Uma rosa ainda com muitos espinhos

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Arte: Débora Islas/CLAUDIA

 

Dados fornecidos pelo Núcleo da Violência da Universidade de São Paulo (USP), em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, indicam que, a cada duas horas, aproximadamente, uma mulher é morta de forma violenta em nosso país. No mapa mundial, esse número passa para uma mulher morta a cada 10 minutos, segundo a UNWoman. O grau de violência que tem, nas mulheres, de todas as idades e das mais variadas camadas sociais, seu principal alvo, demonstra, de forma cabal, que existe em nossa população uma patologia e uma anomalia de tal proporção que não seria exagerado considerar que a sociedade brasileira parece rumar para sua própria desintegração.

Observem que esse é um dado verídico que apresenta apenas aqueles casos que culminaram com a morte, de forma absolutamente criminosa, de mulheres. Se formos levar em conta também as denúncias feitas formalmente por mulheres que foram vítimas de violência doméstica, de ameaças e de assédios sexuais, de estupros e mesmo assédios morais praticados nos locais de trabalho, os registros não deixariam dúvidas de que ser mulher nesse país é uma missão que envolve altíssimos riscos.

O que mais chama a atenção nesses dados é que esse tipo de crime vem aumentando a uma taxa de quase 10% ao ano, isso, de acordo apenas com as estatísticas oficiais. Ocorre que esse tipo de violência, quando praticada por pessoa da família, não chega, sequer, a ser denunciada às autoridades. Daí que muitos acreditam que os dados reais, relativos às práticas de violência contra as brasileiras, são estarrecedores. De tão recorrentes e bárbaros, foi preciso o estabelecimento de um novo tipo de crime, no caso, o feminicídio, como forma de conter essa escalada de violência.

Infelizmente, a criação de delegacias especiais para o atendimento de mulheres e mesmo o advento de Leis como a Maria da Penha e a inclusão do feminicídio como crime hediondo, com endurecimento severo nas penas, não tiveram o condão de abrandar os registros de violência praticada contra as mulheres no Brasil.

Além da violência física e moral, as mulheres são vítimas também de uma outra forma de crime, aceita por muitos como fatos de menor importância, mas que demonstra um certo comportamento misógino enraizado em nossa cultura a séculos. As discriminações no ambiente de trabalho, com as diferenças salarias entre homens e mulheres e as oportunidades diferentes de crescimento dentro da profissão, evidenciam essas injustiças, mesmo em pleno século XXI.

Um outro caso de flagrante discriminação contra as mulheres ocorre durante todas as eleições. Para burlar a lei eleitoral que obriga uma cota mínima de 30% de mulheres na lista de candidatos ao Legislativo, muitos partidos passaram a adotar a estratégia de candidaturas do tipo laranja, na qual mulheres são inscritas, não realizam campanhas e devolvem o dinheiro do fundo eleitoral e partidário diretamente para os caciques desses partidos, que dão a destinação que bem querem a esses recursos públicos. Com isso, a representação feminina no Congresso e nas Assembleias Legislativas permanecem desiguais, em torno de 30%, isso para um país onde, em cada dez habitantes, 5 são do sexo feminino.

Esse fato não é apenas um desrespeito e um crime praticado contra as mulheres, mas um grave delito contra a própria democracia representativa e o futuro do país.

 

A frase que foi pronunciada:

“Leolinda, Bertha e Almerinda pavimentaram o caminho pra que Celina Guimarães, a primeira eleitora; Eunice Michiles, a primeira senadora; Alzira Soriano, a primeira prefeita; e tantas outras que vieram depois participassem efetivamente da política brasileira. Cada movimento delas foi essencial pra que o direito ao voto se tornasse uma realidade na política do país.”

Do Instagran TSEJUS

Ilustração: reprodução da internet

 

Decepção

Satisfeita com a visita de familiares que moram por toda parte do mundo, Gisele Alvarenga resolveu ciceronear os genros e noras para conhecer Brasília. Começou pelo Palácio da Alvorada, onde todos podiam chegar perto do vasto gramado, ver as aves criadas por ali. Não é mais assim. Tudo impossível de se aproximar. Até a Catedral estava fechada. Itamaraty nem pensar. Torre digital? Viagem perdida. Apesar do aumento de turistas, a capital da República não tem sido uma boa anfitriã.

Torre de TV. Foto: Roberto Castro/Mtur

História de Brasília

As chuvas desta madrugada danificaram , em parte, o jardim do trevo da Igrejinha. A tela colocada sôbre a grama, entretanto, evitou maior desastre. (Publicada em 27.04.1962)

Enquanto o mundo é gentil

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa durante conferência climática da ONU COP28, em Dubai 01/12/2023 (Foto: REUTERS/Thaier Al Sudani)

 

Principalmente em fóruns internacionais, onde as mídias sociais interligadas mostram, em tempo real, para todo o mundo, que andamos ainda, desde o século 16, em círculos, em busca de uma identidade como nação, poupe-nos dos vexames e não deixeis que nossas autoridades caiam em tentação de acharem que são mais espertas do que o resto do mundo. Livra-os também do vício da mentira. E não permita que cenas patéticas, de choro sem sentimentos, criem, no imaginário do mundo, uma ideia errada do que somos como povo.

Orando dessa forma, quem sabe, Deus e o mundo possam nos redimir da falta de compromisso e seriedade com que nossos representantes encaram as mais urgentes agendas e compromissos globais. Pior é que, para não ficar feio e deselegante, o mundo finge acreditar.

No íntimo, o mundo sabe que nossa floresta tropical, por sua imensidão territorial e pela falta de zelo histórico com que cuidamos desse patrimônio, pertence tanto ao Estado Brasileiro quanto a centenas de ONGs que agem no local, como aos madeireiros financiados por indústrias internacionais, aos garimpeiros, aos contrabandistas de espécies vegetais e minerais, às mineradoras multinacionais, às facções criminosas que operam naquela região e a muitos outros parasitas que, por aquelas bandas, vagueiam em busca de riqueza fácil.

