Autor: Circe Cunha
Pressionada pela corrente lulopetista que, desde sempre, comanda com mão de ferro o partido e, por extensão, a própria presidente Dilma Rousseff volta a insistir na fórmula da Nova Matriz Macro Econômica, que, embora ninguém saiba o que é exatamente, marcou seu primeiro mandato e desembocou no que é hoje a maior crise de todos os tempos.
Em um sistema presidencialista com as características que temos, o personalismo saliente do chefe do Executivo tem influências mais do que visíveis sobre o funcionamento da máquina pública. A clássica divisão de independência e harmonia entre os poderes sofre, no caso de um governo que optou pelo modelo de coalizão política, ruídos de toda natureza, sobretudo nas relações entre o Planalto e o Congresso.
Abduzidos pelo poder que as chaves dos cofres públicos conferem à presidente, o Legislativo oscila entre a subserviência e a rebeldia conforme são maiores ou menores as benesses concedidas. É claro que um modelo com essas feições termina sempre em crise e, pior, arrasta consigo o restante do país.
Na tentativa de cortar caminho, encurtando negociações dessa natureza com o retorno do modelo econômico falido, foi exumado o Conselhão, espécie de claque escolhida a dedo, que tem a função inútil de diluir os erros da presidente, fazendo chegar a seus ouvidos moucos os reclamos da sociedade. Trata-se, na verdade, de factoide reinventado pelo marketing político do Planalto, talvez o único departamento do governo que parece funcionar de verdade.
A escritora inglesa Virginia Woolf dizia que é mais fácil matar um fantasma do que uma realidade. Essa parece ser exatamente a tentativa repetida pela presidente ao anunciar um incentivo de crédito de R$ 83 bilhões oriundos dos bancos públicos e do FGTS. Trata-se de medida extemporânea, anunciada justamente agora quando a população está perigosamente endividada.
Enquanto a prudência recomenda cortes profundos na gastança perdulária do governo, dentro do ajuste fiscal, o Planalto volta a insistir na fórmula fácil e desastrosa do crédito facilitado para impulsionar a economia. Nesse sentido, Dilma age como apostador que, depois de perder todo o dinheiro num cassino, tenta nova rodada de apostas ,colocando a escritura da própria casa como fiança.
Para os trabalhadores que vão assistindo inertes à dilapidação um a um dos fundos de pensão, permitido inclusive pelos sindicatos pelegos, parece ter chegado a hora de apostar também os recursos do FGTS na roleta-russa do governo. A situação fica ainda mais complicada quando se sabe que quem está na mesa do jogo viciado, apostando o dinheiro e o futuro dos trabalhadores, é justamente uma presidente em quem, segundo pesquisa recente do Instituto Paraná, 82% da população afirmam não confiar.
Alea jacta est.
A frase que foi pronunciada:
“Nada é mais longo que o tempo, porque é a medida da eternidade. Nada é mais breve, porque falta para todos os nossos planos. Nada é mais lento para quem espera. Nada é mais rápido para quem se diverte. Cresce até o infinito e até o infinito se divide. Todos o descuidam, todos lhe choram a perda. Sem ele nada fazemos. O tempo envolve no manto do esquecimento tudo quanto é indigno da posteridade, e imortaliza os feitos ilustres.”
Voltaire
Informação
» Carlos Augusto Moura, da imprensa da Anvisa, esclarece que a fiscalização dos planos de saúde é de responsabilidade da Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Dobrado
» Está na Súmula 450 do TST e foi aplicado pela juíza Sabrina Fróes Leão. As férias dos empregados devem ser pagas até dois dias antes do período. Uma instituição educacional não o fez e foi condenada a pagar o valor em dobro. “Quem paga mal paga duas vezes”, repete o filósofo de Mondubim.
Humor
» O diretor do Departamento da Ásia e do Leste, é o embaixador Brasil Hollanda. Não seria mais adequado se alterássemos seu nome para Brasil Japão, tendo em conta o grande relacionamento econômico e diplomático com aquele país nos tempos atuais? A pergunta foi feita pelo amigo Kleber Farias Pinto.
Mistério
» Coisas inexplicáveis! Se você for assinante da NET TV e o receptor parar de funcionar, o técnico prontamente substitui o aparelho sem custos. Já o controle remoto, se apresentar algum defeito, a visita vai lhe custar R$ 50. Alguém consegue explicar?
História de Brasília
Os soldados entraram no aparelho com fuzis e baionetas caladas e se sentiram tremendamente incomodados com a passagem no pequeno corredor antes do salão de passageiros porque as baionetas ficavam muito altas e batiam nas paredes do avião.(Publicado em 31/8/1961)
Um dos grandes problemas com os políticos brasileiros é que eles, depois de eleitos, acreditam ser possível seguir adiante sem o aval dos cidadãos, principalmente dos eleitores. A maioria simplesmente vira as costas para o populacho. Tranca-se em gabinetes refrigerados em confabulações infindas de toda ordem travadas apenas com gente do mesmo status.
Ao verem-se cingidos pela aureola tênue do poder, acreditam piamente ter entrado, para sempre, num mundo novo, onde vão pairar acima dos demais por um bom período.
