Risco à saúde mundial brota do chão brasileiro

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Charge: latuffcartoons.wordpress.com
Charge: latuffcartoons.wordpress.com

      O ano de 2017, pelo imenso volume de questões que ficaram pendentes, deve prosseguir em 2018, prolongando um ciclo que insiste em não acabar.  Por conseguinte, o ano que se inicia é novo apenas no calendário e no desejo sincero dos otimistas e brasileiros de boa-fé. Há muito tempo andamos em círculos, o que nos obriga a repetir e acumular erros sobre erros. É nessa perspectiva, vista pelo espelho retrovisor, que saudamos o ano que começará, de fato, só depois do carnaval.

      Deixando um pouco de lado os aspectos políticos e econômicos ainda por serem resolvidos neste ano de eleições, é preciso centrar todas as atenções para um megaproblema que, por suas consequências graves e que já se fazem sentidas, fará do Brasil exemplo e modelo a não ser seguido por nenhum outro país do globo, sob pena de vir a comprometer a própria existência humana sobre o planeta.

Trata-se da agricultura, ou mais precisamente da monocultura de exportações (commodities), na qual o país vem se destacando no cenário mundial como uma grande potência. Importante estudo, lançado, no finalzinho de 2017,  pela professora e pesquisadora do Departamento de Geografia Agrária da Universidade de São Paulo Larissa Mies Bombardi, intitulado Geografia do Uso de Agrotóxico no Brasil e Conexões com a União Europeia, traça um quadro assustador do agronegócio no Brasil e as sérias consequências da atividade para o futuro do país.

Na avaliação da pesquisadora, a questão do agronegócio tomou tamanha importância, a partir do início do século 21, que levou o governo a privilegiar os aspectos econômicos sobre quaisquer outros, inclusive sobre a questão da saúde humana e ambiental. Analisando a pauta de exportações do país dos últimos anos, dá para sentir bem esse fenômeno. Segundo ela, até o início do ano 2000, havia uma preponderância nas exportações de produtos manufaturados sobre os produtos primários.

A partir de 2009, essa situação se inverteu, com os produtos primários ganhando cada vez mais destaque em nossas exportações. Para se ter uma ideia, hoje o Brasil tem, apenas com relação ao plantio de soja, uma commodity, uma área de plantio quatro vezes maior do que o território de Portugal.

Temos, nesse caso, pautado toda a nossa exportação apenas no agronegócio, que tem como pilares principais substâncias químicas na forma de fertilizantes, defensivos agrícolas ou agrotóxicos, importados em enormes quantidades e usados de forma absolutamente irresponsável. Isso ocorre porque nossa legislação tem sido permissiva, graças, em grande parte, ao poderoso e eficaz lobby da bancada do agronegócio com assento no parlamento, avesso a qualquer discussão sobre meio ambiente, agricultura familiar e outros assuntos contrários à economia assentada apenas no lucro a qualquer preço.

O que decorre dessa prioridade que visa apenas a renda dos grandes produtores é que temos reduzido significativamente a produção e diversificação de alimentos para a população. Não é por outro motivo que, quando uma dona de casa brasileira vai ao supermercado ou à feira, acaba se deparando com produtos, de origem animal ou vegetal, com preços muito acima dos praticados em outras partes do mundo, isso num país em que o governo alardeia como sendo o celeiro do mundo.

Essa balela de que o Brasil produz alimentos para todo o mundo esconde uma realidade que está, de fato, envenenando a população, a terra, os rios, matando animais, expulsando comunidades inteiras de suas terras e, a longo prazo, tornando inférteis e áridas enormes extensões do território nacional. Soja, milho, cana-de-açúcar, eucalipto e outras commodities voltadas exclusivamente para o mercado externo, dentro da visão atual da divisão internacional do trabalho, favorecida pela globalização da economia, e que obriga o país a se manter como produtor de gêneros básicos a um custo altíssimo.

Nesse contexto perverso, as indústrias transnacionais que produzem os componentes químicos e, principalmente, sementes geneticamente modificadas, aproveitam-se enormemente de países, normalmente agroexportadores e do terceiro mundo, onde a legislação é sempre permissiva e leniente com esses venenos modernos.

A frase que foi pronunciada
“Como seriam venturosos os agricultores se conhecessem os seus bens!”

Virgílio


Interessante

Se o desemprego está ruim no Brasil, há cinco páginas na internet  de empregos disponíveis em uma pequena cidade da Califórnia, onde a língua portuguesa é exigida. A maioria é para esteticistas.

Só eles
Era o Pelé, depois Ronaldo e agora Neymar. Assim o Brasil é conhecido no exterior.

Maconha
Ontem a maconha foi liberada na Califórnia. A população aprovou a liberação em uma consulta governamental em 2016. A regra é parecida com a venda de álcool, ou seja, permitida apenas para maiores de 21 anos. Outra curiosidade é que cada pessoa pode cultivar até 6 pés de canabis em casa e portar no máximo 28,3 gramas.

História de Brasília
Nenhuma administração da Prefeitura ou da Novacap pôde prescindir, até o presente momento, do trabalho do sr. Vasco Viana de Andrade. Técnico competente, organizado e trabalhador, é responsável pelo maior volume de obras do Distrito Federal, sendo o seu departamento estruturado com uma das melhores equipes já formadas no Brasil. (Publicado em 11/10/1961)