A Amazônia é do mundo. Caiu na vida. É uma espécie de Geni verde. Só os satélites mostram a situação com precisão. Quase um quinto da Floresta Amazônica já desapareceu e apresenta hoje uma realidade quase irreversível. Ainda assim, as motosserras não param de zunir dia após dia. O mundo sabe desse problema e o compara com o que dizem nossas autoridades dos altos das tribunas. E não adianta culpar os fenômenos da natureza.

Discursos para o mundo, com promessas de que a onda de desmatamento cessará em 2030, juntamente com a Agenda da ONU, não encontram respaldo interno pelas condições precárias da economia do país e, tão pouco, contam com o entusiasmo das autoridades, muitas delas pouco afeitas às questões ambientais e aos desafios dessa natureza.

É preciso combinar antes com esses atores, que lá estão dilapidando essas riquezas, e com os políticos dessas regiões, que fingem nada saber. Mesmo diante de tantas promessas em favor de uma economia verde, bastou um convite, feito pelos xeques do petróleo no mundo, para que o Brasil, por meio da Petrobras, faça parte do grupo da Opep+ e para que os olhos de nossas autoridades brilhassem como ouro faiscando e caíssem as fantasias.

Com escritório em Cingapura, que atua no Oriente Médio e em outras regiões, como a China, a Índia e o Sudeste Asiático, a Petrobras opera com commodities petrolíferas. Às favas, a preservação e as emissões de gases do efeito estufa, provocados pela queima de produtos fósseis. A adesão àqueles que representam os antípodas do combate aos efeitos estufa veio da forma mais singela e marota: “Acho importante a gente participar, porque a gente precisa convencer os países que produzem petróleo que eles precisam se preparar para o fim dos combustíveis fósseis, e se preparar significa aproveitar o dinheiro que eles lucram para fazer investimento… Porque se a gente não criar alternativa, a gente não vai poder dizer que vai acabar com os combustíveis fósseis”, disse o presidente.

 

A frase que foi pronunciada:
“Não podemos fingir que há algo como petróleo verde”

James Gooder

Charge do Amorim

 

Burocracia
Ainda há, no serviço ao público brasileiro, aquele sorriso mefistofélico em dizer que a documentação está incompleta, que não há atendimento naquele local, que, nesse caso, a unidade é outra… O portal Reclame Aqui é uma arma poderosa.

Tirinha: Mauricio Rett

 

Atraso
Nada do Registro de Identidade do Cidadão. Na verdade, o brasileiro pode tirar uma carteira de identidade em cada estado do país com um número diferente.

Arte: pefoce.ce.gov

 

História de Brasília

Atitudes de homens de bem que não pactuam com desonestidades. Essa decisão mostra que a cidade foi construída com entusiasmo patriótico, e não para fins de aproveitamento. Agora, quando surgem os desonestos, é preciso que se apure tudo até o fim, para que não se jogue lama em nomes que não merecem, e que valem pelo muito que deram na construção da cidade. (Publicada em 27/3/1962)

Sobreviventes

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Mulheres e crianças yanomami em Surucucu, na Terra Indígena Yanomami. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

Ao longo dos últimos quinhentos anos, o contato entre brancos e índios tem sido, no Brasil, claramente nefasto para essas populações autóctones. A começar pelo processo bruto da aculturação como imposição ou sujeição sócio-cultural, resultando, daí, em muitos casos, no chamado etnocídio ou na destruição dos traços culturais de uma etnia. Essa história, iniciada candidamente nas missões dos primeiros jesuítas do século XVI (por meio dos métodos de catequização dos povos indígenas), prosseguiu em todo continente americano com a utilização de métodos e outras estratégias que, ao final, resultaram na quase completa destruição dessas antigas sociedades.

Dos cinco milhões de índios que habitavam o Brasil à época do descobrimento, pouco mais de 450 mil restaram atualmente, espalhados por 650 diferentes áreas, abrigando pouco mais de 225 etnias ou sociedades. Se, ao longo dos séculos, a dizimação desses povos, considerados “sem alma” pelo homem branco, foi feita de maneira direta e sem subterfúgio, hoje esse processo continua silencioso por meio da assimilação desregrada de hábitos e vícios da cultura branca pelos indígenas.

Na Constituição brasileira, promulgada em 1988, denominada por seus autores como a Carta Cidadã, diz, em seu artigo 231, que: “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.” Com isso, fica, pelo menos no texto de nossa Lei Maior, consagrado o direito dos indígenas de manter e preservar suas terras, assim como sua cultura, seguindo assim o que mais esses povos respeitam e seguem, que é a tradição ancestral.

De fato, desde sempre, antropólogos, sertanistas e pesquisadores, devotados às causas indígenas, sempre fizeram questão em frisar que não existe índio sem terra. Trata-se de um binômio que deve merecer, das autoridades e de todo o brasileiro que se preze, o maior respeito e aceitação. Cabral, no século XV, oriundo de que viria a ser a futura metrópole do Brasil, foi o primeiro invasor oficial das terras indígenas. A ele, seguiram-se milhares de outros ao longo dos séculos, numa cruenta realidade que persiste ainda hoje, em pleno século XXI. Vamos acumulando quase seis séculos de ignomínia contra os que seriam os verdadeiros donos dessas terras.

Hoje, ao lado dos antigos métodos de envenenamento dessas civilizações, a falta de infraestrutura de saneamento básico, principalmente com relação à água potável, tem provocado a morte de uma criança indígena a cada três dias, vitimada por diarreias e outros males.

Nossa omissão em relação a esse tema torna-nos partícipes desse atentado contra os primeiros e mais legítimos brasileiros de todos, e nos coloca, aos olhos do mundo, como sendo os verdadeiros selvagens, indiferentes e insensíveis à delicadeza e à sofisticação desses povos. O conceito de assimilação, ainda presente na concepção de muitos e que prega a tese de que os indígenas formam uma categoria social transitória, ou seja, destinada a desaparecer com o tempo, quer por processos de aniquilamento, que é o que temos visto ao longo de toda a nossa história, ou, simplesmente, vítimas do fenômeno da assimilação por parte do homem branco, também chamada de aculturação, parece ter sido superada, em parte, pela atual Constituição.

