formulários e outros documentos só podem ser feitos pela internet e enviados à um Estado virtual, distante e imaginário. O controle burocrático se assemelha ao Grande Irmão do romance “1984” de Orwell. A persistência dos cartórios em pleno século XXI atesta nossa incapacidade de nos livrarmos da burocracia.
A partir do próximo ano, a Receita vai exigir o CPF de menores, com idade a partir de oito anos de idade, e a tendência é que esse documento seja exigido do pequeno contribuinte cada vez mais cedo. A nova burocracia resiste nos certificados e notas promissoras digitais, comprovantes e outros documentos confeccionados por entidades certificadoras, que se agrupam como um cartel e se escondem por trás dos programas e softwares e que ninguém sabe onde se encontram e que uso é feito deles.
É a velha e conhecida burocracia que conhecemos desde o nascimento de nosso país, com a roupagem da modernidade virtual a esconder os interesses reais de sempre.
A frase que foi pronunciada:
“ Onde se cria muita dificuldade, há sempre alguém vendendo facilidades.”
Lori Tansey, fundadora da International Business Ethics Institute.
Exposição
No Senado Federal, o documento sobre a Abdicação de dom Pedro I e sobre os 130 anos de promulgação da Lei Áurea podem ser vistos pelo público. Roberto Ricardo Grosse, coordenador do Arquivo, disse ao Jornal do Senado que é importante que todos os servidores, comissionados, terceirizados e estagiários percebam que, em 191 anos, eles têm participado da confecção de leis e documentos do parlamento. Visitação por todo o mês de maio na sala do Arquivo da Sigidoc.
Pelos migrantes
A Caritas Internacional se mobiliza por uma nova campanha em favor dos migrantes e refugiados. Trata-se da Semana Global de Ação, que será entre 17 e 24 de junho. O Papa Francisco pede a união e esforço de todos por essa causa. As igrejas darão as instruções oportunamente.
Merecimento
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico outorgaram o título de Pesquisador Emérito do CNPq ao Doutor Nagib Nassar, pela relevante contribuição científica ao Brasil.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Espírito democrático está presidindo as comemorações da Semana da Asa em Brasília. Oficiais da Aeronáutica estão acompanhando as pessoas nas visitas aos aviões, dando todas as explicações necessárias. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
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Após decisão do Supremo Tribunal Federal, que restringiu o foro privilegiado para deputados e senadores, começaram, como previsto, as movimentações nos diversos poderes da União para estender essa medida também aos quase 55 mil cidadãos que gozam dessa proteção legal.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, ao considerar a medida incompleta e seletiva, mandou instalar comissão para tornar mais abrangente o instituto do foro por prerrogativa, resgatando do esquecimento esse colegiado que dormitava desde dezembro do ano passado.
Com um projeto bem mais amplo do que a decisão votada no STF, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 333/17) buscará estender o fim desse privilégio também para ministros de estado, governadores, prefeitos, embaixadores, comandantes das Forças Armadas, integrantes de tribunais regionais federais, juízes federais, membros do Ministério Público, procurador-geral da República e membros dos Conselhos de Justiça e do Ministério Público, ministros de tribunais superiores e desembargadores, acabando, de vez com o foro especial para crimes comuns e que não se relacionam diretamente com o mandato.
O efeito cascata do fim do foro já era esperado, sendo que muitos até apostavam que os desdobramentos pela cessação do privilégio seria um movimento natural decorrente, sobretudo da pressão popular que sempre viu com maus olhos essa prerrogativa. De fato, os brasileiros sempre enxergaram nesse dispositivo, que blindava as autoridades, um incentivo claro à impunidade e ao cometimento de crimes comuns, que contrariava, inclusive, a própria Constituição e os princípios republicanos.
Mesmo no Supremo já se observa um movimento tendendo estender a restrição do foro através da publicação pela Corte de uma súmula vinculante, tornando inconstitucional as normas de proteção contidas nas Constituições estaduais e na própria Lei Orgânica do Distrito Federal.
