Vale para os EUA, vale para o Brasil

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

com Circe Cunha e MAMFIL

Entre a eleição do magnata Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos e a eleição de Marcelo Crivella para a prefeitura do Rio Janeiro, respeitadas as diferenças, existe um ponto em comum que parece marcar todo o mundo Ocidental na atualidade e que pode ser identificado como um desencanto generalizado da sociedade com os políticos e as políticas tradicionais vigentes.

Na verdade, nada resiste ao desgaste do tempo. O que parece é que, na forma e no conteúdo, a democracia secular, do tipo representativa, começa a dar sinais de esgotamento e fadiga de ideias. Não se trata aqui de um esgotamento do modelo em si, mas do perfil de candidato que esse modelo parece atrair. A larga porta aberta pelo sistema democrático aos mais variados pretendentes, mesmo aqueles sem expertise para o cargo, acaba resultando num jogo de azar em que a parte perdedora será sempre a população. São os candidatos e não propriamente o modelo que tem necessitado de reparos.

Grosso modo, a eleição do novo presidente dos EUA equivaleria, para nós brasileiros, elegermos um bicheiro de sucesso, dono de muitos pontos de aposta, rico e influente, como tem sido boa parte desses zoo empresários entre nós. No Rio de Janeiro, diante dos descalabros visíveis, o povo achou melhor escolher logo um salvador. Aqui, os votos a esse candidato celeste foram dados como uma espécie de dízimo em que se espera a indulgência posterior.

Já nos EUA, os votos foram colocados no pano verde da mesa de apostas enquanto se aguarda que a roleta pare de girar. Lá e cá o povo desconfiado achou mais seguro apostar na fezinha. Quem sabe não vem do além e da sorte a saída para a crise, inclusive moral, que assola o Ocidente? Para quem entende dos meandros da política nacional, a eleição de Crivella, no Rio de Janeiro se insere em um amplo esquema que visa, em última análise, instalar no Palácio do Planalto um legítimo representante dessa Igreja, para, numa fase posterior, transformar o Brasil numa grande nação de fiéis.

Lá, ao Norte do Rio Grande, a eleição de Trump, creem os ficcionistas, foi bancada por Putin, da Rússia, que financiou diretamente a divulgação de e-mails e outros segredos de Estado que estavam em posse de Julian Assange da Wikileaks e de Edward Snowden. De posse desses segredos, Putin, um especialista em espionagem na KGB, estaria a par de informações sobre o relacionamento de Trump com a máfia dos jogos que operam nos EUA e outras informações comprometedoras sobre seu passado. A chegada desses e de outros diferentes candidatos ao controle do Executivo decorre de um fator apenas: a desilusão.

A frase que foi pronunciada

“Nenhum político deve esperar que lhe agradeçam ou sequer lhe reconheçam o que faz; no fim de contas, era ele quem devia agradecer pela ocasião que lhe ofereceram os outros homens de pôr em jogo as suas qualidades e de eliminar, se puder, os seus defeitos.”

Agostinho da Silva, filósofo português

À saúde

» Dentro da proposta Arte e Reabilitação totalmente apoiada pela Dra. Lúcia Willadino Braga (que além de neurocientista toca flauta transversal muito bem), o Coral do Senado fez um concerto riquíssimo. No repertório, músicas brasileiras e sul-americanas, e a interpretação de partes da ópera Carmen, de Bizet, com encenação. Os pacientes aplaudiram efusivamente.

Vans

» Da precariedade dos serviços de transporte público oferecidos pelas empresas particulares aos habitantes da capital se originam todo tipo de mazelas. A principal delas é o reaparecimento das vans de transporte pirata que a população acreditava ser coisa de um passado triste.

Risco

» Quem mora nas bordas do Plano Piloto notou que essa modalidade arriscada de transporte voltou com a força total e repete os mesmos equívocos de outrora. Disputas acirradas contra a concorrência, principalmente contra o transporte público regulamentado, passageiros conduzidos amontoados e sem cinto de segurança e velocidade excessiva têm sido observados com frequência.

Bragueto

» Aos poucos vamos sepultando a principal construção que permitiu a fixação da população em Brasília. Infelizmente, prosseguimos destruindo indefinidamente uma coisa para criar outra. O ideal, e talvez mais barato a longo prazo, seria um transporte público em que o secretário de Transporte e Mobilidade falasse tão bem da sua pasta que fosse capaz de ir e voltar ao trabalho nas mesmas condições da população. De ônibus e metrô.

Impacto ambiental

» Com as obras viárias do Trevo de Triagem Norte (TTN), realizadas no fim do eixo Norte, o assoreamento do Lago Paranoá e, principalmente, o desaparecimento do espelho d´água sob a Ponte do Bragueto segue, em ritmo acelerado. Depois da construção do Setor Noroeste, chegou a vez das obras desse trevo lançar toneladas de terra no já sofrido lago. Com a chegada das chuvas, os rios de lama encontram caminho livre em direção ao Lago.

História de Brasília

Cidades-satélites. Há apenas a planificação para as cidades-satélites. Em todas elas, entretanto, a vida é insuportável, e todos os problemas de ordem humana têm que ser enfrentados com possível solução. (Publicado em 17/9/1961)

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