Por sua importância, não apenas para os próprios indígenas, mas para toda a nação, essa é uma questão histórica que deveria merecer maior engajamento de todos os brasileiros, tanto para pacificar um assunto secular, como para demonstrar ao mundo que já podemos nos considerar um povo civilizado, apto a solucionar, de modo plenamente satisfatório e justo, nossos próprios problemas, principalmente esse que nos remete a nossa própria formação como nação.

É do alheamento de muitos de nós, que se valem os madeireiros, os garimpeiros e muitas ONGs para prorrogar o que tem sido visto, aos olhos do mundo, num crime que, direta ou indiretamente, está sendo cometido por cada um de nós.

 

A frase que foi pronunciada:

“O que fere a terra, fere também os filhos da terra.”

Trecho atribuído à Carta do Chefe Seattle, da tribo Duwamish, do Estado de Washington, nos Estados Unidos

Cacique Seattle em 1860 – Wikimedia Commons

 

Chefe Seattle

José de Arimatéia Dantas Lopes é o reitor da Universidade Federal do Piauí, que criou um Manual de Libras para Ciências. São terminologias da ciência que precisam ser aprendidas durante o curso. O manual está no link a seguir para quem se interessar: Manual de Libras para Ciências: A Célula e o Corpo Humano

 

Na conta

Muitos clientes da Claro têm passado por problemas de conexão. A empresa informou que, na conta, há a discriminação da falta de Internet com desconto.

Logo: claro.com.br

 

Revisão urgente

Por falar em Internet, nem sempre os números telefônicos disponíveis nos sites dos hospitais são atualizados. O transtorno para descobrir um número para atendimento é grande.

 

 

História de Brasília

Em vista disso, os diretores acharam conveniente deixar a Comissão mais à vontade, para que examinem, também, seus atos anteriores, muito embora não conste isto da portaria que a nomeou. (Publicada em 24.04.1962)

O novo sempre vem

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Charge do Baggl publicada no jornaldebrasilia.com

         Dizem que o tempo não espera por ninguém. Nem por coisas, nem por pessoas. Camões já dizia com muito propriedade: “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Muda-se o ser, muda-se a confiança: Todo o mundo é composto de mudanças.” O que se é hoje, já não se é amanhã. Em política, então, essa noção de tempo é ainda mais veloz. A velocidade com que projetos políticos envelhecem só tem paralelo com a rapidez com que as nuvens brancas dançam, varridas pelo vento deslizando no céu azul.

         O tempo também não espera pelo homem público, nem pela política. Não por outra razão, é possível observar a rapidez com que figuras do nosso mundo político deixam de interessar aos eleitores. Tudo tem seu tempo de existir e brilhar e os políticos não escapam dessa ação desgastante e contínua do passar dos dias, pois são obrigados a ficar em exposição permanente.

         Essa ação transformadora ajuda a trazer, para o cenário nacional, novos eleitores, mais ou menos engajados, mais ou menos interessados. Mesmo as estruturas partidárias, engessadas pelas vantagens públicas, cheias de teias de aranha e mofo, uma hora qualquer se veem diante da encruzilhada fatal: ou mudam ou desaparecem no anonimato. Partidos que, em um passado recente, eram proclamados como as maiores legendas políticas do continente, hoje, são só lembranças desbotadas pelo tempo. Seus principais personagens ou estão esmagados pela ação da idade, ou simplesmente deixaram esse mundo para trás.

         Em nosso país, o perfil do eleitorado muda mais rápido do que os edifícios partidários. A verdade cruel é que novos eleitores já não se identificam com as velhas legendas, nem tampouco com os velhos caciques.  O elemento que poderia trazer mais dinâmica e sobrevida às legendas políticas seria a reforma da própria política. Mas esse movimento necessário encontra barreiras naqueles que ainda sobrevivem da velha política e de seus benefícios.

         Ainda fazemos política como no início do século passado, na base da negociação de vantagens. O toma lá dá cá, embora ainda funcione a todo o vapor e em pleno século XXI, é um modelo antigo, que os novos tempos identificam como fator de atraso e subdesenvolvimento. Personagens da nossa vida política, que, nesse momento, estão em atuação, ajudando ou mesmo prejudicando o país, eles, com toda a certeza, passarão. Ficarão, talvez, os bons exemplos a serem aproveitados no futuro e as más ações também a servirem de lição e precaução em não repetir erros. Mesmo a insistência com que alguns recorrem hoje às velhas práticas na política, também essa deixará de existir. A mania em repetir velhos projetos, na vã esperança de que, dessa vez, dará certo, também irá cessar, deixando para trás uma vasta planície de escombros e lições.

          A reforma política se tiver que vir, que venha o quanto antes, pois também ela tem seus dias contados para envelhecer. Se servem de consolo, é preciso lembrar Mateus (9:16,17): “ninguém coloca remendo novo em roupa velha, nem vinho novo em odres velhos.” Mais uma vez, o ano novo começa a dar sinais de que irá despontar no horizonte distante.

         Em tempos assim, o desejo de mudança reascende a esperança de que um novo modelo de fazer política parece se aproximar. Que venham logo esses bons ventos de mudança, antes que envelheçam também.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Não é o poder que corrompe, mas o medo. O medo de perder o poder corrompe aqueles que o exercem e o medo do flagelo do poder corrompe aqueles que estão sujeitos a ele.”

 Aung San Suu Kyi

Aung San Suu Kyi. Foto: Kham/Pool Photo via AP

 

Voo

Não há normativos da ANAC que mantenham, por segurança, médicos em voos. Nem há protocolo que obrigue as empresas aéreas a providenciar medicamentos para episódios alérgicos, de engasgos ou mesmo para os primeiros socorros a um enfartado.