Em Brasília, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, por meio do Procurador-Geral desse órgão, encaminhou pedido ao Tribunal de Justiça do DF solicitando que os processos em que deputados distritais respondem por crime comum sejam encaminhados imediatamente para a primeira instância. Nesse caso, metade dos atuais distritais, que já respondem por crimes variados, poderão ter seus processos analisados pela primeira instância, mais precisamente pela 8ª Vara Criminal da Circunscrição Judiciária de Brasília, e não mais pelo Conselho Especial do TJDFT como era feito.
A medida que poderá desafogar os tribunais superiores não assegura, contudo, que os processos terão solução mais rápida, mas já serve como garantia de que, doravante, todos serão iguais perante a lei, conforme está expresso no art. 5º da Constituição. Alguns analistas, entretanto, vêm alertando para a possibilidade de o Congresso aprovar a referida PEC com um adendo: de que a medida de restrição de foro só passe a valer a partir da nova legislatura.
A frase que foi pronunciada:
“Todos são iguais perante a lei. #sóquenão”
Jeito jovem de expressar o contraste entre o que deveria ser e o que é na realidade.
Direito do consumidor
Emília Soares entrou no supermercado Comper, da 506/507 Sul, com muita pressa e fome. Comprou uma coxinha, comeu um pedaço, entrou no carro e foi embora. Sentiu um gosto estranho. A coxinha estava preta por dentro. Passou mal. Voltou ao mercado e o gerente disse que devolveria os R$ 3,00. Ela queria só a saúde de volta e que outras pessoas não passassem por isso. Fez mais: a outra metade da coxinha está devidamente embalada no congelador, caso apareça autoridade sanitária que queira tomar alguma iniciativa.
Release
A Escola de Saúde Unyleya em Águas Claras realiza, entre os dias 12 e 20 de maio, a Semana da Enfermagem, em comemoração ao Dia Mundial do Enfermeiro e ao Dia Nacional dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem. Durante toda a semana, a Escola sediará palestras e a exposição “Corpo Humano”. O encerramento terá a participação de alunos e professores da graduação e dos cursos técnicos, que promoverão estética e saúde bucal para a comunidade.
Link com a programação: https://www.facebook.com/saudeunyleya/videos/204671626814209/
Urbanidade
Na saída do concerto de Beethoven, no Centro de Convenções, um táxi, com dois idosos dentro, saiu em disparada fechando os carros até ser parado por uma fila enorme. Alguém gritou para o motorista: “É por isso que prefiro o Uber! Educação faz diferença.”
Sem dieta
Sempre foi um sucesso o Burger Day do Parque da Cidade. Nessa edição participarão Hamburgueria do Cheff, Geleia, Artesanal Burger, RoadHouse, Angus Burger, Digão Hamburgueria, El Negro, Belgo Burguer, Hum! Burger, Raf Hamburgueria, Banzos Hamburgueria, Padoca410 e o chef Marcelo Piucco. Dias 26 e 27 de maio, sábado e domingo, a partir das 11h, no estacionamento 10 do Parque da Cidade.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Tem despertado muita curiosidade, a exposição de aviões promovida pela Aeronáutica, no aeroporto de Brasília. A atração tem sido principalmente para os jovens, que encontram no ar, muitas de suas aspirações. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
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colunadoaricunha@gmail.com;
O mais razoável é que cada prestação de serviço, por sua importância para o cidadão, tenha uma regulação própria de modo a não afetar a nem a liberdade de fazer greve e muito menos o direito do cidadão à prestação desse serviço, já que pagou por ele antecipadamente, e a um preço muito alto.
A frase que foi pronunciada
–> Prezado Ari Cunha e Prezada Circe Cunha,
A propósito da nota “Sistema S de Segredo”, publicado em sua coluna do dia 02/05, no Correio Braziliense, esclarecemos que os recursos do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviços Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), que integram o Sistema Indústria, são aplicados de forma eficiente, responsável e transparente.