Santo Agostinho costumava dizer: “A soberba não é grandeza, mas inchaço, e o que está inchado parece ser grande, mas não é saudável”. Postos na confortável torre de marfim, passam a se sentir verdadeiramente “no céu”. Ocorre que, apartados daqueles que, de fato, o alçaram ao cume, perdem o ponto de referência, mas, ainda assim, não se dão conta e prosseguem, falsamente libertos.
Dissociados da origem, se convencem da independência total. A partir desse ponto, passam a ser representantes apenas dos próprios desejos, alargados ad infinitum, com as novas companhias. Caras mordomias, bajulações, novos trajes, novos restaurantes, novos carros, novas residências, novas amizades. Tendo provado os acepipes do cargo, acabam fisgados pela gula da alma. Desse ponto em diante, fundem-se com o entorno e tornam-se iguais aos demais.
Como a vida boa parece escorrer ainda mais ligeira, apenas por ser boa, passam a utilizar grande parte do tempo de mandato no garimpo de novos veios que possam reconduzi-los ao céu. Como o caminho que leva ao paraíso, tem que passar, necessariamente primeiro pela terra e pelo eleitor, nosso político volta a calçar, temporariamente, as sandálias da humildade e a correr atrás do voto.
Transformado em bilhete premiado, o voto é perseguido como água fresca no deserto. Por ele, mesmo as mais vexaminosas situações de humilhação e prostração são permitidas. Por ele, vendem a alma que já não possuem. Untam a mãe de cola, cobrem com penas de aves e a vendem como galinha gorda no mercado mais próximo. Para voltar ao céu, nossos sapos entram na viola, violam leis, falsificam assinaturas, recebem dinheiro sujo e rolam na lama. Quem fica no inferno é o mesmo que os colocaram no paraíso
A frase que poderia ser pronunciada
“Pela inoperância, excesso de funcionários para pouca eficiência e roubo do tempo do cidadão, a proposta é que se troque o nome para Esplanada dos Miniestéreis”
Cidadão revoltado com o vaivém e ele não se encontra.
Nomenclatura
Criatividade é solução efetiva, sem falsas promessas ou falsos resultados. Portanto, colegas jornalistas, não usemos mais o termo “contabilidade criativa” para os resultados fiscais que fizeram cair por terra todo o processo orçamentário do país. O nome disso é contabilidade sem verdade.
Carochinha
É bom que se registre que a consequência dessa contabilidade sem verdade atinge diretamente a Lei de Diretrizes Orçamentárias. A obrigatoriedade de se prever a meta do superavit primário, que norteia a responsabilidade fiscal, transformou a economia brasileira em um conto de bruxas e fantasmas.
Hombridade
Ter consciência dos atos trouxe a proteção ao orçamento do Japão. É que o ministro da Economia, Akira Amari, renunciou ao cargo depois de envolvimentos com aquisição fraudulenta em dinheiro de fundos políticos. Além de pedir desculpas ao primeiro-ministro Shinzo Abe, disse que assumia a responsabilidade por causar problemas ao premiê e que seria a melhor decisão para não prejudicar os planos de revitalização econômica do país. Há indícios de que ele não tenha sido diretamente envolvido no caso de corrupção, mas assumiu a culpa.
Dúvidas
Até agora o Ministério da Saúde tem sido omisso no caso zika vírus. As informações pela internet de que a vacina vencida contra rubéola poderia ter causado os casos de microcefalia não foram desmentidas com substância nos argumentos. Houve sim, no Nordeste, campanha de vacinação contra rubéola em que homens e mulheres entre 20 e 39 anos foram imunizados.
História de Brasília
À frente do Caravelle, estava postado com todo o equipamento, um carro-pipa do Corpo de Bombeiros, com dois soldados controlando a mangueira, para orientar o jato, se preciso. (Publicado em 31/8/1961)
Somente a total falta de sintonia entre os diversos órgãos que compõem o Governo do Distrito Federal e o alheamento sobre as reais necessidades da população podem explicar o caos que vai se instalando aos poucos nas áreas de transporte público e de fiscalização de trânsito na cidade. Com a decisão, pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), em conjunto com a 1ª Vara de Fazenda Pública do DF, de suspender a licitação do transporte público por irregularidades ocorridas no processo de licitação a partir de 2011, o governo local será obrigado, no prazo de 180 dias, a contratar novas empresas para a prestação do serviço.
As suspeitas sobre o processo de licitação voltam a recair sobre os mesmos grupos de poderosos empresários que, desde sempre, controlam, com mão de ferro, as concessões públicas de transporte na capital. O poderio desse grupo, como, de resto, da maioria dos grandes grupos empresariais (vide combustíveis) que atuam na cidade, guarda estreita relação com o financiamento de políticos locais, que, em última análise, são eleitos com a missão de defender, no Legislativo, os interesses de seus padrinhos e provedores de campanha.
O juiz que suspendeu a licitação, Lizandro Gomes Filho, rotulou o processo de 2011 de “engodo”. Como se não bastasse um problema dessa magnitude e que pode ter consequências para centenas de milhares de usuários, diariamente, do sistema, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), na contramão das agruras financeiras, trombeteadas pelo governo local desde a posse, resolveu adquirir no mercado as mais luxuosas e caras motocicletas para o órgão.
