É pau, é pedra

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jornalista_aricunha@outlook.com

com Circe Cunha e MAMFIL

Descontado o fato de a Guerra Fria, que opôs os Estados Unidos e a antiga União Soviética, aparecer como pano de fundo da Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83), durante os 13 anos em que o ambidestro petismo esteve no comando do País, em nenhum momento seus integrantes cuidaram de revogar ou de dar nova maquiagem à antiga legislação, chamada de entulho do regime autoritário. A razão desse desleixo providencial em banir uma lei que, durante tanto tempo, aterrorizou os movimentos de oposição ao regime militar está, em parte, no fato de que ela, em suas filigranas, serve como espécie de contraforte aos ocupantes do Palácio do Planalto, não importando a coloração dos grupos no poder.

Não há dúvidas: caso se sentissem ameaçados por movimentos e ativistas de qualquer matiz, os governos Lula e Dilma não teriam o menor constrangimento em recorrer, de imediato, à LSN contra os insurgentes para enquadrá-los devidamente nos rigores frios da lei.

A história do Brasil está repleta de exemplos que demonstram que as leis adequadas e justas são somente aquelas que têm o poder de impor limites e punir aqueles que não contam com a retaguarda do Estado. O instituto do foro privilegiado para as altas autoridades do Estado é um desses casos. Uma boa imagem que serve para explicar as razões que levam à perpetuação da LSN vem da França revolucionária do século 18. Enquanto a guilhotina cuidava de decepar as cabeças dos opositores e antagonistas, era considerada um instrumento eficiente para eliminar discordâncias e impor o medo.

A questão com essa máquina de separar a cabeça do restante do corpo só veio a se tornar um problema, quando aqueles que a operavam tiveram a experiência forçada de sentir seus efeitos, inclusive seu próprio inventor. Com a LSN ocorre o mesmo. Enquanto ela for usada contra os que estão fora dos palácios, tudo bem. Conveniente ou não, a LSN volta a ser evocada por ocasião das manifestações violentas que tomaram conta da cidade durante a votação da PEC .

Nesta e nas outras manifestações ocorridas por estas bandas, em que o vandalismo foi a parte mais visível e em que os escombros das depredações foram os únicos resultados práticos, o governador Rollemberg, oriundo do que se acredita ser uma esquerda política, ficou , em todas as ocasiões, literalmente pisando em ovos. Ou cede às pressões dos políticos e antigos aliados e companheiros ou fica ao lado da lei, da ordem e dos brasilienses. Governar com um pé em cada barco é perigoso.

Conhecedores do vazio que passa a existir entre uma vacilação e outra dessas autoridades, os agitadores de sempre, açulados pelos movimentos de sempre, passam a ocupar estes vácuos da melhor forma possível: com paus , pedras , fogo e sangue.

A frase que não foi pronunciada
“Veloso. Esse nome sempre me traz problemas.”
Senador Renan Calheiros, rindo de si mesmo quando se referia ao presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso (enquanto falava) e à Mônica Veloso, no pensamento.

Errata
» Entre os agraciados com a medalha militar na solenidade alusiva do Dia do Marinheiro no Ministério da Defesa estavam o vice-almirante Joése Andrade Bandeira Leandro, 40 anos de serviços prestados, suboficial Antonio Aparecido Pereira da Silva e o suboficial Marildo Ferreira Dias, 30 anos dedicados à Marinha. Na ocasião, foi lida a Ordem do Dia do comandante da Marinha, almirante de esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira. A cerimônia foi presidida pelo almirante de Esquadra Luiz Henrique Caroli, chefe de Logística do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.

Lamentável
» Depois da violência ocorrida em loja de alta costura no Lago Sul, Brasília deixa o recado. Ser chique é ser educado!

Partida
» Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de S. Paulo, foi levado por uma broncopneumonia. Era um homem virtuoso. Será sempre lembrado pela bondade e coragem.

Tributo a Paulinho da Viola
» O chorão é o homenageado pelo Clube do Choro nas quartas, quintas e sextas. Desde março, Paulinho teve em Brasília mais de 100 shows que trouxeram sucessos da carreira do cantor. As apresentações começam às 21h e os ingressos custam R$ 20. Chegar um pouco mais cedo é o ideal. Beliscar petiscos e bebericar antes do show é o charme do Clube.

Pesquisa
» A revista Transportation Research concluiu que há perigo, mesmo sem pegar no celular, em conversar enquanto se dirige. Os motoristas que fizeram o teste prestavam menos atenção na estrada ao pensar nas respostas durante a conversa.


» Foi em Richmond, na Califórnia, que uma ideia aparentemente estapafúrdia vingou com sucesso. Com 104 mil habitantes e um alto índice de violência, DeVone Boggan resolveu apresentar um plano à prefeitura da cidade. Os bandidos mais violentos receberiam um pró-labore se conseguissem se manter dentro da lei por alguns meses. Assim receberiam capacitação e toda estrutura necessárias para continuar a viver por conta própria, trabalhando, quando a remuneração fosse cortada. Com a situação financeira estabilizada, não era necessário voltar ao tráfico. Deu certo.

Consumidor
» Uma tese interessante levantada por um leitor. Existe mistério maior do que uma concessionária cobrar pelo tapete do carro?