Agência Nacional de Aviação Civil. Foto: Aílton de Freitas/Agência O Globo

 

Feitiço contra

Por falar em avião, uma senhora revoltada gravou uma cena em pleno voo onde uma passageira sentada à janela se recusou a ceder o lugar para uma criança que fazia birra para viajar com vista para as nuvens. O resultado não foi o esperado para a mãe do reizinho mandão. O vídeo já passa de um milhão de visualizações e, nos comentários, todos relembram os efeitos positivos da palmada na hora certa, na intensidade certa e no lugar certo.

 

Uma pena

Que venham todas as críticas para os colégios militarizados. Mas que seja reconhecido o desempenho dos alunos de Colégios Militares nas Olimpíadas de Matemática. São tão bons, que ninguém, além deles, consegue subir no podium.

Emanuel Lopes leva troféu por gabaritar prova de raciocínio lógico, em Olimpíada Global de Matemática na Tailândia. Foto: Acervo pessoal (soubh.uai.com)

 

História de Brasília

Os diretores da Novacap, drs. Balallay May, Jaime Almeida e Vasco Viana de Andrade enviaram expediente ao Prefeito Sette Câmara, solicitando o afastamento de tôda a diretoria, até que termine o inquérito mandado instaurar. (Publicada em 24.04.1962)

Em busca da nascente

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Charge do Duke

         Questionar tem sido o leitmotiv a impulsionar o ser humano em direção a um processo contínuo de evolução. Ao perder essa característica e se entregar a crenças exaladas por uma espécie de manada uniforme e pasteurizada pelo medo, o ser humano se vê entregue às forças aleatórias do destino, levado de um canto para outro e retornando sempre ao mesmo lugar.

         O indivíduo não é uma folha seca a ser varrida pelos caprichos do vento. Ao perder a capacidade de interrogar, aceitando tudo como inexoravelmente certo e definitivo, perde-se também a razão de viver, pois viver é, sobretudo, questionar o mundo incessantemente.

         O estopim do ódio às diferenças começa quando a verdade dos fatos é posta em segundo plano e passa a ser entendida sob a lupa de crenças e emoções de parte das massas. O que resulta dessa interpretação é o que chamamos hoje de pós-verdade. Pior ainda, é que essas crenças, constantemente insufladas, conduzem a manipulação de opiniões públicas, transformadas agora num tipo de formigueiro gigante, cujo único objetivo é a sobrevivência.

         Analisada por este ângulo distópico, é assim que são constituídas as massas que vivem sob os regimes autoritários. Neste sentido, são corretas as ilações que nos levam a aceitar, como fato, que a Constituição de 1988, experimenta hoje sua fase de pós-verdade. O atraso na regulamentação de muitas leis contidas na Carta de 88 abriu brechas para que sua implementação plena ficasse submetida a interpretações emocionais e a crenças induzidas e entorpecidas com vieses políticos. Daí o sentido de pós-verdade constitucional.

         Fosse vivo hoje, o saudoso Ulysses Guimarães, o timoneiro daquela Constituição, teria imensas ressalvas a fazer, se não críticas severas a esses descaminhos tomados por ganchos de piratas à Carta Cidadã. O princípio básico diz que a aceitação da Constituição pelos cidadãos deve ser feita com base no respeito e na civilidade. Aceitá-la com base no medo e na repressão não é uma boa receita para a paz em sociedade. A polarização política que o país vivencia hoje tem muito a ver com a essa pós-verdade constitucional.

         A percepção de que o país ruma para um impasse perigoso é dada tanto pela pós-verdade constitucional como pela divulgação das chamadas fakenews, embora sejam conceitos diferentes. O fato é que parte da população, nestes tempos em que a verdade vai sendo deixada para trás, à beira do caminho, prefere se identificar com notícias que melhor soam aos seus ouvidos e se adaptam aos seus conceitos.

         É preciso compreender, neste momento da nossa história, que a fonte por onde jorra a torrente de mentiras é difusa, embora tenha maior volume justamente onde o poder é maior. Fôssemos em busca da nascente das fake news, como, tempos atrás, exploradores procuraram as nascentes do Nilo ou do Rio Amazonas, veríamos que a origem desses grandes cursos d’água estão bem debaixo de nossos narizes. Em termos de localização geográfica, dentro do mapa que traça paralelos e meridianos, é certo que a nascente desse nosso rio hipotético e maléfico situa-se a 15º50’16’’ de latitude sul e a 47º42’48’ de longitude oeste, no chamado Planalto Central.

         Para os pouco afeitos a coordenadas geográficas, a indicação é que a nascente principal desse rio da discórdia está localizada aos pés do grande monumento à deusa Thêmis, uma obra do escultor Alfredo Ceschiatti (1918-1989). É ali, e não em outro sítio, que brotam as águas turvas desse rio.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Se todos estiverem avançando juntos, o sucesso cuidará de si mesmo”.

Henry Ford

Henry Ford (1863-1947). Foto: Getty Images

 

Sobe

A escadaria do Pátio Brasil traz, no corrimão de metal, a inscrição dos andares. Uma delicadeza que não se vê comumente em iniciativas de inclusão.

Foto: arquivo pessoal

 

Faça-se a luz!

Kim Lima, Diretor de Comercial e Marketing da Evolua Energia, traz solução eficiente para eletrificar comunidades remotas no Brasil, onde mais de 990 mil pessoas ainda vivem sem acesso à eletricidade, segundo o Ministério de Minas e Energia. Texto na íntegra, a seguir.

 

 

História de Brasília

Edifício do Banco do Brasil tem 350 quilômetros de fios e mais de vinte quilômetros de luz fluorescente. (Publicada em 21.04.1962)

Dia importante para o país

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Manifestantes presos no dia 08 de janeiro de 2023. Foto: Reprodução/ Redes sociais

 

Nesta próxima terça-feira (29), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados terá, pela frente, a discussão de uma pauta do tipo dinamite e que tem todo o potencial para mudar os rumos da atual política nacional, dando início a um movimento de reabilitação e mesmo de justiça plena tantos aos supostos golpistas do 8 de janeiro, como ao ex-presidente Bolsonaro, cassado em seus direitos políticos num julgamento relâmpago e  por uma acusação sem amparo na racionalidade.