As 14 motocicletas, da marca BMW F800 GS, foram adquiridas ao preço de R$ 46.324,00, cada uma. Para os entendidos no assunto, a manutenção dessas máquinas, além de extremamente cara, requer cuidados que só um proprietário extremamente endinheirado e cuidadoso pode ter. Para piorar o que já ruma para o desastre anunciado, os policiais de trânsito avisam que voltarão a portar as armas de choque (taser) para usar contra os motoristas mais revoltados. Não é por outra razão que esses profissionais, ao lado dos políticos, são os mais antipatizados pela população.
Enquanto o Detran se equipa com poderosas motocicletas e armas de intimidação, propiciadas pela dinheirama da indústria de multas, as velhas e conhecidas vans de transporte pirata retornam, impunemente, para as ruas da cidade, com a selvageria de sempre.
A frase que foi pronunciada
“A maquiagem diz-nos mais que o rosto.”
Oscar Wilde
Entrada franca
Patrimônio Imaterial Brasileiro — A celebração viva da cultura dos povos. Márcia Rollemberg é atenta à cultura do DF. Conseguiu desfazer as panelinhas e aos poucos descobre novos talentos da cidade. A exposição na Caixa Cultural, aberta ontem, vai até 27 de março.
Nosso respeito
Na sede da OAB Nacional, o sr. Nachum Reiman foi homenageado por ocasião do Dia Internacional do Holocausto. O convite nos chegou pelas mãos do amigo Renato Levi. Infelizmente não nos foi possível estar presente.
Consume dor
Operadoras de celular continuam reinando absolutas no Brasil. O valor das chamadas, como sempre por aqui, é o mais alto do mundo. Isso é o que se consegue quando não há missão cumprida pelas reguladoras.
Morde a língua
Quem se diverte com os discursos da presidente Dilma pode mudar um pouco de foco e se voltar para o candidato Trump. Sem papas na língua, ele também diz exatamente o que pensa.
História de Brasília
O avião ainda não parara as turbinas, e os soldados da Aeronáutica davam volta em acelerado em torno do aparelho. O primeiro passageiro a descer foi o deputado Bocaiuva Cunha, e tudo fazia crer que o aparato bélico no pátio de manobras era para prender os deputados estaduais gaúchos que vinham integrando a Caravana da Legalidade. (Publicado em 31/8/1961)
Entre o jogador e a fortuna, dois elementos aleatórios e fundamentais são interpostos pelo destino. Um é a sorte; o outro, o azar. A obtenção da riqueza, pelo caminho mais curto possível, sempre foi desejo de boa parte da população. Na verdade, os jogos, mesmo as loterias legalizadas e realizadas a cada semana pela Caixa, funcionam como modalidade de pirâmide, em que a base larga, constituída por muitos apostadores, banca a sorte grande de apenas um felizardo que foi alçado ao topo graças às asas da boa fortuna.
Dessa forma, o que o banco oficial do governo faz, nesses casos, é servir como mero atravessador ou croupier, entregando a cada um o que foi recolhido de muitos. Conhecer essa realidade não muda as regras do jogo nem afasta os apostadores. O que muda a realidade, agora reconhecida com preocupação por 65% dos brasileiros sondados na pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), é o aumento da corrupção.
Pela primeira vez, o item corrupção aparece à frente de outros problemas típicos, como saúde e violência. O que parece ocorrer, em tempos de Operação Lava-Jato, é o aflorar da percepção da sociedade de que a piora na qualidade de vida de cada um decorre, de forma direta, da corrupção, principalmente a atual, que parece grassar de forma sistêmica por toda a máquina pública.
Atrás, à frente, em cima e abaixo das mazelas do país, o que se apresenta de forma nua e evidente hoje é a corrupção nos seus mais variados graus possíveis. O que deveria ser preocupação e prioridade máxima das autoridades do Legislativo e Executivo ainda não foi apresentada à população.
Não chega a causar surpresa que uma minoria de legisladores ainda continue batendo na tecla da legalização dos bingos e cassinos por todo o país. O que soa suspeito é que os mesmos políticos, que hoje apoiam ardorosamente a medida, são justamente aqueles que estão na mira das atuais investigações feitas pelo Ministério Público.
O argumento falacioso usado é que a liberação dos cassinos trará muitos bilhões aos cofres do governo em forma de impostos. Para os procuradores do Ministério Público, a liberalização apenas facilitará a vida das grandes corporações do crime, por meio da lavagem do dinheiro tungado da população. As cartas, para o eleitor e cidadão, estão na mesa. Façam suas apostas.
A frase que foi pronunciada
“Ditosa a cidade em que se admira menos a beleza dos edifícios do que a virtude de seus habitantes.”
Zenão de Cítio, fundador da escola estoica, que rejeitava transcendências e a metafísica.