História de Brasília
Enquanto isso, os políticos não deixam o cargo de vista e voltam, agora, a sugerir o sr. Fadul, que tem a virtude de ser do mesmo partido do presidente João Goulart, de Mato Grosso. (Publicado em 20/9/1961)

Hora de pular do berço, gigante

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com Circe Cunha e MAMFIL


O que mais importa agora aos políticos citados nas delações premiadas da Lava-Jato é o início imediato do recesso. Esperam eles que, com os feriados do Natal, do ano-novo e do carnaval, os dias e semanas cuidarão de lançar uma névoa densa sobre a memória de todos e tudo restará coberto pelo musgo do esquecimento. O tempo será um aliado para apagar pegadas, desmanchar pistas, destruir evidências e — quem sabe? — levar para outro mundo não só testemunhas chaves e comprometedoras, mas acusadores e outros juízes probos.
Num país ideal, dado o grau de desestabilização política e econômica que lançou o Estado num caos inédito, colocando de pernas para o ar uma República centenária, o correto seria que não houvesse interrupções nem no Legislativo nem no Judiciário. A urgência do momento requer a vigília permanente de todos. Dado o grau de comprometimento das instituições e de seus dirigentes em escândalos sem precedentes, o melhor seria o prosseguimento, sem intervalos, de todo o processo de investigação, depoimentos, homologações das delações, julgamentos e outras ações saneadoras. Ninguém sai de férias até que as operações policiais cumpram a missão redentora de libertar a nação.
Num futuro próximo, quando forem analisados, com a frieza e o distanciamento adequados, os escândalos do mensalão e seu desdobramento natural, a Lava-Jato, será possível ter uma ideia abrangente e isenta desses dois megaescândalos de corrupção que marcarão para sempre a história da República brasileira. A depender do fechamento desses episódios, com a punição dos culpados e o devido ressarcimento aos cofres públicos dos valores desviados, um capítulo importante de nosso tempo estará encerrado. Muitos outros ainda restarão a depender dos eleitores do futuro.
O capítulo mais importante dessa época conturbada talvez seja também o que mais o importa para todos nós, que é a transformação do Brasil em um país sério e respeitado pelo restante do planeta. Enquanto esse tempo de purgação e contrição não chega, prosseguimos com nossa chanchada de Estado. Para usar uma expressão típica de um personagem central desses tempos revoltos, nunca antes na história deste país, tantos figurões foram apanhados com tanto dinheiro alheio.
Nunca a Justiça foi tão açulada e nunca os escritórios de advocacia ganharam tantos honorários. Nunca antes na história deste país, houve uma oportunidade tão ímpar de fazer o gigante saltar do berço esplêndido. Há uma chance imperdível que se apresenta agora de enterrar em cova bem funda tudo o que está podre e morto. Estamos diante de um 7 de Setembro e de um 15 de Novembro simbólicos, quem sabe novos marcos históricos que sinalizam o redescobrimento do Brasil cinco séculos depois?

A frase que não foi pronunciada

“A velha política só existe porque há eleitores que a endossam”

Semestre
» Alunos da UnB não serão prejudicados pela ocupação de estudantes. As aulas terminarão mais tarde, mas o semestre será finalizado. Os protestos precisam de planejamento para que atinja o alvo certo. Até agora só inocentes pagam as contas.

Arte
» As comemorações dos 24 anos da Fundação Athos Bulcão serão no domingo, das 10h às 18h, na CLS 404, Bloco D, Loja 1. Boa oportunidade de adquirir presentinhos para as festas de fim de ano. Xícaras, calendários, azulejos e outros objetos valorizados pela arte de Bulcão.

Cenário
» Uma mesa na churrascaria São Paulo, só com jovens entre 20 e 25 anos. Em pauta, o desemprego. Um dos rapazes formado em administração só conseguiu lugar como corretor de imóveis. Outro formado em marketing trabalha em uma gráfica, o caçula da turma fala três idiomas, é formado em relações internacionais, sem emprego, estuda para concurso.

História de Brasília
Sem solução, o caso da Prefeitura de Brasília. O presidente da República não está mais disposto a uma partilha política. Isso significa que está compreendendo a situação do Distrito Federal.(Publicado em 20/9/1961)

Publicizar o quê?

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ARI CUNHA
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com Circe Cunha e MAMFIL

Nem todo o orçamento do Distrito Federal para o exercício de 2016 seria suficiente para financiar uma campanha institucional, capaz de reverter os baixíssimos índices de aprovação da Câmara Legislativa, ainda mais quando são levantadas suspeitas de que parte desse dinheiro vem sendo usado de maneira pouco transparente. Mesmo assim, a CLDF prevê gastos de até R$ 26,07 milhões neste ano.

Em conversa gravada recentemente pela deputada Liliane Roriz (PTB), o ex-senador Gim Argello, hoje preso em Curitiba, afirmou, entre outras confissões, que a ex-presidente da CLDF, Celina Leão, afastada da Mesa Diretora pela Operação Drácon, teria participação num lucrativo esquema de desvio de dinheiro envolvendo a publicidade da CLDF. A questão da má utilização de verba pública para fins de publicidade do governo sempre esteve envolta em muita nebulosidade, e à medida que aumentam as verbas para esses fins, crescem, na mesma proporção, os casos envolvendo desvios de dinheiro.

No plano federal, os casos de malversação do dinheiro público são ainda mais escandalosos, por envolver enormes somas. Nos últimos anos, as verbas com publicidade têm feito a fortuna de muitos marqueteiros, alguns, inclusive, usados como laranjas de políticos para a lavagem de dinheiro. As Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) que ousaram investigar os vespeiros não chegaram à nenhuma conclusão, por força do poderoso lobby, da quantidade de políticos envolvidos e do volume de verba comprometida.

Se acontece na esfera federal, ocorre também no Distrito Federal. Não há transparência nas publicidades da CLDF. Quem procura informações sobre os gastos nessa rubrica não encontra respostas. As contratações de agências também são feitas com base em critérios políticos e pessoais e não obedecem aos princípios da administração pública. O fato é que, a cada ano, aumentam significativamente os gastos com propaganda institucional. Trata-se aqui de terreno pantanoso, onde pode ocorrer inúmeras irregularidades, desde desvios de dinheiro diretamente até contratações de prestadoras de serviços com sobrepreços, ou com a contrapartida de prestação de serviços para os próprios distritais.