O relator do parecer sobre a anistia aos arrolados nessa história Kafkiana mal contada, o deputado Rodrigo Valadares (União-SE), recomendou a absolvição aos envolvidos nessa ardilosa trama político-jurídica. Pelo parecer do relator junto a CCJ, a anistia deve abranger, além do perdão por crimes previstos no Código Penal, o perdão por crimes previstos no Código Penal relacionados às manifestações; o cancelamento de multas aplicadas pela Justiça; a manutenção dos direitos políticos e a revogação de medidas, transitadas em julgado ou não, que limitem a liberdade de expressão em meios de comunicação social e em redes sociais. Caso a proposta venha a ser aprovada na CCJ, a medida deve ser aplicada a todos aqueles que participaram daqueles eventos antes e depois de 8 de janeiro. Além disso, o parecer passa a definir, como abuso de autoridade, a instauração de procedimento investigatório relacionado aos atos descritos pela anistia.

Justificando sua proposta, o deputado Rodrigo Valadares afirmou que aquelas manifestações, provocadas pelo efeito manada, deram-se em razão da indignação dos derrotados naquelas conturbadas eleições. O fato é que, e aqui se trata da opinião livre e desembaraçada desta coluna, os imensos acampamentos armados em frente aos quarteis incomodavam enormemente o presidente eleito e proclamado pelo TSE.

Essas manifestações pacíficas e espontâneas da população mostravam, ao país e ao mundo, que os resultados das sacrossantas urnas eletrônicas não eram completamente absorvidos por grande parcela dos brasileiros. O país estava dividido e conflagrado. Esses movimentos de cunho patriótico retiravam completamente o brilho da vitória do candidato e, até certo ponto, questionava o próprio pleito. Como mostram reportagens da época, o próprio presidente, pressionado e acuado pela situação inusitada, ligou pessoalmente para o General Gustavo Dutra, então chefe do Comando Militar do Planalto (CMP), ordenando que, segundo disse o próprio militar na CPI dos Atos Antidemocráticos da CLDF, “isolasse a área e prendesse todos que ali estavam na noite de 8 de janeiro”. “General, disse o presidente, são criminosos. Têm que ser todos presos, isole a área e prenda-os pela manhã.” Ainda de acordo com o depoimento desse militar de triste memória, a estratégia do então governo era desmotivar os bolsonaristas inconformados e acampados em frente aos quarteis de todo o país.

Como em outros casos da nossa história, somente o tempo e a distância dos acontecimentos terão o condão de colocar as coisa em seu devido lugar, condenando aqueles que merecem e absolvendo aqueles que foram maldosamente usados nessa trama mal explicada e cheia de segundas intenções. O relator da anistia disse ainda, em seu parecer, que aqueles episódios foram tratados pelas altas cortes com “um rigor excessivo e sem critério legalista e garantista, resumindo-se a deliberar de acordo com critérios ideologicamente punitivistas.” Para ele, a aprovação de sua proposta pode contribuir e devolver o Brasil a um novo tempo de maior maturidade política, de convívio com os diferentes, de garantia à liberdade de expressão e um resgate da presunção de inocência no ordenamento jurídico do país.

Ao presidente da República cabe, antes de tudo e de quaisquer outras virtudes, o desejo firme de pacificação do país, não nos discursos políticos, mas na ação e na prática. Nenhuma outra herança política pode ser maior e mais profundamente duradoura do que o restabelecimento da harmonia nacional.

Para interlocutores desta coluna, como fontes preservadas, a questão da anistia política é um assunto tão sério que não deveria ser confiada apenas aos políticos, mas submetida à ampla e insuspeita apreciação popular por meio de consulta do tipo referendum. O que parece chamar mais atenção em todo esse caso é que as esquerdas para quem o instituto da anistia política foi fundamental para o regresso da democracia em nosso país, clamam agora pela não adoção dessa mesma medida contra as correntes da direita. É nesse tipo de esquizofrenia, que assistimos aos entreveros da política nacional, procurando racionalidade num ambiente já desprovido de calor humano e de quaisquer traços de civilização.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Justiça é a verdade em ação.”

Benjamin Disraeli

Benjamin Disraeli. ©Georgios Kollidas/Fotolia

 

Cuidado

A seguir, a foto do desleixo que acontece no parque Olhos D’Água. Tanto dos frequentadores que jogam lixo onde não devem, quanto da limpeza que parece não ser constante.

 

 

História de Brasília

Em três anos trabalho foram construídos setecentos mil metros quadrados, o que equivale a mais de 694 metros por dia. Brasília possui, hoje, um milhão e meio de metros quadrados de asfalto considerado de primeira. (Publicada em 21.04.1962)

Um tempo para ser feliz

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Reprodução da internet

 

Uma das consequências observáveis da evolução humana ao longo da história dessa espécie é que, quanto mais as características do homo sapiens iam se moldando, mais e mais era prolongada a fase infantil. O prolongamento da fase infantil, em que o ser humano passa a tomar contato com o mundo a sua volta, é um fator por excelência a permitir a evolução de toda a sua estrutura cognitiva, social e emocional.

Hoje, já se sabe que a infância desempenha um papel fundamental para a saúde humana e pode determinar todo o futuro de um indivíduo. Povos que outrora e ainda hoje experimentam uma fase infantil longa e adequada, são também os que aparecem entre os mais bem sucedidos e realizados da nossa espécie. Não é por outra razão que entre os indivíduos considerados mais felizes e realizados estão justamente aqueles que experimentaram uma longa e saudável fase infantil. Também não é por acaso que muitos governos na atualidade devotam seus esforços para garantir políticas públicas que protejam e estimulem a população infantil a desfrutar, sem percalços, dessa importante fase.

Não chega a ser exagero também afirmar que a infância é uma das principais fases da vida humana. Qualquer problema mais grave nessa fase irá acarretar consequências graves para o futuro. Muitas vezes irreversíveis. Infelizmente. o mundo moderno e urbano, cada vez mais desligado das coisas simples e da natureza, parece caminhar no sentido oposto, obrigando as crianças a se submeter a jornadas de tarefas que começam logo ao amanhecer e se prolongam até a noite.