Respeitável público, o espetáculo continua

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Foto: piadavisual.blogspot.com.br
Foto: piadavisual.blogspot.com.br
      Da trincheira dos atingidos pelas flechadas de bambu do Ministério Público e da Polícia Federal, surgiram expressões como espetaculização, punitivismo e outras palavras há muito escondidas nos dicionários. A sequência de novas terminologias de impacto tinha como estratégia passar a ideia de que as investigações, as conduções coercitivas, os depoimentos, as audiências, condenações e outros procedimentos inerentes aos processos judiciais visavam, unicamente, atingir e expor aos holofotes da mídia dirigentes e outras importantes lideranças políticas.
      Para incendiar ainda mais uma República, que já começava a arder em chamas, as mídias sociais, uma inovação ainda incipiente entre nós, começaram a trocar tiros dos lados desse front, criando e alimentando, a cada dia, um ambiente de cisão e antagonismos jamais visto.
      A situação peculiar da política nacional, imposta pelo instável presidencialismo de coalizão, ao unir a esquerda mais radical com a direita mais retrógrada, tanto para administração desastrada do país quanto para o cometimento de um rol de crimes comuns, erigiu uma nova espécie de batalha na qual aos dois lados podiam ser imputados graves crimes de guerra.
      Desse amálgama bizarro, o que resultou foi a maior crise política e econômica de toda a história brasileira, elevada a níveis absurdos, que fez tudo parecer um espetáculo midiático tamanha a ousadia e performance dos atores. Para incrementar ainda mais esse enredo de realismo fantástico, entraram em cena personagens jamais vistos e imaginados pelo grande público. Grandes e caros escritórios de advocacia, sessões, ao vivo, do STF e todo um aparato que passou a se constituir no grande circo Brasil. Diante de tão inusitados e estrepitosos acontecimentos, querer falar em espetaculização dos fatos é redundância.
A frase que foi pronunciada
“Democracia é a arte de, da gaiola dos macacos, gerir o circo.”
H. L. Mencken, jornalista e crítico literário
Virada
Já é tradição o bloco dos Raparigueiros. A moçada está preparando uma grande festa na passagem do ano, abrindo o Carnaval da Virada, no último dia do ano. A festa começa às 12h e vai até as 20h, no Quiosque do Regis — Avenida Central do Núcleo Bandeirante. A programação conta com presença de ritmistas e componentes dos blocos filiados à Liga dos Blocos Tradicionais de Brasília e apresentação da Banda Patakundum (Axé), Retrô ativos (Pop e Rock)  e Angélica e Andrey (sertanejo), além de convidados. Será oferecido almoço, acompanhado de mais de 100kg de pernil assado e grelhados ao preço de apenas R$ 15.
Abuso
Está difícil suportar o alto volume do escapamento das motos que transitam pela cidade. Sem nenhum tipo de vistoria, o abuso é intenso. A reclamação é do nosso leitor Osvaldo Abib, que já registrou 10 reclamações no Detran/DF e a resposta que obteve foi surpreendente. Disseram que anotasse a placa e característica da moto e informasse ao Ciade para que abordassem o motociclista. “Ou seja, a solução encontrada pelo Detran foi para o cidadão ficar na rua, com caderno e caneta na mão e, quando passar uma moto a 80 km/h, com a placa suja, anotar o número e o modelo para que a equipe de fiscalização venha e verifique a irregularidade?” Protesta o leitor.
PSol
A luz do amor brilha em nós quando nos colocamos, uns com os outros, em marcha para superar preconceitos, dominações, todas as opressões. Afinal, como disse Maiakovski, “gente é pra brilhar: esse é o meu slogan. E o do Sol também”. Mais um ano chegou: lúmen! Bonitos os votos de um 2018 melhor desejados pelo deputado federal Chico Alencar.
Sem voz
Caesb insiste em alegar que a qualidade da água do lago distribuída na parte norte da cidade é boa. Uma judiação com a população. Além dos registros feitos pelo Flávio Cadegiani, a própria população atingida parece não ter a voz ouvida pelo governador Rollemberg.
De olho
Anotem aí o valor das obras de construção de viadutos, pontes e túneis na cidade: R$ 207 milhões. Um pequeno trecho do Trevo de Triagem Norte foi inaugurado. As obras andam a passo de tartaruga. Faltam finalizar 15 obras.
História de Brasília
Todo o mundo reconhece o valor que teve o parlamento durante os últimos acontecimentos políticos, mas esses movimentos subterrâneos são, em muitos casos, motivo para desmoralização de todo o Congresso, onde os justos pagam pelos inconformados. (Publicado em 12/10/1961)

Furtar verba pública vale a pena?

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Charge: dedemontalvao.blogspot.com.br
Charge: dedemontalvao.blogspot.com.br

Num país que, desde a abertura política, avança aos tropeços, pior do que a espetaculização dos acontecimentos, revelados pelas investigações do Ministério Público e da Polícia Federal, é ter que engolir, como medida ditada pelos cânones dos direitos humanos, ao festival de indultos, saidões de presos, reduções significativas de penas e outras ações que parecem nos remeter à certeza de que o Estado brasileiro não tolera ter que punir quem comete delitos e crimes de toda a ordem.

Quando o cidadão de bem reclama dessas benesses exageradas, concedidas principalmente às elites, chegam os defensores do garantismo falando em sede de punição e vingança da sociedade, ansiosa por ver na cadeia poderosos de toda a ordem.

Há muita confusão mali-ntencionada e jatos de fumaça nesses argumentos dos dois lados da questão. Na verdade, ninguém ouviu falar em prisão domiciliar para pobre, mesmo para mulheres grávidas. Bandido pé de chinelo jamais andou de tornozeleira eletrônica tampouco impetrou agravos ou embargos infringentes perante o Supremo.

Nesses casos, com todas as imagens que vão sendo mostrados pela mídia, fica patente para todo mundo que existem duas justiças, que trafegam em ruas paralelas. Prender ou fazer justiça, conforme manda o Código Penal, parece ter virado questão tabu ainda mais em se tratando de altos figurões. Ainda assim, seja no patamar de cima ou na base da pirâmide social, é preciso uma certa encenação para mostrar a igualdade de todos perante as leis.

Nesse sentido, o indulto concedido pelo presidente Temer e, oportunamente, suspenso pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, em muito se assemelha ao saidão de presos para comemorar as festas de fim de ano. Nesse quesito, chegou-se ao absurdo de conceder o saidão para comemorar do Dia das Mães a uma detenta que havia assassinado o pai e a mãe.

O indulto é uma indulgência aos crimes da elite que muito se assemelha aos saidões de presos do regime semiaberto. Mesmo a comutação de penas em serviços comunitários, ou o abrandamento de severas sanções em regime fechado àqueles que fecharam acordos de delação premiada, soa, para a população, como um escárnio que faz do Brasil um país onde o crime parece compensar.