O mais sintomático nisso tudo é que bastam alguns escândalos, como os revelados agora pela Operação Drácon, para jogar no lixo, imediatamente, milhões de reais investidos no melhoramento de imagens de suas excelências. O que a população vê, de graça, estampada em manchetes diárias por todo lado é uma Câmara Legislativa bem posicionada nas páginas policiais.

Crime

André Lima, secretário de Meio Ambiente, está elaborando o planejamento de prevenção contra incêndios florestais. A Sema-DF vai aperfeiçoar as punições para quem coloca fogo no cerrado por imprudência ou negligência. Com alguns casos exemplares de penalidade, a sociedade perceberá que as coisas estão mudando, disse o secretário. Agora a luta é pela parceria da Delegacia do Meio Ambiente (Dema), Procuradoria do Meio Ambiente (Prodema) e o Ministério Público no PPCIF na definição das ações.

Parâmetro

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avisa que é especulação a notícia de que seria candidato. A sociedade só insiste na ideia porque ele foi citado pelo PT durante todos esses anos por ter deixado para trás uma herança maldita. E apesar da palavra maldita é dessa herança que se sente falta. Para a herança deixada pelo PT, ainda não criaram adjetivo.

Turismo cívico

A experiência das ruas tem mostrado a necessidade de ensinar às crianças o valor do patrimônio público. O GDF promove o Turismo Cívico em Brasília com esse fim. As excursões serão gratuitas e acontecerão nas segundas, terças e quartas-feiras. O projeto é uma parceria da Secretaria Adjunta de Turismo com a Casa Militar, a Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB) e as secretarias de Educação, Cultura e Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.

Militar

Antônio Aparecido Ribeiro, suboficial da Marinha foi homenageado no Ministério da Defesa pelos 30 anos de prestação de serviços ao país. A cerimônia foi presidida pelo almirante de Esquadra Luiz Henrique Carolina, chefe de Logística do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante de Esquadra Ademir Sobrinho, também esteve presente na cerimônia.

Ainda?

As 30 lâmpadas fluorescentes de 40w cada da Estação Catetinho do BRT permanecem acesas por 24 horas gerando assim um consumo diário de 28,8kh totalizando no fim do 1 mês 864kw dos quais pelo menos a metade, 432kw é um desperdício acintoso nesses momentos de crise. Essa energia que é jogada fora equivale aproximadamente ao consumo de duas residências médias. Será que quem projetou aquilo nunca ouviu falar em relés de controle tipo fotocélula?

Outro lado

Em compensação, na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes, todas as luzes são apagadas.

Coluna vertebral

Matéria de Valéria Mendes, no Correio Braziliense, sobre estudos do Dr. Ricardo Fonseca a respeito da coluna vertebral, repercute até hoje. Maria Aparecida Postigo e Regina Ivete Lopes estão às voltas para saber o contato.

Reconhecimento

Dr. Bruno Ramalho de Carvalho, da Maternidade Brasília, tem recebido muitos elogios pelo trabalho sério e pelo modo humanizado com que trata as pacientes. Mestre em ciências médicas, Dr. Bruno é especialista em reprodução assistida e ginecologia endócrina.

Convocação

Cantores eruditos estão sendo selecionados para a Cia. de Cantores Líricos de Brasília. Até o dia 17, o Instituto Claude Debussy receberá as inscrições de quem deseja interpretar La Clemenza di Tito, de Mozart. O portal para mais informações é o www.toibrasilia.com.br/audicoes.

História de Brasília

As soluções através de “fórmulas políticas” não devem prevalecer, para que possa existir uma administração de fato, e não de compadres. (Publicado em 19/9/1961)

Queimando dinheiro ao vivo

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ARI CUNHA

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Durante todo o ano, o que a população do Distrito Federal mais tem ouvido é que por contingências mil as finanças da capital estavam no vermelho. Por essa razão, o Palácio do Buriti passou enumerar, uma a uma, as despesas que não poderiam ser honradas por conta da falta de dinheiro.

Números milionários de cortes foram apresentados, investimentos cancelados, despesas adiadas, contingenciamentos propostos, redução de custos descriminados, riscos de cortes ventilados, salários ameaçados, aumentos de tarifas e tributos fixados, entre outras medidas orçamentárias necessárias para sanear os cofres do GDF.

A todas elas a população deu seu parecer favorável e até contribuiu como pode. Dessa forma, torna-se quase surreal o anúncio feito agora de que o GDF abriu aviso de licitação para a contratação de empresas interessadas em organizar as festas de ano-novo. Não se sabe muito bem o que o governo local tem de fato a comemorar. Mas seja lá o que for, essas e outras festanças deveriam ficar sob o encargo apenas da iniciativa privada, que cobraria pelo evento.

O que não faz sentido é gastar o dinheiro do contribuinte, já esfolado e depois que o próprio GDF declarou a falência das contas públicas. Gastar recursos que serviriam para compra de remédios, reformas de instalações, infraestrutura e outras obras necessárias para o cidadão em caches para duplas caipiras e outras atrações do gênero, não faz sentido.

Pior ainda é queimar esses parcos recursos nos chamados show de pirotecnias, nos quais o que se realiza de fato é a queima do dinheiro público ao som dos pipocos e dos falsos brindes de ocasião. Para muitos brasilienses, 2016 poderia ser banido do calendário.

Além da escassez de verbas para tocar a administração da cidade, os cidadãos da capital ainda tiveram que aguentar mais um ano em que os escândalos na Câmara Legislativa ocuparam as manchetes, e em que alguns deputados só faltaram mesmo agredir o governador. Operações levadas a cabo pelo Ministério Público, pelas polícias federal e civil do DF, puseram a nu os desfalques milionários envolvendo os grandes figurões da cidade, alguns amargando a realidade das prisões.