Primeiramente, é importante esclarecer que os recursos repassados pelas empresas ao SESI e ao SENAI não são impostos e não integram o orçamento público (artigos 165 e 240 da Constituição Federal). O mesmo ocorre com as taxas e emolumentos devidos aos cartórios notariais e com as contribuições obrigatoriamente pagas aos conselhos profissionais (OAB, por exemplo). Ao contrário dos impostos, a contribuição compulsória devida ao Sistema S é recolhida por empresas de determinadas categorias (industrial, comercial, transportes, agricultura) e não pela coletividade em geral, e têm de ser destinada, necessariamente, a propósitos específicos (artigo 240). Este artigo 240 deixa claro que os recursos são privados, pois pertencentes a entidades privadas, o que já foi confirmado em diversas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o STF, no momento em que os recursos da contribuição compulsória ingressam nos cofres das entidades, eles passam a se submeter a uma gestão autônoma e privada, própria dos serviços sociais autônomos (Acórdão 1.382-4, 26/8/2009, DJe 2/9/2009 e AgRg na Acórdão n.º 1953/ES, 18/12/2013 e DJe 19/02/2014).
Ressaltamos que o SESI e o SENAI estão presentes em 2,7 mil municípios brasileiros, investindo mais de 80% da arrecadação em ações finalísticas, nas áreas de educação básica e profissional e em saúde e segurança dos trabalhadores. A eficiência na aplicação dos recursos das duas entidades pode ser medida pelo fato de mais de 73 milhões de trabalhadores terem sido qualificados pelo Sistema Indústria ao longo das últimas décadas, o que foi decisivo para a construção de um parque industrial forte e diversificado no Brasil. Não há, por exemplo, nenhum empreendimento industrial relevante instalado no país que não tenha contado com a qualificação da mão de obra feita pelo SENAI. Anualmente, a entidade realiza mais de 2,3 milhões de matrículas na educação profissional e mais de 1,3 milhão de ensaios laboratoriais e atende quase 20 mil empresas em serviços técnicos e tecnológicos. O SESI, por sua vez, beneficia anualmente mais de 1 milhão de pessoas em educação básica, continuada e em ações educativas e mais de 4 milhões de pessoas com serviços de segurança e saúde no trabalho.
Atualmente, o SESI e o SENAI são imprescindíveis para o enfrentamento dos desafios da quarta revolução industrial, que já está em curso e exige a constante adequação de empresas e trabalhadores às novas tecnologias e a mercados cada vez mais competitivos. Destaque para os 25 Institutos SENAI de Inovação, os 57 Institutos SENAI de Tecnologia e os Centros de Inovação do SESI, que têm apoiado a indústria de forma decisiva nesse novo cenário. Apenas nesses institutos, o Sistema Indústria está investindo cerca de R$ 3 bilhões.
Importante destacar também a alta qualidade da educação profissional ministrada pelo SENAI. Uma prova disso foi o primeiro lugar alcançado por seus alunos na Worldskills 2015 e pelo segundo lugar alcançado na Worldskills 2017. Equipes do SENAI ficaram à frente de equipes da Coreia do Sul, Suíça, Alemanha, Estados Unidos, Japão e França nesta que é considerada a maior competição internacional de educação profissional. Já o SESI destaca-se na Educação Básica, sendo que seus alunos têm alcançado, nos últimos anos, os melhores desempenhos na Prova Brasil, que avalia a qualidade da educação no país. Além disso, na semana passada, equipes de alunos do SESI foram campeões no Torneio Mundial de Robótica, realizado nos Estados Unidos, com participação de equipes de 60 países.
Esclarecemos, por fim, que a aplicação dos recursos da contribuição compulsória repassados pelas empresas ao SESI e ao SENAI se pauta pela máxima transparência. Todas as informações sobre os orçamentos, as demonstrações contábeis e outros dados sobre a gestão e as contas das duas instituições estão disponíveis nas páginas Transparência dos sites de SESI e SENAI, que podem ser acessadas livremente por qualquer cidadão, por meio dos seguintes links:
www.portaldaindustria.com.br/sesi/canais/transparencia e www.portaldaindustria.com.br/senai/canais/transparencia
Além disso, as contas das duas entidades são fiscalizadas por diversas instituições, como Tribunal de Contas da União (TCU), Contralodoria Geral da União (CGU), Ministério da Educação, Ministério do Trabalho, Ministério do Desenvolvimento Social.
Solicitamos que estes esclarecimentos sejam publicados na coluna, para que seus leitores fiquem informados sobre a eficiência e a transparência que norteiam a aplicação dos recursos do SESI e do SENAI.
