Desdém

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No verdadeiro regime absolutista  em que o Brasil mergulhou de cabeça nestes últimos anos, não causa surpresa a ninguém o fato de as autoridades do governo levarem uma vida totalmente descolada do restante da população.

Para eles estão reservados tratamento de elite. Transportes privativos em carros de luxo, atendimento em hospitais caríssimos e de ponta, hospedagem nos melhores hotéis do planeta, com diárias que superam o que um trabalhador comum ganharia por  anos de serviço, pagamento de aluguéis, mesmo possuindo residência na localidade, verbas indenizatórias de toda a espécie, mimos  e mordomias mil. Tudo , obviamente, pago com o suado dinheiro do contribuinte. Para o restante da população… basta conferir nos noticiários diários.

Quase todos os dias morre um brasileiro na porta de algum hospital público , quer porque  está fechado, ou não tem médico ou vaga nas UTIs ou não possuem os equipamentos e medicamentos necessários para o correto atendimento, ou mesmo o despreparo do corpo médico para diagnosticar, acelerando a hora da morte. Para  a maioria que necessita de serviços públicos nas áreas de  saúde, segurança e educação  o inferno é o que encontram.

As semelhanças entre a Europa da era absolutista e o Brasil atual são fantásticas. O divórcio entre as condições de vida da sociedade e as elites no poder são as mesmas daquele período. Talvez a única diferença resida no fato de que as elites que compunham o absolutismo antigo, possuíam , na sua maioria, uma  esmerada educação.

Hoje o que se encontra no comando do país, são, para ficar na síntese,  pessoas de inteligência rasa,  cuja a estultice saltam aos olhos, mas que conseguem ainda enganar o grande público com sua verborragia hipnótica, escudada pela blindagem que o poder lhes confere.

Basta uma consulta nos livros, que relatam as condições de vida daquela época, para que se tenha uma certeza histórica: o status quo daqueles nobres , com todo o fausto que demonstravam, advinha da cobrança desmedida de inúmeros impostos, taxas, obrigações e outras formas de extorsões legalizadas.

Talvez aí o absolutismo perca em expertise para o refinamento e o volume de recursos alcançados pelos serviços de arrecadação  de impostos da atualidade. Hoje, cobra-se muito mais da sociedade do que naquela época. Em alguns países, principalmente os nórdicos e os desenvolvidos, a alta taxa de impostos retorna em forma de excelentes serviços públicos e de segurança previdenciária. Não é o caso do Brasil. Aqui a carga de impostos é elevada, mas a qualidade dos serviços devolvidos é o que não se vê.

Exemplo prosaico dessa disparidade de tratamento aconteceu nos primeiros dias do ano. Gabriel de 12 anos, listado na morosa fila de espera de transplante de órgão, recebeu a notícia que havia um coração  compatível para seu caso . O órgão estava a menos de mil quilômetros de distancia. Como não foi possível obter um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) naquele momento, para o transporte,  a operação deixou de ser realizada. A FAB, que muitos apelidam hoje de FABtur.

Cidadania

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Um casal em Santa Maria resolveu parar de reclamar e adotou um lugar que era usado para descarte de lixo. Flores, árvores e uma pequena horta foram o suficiente para intimidar a parte da população que desconhece a urbanidade. Parabéns à dona Maria e sr. Francisco.

Diagnóstico

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​Inúmeros atendimentos nos hospitaispúblicos e particulares, principalmente nasemergências são prejudicados pelo cansaço oudespreparo dos profissionais recém formados.Sem diagnostico a vários meses uma pacienteouviu a frase depois de ser atendida por um médico experiente em consulta particular. “Issonão é um mioma minha filha. Você está grávida e esse é seu filho!” .

Caminhos

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Merece uma revisão a sinalizaçao da cidade. A populacao  e os visitantes tem reclamado constantemente. Na entrada para as quadras pares do Lago Norte, até hoje a direta livre nao foi compreendida, nem adotada pelos motoristas. Nucleo Bandeirantes e percurso até o aeroporto só por extinto.

Vox populi, vox Dei

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Com a interação crescente e instantânea, propiciada pela internet, leitores e redações de jornais e revistas, as notícias ganharam em qualidade e confiabilidade. Essa interação de mão dupla é hoje fundamental e imprescindível para as mídias sérias. O leitor é o objetivo da notícia. Na expressão vox Populi, vox Dei, concentram-se as muitas facetas que fazem da avaliação do público sobre determinado fato a quintessência da comunicação. Os comentários postados pelos leitores têm o poder de esmiuçar a notícias, retirando delas toda e qualquer informação necessária, além de abrir interrogações sobre assuntos que passaram despercebidos.

Nesse sentido, parece estar em estágio embrionário novo modelo de jornalismo, conectado e on-line 24 horas. Ganham profissionais e leitores em geral. A figura do jornalista, correndo atrás da notícia ou isolado em torre de marfim, é desconstruída e substituída, agora, pela visão multiplicadora dos diversos leitores atentos. Essa nova imprensa, de mil olhos e mil ouvidos, instantânea e onipresente, é hoje realidade, bem-vinda e necessária. Exemplo dessa interação automática entre imprensa e público em geral está nos comentários diários dos leitores dos jornais, pelos avisos das condições de trânsito, feitos, ao vivo, pelos motoristas diariamente nas rádios, pelo povo fala, nos noticiários de tevês, pela participação ativa da sociedade nas redes sociais e em outras modalidades.