Torrar R$ 220 mil do contribuinte em fogos de artifício, além de uma má ideia do GDF, é um contrassenso que pode colocar dúvidas sobre a real situação das finanças públicas locais. É bom lembrar que, em 2015, o GDF já havia dizimado R$ 950 mil dos recursos públicos nesse mesmo tipo de festança. Dessa folia toda, não ficou lembrança nem benefício para a sociedade. A festa que o cidadão quer assistir é a da boa administração. Chegar em um hospital e ser atendido em menos de uma hora, ver os filhos progredindo na escola, conseguir se deslocar em longas distâncias com serviço de transporte confortável, seguro e pontual. Não ter dois carros roubados depois de pagar tantos impostos.

O que o contribuinte quer é o retorno do suor dispendido para pagar impostos. Não em fogos, mas em serviços.

Batidão

Festas rave são laboratórios da criminalidade. Álcool à vontade, drogas liberadas e a omissão governamental na manutenção do vício.

Leitor

De fato, a coleta de papelão, papéis e outros materiais recicláveis deveria ser feita usando-se caminhões gaiola, e não caminhões com pá compactadora, hidráulica. Isso compromete muito a qualidade e valor do material. Papelão tem mais valor quando seco e não estilhaçado, tal como as associações de recicladores fazem.

Super FM

Lúcia Garófalo está afastada temporariamente da Super FM. Itamar, Toninho e Meire Lucy estão à frente fazendo as honras da Casa. Lúcia, sinta o nosso abraço e pode ter certeza que são muitas as orações pela sua recuperação.

Democracia digital

Ouvimos de relance pela rádio Senado exposição do professor Sérgio Braga sobre as novas tendências de parlamento. Em Minas Gerais, por exemplo, o portal da Assembleia Legislativa supervisiona o andamento das políticas públicas, o que estimula e aprimora a educação cívica do povo. O parlamento jovem na cidade de Palmeira também é exemplo de inovação, com a participação da juventude que aprende a legislar.

Leitor

Iniciativas como as Olimpíadas do Conhecimento, que interagem Senai, Sebrae e IFCT, deveriam ser espelho para que as escolas públicas se envolvessem no mesmo projeto. Nada como a prática para desenvolver os estudantes. Mostras de diversos temas, como moda, tecnologia, robótica, construção de casas, veículos, móveis, artesanatos, foram excepcionalmente bem tratadas naquele espaço, evidenciando que o Brasil pode participar em condições de igualdade com vários países, mesmo com os mais desenvolvidos tecnologicamente. Ver patentes sendo apresentadas e desenvolvidas, e à procura de investidores foi muito salutar.

História de Brasília

Estão cerceando a liberdade que deveria ter o sr. João Goulart para nomear o prefeito de Brasília. Pressões políticas estão vindo de toda a parte, e isso tem prejudicado o Distrito Federal. (Publicado em 19/9/1961)

Reforma

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ARI CUNHA – Visto, Lido e Ouvido
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Alguém, em sã consciência, entregaria uma caríssima obra de reforma de seu patrimônio a um grupo de pessoas no qual não deposita absolutamente nenhuma confiança? É mais ou menos o que vem ocorrendo com a reforma da Previdência, apresentada com enorme urgência, pelo governo Temer. Mesmo diante do reconhecimento da necessidade de reformar o sistema, os trabalhadores brasileiros, na sua imensa maioria, não confiam naqueles que estão, em todos os níveis, operando para mudar a mecânica do sistema previdenciário. Não é para menos. A população não confia no Congresso, não confia nos políticos, não confia no governo e desconfia, inclusive, dos próprios sindicatos que dizem representá-la.O futuro da classe trabalhadora está nas mãos daqueles que as ruas já disseram, em alto e bom som, que não a representam. Que reformas podem resultar de políticos que, em suma, não se submeterão às novas regras? Todos poderão se aposentar com 8 anos de serviço? Ou receber de castigo a aposentadoria compulsória? Para qualquer trabalhador interessa, obviamente, uma aposentadoria digna e, se todos são iguais perante a lei, que a mesma lei funcione para todos no mesmo gênero, número, grau e quantia proporcional.Para isso, o trabalhador investe ao longo da vida parte significativa de seus rendimentos. Trata-se aqui de uma aplicação que é retirada à revelia do assalariado pelo Estado e, muitas vezes, aplicada de forma irresponsável, em negócios nebulosos e, não raro, com sinais claros de corrupção.Falar em reforma, o que salta primeiro diante dos olhos do brasileiro é o risco de gestão temerária dos recursos feita pelos governos. É preciso lembrar que o dinheiro dos trabalhadores tem sido usado até para comprar papéis e títulos podres da dívida pública de países que todos sabiam economicamente falidos. Nos últimos anos, os mais sólidos fundos de pensão das empresas públicas brasileiras foram simplesmente esvaziados por conta de interesses que misturavam afinidade ideológica e interesses particulares escusos. O que resultou nesse carnaval com o dinheiro do trabalhador foram fundos pobres e operadores, partidos e dirigentes ricos.Muito mais do que o envelhecimento da população, o que tem levado à falência do sistema previdenciário são a incúria e a corrupção, facilitadas não só pelas brechas que escancaram as portas do cofre às fraudes corriqueiras, mas sobretudo pela facilidade com que os recursos são apropriados em nome da política partidária. Os recursos da Previdência têm sido usados para tudo, menos para garantir o futuro daqueles que investiram por anos a fio, dando parte de seu sacrifício, para receber paz no futuro.

A frase que não foi pronunciada

“Péssima notícia. Papai Noel está de saco cheio.”

Alguém fantasiado de bom velhinho pagando contas e mais contas

BB
» Buscando comunicação com agências do Banco do Brasil, descobrimos uma inovação que acelera a comunicação dos clientes com a gerência da conta. Ao acessar, pela internet, pela agência e conta, ao entrar na página, basta o cliente clicar em um balãozinho no canto direito no alto da tela. Ali está a interface. A gerência recebe a questão em tempo real, que fica aberta no computador até que dê a resposta. Uma solução bastante ágil para os internautas. Os idosos que preferem o contato telefônico ainda penam.