Nessas rotinas, as atividades lúdicas ficam restritas ao mundo virtual dos computadores. Para os menos favorecidos, a infância termina bem cedo. É possível ver, em nossas cidades, crianças de todas as idades trabalhando nas mais diversas atividades. Não importa aqui se rica ou pobre, o fato é que submeter as crianças a tarefas estressantes, reduzindo ou, simplesmente, acabando com a natural fase infantil, é o caminho mais curto para gerarmos adultos estressados, deprimidos e com aptidões tolhidas.

Segundo a Unicef, estudos científicos têm demonstrado que as primeiras experiências vividas na infância, bem como intervenções e serviços de qualidade ofertados nesse período, estabelecem a base do desenvolvimento humano.” A neurociência comprova que o cérebro da criança pequena tem uma grande plasticidade, ou seja, está sempre aprendendo e é sensível a modificações, particularmente nos primeiros 1.000 dias, desde a concepção até os 2 anos de idade. Nesse período, o desenvolvimento cerebral ocorre em uma velocidade incrível: as células cerebrais podem fazer até 1.000.000 de novas conexões neuronais a cada segundo – uma velocidade única na vida.”

Para os que buscam causas dos fenômenos sociais como a criminalidade, os pesquisadores já demonstraram que uma infância sadia é fator importante para afastar os indivíduos da violência e dos crimes. Dizem, com muita propriedade, que a infância saudável seria a única fase na vida de um indivíduo em que ele experimentou a verdadeira felicidade. Outros dizem que a felicidade, o objeto mais insanamente perseguido pelos seres humanos, nada mais é do que resquícios ou lembranças fugáveis da infância.

Houve um tempo em que se acreditava que rico era aquele indivíduo que possuía o tesouro do tempo. Hoje, começamos a suspeitar que esse tesouro, muitos de nós, abandonamos ao lado de uma estrada florida que nos ligava à infância. De fato, em nossa infância, o tempo parecia andar de mãos dados conosco e não tinha pressa em se evadir. Os dias eram longos e as noites mais ainda. Esse era tesouro que possuíamos sem saber e que, para muitos de nós, ainda é precioso como pedra rara.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Brincar é frequentemente falado como se fosse um alívio do aprendizado sério. Mas para as crianças brincar é aprendizado sério. Brincar é realmente o trabalho da infância.”

Fred Rogers

Fred Rogers. Foto: reprodução da Netflix

 

Livro de cabeceira

Aclamada pela crítica desde os primeiros passos no palco, a pianista Magdalena Tagliaferro deixa um livro de memórias intitulado “Quase tudo…”. Escreveu-o em francês e foi traduzido para o português pela pianista e tradutora Maria Lúcia Pinho. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1979.

Reprodução da internet

 

Droga e Educação

Por falar em piano, no auditório Neusa França, na Sede da SEEDF, haverá um ciclo de palestras de Prevenção à Dependência Química. A discussão será sobre estratégias para a prevenção e ações para o impacto quanto ao uso de substancias químicas no âmbito da Secretaria de Estado de Eduçaão do DF. No dia 20 de setembro, de 8h30 as 12h. Mais detalhes a seguir.

 

 

História de Brasília

Nesta época do ano, há uma onda de resfriado da cidade. Nos adultos, provoca rouquidão, e nas crianças, dificuldade de respiração. A Secretaria de Higiene informa que não há sinal para alarme. Basta manter a criança no banheiro durante uma hora, com as torneiras de água quente abertas, para provocar maior umidade no ambiente. (Publicada em 18.04.1962)

                       Em Estado de bisbilhotice

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VISTO, LIDO E OUVIDO
*Criada por Ari Cunha DESDE 1960
Interina: Circe Cunha          

 

Todo o cuidado é pouco quando o assunto é imunidade cidadã no Brasil ou mais precisamente privacidade e direito ao sigilo e a toda a informação sobre a intimidade fiscal, financeira e de opinião. Esses cuidados devem ainda ser aumentados caso o cidadão seja um idoso ou pessoa, digamos, sem costas largas, distante e desconhecido pelas elites instaladas no poder.

A cada dia que passa o brasileiro vai assistindo seus direitos a confidencialidade de dados (bancários, fiscais e outros) serem diluídos ou simplesmente ignorados pelo Estado. Há quinhentos anos atrás o bardo Camões já protestava sobre essa questão da seguinte maneira: “leis em favor dos reis se estabelecem. E as em favor do povo só perecem.” Tolo é aquele cidadão nacional que ainda acredita ter seus dados pessoais protegidos e resguardados em segurança.

Numa democracia de direito, onde todos recebem o mesmo tratamento e cuidado das leis, o sigilo representa uma pedra angular capaz de assegurar a própria cidadania. Uma vez rompida a confiança, depositada pelo cidadão, de que seus dados são protegidos por lei, dificilmente ela será novamente restabelecida. Nesse caso, para se proteger dessas intromissões indevidas e da própria espionagem estatal, os indivíduos passam a buscar outros meios de administrar seus dados, mantendo-os, o máximo possível, longe da bisbilhotice obscura do Estado e dos sistemas de mercado em compras e pagamentos.

Essa situação também se repete e de modo até mais explícito nas redes sociais, onde o Estado, autodenominado agora tutor das liberdades individuais, fiscaliza e pune suas manifestações, cancelando, sem maiores garantias aquelas redes que não prestam vênias aos ditames do poder. O estado de vigilância onipresente, é hoje uma obsessão, transformando a vida do cidadão numa ciranda de paranoias e medos.

Do esquadrinhamento Kafkiano da vida e dos dados pessoais dos ainda cidadãos ao confisco de seus recursos e bens, é um pulo pequeno e fácil. A todo o momento chegam notícias de que o Estado se aproxima cada vez mais da porta de sua casa. Dependendo da situação, entra sem bater na porta. Em você é outro caso. Não há para onde correr.