A curto prazo, “indulto não é prêmio ao criminoso nem tolerância ao crime. Nem pode ser ato de benemerência ou complacência com o delito”, afirmou Carmem Lúcia, para quem o indulto de Temer pode tornar as penas tão ínfimas que deixariam a sociedade totalmente desprotegidas.

Do mesmo modo,falta proteção à população  quando é obrigado a assistir à abertura das portas das prisões a milhares de detentos que, do lado de fora, comemoram, isso sim, a leniência do Estado. Se os cidadãos pudessem ser consultados a dar seu veredito sobre indultos, saidões, redução de penas e outros benefícios àqueles que têm contas a ajustar com a Justiça, pensariam duas vezes antes de cometer qualquer crime por  saberem o resultado.

No frigir dos ovos, o que está certo é que a punição deveria ser proporcional à quantidade de verba pública desviada. Para os detidos pelas operações da Polícia Federal e pelo Ministério Público, tudo vale a pena quando a punição é tão pequena.

A frase que não foi pronunciada
“Quanto mais organizado o suspeito, mais fácil de chegar lá.”
Perito da Operação Lava-Jato, pensando enquanto abre s arquivos no computador

Registros
Um novo ranking, mais completo e detalhado, desenvolvido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-BR), com base nas informações de Cartórios do Distrito Federal prestadas à Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC Nacional), mapeou um estudo completo sobre os nomes mais registrados no Distrito em 2017.

Garotos

No ranking separado por sexo, os 10 nomes masculinos mais escolhidos foram Miguel (904 registros), Arthur (762), Heitor (689), Davi (520), Bernardo (495), Gabriel (429), João Miguel (417), Enzo Gabriel (364), Samuel (351) e Theo (282).

Garotas
Entre as mulheres, o ranking dos 10 nomes mais registrados foram Alice (603 registros), Valentina (486), Helena (425), Laura (404), Sophia (373), Heloisa (335), Julia (309), Maria Eduarda (296), Cecilia (276) e Isabella (261). Esse assunto é interessante porque, no Brasil, os nomes obedecem a tendência do tempo. Em Portugal, o Estado interfere. Nada de nomes bizarros ou fora das regras.
Fica o registro.

História de Brasília
Ridículo, fora de hora e criminoso, o movimento na Câmara para retorno ao Rio. Aproveitar a mudança de regime para satisfazer aos antimudancistas é, além de perigoso, motivo para incertezas futuras. (Publicado em 12/10/1961)

Enxugando o mar

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Fonte: youtube.com
Fonte: youtube.com

       Imagens que circulam agora nas redes sociais mostram um frentista e seu parceiro, desviando, tranquilamente, o combustível do estabelecimento, enquanto abastecem o carro de um displicente motorista. Bastou um descuido  do freguês e o larápio encheu o regador de plástico, que normalmente fica junto a bomba, colocando parte da gasolina, que o cliente pagou no vasilhame, roubando, apenas nesse caso flagrado ao vivo, uns dez litros do produto.

         A operação criminosa se repetiu, cada vez que um motorista solicitava o enchimento do tanque. Não se sabe em quantos postos espalhados pela cidade esses desvios aconteceram e com que frequência. Pela naturalidade e rapidez com que agiam, é fácil supor que esse crime vem acontecendo a muito tempo. Neste ramo, além da prática costumeira do cartel, da adulteração de combustível e da alteração eletrônica do contador de litros das bombas, o flagrante de mais esse crime coloca os postos no topo dos estabelecimentos de comércio nos quais os consumidores precisam ficar de olhos bem abertos. Enquanto as montadoras não providenciarem contadores de combustível e outros equipamentos como itens de fábrica que verifiquem, no ato do abastecimento, a qualidade e quantidade do produto, os motoristas continuarão a ser ludibriados das formas mais criativas possíveis. Infelizmente esse é apenas um pequeno exemplo da selva que os brasileiros construíram para si próprios.

         Rouba-se tudo e em todos os lugares. Em estabelecimentos com bares e restaurantes, a prática de cobrança com sobre preços é usual. Na hora de fechar a conta, aqueles consumidores que não costumam conferir a nota, invariavelmente são lesados no valor final com o acréscimo de produtos e serviços que não foram prestados. É preciso ficar atento principalmente naqueles estabelecimentos que funcionam a meia luz. É no escurinho dos bares e boates, depois de rodadas de bebidas que as fraudes acontecem repetidas vezes. Rouba-se na quantidade, na qualidade e em qualquer oportunidade que surja .

      Mesmo em casos de acidentes, nas estradas, com vítimas fatais, tornou-se normal assistir a população local saqueando os carros envolvidos nos sinistros, passando inclusive por cima dos mortos. Na Avenida Brasil,  no Rio de Janeiro, por diversas vezes, as câmeras flagram comunidades inteiras saqueando caminhões. Em poucos minutos cargas inteiras desaparecem, levadas por moradores locais, numa operação por atacado. Obviamente que essas práticas desonestas que ocorrem na base da pirâmide, nem de longe alcançam o montante de dinheiro que  tem sido desviado pelas maiores lideranças do país e que constantemente tem sido reveladas pelas operações do Ministério Público e Polícia Federal.

     Padre Antonio Vieira no sermão do Bom Ladrão, escrito em 1655 já alertava sobre esse comportamento corriqueiro observado na colônia portuguesa: O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera. (…) os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. – Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.” A impunidade das elites para casos de desvios de conduta também foi denunciado por Luis de Camões, maior poeta da língua portuguesa, que ainda no século XVI  chamava a atenção para o fato de que “leis em favor dos reis, se estabelecem. As em favor do povo só perecem”.

      De lá para cá pouca coisa parece ter mudado. Persistimos afundados num pesadelo que nos acorrenta ao passado. Imagem mostrada também nas redes sociais parece resumir essa nossa triste sina. Nela aparece um indivíduo com um rodo em punho tentando enxugar a praia a cada recuo das ondas, num esforço inútil e eterno.