Denúncia
» Leitor chama a atenção do governo Temer para impedir que as riquezas do Brasil saiam como estão saindo. Desde matéria-prima para indústrias farmacêuticas multinacionais até o nióbio, vendido a preço de banana.

Regresso
» Lendo a história de Brasília abaixo, aqui mesmo nessa coluna, quando na década de 1960 uma carta saía do Aeroporto de Brasília e chagava no mesmo dia ao Ceará, hoje um susto com a surpresa. Para uma carta chegar aos Estados Unidos, em uma semana, é preciso desembolsar
R$ 100. Que diferença. Quanto tempo levamos para fazer o pior.Qualquer reforma séria deveria começar pela universalização dos direitos. Isso, logicamente, significaria, teto salarial, fim de privilégios e outras desigualdades vergonhosas. Uma simples sondagem nos salários de alguns nababos da República dá a dimensão do abismo social do país. Renan Calheiros sabe disso e encostou o ferro gelado no nervo central da questão.

História de Brasília

Quando alguém falar mal do DCT faça, por favor, exceção à agência do aeroporto de Brasília. Um telegrama para o Ceará, que vai via Rio, chegou ao destino no mesmo dia. É uma pena se noticiar uma coisa dessas, porque fato como esse devia ser rotina, mas infelizmente não é. (Publicado em 19/9/1961)

Um estranho no ninho

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ARI CUNHA

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com Circe Cunha e MAMFIL

Qualquer cidadão que venha acompanhado as sessões realizadas no plenário do STF, desde 2005, quando teve início as transmissões ao vivo do julgamento da Ação Penal 470 do mensalão, já tem, nessa altura dos acontecimentos, uma teoria formada sobre um personagem muito peculiar daquela Corte que, a despeito de seu comportamento apagado, parece um estranho no ninho, quer por uma perceptível limitação nas filigranas jurídicas, quer por uma inclinação, digamos, tendenciosa em prol dos governos que ocuparam o Planalto nos últimos dez anos.

Essa figura, que, num átimo, foi alçada da condição de advogado sem muitos talentos, do Partido dos Trabalhadores, para ministro dessa alta Corte Constitucional, onde o notório saber jurídico é condição sine qua non para o exercício do cargo, destoa do conjunto. A presença desse juiz na Corte Suprema, só reforça a tese de que as indicações para o alto cargo técnico deveriam ser prerrogativa interna do Judiciário, com a sabatina dos indicados sendo feita pelos próprios ministros da Corte.

Colocado no centro do plenário e tendo como questionantes, doutos constitucionalistas e experientes juízes, qualquer candidato ao cargo, seria sabatinado comme il faut . Mas como a indicação e a sabatina ainda são postas sob o crivo exclusivamente ideológico, não surpreende que, cada vez mais, a Corte venha adotando interpretações e decisões com forte coloração político-partidária.

Para os que observam com mais atenção a performance desse ministro, quem ali enverga a túnica talar é uma espécie de ator que se limita a ler pareceres escritos, obviamente preparados por uma plêiade de juristas alojados em seu amplo gabinete. Mais curioso, e não menos emblemático, é que na maioria das decisões que vem proferindo, quando o que está em pauta são questões de interesse do seu antigo empregador e padrinho, não raro, o parecer se esvai pelos meandros infinitos do direito e encontra brechas para aliviar a mão pesada da Justiça sobre os antigos benfeitores. Dizer que ministro não tem passado, só futuro, neste caso, não corresponde aos fatos.

Desde 2005, quando eclodiu o escândalo do mensalão, quando por razões óbvias e éticas era recomendável que se declarasse impedido de julgar, o que se viu e ouviu, foram repetidas decisões contra o bom senso e na direção de livrar o petismo das pesadas sanções legais que se anunciavam. A partir daquele julgamento emblemático, os olhos da opinião pública passaram a focar com mais atenção no desempenho desse magistrado, infelizmente fabricado sob medida e posto a atuar sob pedidos.

A frase que não foi pronunciada

“Voltem sempre!”

João, funcionário da delegacia da Asa Norte, bem-humorado, apesar do trabalho estafante.

Leitor

» As 30 lâmpadas fluorescentes de 40w cada da Estação Catetinho do BRT permanecem acesas 24 horas, gerando um consumo diário de 28,8kh, totalizando, no fim do mês, 864kw, dos quais pelo menos a metade, 432kw, é desperdício acintoso nesses momentos de crise. Essa energia que é jogada fora equivale aproximadamente ao consumo de duas residências médias. Será que quem projetou aquilo nunca ouviu falar em relés de controle tipo fotocélula?

Vacinação

» A Secretaria de Saúde do GDF precisa organizar melhor a próxima campanha de vacinação. Na Asa Norte, por exemplo, tudo foi centralizado em um único Posto de Saúde 207/407. Um caos total.

Mais cuidado doutor

» Depois que a coluna chamou a atenção das autoridades para os comentários feitos discretamente, um prato cheio para quem faz leitura labial, agora as fontes informam que as portas dos quartos de hotéis em Brasília, não são tão assim, digamos, à prova de som.

Exemplo

» Operação Dr. Lao, parceria entre o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, o Ministério da Transparência, Fiscalização e a Controladoria-Geral da União, aplicou penalidades disciplinares a oito servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por peculato e associação criminosa. O fato ocorreu no Mato Grosso e o chefe da Unidade Estadual que trabalhava no cargo por mais de 30 anos foi demitido depois de instaurado o processo administrativo disciplinar (PAD).