Novidade
De um lado, o cão farejador que em 5 segundos reconhece produtos orgânicos em bagagens; de outro, o escâner, que demora um pouco mais e pode localizar o que estiver camuflado. Com os dois métodos ficará mais difícil burlar os fiscais federais agropecuários em aeroportos. A UnB está com projeto desenvolvido sobre o assunto sob a orientação do professor Cristiano Melo em parceria com a Vigilância Agropecuária Internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Lei nº 5.599/2015
Agora é lei local. Empresas que negativarem o crédito ao consumidor precisarão justificar o motivo da recusa por escrito, indicando o responsável pela negativação, o banco de dados consultado, e quais serviços ou produtos seriam contratados. O documento deve ser entregue no instante da recusa.
Ira
Em uma cratera entre a L4 e a Ponte do Bragueto, alguém gritava no sinal fechado: o imposto que você paga não tapa o buraco que você vê!
Valorize já
Hoje é dia de professores aposentados cobrarem do governo o pagamento das licenças-prêmio. Silvia Canabrava informou que apesar das tentativas, o GDF não deu respostas, nem marcou reuniões para conversar.
História de Brasília
A Operação Caravelle, levada a efeito pela Aeronáutica ontem no aeroporto, na chegada de avião de Porto Alegre chamou a atenção de todos os presentes. (Publicado em 31/8/1961)
De todas as invenções da humanidade, nenhuma parece ser tão surpreendente e significativa como a fotografia. A captura da imagem e a impressão em folha de papel foram, talvez, o primeiro passo dado pelo homem na longa jornada pelo túnel do tempo. Das primeiras imagens de Niépce, de 1825, às atuais, enviadas pela sonda Rosetta a 320 milhões de quilômetros da Terra, o que se tem é o registro fiel de um tempo e sua preservação para a posteridade.
Dessa forma, podemos parafrasear a expressão latina usada pelo vice-presidente, Michel Temer, em carta a Dilma Rousseff: “Verba volant, imaginem manent” (As palavras voam, as imagens ficam). Nesse sentido, as fotografias feitas durante as comemorações da descoberta do pré-sal em 2007, em que o então presidente Lula carimba suas mãos lambuzadas de óleo nas costas da ministra de Minas e Energia e futura sucessora, acabaram, meio sem querer, se transformando em registro preciso de uma era.
Naquelas imagens, muito além da propaganda oficial e ufanista, está impresso, para os futuros cidadãos, o enredo, pari passu, da maior tramoia republicana de todos os tempos. Na sequência de fotos feita, em que o óleo negro é usado como panaceia para as agruras que se anunciavam, alguns dos principais protagonistas da maior razia cometida contra a empresa aparecem sorridentes, não pelo evento da descoberta das grandes jazidas em si, mas sobretudo pelas possibilidades pantagruélicas que se descortinavam para cada um.
Registradas, para sempre, estão também as fotos em que Lula, devidamente fantasiado com o uniforme da estatal, olha extasiado para as próprias mãos tingidas pelo óleo bruto. Seu olhar se assemelha ao de um garimpeiro extasiado diante de um veio promissor. “Tô feito!”, parece exclamar na foto emblemática.
Mas é na imagem em que o presidente deixa carimbada nas costas de Dilma Rousseff a impressão de suas mãos sujas, que está contido todo o resumo e epílogo dessa história urdida longe dos holofotes e que viria a ser revelada, em capítulos sequenciais, a partir da instauração da Operação Lava-Jato.
Para qualquer detetive atento, aquelas imagens, muito mais do que pistas seguras para processo de investigação, representam prova robusta de crime praticado contra a Petrobras. Ali na foto estão os principais suspeitos, segundo denúncias veiculadas na imprensa, de fraude contra a petrolífera, estimada hoje em meio trilhão de reais.
A frase que foi pronunciada
“A criança que ri na rua, a música que vem no acaso, a tela absurda, a estátua nua, a bondade que não tem prazo — tudo isso excede este rigor que o raciocínio dá a tudo, e tem qualquer cousa de amor, ainda que o amor seja mudo.”
Fernando Pessoa
Incrível
As imagens das chuvas em Brasília compartilhadas no WhatsApp mostram o caos entre carros e pessoas. Mesas de bares pista abaixo, tesourinhas com cortinas d’água, mulheres e crianças resgatadas.
Chuvas
Agora é o momento de a Administração da UnB encher os buracos do enorme estacionamento do Centro Comunitário de árvores. Afinal, já está tudo preparado. Isso evitaria de vez que motoristas desavisados caíssem nas crateras.
Graça
Nasce mais uma bisneta. Júlia, filha da economista Danielle Kineipp e de Fabiano, que leva meu nome e minha profissão. Que o mundo lhe seja bom e que Deus continue a abençoar esta família.
Vale a pena
É preciso enaltecer a iniciativa da Globosat na transmissão dos contos dos irmãos Grimm. Os cenários são deslumbrantes. Figurinos e personagens, sem iguais. Fazia tempo que tanta qualidade não aparecia para a juventude. À tarde, com repetição à noite e maratona de todos os títulos no domingo.