 

A frase que foi pronunciada:

“Um sistema de legislação é sempre impotente se, paralelamente, não se criar um sistema de educação.”

Jules Michelet, filósofo e historiador francês.

Pela paz

Aprovado na Câmara o Projeto de Lei da deputada Keiko Ota que impõe às escolas política da paz principalmente para evitar o bullying. A matéria seguiu para o Senado. Resta saber se as escolas terão interesse em cumprir as regras porque a lei anti bullying já existe a muito tempo.

Sexismo

Conhecemos uma aeromoça da United Airlines que precisou fazer a opção pelo trabalho, por isso aceitou a imposição da empresa em permanecer solteira. Caso contrário seria demitida. Hoje, com mais de 80 anos, é absolutamente solitária.

Ainda

Hoje em dia o sexismo continua. Patrícia Smith procurava uma casa para comprar. Quando marcou o encontro para assinar a papelada ouviu do vendedor a seguinte pergunta: “Nenhum homem, marido, irmão ou pai está com a senhora? A senhora vai fazer essa negociação sozinha?”

HISTÓRIA DE BRASÍLIA 

Esses movimentos devem respeitar a figura do Presidente da Republica e a pessoa do Prefeito de Brasília, porque cabe a este, a nomeação. E a procura do cargo através do Presidente da República, deixa transparecer desconfiança ou apadrinhamento, o que não é o caso de Brasília. (Publicado em 12.10.1961)

Brasília, com passado e sem futuro

Reflexo da estátua de Juscelino Kubitschek no Memorial JK. Por ironia ou coincidência, a imagem do progresso reproduzida em uma poça d'água, bem hoje escasso no Distrito Federal.
Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Foto: Ivan Mattos
Foto: Ivan Mattos

      Por razões culturais e outras características muito próprias de nossa formação histórica, falar em planejamento no Brasil ou em planos de longo prazo, invariavelmente não resulta em nada. Definitivamente não temos vocação para o futuro. O tempo e o nosso desleixo natural, cuidam de dissolver planos ou quaisquer anseios, mesmo os mais simples. Só é definitivo no nosso país o que for provisório.

     O que ocorre hoje com a capital do país exemplifica e explica muito esse desencontro que mantemos entre o presente e o amanhã. Planejada dentro do espírito otimista dos anos sessenta, quando se imaginava que o país estava prestes a despertar de seu sono profundo tido em berço esplendido, quatro anos depois de inaugurada, Brasília se viu como sede do poder de um novíssimo governo, que logo se mostrou avesso a todos aqueles que haviam idealizado a nova capital. Perseguições, prisões e mudança de rumos político, tiveram o dom de alterar os rumos da cidade.

      O exílio imposto a alguns entusiastas da nova capital, fez esfriar os ânimos desses e de outros idealizadores da cidade e os planos originais ou foram deixados de lado ou perderam seu sentido de ser. O que se seguiu foram intervenções descasadas dos projetos pioneiros.

       De fato a nova realidade acabou por impor novos modelos a capital. Seguimos em frente sem muito entusiasmo, até a chegada o governo de José Aparecido.  Mineiro com sensibilidade e com boas relações com o mundo cultural, sua administração (1985 – 1988) trouxe algum alento na cidade esquecida. Mas por pouco tempo. Com o advento, inexplicável, da emancipação política da capital, com a criação de um gigantesco e dispendioso aparato de gestão pública, perdulário e desonesto, o que era não mais do que displicência urbana, se converteu num caos generalizado, com a formação súbita de bairros dormitórios ao redor da capital, invasão de terras públicas, transformadas em moeda de troca por  políticos aventureiros, sem compromisso algum, até mesmo moral com os destinos da capital.

       O que se seguiu é o que se tem agora: uma cidade, que à semelhança de muitas outras país afora, caminha para se tornar inadministrável, não só por seu gigantismo disforme e acelerado, mas sobretudo pelo acúmulo de distorções e equívocos  urbanos, feitos as pressas para atender esse ou aquele governador em particular, mas nunca em favor do futuro dos brasilienses.

      O Estádio mamute é um bom exemplo desse tipo de equívoco. Com o caos urbano vieram seus descendentes diletos na forma de violência desenfreada, congestionamento dos serviços públicos e agora, com a escassez do abastecimento de água. O cercamento de prédios por grades metálicas, a invasão indiscriminada de áreas públicas, os puxadinhos disformes e o abandono de espaços de cultura e lazer, formam apenas o outro lado dessa moeda que tem como lastro apenas a credibilidade vazia de nossos políticos locais.

A frase que foi pronunciada:

“Socorrooooo!”

Grita Brasília ao Executivo, Legislativo e Judiciário

À estudar

Interessante observar a linguagem gestual de diferentes países. São completamente ininteligíveis e acabam arrancando gargalhadas quando o assunto toma conta de um grupo.

Preconceito

O grupo que usou carro de luxo para assaltar residências em Brasília conseguiu pegar o âmago da cidade. O julgamento pela aparência. A própria segurança dos condomínios é preconceituosa, julgando honestos os que esbanjam riqueza. Quem sentiu na pele várias vezes foi a então senadora Heloísa Helena, barrada várias vezes com calça jeans e blusa branca.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O Humberto Queiroz, que redigia o “Jornal da Cidade Livre” é quem afirma que o dito Cândido Garcia está utilizando o movimento do Núcleo Bandeirante para encobrir seus fracassos comerciais. (Publicado em 11.10.1961)

O silêncio que estimula o crime

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Foto: jornalopcao.com.br
Foto: jornalopcao.com.br

      2017 será marcado como o ano em que os movimentos feministas em todo o planeta renasceram das cinzas, depois de praticamente serem deixados de lado com o fim da revolução sexual e de costumes que varreram o ocidente nos anos sessenta. Eleita a palavra do ano pelo Dicionário Merriam-Webster’s dos Estados Unidos, o feminismo do século XXI ganhou as ruas das principais metrópoles do planeta empunhando uma bandeira e uma denúncia tão antiga como a própria civilização, mas que nunca foi tratada com seriedade e com a devida atenção que merecia: o assédio sexual.