Nas farmácias de todo o país, o hábito enganoso e quase imaculado de pedir ao cliente o número do CPF, supostamente para promover um desconto no medicamento ou produto, esconde uma das grandes maracutaias do comércio e que tem passado desapercebido pelas autoridades sonolentas. Uma vez anotado sem CPF seus dados são automaticamente direcionados para anúncios próprios e outros setores dessa indústria bilionária, para aumentar ainda mais os lucros dessas redes, num mercado sabidamente oligopolizado e onde a concorrência é tão fake como as promoções anunciadas.

Foi publicada uma Nota Técnica emitida pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados mostrando que as farmácias, ao coletar seus dados e informações pelo CPF, utilizam esse conhecimento para negociar anúncios de forma segmentada e direcionados, alimentando um enorme banco de dados, que contém praticamente todos os detalhes sobre o histórico de saúde e doença, medicamentos usados e outras valiosas informações. São dezenas de milhões de dados armazenados e que servem para a construção de algoritmos que darão instruções para executar a tarefa da Internet e vender os produtos que você, em tese, “precisa” adquirir.

Em outros países o comércio não se atreve a pedir o CPF  ou número de segurança dos clientes, pois sabem que isso é crime. Existe um dispositivo legal, a Lei Geral de Proteção de dados (LGPD), mas ninguém sabe onde anda o para que serve. O melhor é encarar a verdade de que não existe sigilo de dados. Na última sexta-feira o Supremo considerou constitucional que os bancos compartilhem suas informações com as autoridades fiscais estaduais. Por 6 a 5 e com muitas discussões a Corte validou o convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) para que sejam repassadas aos fiscos estaduais as operações por meio de PIX e cartões de débito e crédito dos brasileiros. O objetivo e aprimorar a cobrança de mais impostos de pessoas físicas e jurídicas, cercando toda e qualquer movimentação financeira realizada pelo cidadão.

Para o Conselho Nacional do Sistema Financeiro (Consif) a validação dessa medida fere as leis de sigilo bancário, impondo obrigações adicionais no processo de recolhimento de ICMS. Outras entidades mais ligadas ao assunto asseguram que a medida trará o fim do sigilo e desse direito, que na Constituição estão garantidos de modo claro e sem espaço para dúvidas. Para os que possuem prerrogativas infinitas de direito, o sigilo pode ser estendido por até um século, basta ver a situação dos cartões corporativos do Estado. Para os demais os rigores das leis e das possibilidades de o Estado agir como lhe aprouver.

A frase que foi pronunciada:

“A persistência de Constituição é a sobrevivência da democracia.”

Ulysses Guimarães

História de Brasília

Há a reclamação, de que os bebedouros da Caseb estão quase sempre fechados, prejudicando os alunos e dando lucros aos fabricantes de sorvete que ninguém sabe de onde vem. (Publicada em 18.04.1962)

Sem rasgar seda

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Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Ilustração: cointelegraph.com

 

         Um dos pilares mais importantes a sustentar e dar impulso ao livre empreendedorismo, ao contrário do que muitos imaginam, não está na economia, propriamente dita, mas na política. É na política e, mais precisamente, nas liberdades plenas de expressão e de manifestação que estão contidas as condições necessárias para o deslanche das atividades empresariais. Pontuado aqui sobre aquelas atividades empresariais que não usam o governo como muletas para seus negócios, ou a ele se associam para burlar princípios básicos da ética pública.

         O que temos visto, lido e ouvido, nesses últimos anos, é uma sucessão enorme de escândalos envolvendo empreiteiras, frigoríficos, e outras empresas nas negociatas do governo, sempre com prejuízos para os pagadores de impostos e lucros fabulosos para os envolvidos nessas operações escusas. A certeza da impunidade serve ainda para impulsionar essas atividades fora da lei, mostrando, aos maus empresários e todos aqueles que caem nessa cantilena das sereias, que esse é o caminho mais fácil para o sucesso. Obviamente, para a grande parcela dos empresários, que quer distância dessas facilidades promíscuas, a vida, aqui no Brasil, está repleta de desafios de toda a ordem, a começar pelo grande volume de encargos, que acabam roubando parte do lucro suado. O nome de uma empresa é seu grande capital. A questão aqui é que é preciso refletir muito quando se observa, que por suas características políticas próprias, perseguem ainda a ideia anacrônica de que o Estado, no caso o governo, é o principal indutor da economia e que o estatismo é a solução para a economia do país. O estatismo resolve os problemas dos políticos e não da política nacional de desenvolvimento.

         Dias atrás, um frentista, desses que sentem cada instante o cheiro de gasolina e álcool, ensinou, a um freguês engravatado e cheio de certezas, que o preço alto dos combustíveis não está necessariamente em nenhum arranjo de mercado ou algo parecido, mas reside no simples fato de que a empresa que produz esse produto não passa de um enorme cabide de empregos. Políticos e apaniguados que nada entendem do setor de petróleo. Difícil contestar.

         A situação do livre empreendedorismo no Brasil pode escalar para um patamar ainda mais complicado, quanto mais se estreitarem as relações do Brasil com as economias representadas nos BRICS, principalmente quando a China passar a dar as cartas abertamente dentro desse clube. Deixar de lado os Estados Unidos, onde as leis estão acima de todos, e as empresas não estão submetidas as vontades de governo, para se juntar a países onde os líderes políticos pairam sobre todos, inclusive acima das leis, será ruim para nossas empresas.

          Na China e na Rússia, assim como em todas as ditaduras, as empresas estão submetidas às diretrizes de governo e agem em acordo com essas diretrizes, dentro e fora do país. A notícia de que os BRICS estão prestes a lançar uma moeda própria, cujo objetivo vai além da economia, visando, sobretudo, desafiar politicamente o dólar americano e, com isso, resolver os problemas de bloqueio enfrentado pela Rússia, favorecendo ainda a China em sua ânsia de cominar os EUA, é ruim para nosso país. Entramos nessa disputa, matizada com as cores do comunismo, acreditando que sairemos fortalecidos economicamente, mesmo à custa de destruir as empresas nacionais. Mais do que um bloco econômico, o BRICS é um bloco político que visa destruir a maior economia livre do planeta, que são os EUA, substituindo o livre empreendedorismo regidos por leis justas, por empresas estatais, eivadas de corrupção, controladas por agentes do governo em nome de um partido único.