Atenciosamente,
Superintendência de Jornalismo da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
História de Brasília
ARI CUNHA
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Se os políticos falassem apenas por suas atitudes, afirma o filósofo de Mondubim, por certo muitos deles seriam varridos do cenário nacional e da história do país.
Um ano após o início da atual legislatura na Câmara Distrital, o Instituto Exata de Opinião Pública apresentava uma pesquisa em que mostrava que de cada dez brasilienses, sete declaravam-se decepcionados com os políticos com assento na Câmara Legislativa. A sondagem mostrava que nada menos do que 69,5% dos moradores da capital da República se diziam contrariados e desiludidos com a sequência de escândalos que recaiam sobre os políticos locais e a Instituição. O motivo para tamanha contrariedade da população estava no fato de a Câmara Legislativa não usar de suas principais atribuições, particularmente quanto a fiscalização, sobre os gastos excessivos do Executivo. Outro ponto que merecia reprovação das pessoas pesquisadas naquela ocasião era quanto a gastança observada na própria Câmara local. De acordo com a maioria ouvida na pesquisa, havia um desperdício acentuado de recursos públicos.
Os entrevistados apontavam para a necessidade de economia nos gastos e miravam as verbas de gabinete e a verba indenizatória como exemplos de gastos exorbitantes que deveriam cessar de imediato. Para os brasilienses, mais importante do que legislar, apresentando projetos e leis, era economizar o dinheiro público e se afastar, para bem longe, de casos de corrupção.
Acima de tudo, o que os eleitores expressaram na pesquisa foi a importância fundamental da postura ética de cada um no exercício do mandato. Com a aproximação das eleições e término dessa legislatura, o balanço geral feito por muitos analistas indica que as eleições que se avizinham será uma das mais difíceis de toda a história da Câmara Legislativa, com a previsão de que possam ocorrer altos índices de renovação, da ordem de 70%. Isso se as urnas funcionarem com precisão.
Para os eleitores, os seguidos casos de malversação do dinheiro público, o pouco empenho do distritais em cortar despesas internas, conforme desejo expresso em campanhas pela maioria dos brasilienses, mostram que os atuais membros dessa legislatura não merecem ser reconduzidos ao cargo.
Para os eleitores, a redução em 40% da verba indenizatória não passou de uma manobra astuta para ludibriar a população. As constantes faltas de quórum em importantes discussões de interesse da população foram outro fator que pesou na opinião negativa da população.
Para um poder que ainda não conseguiu se entender com a população, não causa surpresa o fato de a Câmara Legislativa abrir licitação, no valor de R$ 55 mil para a compra de equipamento destinado à proteção dos policiais legislativos, já antevendo a necessidade de seu uso nas manifestações que certamente virão, caso o Legislativo local não mude de atitude e acerte os ponteiros com os princípios da ética, conforme insistentemente tem exigido a população.
A frase que foi pronunciada:
“A UnB é um inferno para quem quer estudar.”
Leitor devidamente identificado.
Lazer
Sem razão de ser, a ciclovia do Lago Sul dá as boas-vindas aos cidadãos da cidade com um portão preso a uma corrente. Parece um ritual de humilhação. Para entrar, é preciso se abaixar.
Multas
Agora, no mês de maio, os motoristas inventaram faixas que não existem para estacionar na festa da Igrejinha. Um prato cheio para o Detran e PM.
Arte
A delicadeza da Sra. Yamane ao fazer cartões postais com flores secas é de impressionar. Veja as fotos no blog do Ari Cunha
Vergonha
Sai ou não sai a reforma dos centros culturais da cidade? Qual a razão para tanta demora em devolver o Teatro Nacional à cidade?
Release
A Escola Nacional de Administração Pública (Enap), em colaboração com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Laboratório de Políticas Públicas Internacionais (Laboppi), realizará, nos dias 21 e 22 de maio, o Workshop Difusão de Políticas Públicas e Cooperação Internacional: Diálogos entre Academia e Prática. O evento tem como público-alvo estudiosos da academia e profissionais ligados a organismos internacionais, órgãos de governo da esfera nacional e subnacional, ONGs e think tanks, assim como sociedade civil. Link do evento e inscrição no blog do Ari Cunha.