      Na verdade o que fez renascer e impulsionar os movimentos feministas, foi não apenas o poderio massivo e difusor das mídias sociais, mas o fato de que o assédio passou a ser revelado como prática comum também entre pessoas poderosas do show business, da política e de outras posições sociais e econômicas de destaque.

      De fato, nenhum estamento da sociedade está imune as misérias humanas, sendo que no alto da pirâmide social os escândalos, embora tratados com discrição por razões óbvias, são tão comuns como nas bases. Dos palácios as palafitas, o assédio tem sido prática ao longo da história humana e praticamente um comportamento aceito como usual, sem maiores problemas para os assediadores. De alguma forma a movimentação feita pelas mulheres agora, mundo afora, tem produzido resultados, com punições e condenações aos agressores.

      Chama a atenção o caso espetaculoso do mega produtor americano Harvey Weinstein, denunciado por uma série de atrizes famosas do cinema. São relatos de abusos ocorridos nas últimas três décadas, a maioria contra mulheres que pretendiam entrar para a carreira na indústria cinematográfica. No mundo da política as histórias vêm se repetindo com a mesma intensidade, envolvendo figurões dos altos escalões do estado. O próprio presidente norte americano, Donald Trump, tem sido alvo de algumas acusações de abusos, até agora sem maiores consequências .

      O abuso sexual é uma prática comum sobretudo no mundo da política, onde as pressões, o poderio das pessoas e do dinheiro são capazes de transformar casos repugnantes e verídicos, em ameaças e compra de silêncio. Do Itamaraty vieram denúncias variadas de caso de assédio sexual envolvendo embaixadores. A situação ganhou tamanha repercussão que o próprio MRE, por iniciativa do Sinditamaraty criou uma comissão especial para investigar esses casos e promover políticas de prevenção e de combate ao assédio e dar assistência psicológica às vítimas.

      Escolinhas de futebol, escoteiros, igrejas e outros lugares, volta e meia aparecem na imprensa com relatos assombrosos de caso de violência e abuso sexual contra crianças de todas as idades. A situação tem chamado a atenção em todo o mundo.

      Recentemente a Organização das Nações Unidas (ONU) criou uma força-tarefa para investigar casos dentro da Organização, sendo que o relatório sobre o assunto deverá estar pronto já nos primeiros meses de 2018. São  tantos os casos, e por toda a parte, que não é preciso ir muito longe para se certificar que o abuso sexual pode estar bem ao nosso lado e nos lugares mais inusitados possíveis.

      No Centro Educacional 06 do Gama, 30 vítimas, entre 15 e 17 anos do estabelecimento aguardam a meses o desfecho das denúncias ou o início das apurações de que, pelo menos 15 professores dessa instituição de 1.300 alunos, teriam, por meses, abusado sexualmente, das alunas. Esse caso, particularmente ainda permanece no fundo da gaveta, numa prova de que esse assunto ainda é ainda um tabu. Ganham com isso os agressores e todos aqueles que querem o silêncio como resposta.

A frase que foi pronunciada:

“No Itamaraty a mentalidade é que roupa suja se lava em casa; porém, quando se tenta lavar a roupa, a lavadeira fica marcada. Por isso a mulher se cala.”

Diplomata em entrevista. Pediu o anonimato.

ONG

Child Fund Brazil é um Organização Não Governamental que conseguiu apoio nos Estados Unidos para apadrinhamento de crianças no Brasil. É interativo, com muitas cartinhas, desenhos e acompanhamento do progresso da criança na escola.

Dando o sangue

Projeto da senadora Rose de Freitas determina a gratuidade em concurso público para doadores de sangue. A comprovação da doação de sangue deve ser feita por carteira de doador feita por hospital, clínica ou laboratório. É preciso que o candidato tenha feito doação pelo menos a cada seis meses nos últimos dois anos. A Comissão de Assuntos Sociais designará um relator para o projeto.

Novidade

Correndo contra o tempo o TSE já preparou uma licitação para a impressão dos votos. Embora seja contra a vontade do ministro Gilmar Mendes há uma pressão popular para que os votos sejam impressos acabando de uma vez por todas com as dúvidas sobre as urnas eletrônicas. Infelizmente, por restrições orçamentárias (acreditem se quiser) apenas 30 mil urnas, ou 5% do total, terão o dispositivo.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA 

Pessoal ligado ao movimento da Cidade Livre informa que os abaixo assinados são colhidos vários de uma vez, e usados conforme o interesse, na data desejada, o que dá a entender que essa manifestação pode não ser verdadeira. (Publicado em 11.10.1961)

Estado de coma

Publicado em 2 ComentáriosÍntegra

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Charge: casseta.com.br
Charge: casseta.com.br

     Tomar distância dos problemas, além de se constituir numa boa estratégia para entender a questão em seu conjunto, serve como método para avaliar as repercussões de cada assunto e o que deve ou não ser posto de lado e esquecido de uma vez. Para aqueles que tem a oportunidade de viajar ao exterior e olhar o Brasil de fora, a visão que se tem é de um país que, apesar das potencialidades materiais que apresenta e da disposição geral da população, ainda tem muito o que avançar, em várias frentes. 2018 trará consigo o primeiro grande momento dos brasileiros de mudar definitivamente os rumos do país, depois das muitas revelações e dos escândalos que vieram à tona. Observado a distância dá para perceber, com clareza, que neste ano que se anuncia, uma grande janela de oportunidades irá se abrir. Obviamente que este momento é também percebido por aqueles que ainda lutam internamente pela manutenção do status quo.

     O que dá para visualizar com certa nitidez é que o maior entrave para o estabelecimento de fato da República, conforme estabelecido em seus preceitos básicos desde sempre, ainda está centrado na elite que comanda o país. Nenhum outro fator é mais decisivo para o deslanche do Brasil. Hoje já se pode afirmar com certeza que, está no modelo de Estado que privilegia uma minoria da sociedade, o maior e mais importante elemento que caracteriza o custo tido. De todos os gargalos que impedem o desenvolvimento, o maior e mais poderoso está justamente no tipo de elite que ainda temos à frente no comando da nação.

