O Lago Paranoá não está para peixe

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960
jornalista_aricunha@outlook.com
com Circe Cunha e MAMFIL

Concebido para trazer o conforto ambiental da umidade, criando as condições para a formação de um microclima mais saudável e suportável, o Lago Paranoá é, ao lado do Plano Piloto, concebido por Lucio Costa, a obra mais importante da capital. Sem a presença desse imenso espelho d’água artificial, que levou cinco anos para encher seus 48Km² de área, morar em uma metrópole em pleno Planalto Central do Brasil seria uma tarefa difícil e penosa, dada as condições agrestes da região. Tamanha é sua importância que é possível afirmar que Brasília e o Lago Paranoá formamum único elemento.

Além dessa utilidade, o Lago Paranoá se consolidou, ao longo do tempo, como importante bacia ecológica, abrigando grande variedade de peixes, animais aquáticos e aves diversas. Sua construção foi primeiramente pensada durante a Missão Cruls, em 1896. Atualmente, o Lago Paranoá é considerado a principal área de lazer dos brasilienses. São mais de 10 mil embarcações licenciadas na Capitania dos Portos, ou seja, a terceira frota náutica do país.

Por essas características e importância absoluta para a vida da cidade, não se compreende a razão de o Lago Paranoá ainda não ter uma secretaria de Estado exclusiva e bem equipada, apenas para cuidar desse imenso e delicado patrimônio de todos. Por sua relevância, torna-se inconcebível que as autoridades do GDF insistam em fazer vistas grossas às recorrentes agressões cometidas contra o espelho d’água.

É preciso deixar claro para a sociedade que a situação atual do Lago é crítica, sendo necessária a adoção de medidas emergenciais para deter, de uma vez, as múltiplas formas de poluição e de assoreamento por terras e lixo que atingem a bacia em toda sua extensão. O perigo é se atingir um ponto tal de saturação de poluentes e terra que venha a ser decretada a morte prematura do lago, levando o Paranoá a se transformar numa espécie de Tietê candango, ou seja, um imenso esgoto a céu aberto.

Hoje a contaminação pela proliferação dos micro-organismos nocivos à saúde praticamente já inviabilizou a pesca e as práticas desportivas em boa parte do braço sul do lago. Há riscos sérios à saúde em tomar banho e consumir peixes dessa região. Por enquanto, as providências das autoridades têm se limitado à colocação de placas de aviso, alertando para os riscos de banho e consumo de peixes. É muito pouco. Uma fiscalização séria é importante. Que seja constante e minuciosa para a identificação dos vários focos de poluição. Para os casos comprovados, é necessária a lavratura de pesadas multas contra os agentes poluentes. Antes, porém, é aconselhável um amplo programa de educação da população, e campanhas internas no governo para que as nascentes recebam mais segurança, chamando a atenção para a importância da conservação desse espelho d’água.

A frase que foi pronunciada

“Estamos cercados pelos sete lados!”

Frase predileta do Lauro Morhy, diante de crises, como agora. Fonte: arquivos de Timothy Mulholland

Missiva

» Recebemos do leitor Uirá Lourenço dizendo que ele atua na área de mobilidade urbana e ficou indignado
quando soube da retomada pelo atual governo das obras totalmente retrógradas de ampliação viária na saída Norte da cidade.

Protege

» Uirá Lourenço é um ativista que protege o meio ambiente e tem denunciado o problema em textos, fotos e vídeos. Com a ampliação e os inúmeros túneis e viadutos, a situação só tende a piorar, sem contar a questão ambiental (devastação e assoreamento do lago).

Imagens

» Vamos postar no blog do Ari Cunha o vídeo que teve, na segunda parte, participação especial de crianças que dão uma lição aos gestores sobre a necessária humanização da cidade. Uirá alimenta o seu blogue com histórico, fotos e queixas dos moradores da cidade.

Imobilidade e rodoviarismo no norte do DF

Esperança

» Com a mobilização dos blogues, o leitor espera que os protestos surtam algum efeito e finaliza com o desabafo: “Chega de tantos projetos e tantas obras absurdas, que promovem o caos, não priorizam o transporte coletivo nem melhoram efetivamente a qualidade de vida.”

História de Brasília

Estes são alguns dos problemas que deverão ser enfrentados pelo novo prefeito. São problemas iguais em todas as cidades do mundo, mas há peculiaridades que só quem é de Brasília conhece, e pode indicar uma solução. (Publicado em 17/9/1961)

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