Mais informações: ENAP – COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Notícia boa
Nesse mês a comunidade universitária – professores, alunos e técnicos – terão 40% de desconto nos livros publicados pela Editora UnB. Visite a loja, ao lado do Banco do Brasil do Campus Darcy Ribeiro, ou compre pelo site, enviando comprovante de vínculo com a UnB pelo e-mail http://lojavirtualeditora@unb.br / telefone: 3035-4200.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O seu Viscount, vindo de Recife, já se aproximava da cabeceira da pista, quando teve que arremeter, porque um Curtiss da FAB estava taxiando. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Com previsão para ficar pronta no segundo semestre desse ano, as obras de infraestrutura e urbanização da Praia Norte, localizada às margens da DF 005, no Setor de Mansões do Lago Norte, vão a cada dia tomando a forma concebida pelo autor do projeto. Em arquitetura há muito é conhecido o dito de que o papel branco tudo aceita, mesmo os mais bizarros traços.
No passado, os riscos de um projeto urbano que não se adequasse ao espaço, cumprindo seu propósito, atendendo às necessidades dos usuários e, ao mesmo tempo, mantendo um relacionamento respeitoso com o entorno imediato, eram menores que hoje.
Contribuía para isso, o fato de que anteriormente ao advento dos sofisticados programas de computação gráfica, os projetos de arquitetura, principalmente aqueles que tinham como alvo interferir em área urbana, eram feitos por uma equipe multidisciplinar, obedecendo à um ritual de elaboração que tramitava, sem atropelos, pelas mãos de diversos técnicos. Naquelas ocasiões, eram necessárias várias visitas ao local escolhido para um levantamento minucioso de todos os detalhes que compunham a região, até mesmo a trajetória do sol, as correntes de ar, as vistas dentro e fora da obra, os impactos ao entorno próximo e distante e todas essas variantes que compõem um projeto urbano bem pensado e bem resolvido.
Interferir na paisagem é de uma responsabilidade tamanha que somente os grandes arquitetos são capazes de perceber e acertar. Em se tratando de paisagem natural, essa responsabilidade é ainda maior. Sem qualquer interferência do homem, o céu, a terra e água compõem juntos uma paisagem onde todos os elementos mais prezados se harmonizam em escala, beleza, proporção e equilíbrio. A interferência humana nesse meio tem que ser feita com muito cuidado para não “sujar” a paisagem com interferências impensadas e outras garatujas impróprias.
Com a adoção das novas tecnologias de projeto, trazidas pelos modernos programas de computação gráfica, as facilidades e a rapidez para a confecção de projetos parece ter retirado dos projetistas a capacidade de enxergar obviedades como o chamado “espírito do lugar”, em que o arquiteto passa a pressentir que impactos sua proposta irá provocar naquele sítio e nas pessoas que por ali transitam.
O papel que tudo aceitava cedeu lugar ao computador que tudo aceita. Tudo passa a ser resolvido dentro de um escritório e na tela do computador. Nos projetos do passado, quando o relógio parecia rodar mais vagaroso, era comum encontrar projetistas acampados vários dias no local de futuras interferências para sentir e se impregnar do ambiente. Hoje, essas excentricidades estão esquecidas e deram lugar à tecnologia. Com isso, surgem construções e interferências urbanas assustadoras, como é o caso do Estádio Mané Garrincha, um aleijão assentado definitivamente numa área nobre, sem qualquer relação com tudo em volta e mesmo sem relação alguma com a arquitetura pensada para a cidade.
No caso do Projeto Praia Norte, os projetistas, ou seja, o computador, esqueceram de um pequeno detalhe: as milhares de pessoas que trafegam pela DF 005 e que tinham naquele ponto, entre os Trechos 5 e 6, uma visão ampla e bela de grande parte do Lago Paranoá. Com a urbanização “tecnicista” feita naquele ponto, a paisagem ficou coberta pela construção de banheiros (acreditem) e quiosques, formando um paredão de alvenaria feio, crasso, errado e desengonçado a esconder a paisagem, numa demonstração de que a arte e a sensibilidade humanas parecem banidas e desterradas com as novas tecnologias.