História de Brasília
Há 78 anos, dom Bosco sonhava com Brasília, e nunca poderia pensar que um dia ela existisse, mesmo, e vivesse o dia de hoje como vive. Bom dia, Dom Bosco.(Publicado em 30/8/1961)
Hábeis no jogo semântico, as autoridades brasileiras insistem em fazer cara de paisagem diante do progressivo agravamento da crise econômica interna. Com a repetição do falso mantra, o Executivo garante que o Brasil foi empurrado para a recessão por conta principalmente de fatores externos. O mais incrível é que a mesma visão, que consegue enxergar a longas distâncias, se mostre incapaz de perceber o que se passa perto, dentro do próprio quintal.
Está cada vez mais difícil para o governo esconder a verdade e minimizar os estragos do agravamento da crise, como mostram os indicadores negativos da economia. O fato de o país ter fechado 1,5 milhão de vagas com carteira assinada em 2015, pior resultado desde 1992, não será, para a equipe do Planalto, “capaz de destruir as conquistas dos últimos anos”.
Já a indústria, que sempre foi considerada o principal motor do desenvolvimento, foi o setor que mais demitiu. Para complicar o caso, o governo e sua equipe são vistos com severas desconfianças por grande parte do mercado. Essa falta de credibilidade decorre não só da insistência em esconder, camuflar e maquiar os dados da economia, mas da progressiva perda de legitimidade política.
Mesmo a outrora independente Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reconheceu, a contragosto, em manifesto lançado nesta semana, que o governo Dilma “não tem legitimidade para criar ou aumentar impostos”, já que “não tratou de aumento de carga tributária ou de criação de tributo durante a sua campanha eleitoral”.
De todos os males decorrentes da retração da economia, nenhum é mais nefasto e sintomático do que o fechamento de postos de trabalho. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) alerta para a queda severa no mercado de trabalho para os brasileiros em 2016, talvez uma das maiores do mundo. “O Brasil, diz a entidade, terá um a cada três novos desempregados em 2016 no mundo. Serão, segundo a OIT, 700 mil trabalhadores sem emprego em 2016, com uma taxa negativa de 7,7% até ao fim do ano. Com a perda do emprego, perdem-se também e por completo as perspectivas de retomada do crescimento a curto e médios prazos.
Contrariamente à visão cor-de-rosa do governo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o Brasil terminará 2016 com retração de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Pior, economistas de renome acreditam que a economia brasileira não deverá crescer antes do fim da década.
Para complicar ainda mais o cenário, estudo apresentado pelo World Economic Forum (WEF), em Davos, na Suíça, alerta para as consequências do fenômeno das novas tecnologias digitais e a impressão 3D que, segundo eles, pode causar a perda de 5 milhões de emprego nos próximos 5 anos, nas principais potências mundiais e emergentes, incluindo, com destaque, o Brasil.
Quando a chamada quarta revolução industrial alcançar o Brasil, com seus efeitos deletérios, encontrará um país, que, por conta de um desgoverno visível, recuou quase duas décadas no tempo. Pelo andar dos acontecimentos, o país terá ainda que aguardar mais três anos apenas para retomar o que foi conquistado a partir do fim da década de 1990. Haja paciência.
A frase que foi pronunciada
“É verdade que o presidente Vargas Passarinho mora aqui?”
Felícia, 8 anos, olhando para a casa do ex-senador no Lago Norte
Mudanças
Começou o avanço das pedras para as próximas eleições. Cristovam Buarque e Reguffe não estão à vontade no tabuleiro do PDT.
Lixo
Muito foi feito preventivamente pela Novacap para evitar maiores problemas durante a temporada de chuva. Seria o momento também do DNER e DER vistoriarem as pistas. O acúmulo de água no acostamento e os buracos devem ser preventivamente evitados também.
História de Brasília
A esposa do sr. Gay da Fonseca, antigo diretor da Novacap, é quem está organizando a Cruz Vermelha em Porto Alegre. (Publicado em 30/8/1961)
Com o lançamento do Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil 2015, mais uma vez fica evidenciado que o livre desempenho da profissão no país ainda é sonho distante a ser alcançado, mesmo dentro de regime que se diz e pretende ser democrático. Pelo levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em 2015, houve crescimento das agressões aos profissionais, com 137 ocorrências, contra 129 do ano anterior. Ocorreu ainda crescimento no número de assassinatos de outros comunicadores.
Segundo o relatório, em 2014, três jornalistas e quatro comunicadores foram mortos no exercício da profissão. Afirma a Fenaj: “O jornalista Evany José Metkzer foi assassinado em Minas Gerais em maio passado. Seu corpo foi encontrado na zona rural de Padre Paraíso. Já o jornalista paraguaio Gerardo Seferino Servián Coronel foi assassinado em Ponta Porã (Mato Grosso do Sul), onde morava, a 200 metros da linha de fronteira com a cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero. Servián trabalhava na rádio Ciudad Nueva 103,3 FM, de Santa Pytã. Dos assassinatos de jornalistas e outros comunicadores ocorridos em 2015, apenas em um caso — do radialista Gleydson Carvalho — os assassinos e os mandantes foram identificados e foram denunciados pelo Ministério Público.”
Para a entidade, a violência contra os representantes da imprensa ainda é recorrente no país, devido, principalmente à impunidade. São Paulo foi o estado que registrou maior número de ocorrências, grande parte ocorrida durante as manifestações de rua. A Polícia Militar segue sendo um dos principais autores das agressões.