Mujica

» O Mujica de Brasília, que entrou na Administração do Lago Norte de fusca e deixou o cargo de administrador com o mesmo fusca, está cabisbaixo. Roubaram na 213 Norte seu possante verde. O ex-administrador, Manoel Andrade foi prontamente atendido pela polícia civil quando comunicou o sumiço do velho carro.

História de Brasília

Esta é com a Capua e Capua. O bloco 56 da Asa Norte está com uma fenda muito grande, de alto a baixo. Parece que não há perigo, mas o pessoal que mora lá bem que está apreensivo. (Publicado em 19/9/1961)

Educação na rabeira

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ARI CUNHA
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Com a divulgação dos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), mais uma vez o Brasil aparece na rabeira entre os 70 países pesquisados. Pela pontuação alcançada em cada uma das áreas pesquisadas, fica demonstrado, na prática, que o desempenho de nossos alunos no âmbito dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) permanece ainda muito abaixo de outras nações, mesmo aquelas em que o PIB é bem menor do que o do Brasil.

No fim da lista, o Brasil ficou com 401 pontos comparados à média de 493 pontos alcançados por outros países. Em leitura estamos na 59ª posição, em ciências descemos para 63ª posição e em matemática despencamos para 66ª colocação. Um vexame internacional.

Realizada a cada 3 anos, a pesquisa traça, além de um diagnóstico básico de habilidades e conhecimentos específicos, uma radiografia sobre as variáveis demográficas e sociais de cada um dos países da OCDE, que possibilita ainda aferição confiável dos sistemas de ensino da cada país ao longo do tempo. No Brasil, a avaliação do Pisa é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que para essa pesquisa selecionou 33 mil estudantes nascidos em 1999, em todos os estados, e matriculados na 7ª série do ensino fundamental.

De acordo com o último Pisa, soubemos que, desde 2006, o Brasil se mantém estável nas áreas de ciências. No quesito leitura, continuamos praticamente no mesmo patamar de 2000. Com os resultados dessa última pesquisa, podemos avaliar que o montante investido por aluno entre 6 e 15 anos ficou em US$ 38.190, contra US$ 90.294 dos países da OCDE, o que corresponde a 42% da média dos gastos por aluno nos demais países.

Persistem enormed desigualdades não só na estrutura física das escolas públicas, como também na formação e valorização dos profissionais em educação. O Sul e o Sudeste continuam na dianteira em relação ao Norte e ao Nordeste. Em ciências, a melhor pontuação ficou com o Espírito Santo, com 435 pontos, contra Alagoas, que marcou 360 pontos, o pior desempenho de todos.

Na avaliação do Inep, o baixo desempenho dos estudantes brasileiros está ligado ao alto índice de repetências, que acaba por desestimular os alunos. Para a secretária executiva do Ministério da Educação (MEC), Maria Helena Guimarães, “o Brasil não melhorou a qualidade nem a equidade nos últimos 13 anos, principalmente. A única melhora do país foi no fluxo. É importante registrar que 77% dos estudantes que fizeram o Pisa estão no ensino médio.”

A frase que não foi pronunciada

“ Não à toa que no Brasil só se vota na zona eleitoral!”

Carioca, ao se reatar com o bom humor

Denúncia

» Entre os trechos 8 e 9 do Setor de Mansões do Lago Norte, uma cerca limita o espaço público, tomando, inclusive, parte da mata ciliar. É tão discreto o arame farpado que está avançando, enquanto escapa da fiscalização da Agefiz.

BB

» Se alguém conseguir ligar para uma agência do Banco do Brasil, por favor, nos envie o número.

Harmonia

» Senado Verde e Coral do Senado trabalharam em sintonia neste ano. Todo o cenário da ópera Carmen foi de material reciclado. O viveiro do Senado produz a própria energia, além de armazenar a água da chuva, reaproveitada nos jardins.

Clareza

» Comentário no cafezinho do Senado é que o presidente Temer precisa criar um canal de comunicação franco e intenso com a população. Até agora, a população não teve do governo nenhuma informação sobre a reforma da Previdência. O assunto precisa ser colocado honestamente e rápido.

Oportunidade

» Shakira tem dois fãs-clubes no Brasil. Um que adora suas músicas e performances artísticas e outro que a admira por ter investido na criação de uma escola para crianças de baixa renda, que se transformou em destaque na Colômbia. Aplicar a verba obtida pelo próprio sucesso, acreditando no sucesso de outros, é uma ação para poucos.

História de Brasília

Atualmente, em Brasília, há quatro pretendentes para cada cargo. Um do Juscelino, que quer voltar; um do Jânio, que quer ficar; um do sr. Tancredo Neves, e outro do sr. João Goulart. (Publicado em 19/9/1961)

Capital do álcool

Publicado em ÍNTEGRA

ARI CUNHA

DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Tão acostumados estamos com nosso horizonte imediato e nossas mazelas diárias, que muitas vezes não percebemos a progressiva decadência que vai tomando conta de nosso mundo ao redor. No caso de nossa cidade, capital do país, o que se apresenta diante de nossos olhos parece ser um a crônica de um colapso social anunciado. Se forem contabilizados entre bares, restaurantes e botecos informais, Brasília possui hoje aproximadamente 12 mil estabelecimentos, que empregam um exército de mais de 100 mil pessoas. Para uma população de pouco menos de 3 milhões de habitantes, o que não faltam são opções de bares e biroscas onde a oferta de álcool variada é abundante.

O que poderia parecer um paraíso de comércio, com vendedores e consumidores exercitando as saudáveis leis do mercado, para o bem da economia local, esconde uma realidade devastadora. O que se assiste hoje na capital do país é a liberalização total e o estímulo, sem precedentes, do consumo de bebidas alcoólicas.

Na região do Plano Piloto, a proliferação de bares, botecos e outros estabelecimentos de venda de álcool segue acelerada. Mesas e cadeiras vão se espraiando por ruas, invadindo as áreas verdes e chegando cada vez mais próximas às residências. O mais preocupante é que o grande público desse tipo de comércio é formado por jovens, a maioria ainda estudantes.