A frase que não foi pronunciada:
“Primeiro a Caesb invade a paisagem para “tratar” a água do lago Paranoá e agora os banheiros invadem o pôr-do-sol. Não há lugar para a inteligência e sensibilidade em projetos feitos por quem não tem relação com essa cidade.”
Lelé, de onde estiver.
Desconsideração
Inúmeros e-mails de acordo com a coluna sobre a destruição da Brasília Super Rádio. É mais uma iniciativa de quem não tem consideração pela comunidade candanga. Os idosos já acostumados com o baile, os coralistas com a programação erudita, os apreciadores da boa música ficaram sem a tradicional programação. Na realidade, trocaram as músicas que duraram 200 anos, por outras que duram 2.
Esclarecimento I – SISTEMA S
As contribuições repassadas pelas empresas ao SESI e ao SENAI não são impostas e sim recursos privados, conforme atestado em diversas decisões do STF. Tais recursos são aplicados de forma eficiente e responsável. Anualmente, o SENAI realiza 2,3 milhões de matrículas na educação profissional e atende 20 mil empresas em serviços técnicos e tecnológicos. Já o SESI beneficia cerca de 5 milhões de pessoas com educação básica e serviços de segurança e saúde no trabalho.
Esclarecimento II – SISTEMA S
A aplicação dos recursos do SESI e do SENAI se pauta pela máxima transparência, com fiscalização de nove instituições. Todas as informações sobre orçamentos e demonstrações contábeis das duas entidades estão disponíveis em seus sites, e podem ser acessadas livremente por qualquer cidadão, por meio dos seguintes links abaixo.
SESI: http://www.portaldaindustria.com.br/sesi/canais/transparencia/
SENAI: http://www.portaldaindustria.com.br/senai/canais/transparencia.
Quebra do respeito
Conselho dos anciãos. Desde a Bíblia, vinha sendo transmitida a sabedoria humana de geração em geração, pelos mais velhos. Infelizmente, o conselho dos anciãos foi trocado pelo Google, mas com a seguinte diferença: o primeiro é real e tem endereço, o segundo é virtual e não há responsáveis.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O comandante Raposo, num momento de feliz perícia (perícia mesmo), evitou, ontem, um acidente no aeroporto de Brasília, que poderia ser de graves proporções. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Seja qual for a redação definitiva que o texto estabelecendo o fim do foro privilegiado venha a ter no Supremo Tribunal Federal, uma coisa é certa: com a votação unânime pelo seu cessamento sob algumas condições, foi dada a partida para o restabelecimento do ideário republicano, conforme é claramente explicitado na Constituição em seu art. 5º que diz “Todos são iguais perante a lei…”
Por muito tempo essa quebra do princípio da igualdade de todos perante a lei representou a característica que mais diretamente afronta o espírito norteador da República. Ao retirar da alçada da justiça comum mais de 50 mil brasileiros, ungido-lhes a cabeça com a exclusivíssima prerrogativa de foro, o que essa lei conseguiu de fato foi criar na cabeça do indivíduo comum a sensação de que vivíamos no país um autêntico apartheid, com cidadãos de primeira e de segunda classe, tratados de forma distinta, conforme sua posição na máquina do Estado.
Esse quadro esdrúxulo produz ainda, em todos os mortais da nação, o sentimento de que essa prerrogativa, além de ser uma porta aberta, é um incentivo para o cometimento de crimes. É um sinal evidente da impunidade sem limites. Mercê do compadrio e de outras intimidades entre os áulicos dos três poderes, o julgamento, e mesmo a condenação desses fidalgos, era uma decisão que jamais se concretizava.
Nesses casos, na alta instância da justiça o que se tinha era tão somente a injustiça. A prescrição dos muitos delitos, pela demora nos julgamentos, passou a ser a regra geral. A prerrogativa de foro, retirada agora apenas de deputados e senadores, obviamente necessita ser estendida também para outras funções, acabando, de vez, com esses dois Brasis. É preciso definir didaticamente para todos que o que está em cima é igual ao que está em baixo.
Ainda é um primeiro passo, mas o que importa é que ele foi dado na trilha segura mostrada pelo texto constitucional. Prerrogativas de função deveriam possuir, por exemplo, professores, cientistas e pesquisadores, assegurando que seriam essas as categorias de servidores públicos cujo os vencimentos representariam o teto salarial para todos os funcionários do Estado.