Também foram mencionadas no documento da Fenaj agressões vindas de políticos, assessores e seus parentes próximos. Na avaliação da vice-presidente da entidade, Maria José Braga, a garantia para o exercício pleno do jornalismo e, por decorrência, da própria democracia, pode ser dada, em parte, pela criação do Observatório da Violência contra Comunicadores, bem como a instituição de um Protocolo de Segurança a ser adotado pelas empresas de comunicação, e outro protocolo direcionado às forças de segurança do país.
A frase que foi pronunciada:
“Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo.”
Mahatma Gandhi
Hospitais
» Aquelas placas com os nomes dos médicos em serviço nos hospitais públicos não existem mais. Os médicos não aparecem nos hospitais e postos de saúde porque não conseguem trabalhar sem as ferramentas de trabalho. Não falta capacidade ao secretário Fábio Gondim. Mesmo assim alguma coisa vai ter que mudar. A população continua desassistida.
Disciplina
» Por falar em Posto de Saúde, no Lago Norte, apareceu um senhor que precisava tomar vacina com urgência para viajar no dia seguinte. Como não agendou, se a vacina fosse retirada, inutilizaria outras nove doses. Não foi autorizado.
Mais respeito
» Aos poucos os aplicativos em celulares vão se transformando em armas do consumidor. Alexandra Vasconcelos criou a página Boicote aos Postos de Gasolina do DF. Enquanto os preços não forem competitivos, o movimento tende a crescer. Por uma sexta-feira sem clientes, o prejuízo pode ter
sido de R$ 6 milhões.
Conferir
» Só para lembrar. O Congresso aumentou as verbas dos ministérios da Saúde e da Educação na Lei de Diretrizes Orçamentárias. A Saúde foi contemplada com R$ 118 bilhões e a Educação, com R$ 99,8 bilhões.
Novidade
» Mais de 100 cargos efetivos foram criados no TSE por um PLC do próprio tribunal. Além disso, mais 382 funções comissionadas e 44 cargos em comissão. O aumento de candidatos e do eleitorado, além da biometria e do planejamento e prestação de contas das eleições, foram as justificativas do ministro Toffoli. Vem concurso por aí.
História de Brasília
Um “Referência 17”, comentado na Câmara, o possível fechamento do Congresso: Por mim, não, que sou efetivo. Mas aqui há muita gente que vai perder o emprego, e vai passar dificuldades. (Publicado em 30/8/1961)
Entre os exemplos clássicos que ajudam a compreensão do termo filosófico dialética, o ovo da galinha parece ser o mais ilustrativo e de fácil entendimento. Na sua forma original, o ovo se apresenta como um objeto orgânico, de formas curvas e suaves, hermeticamente vedado por casca calcária lisa e fina, de cores, geralmente branca ou marrom. Ocorre que, no interior, o ovo abriga duas substâncias gelatinosas distintas e vivas. Uma clara, que é semelhante à placenta humana. Flutuando nesse líquido transparente, está a gema, de cor amarelo-ouro, e que no futuro, caso fecundado, evoluirá para a fase de embrião e de futura galinha. Ou seja, o ovo contém em si a semente de seu próprio fim.
Esse mesmo fenômeno de transmutação se repete nas mais variadas criações humanas, já que o processo evolutivo é sempre contínuo e constante e só pode ser detido por outro fenômeno: a morte. É na política que esse processo é mais visível, principalmente nas estruturas partidárias.
No caso do Partido dos Trabalhadores (PT), pelo andar dos acontecimentos, o processo dialético está em pleno movimento, caminhando para a síntese. Quando surgiu a legenda, a ditadura militar já experimentava o ocaso, catalisado pelo recrudescimento da crise econômica interna.
No início, o ovo PT parecia conter em seu interior soluções para os principais e seculares problemas nacionais. Essa característica lhe granjeou enorme apoio popular. Vencida a eleição para a chefia do Executivo, o ovo lentamente entrou em processo de transmutação. Por conta da governança de coalizão, o ovo foi fecundado. Pouco mais de dois anos, com a eclosão do escândalo do mensalão, em 2005, o ovo rachou.
O que surgiu, por entre as cascas finas, foi uma camarilha do tipo já vista em países como a China atual. Posta sob a luz e a curiosidade do público e da mídia, a nomenclatura logo se revelou plena dos mesmos vícios que apontava em outros partidos. O núcleo duro do partido, formado em torno de seu proprietário de fato, logo cuidou daquilo que o atual chefe da Casa Civil definiu como “se lambuzar de mel”, seduzido pelo canto das sereias do Poder.
Começou aí o processo de morte do partido, acelerado justamente pelas revelações da Operação Lava-Jato. Com a representação dos partidos de oposição, junto à Procuradoria-Geral Eleitoral para que o PT perca seu registro, por conta das novas delações de que teria recebido recursos vindos de outro país, a certidão de óbito da sigla começa a ser redigida. Mesmo que Lula ainda afirme que o partido renascerá das cinzas, como a Fênix, a legenda segue o caminho natural e dialético das coisas que carregam no âmago a semente derradeira.
A frase que não foi pronunciada
“Há que se nascer de ovo!”