Nas cercanias das universidades, o movimento de bares e o consumo de álcool são mais acentuados. Algumas quadras, como a SQN 408, o comércio local foi tomado por bares que lucram fábulas com os alunos de universidades e escolas da redondeza. Em todas as quadras, o fenômeno se repete. Os bares à noite ficam lotados e as salas de aula vazias. Nunca tantos jovens beberam tanto como agora. Estamos nos transformando na capital do álcool. O que poderia ser uma diversão esporádica, vai se transformando numa constante perigosa.

O que estamos assistindo, sob o olhar complacente das autoridades e principalmente das famílias, é ao consumo desbragado de álcool. Gerações estão sendo entregues ao vício silencioso. Trata-se muito mais do que de um problema de saúde física e mental, que já é sério. O que estamos vendo em nossa cidade e arredores é a lenta destruição de todo um contingente de jovens, desinformados sobre os perigos do alcoolismo.

Sem uma campanha séria e massiva que alerte para esse flagelo que vai se instalando por todo lado, o que teremos num futuro próximo são hospitais lotados de pessoas acidentadas, vítimas de cirrose, delegacias cheias de infratores, presídios superlotados de delinquentes, clínicas e estâncias para dependentes, acidentes de trabalho, hospitais psiquiátricos repletos de jovens desequilibrados. Os moradores das superquadras sabem bem que o problema existe, está se disseminando com rapidez e já é um dos maiores motivos de queixa da atualidade.

A frase que foi pronunciada

“Você ganha liberdade quando tem responsabilidade.”

Alison Zigulich

Aids

» Cresce a cada dia no DF o número de infectados pelo vírus da aids. Já são, segundo a Secretaria de Saúde, 11 mil infectados. Isso sem contar aqueles que ainda não suspeitam ainda da contaminação, além dos que, simplesmente não fazem a notificação e não procuram os cuidados médicos adequados.

Perfil

» Preocupa as autoridades o fato de a maioria dos infectados estarem na faixa etária entre 15 e 19 anos, sendo que a proporção de soropositivos é de 46,7 casos masculinos para cada uma mulher infectada.

Propaganda

» No caso da proliferação desenfreada desse vírus, fatal para o ser humano mesmo com todos os avanços da medicina e dos remédios retrovirais existentes hoje, as novas gerações não foram sensibilizadas por campanhas massivas como acontecia em décadas passadas.

Carnaval

» Com a aproximação das festas de Momo, deverá crescer também o número de registros de pessoas infectadas num futuro próximo. Por isso, não se entende como a menos de dois meses para o carnaval ainda não se veem propagandas apelando para o uso de camisinhas e outros protetores.

História de Brasília

No meio da crise, não falta gente esperta. A Imobiliária Guanabara Ltda. está vendendo o Jardim Maravilha, em Formosa, e apresenta para o cliente esta atração: Recebe do cliente a importância de 5 mil cruzeiros, e dá uma escritura de 40 mil cruzeiros. E tem mais: dá, ainda, uma apólice de 100 mil cruzeiros, para seguros de acidentes pessoais. (Publicado em 19/9/1961)

Gullar

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ARI CUNHA

DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Não conheci pessoalmente o poeta Ferreira Gullar. Mas sempre nutri por seu trabalho e por suas posições, firmes e claras, forte admiração. Estive, há muitos anos, no lançamento de uma coletânea de seus textos, reunidos sob o título Toda poesia. Fiquei de longe. Havia muita gente na ocasião e resolvi ser um a menos a perturbá-lo com tietagens e não pedi autógrafo. Não me arrependo.

A mim, Gullar sempre pareceu ser confiável. Percebi, desde logo, que havia em seus múltiplos trabalhos como escritor e crítico uma coerência linear, que faz com que você conheça na intimidade o verdadeiro criador. É raro encontrar no vasto mundo das artes talentos que possuam a coragem genuína de expor com franqueza e sem enfeites sua personalidade. O que se vê com frequência são artistas deslumbrados com o próprio umbigo, vaidosos e cheios de estereótipos sobre o mundo ao redor.

À guisa de explicação, é preciso deixar esclarecido que tomar o autor pelo trabalho exposto é uma das grandes ilusões das plateias mundo afora, principalmente quando se descobre que autor e obra são dois seres antípodas. A desilusão é ainda maior quando se descobre que, por trás de uma obra-prima qualquer, pode estar um ser mesquinho e cheios das mais baixas veleidades humanas. Ou mesmo o oposto: obras cáusticas com um ser angelical a compondo. Muitos chegam a duvidar que determinada obra seja de um autor, tal a discrepância entre ambos.

A filosofia distingue bem ética de estética. Neste sentido, é possível entender por que alguns grandes artistas, criadores de verdadeiras obras-primas, sejam, na intimidade, seres humanos desprezíveis, capazes de atitudes e baixezas impensáveis. A prudência ensina a não confundir criador e criatura.

Ferreira Gullar tinha esse quê raro de sinceridade. Seus textos e sua pessoa estavam ali, derramados em tinta preta sobre a folha branca. Talvez venha daí a sua enorme aceitação pública. Quando ainda havia a esquerda, como matiz ideológico e pessoal, Gullar se posicionou, não como defensor cego das orientações do Partidão, mas no sentido de que acreditava, com sinceridade, na redenção do ser humano e sua libertação do capitalismo selvagem e predador.