Prerrogativas e outros privilégios deveriam caber aos doentes que necessitam de atendimento, aos idosos que buscam proteção, às crianças desvalidas que perambulam por nossas metrópoles, aos cidadãos que se matam de trabalhar para pagar os impostos e nunca aos indivíduos cujos os altos proventos e mordomias diversas já fazem deles os mais privilegiados entre todos.
A frase que foi pronunciada:
“O foro privilegiado fere a ideia básica da democracia de que todos devem ser tratados como iguais. Acho que não existe muita razão sobre foro …”
Juiz Sérgio Moro
Depoimento
Quando vim morar em Brasília, em 1990, descobri a Brasília Super Rádio FM operando havia mais de dez anos, com uma programação diferenciada. Música orquestrada nos dias úteis e cantada nos fins de semana. Notícias a cada meia-hora. E programas selecionados, como “Um piano ao cair da noite”, ao vivo, em pequeno auditório no Conjunto Nacional. Era a Rádio de Mário Garófalo. Uma estação que se diferenciava de todas as outras. Patrocínio comercial restrito, razão de seu fim agora em maio de 2018. Só resta lamentar essa perda e registrar nossa tristeza. Roldão Simas Filho
Emater
Técnicas simples de cultivo de plantas alimentares e ornamentais, com apenas 25 vagas, em cada turma das sextas-feiras de maio. Começa no dia 11, sobre minijardim e terrário de suculentas. O cultivo, a multiplicação e as espécies das suculentas. Como fazer um terrário. Os cursos têm duração de 8h e preços a partir de R$150 já com material didático. Veja no Blog do Ari Cunha a informação e programação completas.
Patriotas
Faltando 60 dias para as eleições, os voluntários começam a ter traçadas suas funções em reunião em audiência pública comandada pelo juiz eleitoral. Dados do TSE apontam que em 2014, 1,3 milhão dos 2,4 milhões de mesários que trabalharam eram voluntários. Merecem pelo menos um lanchinho especial. Quem quiser trabalhar nas eleições é só acessar a página do TSE no Programa Mesário Voluntário. Colocamos o link para você no blog do Ari Cunha.
Link: http://www.tre-df.jus.br/eleitor/mesario-voluntario
Simples assim
A falta de coragem dos juízes de abrir mão dos privilégios é de corar a face. É nesse momento em que os eleitores do senador Reguffe-DF se sentem representados. Não adianta estudar para cumprir as leis se não há espelho em casa.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Nós havíamos comentado, aqui, que o Banco da Lavoura era o único banco de Brasília a não aceitar cheques preenchidos com canetas esferográficas. Estou recebendo, agora, um comunicado do Banco, informando que a partir de hoje, serão aceitos estes cheques. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
No melhor estilo dos camisas negras de Mussolini ou de seus similares no Brasil, os camisas verdes, de Plínio Salgado, são os alunos do movimento estudantil da Universidade de Brasília. Subservientes, ao que parece ter restado dos partidos de extrema esquerda, os mesmos que invadiram o prédio da “reitoria amiga”, vêm há dias promovendo dentro do campus atos de extremo vandalismo e de intimidação contra todos aqueles que ainda resistem a seus desígnios de orientação nitidamente fascista.
Desconhecem esses alunos os ensinamentos e exemplos nefastos trazidos pela experiência da história, particularmente pelo período entre guerras, durante o qual o mundo assistiu silenciosamente a ascensão das ideologias fascistas e nazistas. Naquela ocasião, a imposição arbitrária dessas ideologias, por milícias uniformizadas, recorria das mesmas táticas de depredação, de ameaças, de vandalismo e, em muitos casos, de assassinatos para calarem opositores e todos aqueles que não aderiam às suas teses extremistas.
As intimidações, paralisações de aulas, pichações e depredações do patrimônio público, duramente custeados por aqueles que não tiveram oportunidade de cursar uma universidade, representam mais do que uma afronta direta à população de Brasília. O que essas hordas de baderneiros têm conseguido com esses atos irracionais é lançar o antigo prestígio dessa instituição ao chão, expondo a universidade ao ridículo e passando para os brasilienses a ideia de que essa academia do saber encontra-se hoje tomada pela anarquia, sem rumo e sem direção. A reitoria parece temer fazer o que é correto e legal.