Leitor bem-humorado comentando a abertura da coluna
Até quando?
Casos simples que chegam à saúde pública levam a óbito. Falta da enzima que detecta o enfarto foi uma das causas ocorridas. Enquanto os contribuintes pagam altos impostos e assistem à votação do orçamento, não têm ferramentas virtuais para acompanhar o percurso dos recursos liberados.
Lição para a vida
Estava com meu pai na praça do Ferreira, em Fortaleza, e, de repente, caiu uma chuva forte. Quando ameacei correr, ele me pegou pelo braço e disse: “Fica aí e olha como é bom.” Fiquei maravilhada com a experiência. Dez minutos depois de a chuva passar, estava todo mundo seco pelo vento.
Dos céus
Por falar nisso, o Ceará está em festa. Em Messejana, só ontem, pelo menos 39,6mm de chuva. A previsão para o resto do dia é de nebulosidade variável com chuva em todas as regiões cearenses.
Comportamentos
O Detran e a PM têm várias histórias para contar. Tanto de carteiradas quanto de seriedade no momento de vistoriar carros e documentos. Essa semana, deu voz de prisão a uma senhora que ofereceu R$ 500 de suborno. Um rapaz teve o carro levado para o depósito quando, sem documentos, disse que não discutia com a lei.
História de Brasília
O assunto parlamentarismo está no Congresso há 16 anos e é, nada mais, nada menos, o espírito de resistência e insistência do sr. Raul Pila, porque há 16 anos vem sendo rejeitada em todas as legislaturas. (Publicado em 30/8/1961)
Xxxxxxxxxxxxxxxxxx
Para crentes ou não, a crise experimentada pelos brasileiros possui semelhanças significativas com as calamidades que se abateram sobre os egípcios na antiguidade conforme relatado no livro bíblico do Êxodo. Naquela ocasião, segundo as escrituras, 10 pragas foram infligidas ao Egito por causa do aprisionamento dos hebreus, tornados escravos e confinados em cativeiros.
Como castigo de Deus, as águas do Nilo se tingiram de sangue; rãs, piolhos, moscas e gafanhotos infestaram o ar, a terra e os homens; animais morreram e o povo foi acometido por feridas e úlceras de pele; chuvas de granizo destruíram as plantações; o céu escureceu por três dias; e, por fim, muitos primogênitos de homens e animais morreram.
Para os céticos, incluindo aí os cientistas, as catástrofes foram decorrentes de gigantesca erupção vulcânica na ilha grega de Santorini no segundo milênio a.C, evento considerado o maior já ocorrido na história do planeta. Civilizações inteiras foram varridas do mapa.
No caso do Brasil, na ausência de megavulcões e outros eventos naturais, quis o destino que, num período de pouco mais de uma década, o país descesse às profundezas do pré-sal, assolado por fenômenos naturais e humanos em proporções iguais ou piores.
Assim é que secas e enchentes recordes em regiões diversas ao mesmo tempo esvaziaram grandes represas e usinas e desalojaram milhares de brasileiros. Febre aftosa dizimara rebanhos; desastres ambientais anunciados, como o de Mariana, destruíram a bacia hidrográfica do Rio Doce por completo. Incêndios de grandes proporções, como o ocorrido na Chapada Diamantina, acabaram, quase por completo, com esse imenso parque nacional. A praga do mosquito Aedes aegypti, que vinha atormentando a população, passou a transmitir, além da dengue, o vírus zika e a febre chinkungunya, igualmente danosos. Com essa praga biológica surgiu ainda a epidemia de microcefalia, comprometendo as novas gerações e o futuro do país.
Ao lado dos flagelos da mãe natureza, os brasileiros foram brindados, nesta última década, com o pior governo de todos os tempos, que fez o país recuar mais de uma década, como demonstram os indicadores econômicos. Além da séria depressão da economia, a sociedade é surpreendida, a cada dia, com casos escabrosos de corrupção do governo e da sua base de apoio.
As maiores lideranças políticas do país e os maiores empresários nacionais estão hoje, sem eufemismos, na antessala da Polícia Federal à espera da pulseira de aço ou da tornozeleira eletrônica. Para um povo que ainda não encontrou o tal país do futuro, as pragas do Egito são fichinha perto de nossas mazelas cotidianas.
A frase que não foi pronunciada
“Ninguém deveria forçar o outro a ser social. A qualidade de toda gente antissocial é a sinceridade.”
Dona Dita, com seu jeito homeopático de encarar as pessoas.
Quase nada
Parece grande coisa, mas um país com tantos talentos e dessa dimensão tornou o anúncio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico uma chamada ridícula. Para 2016, são destinados R$ 200 milhões a pesquisas. O valor é o mesmo que a Receita Federal recebeu das pessoas físicas envolvidas na Operação Lava jato que espontaneamente pagaram ao fisco, depois de retificar a declaração do Imposto de Renda.
Abuso
Depois de subir o valor do contrato telefone/internet, o cliente quis suspender o serviço. A resposta foi negativa. O contrato ainda estava vigente e o consumidor teria que pagar multa. Isso quer dizer que, na vigência do contrato, a empresa está liberada para aumentar o valor do serviço, o que deixa a outra parte desprotegida. Uma pena que a Anatel não defenda o consumidor, permitindo essa arbitrariedade.