O humor e a língua afiada do povo também dão tom mais leve às notícias, mesmo as mais sisudas, emprestando mais sabor e fluidez aos textos. Essa visão feita a partir da plateia é mostrada sempre por  um ângulo pouco explorado. Enquanto os órgãos de imprensa ressaltavam a entrevista coletiva dada pela presidente Dilma, durante um café da manhã organizado pelo marketing de Comunicação no Palácio do Planalto, alguns leitores simplesmente deixaram de lado as análises da fala ensaiada da chefe do Executivo e chamaram a atenção para o prosaico fato da mansidão amestrada dos profissionais. Os questionamentos nada mais eram do que oportunidades para dona Dilma discorrer sobre as maravilhas de seu governo. Por fim, os leitores estranharam o fato de os jornalistas fazerem selfies com a presidente, como se ela fosse pop star. Resumiram que se tratava de um grau de servilismo explícito e de falta de isenção de alguns órgãos de imprensa.

Os mesmos leitores, ao comentarem o grau de implicação de figuras centrais do governo com sérias denúncias de corrupção, principalmente na Casa Civil, chamada por eles de Casa Covil, consideraram que, pelo andar das investigações, logo a presidente terá que despachar com seu ministério, diretamente de algum presídio. Quanto à afirmação feita à mídia pelo ministro Jaques Wagner de que o governo não tem coelho para sacar da cartola, os leitores consideraram que isso se deve ao fato de que o coelho simplesmente foi roubado e servido ensopado em algum sítio em Ibiúna, no interior de São Paulo.

O filósofo de Mondubim não se cansa de repetir a expressão: “as ruas têm olhos por todos os lados”. Desprezar a parceria entre a redação e as ruas é virar as costas para a realidade que chegou trazendo lufada de ar fresco para boa parte da imprensa, principalmente a escrita. Afinal, não se deve desprezar a voz de Deus.

 

História de Brasília

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Os ministros militares, por volta das 14h de ontem, estiveram na Superquadra do Iapetc, se dirigiram para o apartamento do sr. Ranieri Mazzilli. Os oficiais que acompanhavam as altas patentes, ficaram no térreo, subindo apenas os ministros. Um repórter acercou-se de oficial da Marinha, e indagou alguma coisa sobre a reunião. Eu não sou daqui, respondeu o oficial. Sou de Niterói. E o destacamento de lá, como vai, foi a pergunta seguinte do repórter. (Publicado em 30/8/1961)

Expressões de um tempo

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Quer pela repetição, quer pela escolha pinçada de cada uma para expressar situação específica, as palavras e frases acabam ficando como marca de um tempo, como rótulos a indicar e a resumir determinada fase de nossas vidas. Para o espectador atento, cada uma dessas palavras e expressões tem o poder de condensar histórias inteiras, narrando a saga e a desventura de toda uma civilização.

Expressões, como forças ocultas e trabalhismo, remetem ao período do governo de Getúlio Vargas, sinalizando as transformações que aceleraram a passagem do Brasil rural para o urbano, assim como a morte trágica daquele presidente. Da mesma forma, expressões, como ato institucional ou Arena, MDB e censura, são indicativas do período militar. Assim como abertura lenta, segura e gradual ou anistia sinalizam a fase posterior à de transição e o retorno ao regime democrático.

Colocadas dessa forma, quais palavras e expressões melhor caracterizariam a chegada, pela primeira vez na história, da esquerda ao poder? Quais seriam as palavras-chaves que abririam as portas da história do Brasil revelando o país dos últimos 10 anos?

Automaticamente, surgem os verbetes Lula, Partido dos Trabalhadores, esquerda, Fome Zero, Bolsa Família, sem medo de ser feliz. Passados os momentos de euforia, com a acomodação da poeira, vieram os primeiros sinais de que a República voltava à casa das velhas práticas. Nesse período, a profusão de palavras e o boquirrotismo tomaram conta da vida política.

Palavras voavam de lado a lado. Em 2005, o neologismo mensalão invadiu a vida dos brasileiros e expos, de forma inusitada, as entranhas das negociações políticas. CPI dos Correios, Marcos Valério, Dirceu, Jefferson, corrupção, base aliada, compra de votos. No mesmo período, as expressões “nunca antes na história desse país”, “Eles contra a gente”.

Nesse ponto, aquele que se declarou filho de uma mulher que nasceu analfabeta, reinava sozinho na Presidência e no palanque. Com a popularidade em alta, as ações do governo saíam diretamente do departamento de marketing para o Diário Oficial, duravam o tempo necessário para outro programa, do tipo factoide, ser proclamado. “Transposição do Rio São Francisco”, obra sonhada por D. Pedro II, e “herança maldita” eram as expressões da época. Outro fenômeno trazido ao país foi o fim da família, o aborto, negros versus brancos, héteros versus homos, ricos versus pobres e os versus continuam.

Depois viriam as expressões “mãe do PAC”, “Minha Casa Minha Vida”, “nova matriz macroeconômica”. Seguiram-se as expressões “petrolão”, Petrobras, fundos de pensão, Operação Lava-Jato, Sérgio Moro, Polícia Federal, recessão, desemprego recorde, financiamento ilegal de campanha, prisão preventiva, empresários, propinas e outras que remetem à necessidade de punição.

Também expressões como “refuto, veementemente, as aleivosias assacadas contra mim”, “nego as acusações”, “não conheço e nunca mantive contato com o personagem citado”, “nego”, “trata-se de perseguição política”, entre outras do mesmo gênero. Também merecem ser citados os verbetes: “Saúdo a mandioca”, “mulher sapiens”, “impeachment” — pérolas indicativas de um tempo que os brasileiros dignos querem ver encerrado enquanto ainda é tempo.