Somente a certeza de que esses filhinhos de papai jamais serão responsabilizados por seus atos insanos é que levam esses desocupados a agir livremente e sem freios. Escolhidos como o inimigo da hora, os alunos de agronomia, bravamente têm resistido a ceder e a compor forças com esses arruaceiros. O que esses agitadores não percebem é que, por suas atitudes extremas, estão fazendo crescer, entre os estudantes sérios e comprometidos, uma forte contra reação e a certeza definitiva de que essa turma, definitivamente, não representa o grosso dos estudantes.
A abdução de centros acadêmicos, principalmente por partidos em franca decadência, demonstra, na prática, que tem faltado a esses alunos justamente o elemento definidor de uma faculdade que é o pensar, o livre pensar.
Mas para isso é preciso leitura, muita leitura, preparo e aprimoramento intelectual. Para alcançar esse status é necessário, primeiro, que esses desorientados busquem, junto a imensa biblioteca que adorna essa universidade, um objeto confeccionado de papel que está estocado, empoeirado e esquecido nas prateleiras e que, comumente, atende pelo nome livro.
Abram com cuidado, absorvam seu conteúdo, municiem primeiro seu intelecto com as armas da razão. Depois, pronto. Partam para o mundo no desejo de moldá-lo às suas próprias ideias, sem repetir modelos falidos. A violência e a cegueira mental têm na ignorância seus laços em comum.
A frase que foi pronunciada:
“Espero por você lá no Estuprinho ou Sequestrinho.”
Aluna da UnB marcando encontro no estacionamento ao lado a Faculdade de Direito. Em alguns aplicativos eletrônicos de localização é possível visualizar esses pontos.
Lado bom
O HUB vai participar do XII Mutirão Nacional de Cirurgia da Criança, organizado pela Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica (CIPE). Neste sábado (5), a partir das 8h. O Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) tem 24 cirurgias pediátricas marcadas. Cid Fragoso, chefe da Unidade de Atenção à Criança e ao Adolescente do HUB, comanda muito bem a equipe. A propaganda das mães que tiveram filhos atendidos por lá é sempre positiva.
Nota certa
Em entrevista, a recém-eleita nova conselheira do ICOMOS (International Council of Monumentes and Sites) para a Região Centro-Oeste, Emilia Stenzel, manifesta grande preocupação com o estado de conservação da estrutura viária na área tombada e com as propostas de reconstrução que vêm sendo consideradas. O Plano Piloto se confronta com o resultado de décadas sem manutenção, o que já levou ao colapso parte do Eixão, agora literalmente tombado. Para a nova conselheira, “É necessário que os critérios de restauração respeitem os parâmetros consolidados na preservação, no sentido de a capital manter seu reconhecimento como Patrimônio da Humanidade.”
Alegria
Na segunda e na terça-feira, o Centro de Convenções, às 20h, abrigará o Coral Adventista, o coral Ad Infinito e o Coral de Goiânia, além da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. Trabalho intenso dos maestros Eldom Soares e Claudio Cohen para mostrar à população da cidade uma das obras primas de Beethoven: A Nona Sinfonia.
Link para informações sobre o evento: https://www.facebook.com/events/382276532288175/
Tristeza
Todos aconselham que não estacionem à noite no Centro de Convenções para qualquer evento. Por falta de policiamento, meliantes quebram os vidros dos carros para furtar, levam rodas, fazem o que querem e como querem. Vamos ver se dessa vez a Secretaria de Segurança providencia rondas no local para proteger o patrimônio dos cidadãos de bem.
Jovens
Nubank é a febre entre os jovens. Sem gana por taxas e sem pontuação para funcionários, o novo tipo de conta/cartão tem feito sucesso.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O Banco da Lavoura é o único banco de Brasília que não aceita cheques escritos com caneta esferográfica. Seria o caso de nosso Tonico tomar uma providência, para igualar seu banco aos demais. (Publicado em 19.10.1961)