Só ele
Se o governo Rollemberg não colocar o deputado Fraga para controlar as vans, será difícil impedi-las de voltar. Para cada ônibus aguardado, quatro vans oferecem o transporte.
Dica
Se estiver hospedando estrangeiro, leve-o para almoçar no Mangai. A fartura e a diversidade da culinária nacional encantam.
História de Brasília
No desfile do Dia do Soldado, os aviões que sobrevoaram a Esplanada dos Ministérios tinham os números 204, 205, 206, 207 e 208. Foi o último sorriso do sr. Jânio Quadros, quando alguém ao seu lado observou a coincidência com as instruções da Sumoc. (Publicado em 30/8/1961)
Por ser especial e ter como objeto de estudo e observação os valores de uma sociedade, o direito é ciência axiológica. Isso significa dizer que trabalha com fenômenos sociais. Entre esses fenômenos, destacam-se os valores da ética. É por esses valores que se desenvolve o conjunto de normas, objeto dessa ciência. Sendo assim não pode haver ciência do direito onde não existam os tais valores de uma sociedade, principalmente os de natureza ética. São justamente esses valores de ordem ética e moral que propiciam o delicado equilíbrio entre as partes e, consequentemente, a harmonia e a paz social.
De forma sucinta, o direito é o direito de cada um individualmente e da coletividade, de forma ampla. Assim sendo, o mínimo que se pode dizer a respeito do manifesto ou da carta aberta dos advogados sobre os procedimentos da Operação Lava-Jato é que ela retrata, com fidelidade, o desvirtuamento de parcela significativa desses profissionais. Alheios aos valores que redundariam na concepção do próprio direito, os 100 advogados que assinaram o documento deram pequena receita de como transformar o Sol em imensa mancha amarela, fazendo das leis não aquilo que é seu objeto maior, ou seja, o alcance da justiça, mas propósito narcisístico, em que predominam apenas os valores pessoais e sua visão de mundo.
Reduzir a operação de desmantelamento do maior caso registrado de corrupção do Brasil (Lava-Jato) pareceu um golpe contra o país. Os valores, as quantias, a quantidade de implicados e duração dos crimes, processo a processo, estudada minuciosamente, e agora a cortina de fumaça dos doutores da lei quando dizem que se trata de caso histórico de desrespeito a direitos e garantias fundamentais dos acusados. Isso é mais do que afronta à inteligência e à conduta de milhões de brasileiros que primam pela dignidade humana e deixa claro para todos o conceito que esses cavalheiros têm da própria Justiça, quando ela ousa se aproximar da minoria de privilegiados.
Na verdade, é esse mesmo documento, com constrangedora pretensão de libelo, que vai “ocupar um lugar de destaque na história do país”, sinalizando tempo trágico em que o aparelhamento das instituições do país por um partido político, converteu homens da lei em fantoches de palha.
A frase que foi pronunciada
“Toda a capacidade dos nossos estadistas se esvai na intriga, na astúcia, na cabala, na vingança, na inveja, na condescendência com o abuso, na salvação das aparências, no desleixo do futuro.”
Rui Barbosa
Celeuma
Foi aprovado, na CCJ da Câmara, o projeto de lei do deputado federal Aguinaldo Ribeiro, da Paraíba, que permite a participação da administração pública nas ações decididas em juizados especiais. A intenção é que o cidadão não precise apelar para instância federal quando a causa for contra a administração pública federal, por exemplo. Mas certamente esse projeto encontrará barreiras adiante, já que a lei do juizado especial não traz essa previsão.
Cyber boicote
Não é só o material escolar que tem vários preços pela cidade, variando em até mil vezes mais caro, como atestou o Procon. O preço do tomate no Atacadão no final da Asa Norte estava em R$ 3,20, enquanto no Big Box do Lago Norte, chegava a R$ 8,80. É assim com o feijão, o açúcar e outros produtos. A diferença é que as donas de casa, o Procon e o Prodecon têm várias formas de comunicação para boicotar os preços mais altos, como noutros tempos não existia.
Pesquisa
Por falar nisso, apesar do aviso de que o Procon Digital está temporariamente indisponível, é possível consultar a lista de preços de material escolar no portal da instituição. Em uma pesquisa minuciosa com dezenas de papelarias, é possível ver a diferença dos preços.
Retrocesso
Curso de enfermagem na Faculdade Michelangelo foi barrado no Ministério da Educação. Interessante é perceber que essa geração recém-formada em medicina e enfermagem está voltada apenas para procedimentos. Não é ensinada a ouvir ou tratar o paciente como pessoa, com olhar e sentimentos. Entende só de histórico e possibilidades de diagnóstico. Muito triste para um país que, em poucos anos, terá o triplo de idosos que hoje.
História de Brasília
O Departamento de Parques e Jardins está cuidando do jardim em frente ao Ministério da Guerra, da Aeronáutica e da Marinha, mas não está cuidando do jardim do Ministério da Fazenda, que é vizinho. (Publicado em 30/8/1961)