         A ideia da nova moeda, chamada provisoriamente de moeda digital emitida pelo banco central (CBDC), será debatida agora durante a cúpula do bloco que será realizada na China. É preciso lembrar que moedas trazem consigo a assinatura e o seguro de políticas fiscais e monetárias, além, é claro, de desafios gigantescos de ordem cultural e geopolítica. O governo brasileiro insiste em desconhecer que geografia é destino, ao pretender amarrar os destinos do Brasil a nações do lado do planeta e que nada possuem em comum com o nosso país. Basta responder com sinceridade as perguntas feitas pelo nosso presidente Lula sobre a rota da seda.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nós vamos dizer: O que é que tem para nós? O que eu tenho com isso? O que eu ganho? Porque essa é a discussão.”

Lula sobre a reunião sobre a Nova Rota da Seda

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva – 08/08/2024 – Ricardo Stuckert/PR

 

História de Brasília

Ontem, durante nosso programa na TV Brasília, uma espectadora telefonou dizendo que a superquadra 105 estava sendo ajardinada porque o dr. Sette Câmara mora lá. Não é verdade, minha senhora. O dr. Sette Câmara mora onde deve morar o Prefeito, no Riacho Fundo, que é muito bem ajardinado e arborizado. (Publicada em 17.04.1962)

Próximo, por favor!

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Charge do Amarildo

 

          Parafraseando o pequeno e famoso texto do pastor luterano Martin Niemöller (1892-1984), podemos, com toda honestidade, trazê-lo para o presente e inseri-lo no atual contexto de nosso país, substituindo alguns substantivos originários por outros inerentes à realidade que estamos vivenciando. “Primeiro eles vieram buscar os conservadores e a turma da direita, e eu fiquei calado. Eu não pertencia a esses grupos. Então, vieram buscar os liberais, e eu fiquei calado. Também não era um liberal. Em seguida, vieram buscar os patriotas, e eu, mais uma vez, fiquei calado- porque não era patriota. Foi então que eles vieram me buscar, e já não havia ninguém para me defender.” Se esse pequeno texto não é capaz de fazer com que você reflita sobre o atual momento político atravessado por nosso país, é porque você já pode ser o próximo da lista a ser “buscado” pelo sistema.

         A história tem nos ensinado que a liberdade é um valor infinitamente mais elevado do que quaisquer partidos e ideologias políticas. Sem essa condição, intrinsicamente humana, você é apenas um peão isolado no tabuleiro. Sem liberdade não há salvação possível, nem a direita, nem a esquerda. Utopias políticas são possíveis. Outra coisa diametralmente oposta é a utopia de liberdade. Desse modo, a liberdade não pode ser ofertada por ideologias. A liberdade é o que é e não necessita de outros atravessadores.

         É em nosso caso e em muitos outros países pelo mundo, o que está delineado nas Constituições. Querer definir liberdade, conferindo-lhe outros significados de acordo com uma espécie de voluntarismo subjetivo, é negar-lhe seu real significado, distorcendo a Lei Maior, como alguém que pretendesse instalar dois braços postiços à Vênus de Milo.

          A questão, com fechamentos políticos, é que eles nunca se dão por completo ou satisfeitos, por isso mesmo é preciso ir mais além, ter sempre alguém em mira, buscando a todos, até que não reste ninguém mais a ser levado. Se não é um produto a ser ofertado por partidos políticos, a liberdade também não necessita de tutelas, pois ela não pertence a um indivíduo apenas, mas a todos igualmente.

          Democracias do tipo tuteladas são aquelas que satisfazem apenas aos desejos de uma elite no poder. A liberdade impõe que você seja escravo apenas de si mesmo e não de governos, responsabilizando-se inteiramente por seus atos.

         Sobre nossa Constituição, o que almejam aqueles que a reduzem a sincretismos indecifráveis é que ela, como poderia ter dito Millôr, tendo nascida pura e original, deverá morrer como um plagio de si mesma.

         De fato, só existe uma liberdade que é aquela expressa pelo pensamento. As grandes migrações humanas, em todo o tempo e lugar, sempre foram feitas no sentido e em direção a liberdade e nunca ao contrário. Em todas as ditaduras, sempre existiram aqueles que, por meio de palavras afiadas como espada, desafiaram o regime. É o caso aqui do músico e poeta português Sérgio Godinho: “Não me digas que não me compreendes/ quando os dias se tornam azedos/ não me digas que nunca sentistes/ uma força a crescer-te nos dedos/ e uma raiva a nascer-te nos dentes/ Não me digas que não me compreendes”.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente.”

Sir Acton

Lord Acton. Foto: gazetadopovo.com

 

Santa paciência

Em pleno sábado, 10h13min, a Bradescard invade uma linha privada com ligações eletrônicas. Ao responder alô, a ligação é completada. Até aí nenhuma novidade no inconveniente. O pior é que o número do devedor não confere com o infeliz que atendeu a ligação. E assim se passa a semana. Com 3 ligações diárias atendidas nessa modalidade.

 

Desrespeito

O marketing agressivo das operadoras de celular não permite que o cliente manifeste sua vontade. Até permite. Mas não há treinamento para aceitá-la. Depois de responder que não há interesse na promoção, é apresentada outra oferta. A seguir uma negativa e outra promoção. E a conversa se desenrola presa em um script lido por alguém desprovido de respeito e empatia. Os idosos são os que mais sofrem.

 

 

História de Brasília

Em vista dos últimos acontecimentos o prefeito Sette Câmara mandará publicar no “Diário Oficial” todos os pagamentos efetuados pela Novacap. A Comissão entrará em funcionamento imediatamente não se sabendo, entretanto, do afastamento ou não do dr. Laranja Filho. (Publicada em 18.04.1962)