     A persistir nesta toada, depois das eleições, não será surpresa que, mais a frente, iremos nos deparar com uma ruptura violenta, ditada pelo desespero de muitos e fomentada não apenas pela realidade cruenta que irá se estabelecer, mas por aqueles que querem colocar fogo na lona no circo para escapar em meio ao tumulto generalizado.

     Neste sentido, as forças do atraso apostam parte de suas fichas num Supremo idiossincrático e sob nova direção. Vista do alto o que se nota é que estão centrados na Praça dos Três Poderes os maiores movimentos de contra reforma que buscam salvar a pele de muitos, mesmo as custas da perpetuação do atraso. O problema é que está nas mãos de uma parte da nação, deixada, desde sempre, à margem do Estado, o ponto da virada. É nessa massa, incapaz de perceber com clareza o ponto ebulição, que se apoiam as forças do atraso.

     A unção, pelo voto, daqueles que do ponto de vista ético e moral, não possuem mais qualquer condição de continuar ditando os destinos do país, pode significar, entre outras coisas, no prolongamento da agonia de um Estado, já diagnosticado com morte cerebral e que desde 2014 vem respirando com o auxílio de aparelhos.

A frase que foi pronunciada:

“O que vemos daqui é a ordem e o progresso da corrupção do Brasil, avalizada inclusive pela Suprema Corte.”

Luigi De Marrenieri

Sem vento

O que é certo é que a Caesb proíbe o uso do instrumento que inibe o hidrômetro de rodar com a entrada de ar. Mas o coordenador de Tecnologia de Micromedição, da Caesb, Clóvis Ribeiro, garante que os hidrômetros conferidos por amostragem de lotes conferem o volume d’água consumido e a quantidade rodada.

Parceria

Sem custos adicionais no contrato com o GDF, os papa lixo estão fazendo sucesso nas cidades onde os caminhões não têm acesso. A diretora-presidente do SLU, Kátia Campos explica que é a forma mais segura de acumular lixo sem atrair ratos e escorpiões. Uma parceria entre o SLU e as escolas seria fundamental para ensinar a importância da reciclagem do lixo para o meio ambiente. As crianças são as melhores divulgadoras do que aprendem.

Precaução

Pode até ser emocionante a aventura de entrar em um restaurante congelado artificialmente no Pátio Brasil. Mas uma coisa é certa. Quando havia brinquedos como um parque de diversões o chão tremia. Vale a presença do IAB, engenheiros para atestar a capacidade da estrutura do prédio em suportar tanto peso.

Sinal laranja

A cada dia aumenta o número de sem-teto nos Estados Unidos. Ao longo de um ano inteiro, em 2016, mais de 1,4 milhão de pessoas usaram um abrigo de emergência ou um programa de habitação de transição.

Notícia

Chico Sant’Anna informa que a Católica de Brasília fecha mestrados em Comunicação e em Tecnologia da Informação. Também foram extintos os cursos de graduação em Pedagogia e em Serviço Social. Com o fim desses mestrados, até sexta, 15/12, 28 professores de pós-graduação haviam sido demitidos.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Foi ou será entregue nestas horas, ao Presidente da República um abaixo assinado da Cidade Livre pedindo a nomeação do sr. Cândido Garcia para a Subprefeitura do Núcleo Bandeirante. (Publicado em 11.10.1961)

Pouco para nada

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

loyolaandnews.es

         Em termos gerais os brasileiros atendidos por abastecimento de água passou de 80,9% em 2007 para 83,3% em 2015. Com relação a coleta de esgoto essa variação foi 42% para 50,3%. Na avaliação de especialistas no assunto esse ritmo é ainda muito lento e, pior, nos países desenvolvidos, essa era uma discussão que preocupava as autoridades  no século 19 . Para esses entendidos no assunto a questão da baixa infraestrutura em saneamento básico gera prejuízos de grande monta em diversas outras pontas.

         Além de problemas de ordem social, a falta de saneamento traz problemas também para as áreas ambientais, para os sistemas financeiro e principalmente para a estrutura de saúde , já que essas deficiências representam um aumento significativo na proliferação de doenças variadas. Se em questões de saneamento básicos andamos as voltas com a baixa universalização desses serviços, em educação esses problemas não são diferentes.

           Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OCDE, o Brasil é um dos países que menos gastam com alunos do ensino fundamental . Em compensação possui gastos com as universidades semelhantes a países do primeiro mundo.

         Estudo intitulado Um Olhar sobre a Educação, analisando 35 países mostrou que o Brasil gasta anualmente US$ 3,8 mil (R$ 11,7 mil) por aluno do primeiro ciclo do ensino fundamental ou menos da metade do que é gasto nos outros países  da OCDE que anda por volta de US$ 8,7 mil.

           Em recente matéria que escreveu para um jornal da capital, intitulado  “Afogamento e fuga de nossos cérebros” o senador pelo DF Cristovam Buarque que tem na educação sua principal bandeira política, levantou um problema ainda mais preocupante. Mesmo considerados baixos , em relação aos países desenvolvidos , os investimentos brasileiros ao longo de todas as etapas de ensino, que vão do básico à universidade e que consomem décadas de despesas e de esforços, acabam sendo perdidos na ponta final do processo, quando os poucos estudantes que chegam a concluir uma pós-graduação  e atingir o nível de conhecimento que os torna um pesquisador e cientista em sua área de estudo, pela precariedade variadas de condições , acabam por deixar o país em busca de melhores oportunidades no exterior.

          Essa fuga de cérebros, lembra o senador, equivale a perda de riquezas inestimáveis para o país, numa época em que a ciência, a tecnologia e a cultura representam o verdadeiro ouro do século XXI. Sem esses cientistas todo o processo de sua formação desses cérebros e os recursos escassos investidos na sua formação, e que fazem falta em outras pontas, é desperdiçado de forma grave para o Brasil, com as consequências que já conhecemos.