Por sua vivência e liberdade de pensar, desde logo identificou nos governos petistas uma fantasia que levaria o país à ruína moral e econômica. No poema “Não há vagas”, de 1963, Ferreira Gullar traz para o lirismo dos versos, a realidade do brasileiro comum desde sempre:

“O preço do feijão/não cabe no poema. O preço do arroz/não cabe no poema./Não cabem no poema o gás, a luz o telefone, a sonegação, do leite, da carne, do açúcar, do pão./O funcionário público/não cabe no poema/com seu salário de fome/sua vida fechada/em arquivos./Como não cabe no poema o operário/ que esmerila seu dia de aço/e carvão/nas oficinas escuras/– porque o poema, senhores,/está fechado:/“não há vagas”/Só cabe no poema/ o homem sem estômago/ a mulher de nuvens/ a fruta sem preço/ O poema,/senhores,/ não fede/nem cheira.”

A franqueza de sua prosa afastou-o da maioria dos políticos atuais, principalmente os populistas e demagogos. Talvez tenha sido essa a razão por que muitos deles preferiram ir assistir aos funerais do ditador Castro, na longínqua Cuba — um homem a quem é debitado milhares de mortes — do que ver descer a terra um dos maiores poetas da atualidade. Melhor assim para a biografia de Gullar.

A frase que foi pronunciada

“A arte existe porque a vida não basta.”

Ferreira Gullar

Desigualdade

» De acordo com o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Brasília registra os maiores índices de desigualdade econômica e social do Brasil. Nas medições feitas pelo desigualtômetro existem enormes discrepâncias na oferta de bens e serviços entre os moradores do Plano e das áreas periféricas. Enquanto no Plano Piloto, 84% da população tem planos de saúde, a poucos quilômetros, na Estrutural, esse número cai para apenas 5,6%.

CPI

» Na era das delações, feitas diante do pavor da prisão iminente, o país vai conhecendo um pouco do submundo dos bastidores políticos. Num desses últimos relatos, nada mais, nada menos, feito pelo ex-líder do governo no senado, Delcídio do Amaral, ficamos sabendo que as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) vinham sendo usadas apenas para achacar empresários, principalmente em época de eleições.

Deflexão

» Com os desdobramentos da Operação Lava-Jato, nesta nova fase intitulada Deflexão, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia (PT-RS) e o atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e ex-senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), respectivamente, relator e presidente da CPI da Petrobras, terão de prestar contas à Justiça sobre denúncias de que teriam recebido R$ 5 milhões de um clube de empresários para livrá-los da convocação a fim de prestar depoimentos à Comissão.

História de Brasília

Em Goiânia, outro dia, nenhum funcionário do Ipase compareceu à repartição, exceto um servente, que dava a seguinte explicação às pessoas que procuravam a autarquia: “O pessoal está todo doente”. (Publicado em 19/9/1961)

Mobilidade urbana

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DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

No caso do Plano Piloto, somente a crise financeira pode explicar por que ainda não foi implantado um transporte leve sobre trilhos, percorrendo toda a extensão Sul e Norte, com ramificações pelas L2 e W3. Enquanto a solução definitiva, que outros países já conhecem há quase um século, não vem, as vans piratas e toda uma modalidade terceiromundista de transportes voltam a ocupar, de modo extensivo e permanente, as lacunas deixadas pelo poder público. Obviamente, essa é uma modalidade danosa para todos os que precisam se deslocar por longas distâncias.

Além de caros, os transportes clandestinos colocam diariamente em risco a vida de passageiros e demais motoristas. Nas cidades do Entorno, esse tipo de transporte já é maioria presente nas ruas, principalmente nas horas de pico e durante as constantes greves no sistema público.

Na verdade, o transporte pirata das vans nunca deixou de existir. Houve uma retração, durante um curto espaço de tempo, mas sempre atuou, principalmente nas áreas mais carentes. Quem precisa, submete-se, e, na falta de algo melhor à mão, até aprova o serviço. Também as paradas de ônibus, muitas ainda improvisadas, carecem há anos de uma repaginação completa para adequá-las ao novo volume de passageiros, que cresce a cada dia.

» A frase que não foi pronunciada

“Se a gestão brasileira administrar o deserto do Saara, em 5 anos faltará areia”

Milton Friedman, no Liberzone

Pauteiro

» Se quiser falar de uma notícia diferente, observe os shoppings. Eles obrigam as lojas a abrir em horários que fogem às regras celetistas, onerando em demasia a folha de pagamento do empresário e sacrificando os trabalhadores. Nem o sindicato dos trabalhadores impede a prática. Quando avocarem a crise, daí a resignação do lado mais fraco da corda interrompe o assunto.

Quimera periclinal

» UnB 703. Esse é um tipo de mandioca desenvolvido pela Universidade de Brasília que pesa 20 quilos. O professor Nagib Nassar nos mostrou a foto, cheio de orgulho.

Novos nomes

» Senado aprova Luiz Felipe Mendonça para a missão do Vaticano, Maria Laura da Rocha para a embaixada do Brasil na Hungria e Luís Cláudio Villafañe para a Nicarágua.

Jovens senadores

» Em 16 de junho, seria aniversário de Ariano Suassuna. A meninada que participa do programa Jovem Senador sugere à instituição a data como Dia Nacional de Combate ao Preconceito. O grupo propõe que esse tipo de crime seja inafiançável.

Salmo 91

» Era pequeno, quando acompanhava a mãe, Débora Arruda Penha Soares, durante os ensaios do Coro Sinfônico da UnB. Hoje, Artur Soares é compositor de alta estirpe. O certo é que os coralistas estão se empenhando ao máximo para seguir as notas da brilhante composição.

Vale

» Espetáculo urgente no CCBB. Dois minutos para passar toda uma vida. De quinta a sábado, às 20h, e no domingo, às19h, até 11 de dezembro.

» História de Brasília

O espírito guanabarino conta que um psicanalista inglês examinou o sr. Jânio Quadros durante várias horas. Depois veio o laudo: o paciente está completamente são. Mandem-me, agora, os seis milhões de eleitores brasileiros… (Publicado em 19/9/1961)