      Os brasileiros se revoltariam se tomassem conhecimento de que nossos governos estão omissos diante da destruição de parte de nossas minas, deixando que países estrangeiros levem uma parte de nossos minérios. Entretanto, nenhuma indignação é manifestada e nada é feito para impedir a fuga de cérebros” ,avalia o senador.

A frase que foi pronunciada:

“Sou otimista: se não consigo entrar por uma porta, tento outra porta. Ou então trato de construir uma entrada”.

Rabindranath Tagore, escritor indiano

Votos

Agradecemos aos leitores pelos votos de Boas Festas e por terem acompanhado e contribuído com a coluna por todo o ano. A todos desejamos um ano cheio de notícias mais agradáveis.

Vexame

Novamente tumulto em avião com a presença de políticos. Dessa vez a senador Gleice Hoffman foi alvo de protesto. Normalmente apenas uma pessoa assume os ataques. Dessa vez o avião aplaudiu o discurso.

Release

Os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe não conseguiram fazer o pagamento do 13º salário dentro do prazo para os servidores estaduais. Pela Consolidação das Leis do Trabalho o 13º pode ser pago em até duas parcelas, a primeira entre fevereiro e novembro e a segunda, até 20 de dezembro.

Pague-se

Completamente desnecessário o estrago feito na árvore da 314 norte em frente a barraquinha do chaveiro. Há multa para tudo, menos para quem acaba com dezenas de anos de vida de uma árvore.

Destruição

Outra coisa comum naquela quadra são os caminhões que atravessam pelas calçadas destruindo o que foi recentemente feito. Os moradores só assistem sem poder fazer nada.

Vigilância Sanitária

Em vários órgãos públicos, empresas e acreditem, em padarias e restaurantes, falta um tanque para lavar panos de chão. O pano é limpo na mesma pia onde é feita a comida, pizza ou onde todos lavam as mãos e escovam os dentes.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA 

Na W3, com o Eixo Monumental abriram uma vala anteontem. O serviço foi feito imediatamente. Fechada a vala, poucas horas depois veio outra turma, e abriu novo buraco na distância de oitenta centímetros do primeiro. (Publicado em 11.10.1961)

A Lombriga e o analfabetismo

Publicado em Íntegra

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

http://4seminariopromessas.blogspot.com.br
Foto: 4seminariopromessas.blogspot.com.br

         Na visão mesquinha e imediatista de grande parte das nossas lideranças políticas,  os investimentos realizados em educação sempre possuíram o mesmo potencial de retorno em votos daqueles investidos em água e esgotos encanados. Por se constituírem em gastos em obras que quase ninguém enxerga de imediato, seus resultados, em termos eleitorais e de visibilidade do político sempre foram consideradas escassas. Por isso, acreditam, mais vale investir em obras vistosas, com enormes placas metálicas destacando o nome do benfeitor em letras garrafais, para que todos vejam e se lembrem desse realizador na hora de depositar o nome nas urnas.

         O que esses prestidigitadores políticos parecem não entender é que obras de infraestrutura em saneamento básico e investimentos pesados na preparação de professores e na construção de escolas dignas do nome, por seus efeitos deletérios, possuem o poder de fixar na memória e na gratidão dos cidadãos atendidos o nome desse gestor em letras de fogo, gravadas diretamente na alma, principalmente nos mais novos.

         A falta de água e esgoto tratados, possuem  sobre os contribuintes, os  mesmos efeitos malignos que o analfabetismo produz . Saúde e educação são os maiores bens que um Estado justo pode devolver aos seus cidadãos.  Pouca saúde e muita saúva, os males do brasileiro são, já dizia o escritor Monteiro Lobato, há quase cem anos. A barriga cheia de lombrigas e cabeça vazia de ideias e de sonhos, os males históricos de nossas crianças são como uma marca indelével de nosso subdesenvolvimento.

         Ao relegarem a um plano menor de saneamento básico e educação o que nossas autoridades conseguem de fato é resolver seus problemas do presente em termos eleitorais e adiar sine die o futuro de muitos e, por tabela, do próprio país. Dados recentes revelam o quão distante ainda estamos da universalização ao acesso a água e esgoto tratados e á uma educação básica de qualidade, requisitos fundamentais a cidadania e sem os quais todo o resto é inútil, inclusive a existência do próprio Estado.

         Dez anos após entrar em vigor no país , a Lei de Saneamento básico ainda não conseguiu debelar esse  problema de saúde primária. Em 2017, metade da população continua sem acesso a sistemas de esgotamento sanitário. Dados do Sistema Nacional de Informações dão  conta que em 2015 mais de 100 milhões de pessoas não possuíam sistema de coleta adequados de dejetos, sendo que parte significativa desses esgotos eram lançados diretamente nos rios. O mesmo aconteceu com relação ao abastecimento de água tratada que avançou pouco desde 2007 quando a Lei 11.445 entrou em vigor. De lá para cá o acesso a água de boa qualidade passou de 80,9% para 83,3% em 2015, uma evolução ainda pequena para uma questão  tão grande. O problema está presente tanto nas áreas periféricas das grandes cidades como em alguns municípios, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Na região Norte esta situação é ainda mais grave. Apenas 49% da população tem acesso a abastecimento de água de boa qualidade, sendo que com relação a coleta de esgoto esse número fica em míseros 7,4%. Entre o Amapá,  com índices de coleta de dejetos de  3,8% e de abastecimento de água tratada de 34%, e o Distrito Federal há um abismo difícil de ser explicado á um estrangeiro. Na capital esses índices são de 95,6% e 84,5% respectivamente.

A frase que foi pronunciada:

“Temos duas escolhas nesta vida: uma é aceitar as coisas como são; a outra é assumir a responsabilidade de mudá-las.”

Denis Waitley, escritor americano

Desconto

Na Califórnia o transporte solidário é estimulado. Ao passar pelo pedágio, o carro que tiver mais de duas pessoas o motorista não paga.

Por justiça

Para não lotar as cadeias os juízes norte americanos apelam cada vez mais para as penas alternativas. Uma delas atingiu duas crianças e a mãe. Uma das crianças cortou o cabelo da coleguinha. O caso foi parar no tribunal. A pena para a mãe da garota que gostaria de ser cabeleireira foi cortar o rabo de cavalo da menina ali mesmo, no tribunal. A mãe fez o que o juiz mandou e protocolou uma reclamação contra o juiz criativo. Assim funciona um país onde a justiça atende quem não dorme em berço esplêndido.

ONG

Muitos norte americanos contribuem com a ONG https://www.childfundbrasil.org.br . Crianças de todo o país são apresentadas a seus padrinhos que pagam uma quantia simbólica por mês. Cartinha vem cartinha vai muita transformação na vida desses pequenos, que com o contato com os padrinhos conseguem vislumbrar uma vida melhor.

Consume dor

Vivenciando os altos dos preços nos aeroportos do Brasil o deputado federal pelo Ceará Vaidon Oliveira elaborou uma proposta que impede o abuso de cobrança nos alimentos em aeroportos. Uma garrafinha dágua por R$6 ou 3 pães de queijo por R$20 é realmente um roubo.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Finalmente, não há nada que eu admire tanto quanto o trabalho das senhoras que se dedicam à caridade, e, em toda oportunidade, o meu desejo tem sido simplesmente o de ajudar. (Publicado em 11.10.1961)

Vamos parar onde estamos

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Fonte: thoth3126.com.br
Foto: thoth3126.com.br

         Ainda está por ser fechada a conta total dos prejuízos ao país decorrente dos longos treze anos de governos petistas. Muito se tem propalado sobre as tais distribuições de renda e a retirada de milhões de brasileiros da faixa de pobreza. Dados recentes tem desmentido essas versões. Segundo o IBGE um em cada quatro brasileiros vive em condições de pobreza extrema.

          Dado a crise econômica prolongada experimentada pela nação desde 2014, não será surpresa que ao final dessa década, o número de cidadãos vivendo com extrema dificuldade terá aumentado significativamente, tornando a chamada herança maldita um fato não só a não ser esquecido, mas a ser tomado como lição por todos aqueles que, de algum modo, acreditam que caminhos populistas representam atalhos fáceis para o desenvolvimento e a superação das desigualdades.

       Se fosse esse apenas um caso de desilusão política passageira, capaz de ser superada com algumas medidas corretivas , tudo seria resolvido de forma pacifica e sem maiores traumas. Ocorre que o montante de recursos da nação,  empregado de forma errada e criminosa em aventuras, que tinham como pano de fundo a construção extemporânea de um socialismo caboclo nos mesmos moldes como o que foi feito na Venezuela,  arruinou de tal forma  o país, que muitas gerações terão passado até que a economia volte a  normalidade e as condições que detinha ainda no inicio desse século.

     Não se conhece ainda o montante que resultou da  aliança entre a má administração e a corrupção institucionalizada. Na esteira do que foi praticado pelo país afora, somente no Rio Janeiro o PMDB local, um dos coadjuvantes privilegiados da era petista, teria desviado do estado mais de R$ 500 milhões, sob o comando direto de Sergio Cabral. Obviamente que em âmbito nacional ainda é cedo para se conhecer o valor real expropriado da  sociedade.

      A parte visível dessa razia pode ser conferida diretamente no caixa das estatais, arruinadas pela gestão companheira e sob o olhar providencialmente displicente dos diversos órgãos de fiscalização. Empresas como a Petrobras, Eletrobras e Correios, para ficar apenas nessas três, foram exauridas em seus recursos em tal voracidade, que muitas ainda não quebraram por completo, porque contam com o dinheiro inesgotável do contribuinte para socorre-las nesses casos.

         As pilhas montanhosas de dinheiro devolvidas por Operações policiais como a Lava Jato, representam apenas uma ínfima parte desse dinheiro que desapareceu numa ponta e ressurgiu no bolso de alguns sob as mais criativas formas. Favores, apartamentos dados e usados como cofres, malas de dinheiro em aviões, contas no exterior, joias, pedras preciosas, e por aí vai.

         Queira ou não esse foi um período para não se esquecer. Mais do que isso, esse foi um tempo para se retirar lições preciosas e que , no futuro, será de grande valia para prevenir episódios semelhantes e principalmente para ser transmitido aos mais jovens e a todos aqueles que acreditam que o caminho  reto na administração da coisa publica, não é necessariamente o mais fácil e prazeroso.

A frase que não foi pronunciada:

“A velha política só existe porque há eleitores que a endossam.”

Urna pensando.

Oeste 3

Observando o trato que governos de cidades importantes pelo mundo dão ao turismo fica mais difícil compreender a indiferença do GDF nos últimos 30 anos com a W3. Um lugar potencialmente atraente que poderia ficar fechado à noite com mesas e cadeiras nas calçadas, bares e restaurantes com tranquilidade dando as boas vindas aos visitantes e aos moradores.

Nada

Aliás é bom lembrar que mesmo um concurso para revitalizar aquela área nada adiantou.

Em nada

Apesar de todo o esforço que vem sendo feito pela equipe do atual governo, a população, já sabe de antemão, que de nada adianta começar a reforma da casa pelo telhado, principalmente quando se sabe que o terreno é pantanoso.

Sem reguladora

Quando Elici Bueno, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor disse que “o risco mais grave para o consumidor é de ficar sem acesso à internet fixa. Se as teles forem autorizadas a vender livremente o bem que hoje é do cidadão, milhões de lares ficarão desconectados e à mercê de preço e qualidade ditados e manipulados pela iniciativa privada.” O que se vê constantemente é  a venda de um pacote de internet longe da velocidade prometida, com constantes quedas e falhas no sistema. Somos tão resignados e até ingênuos que quando uma operadora inventa um aplicativo para controlar os sinais emitidos achamos o máximo.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Não somos a favor do caruncho nem dos ratos, mas não aceitamos, também, a hipótese de ver o alimento se estragar pela falta de utilização, principalmente, numa cidade onde há fome. (Publicado em 11.10.1961)