Autor: Circe Cunha
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Marilena Chauí, a musa intelectual das esquerdas, a mesma que afirma odiar a classe pelo seu viés terrorista e conservador, avalia, a seu modo, que a crise nas universidades públicas é resultado do avanço neoliberal e da entrada da iniciativa privada internacional no mercado brasileiro.
Trata-se aqui de uma visão muito particular da crise que assola as universidades do país, mas que, observada de perto, com vagar, está muito longe da realidade. Afirmar que o papel das universidades é ser parte da luta de classes coloca apenas uma pedra sobre o problema e lança essas instituições na rinha de galo dos partidos, como se elas fossem extensão das disputas de legenda por nacos do poder.
O problema fica maior ainda quando a elite do pensamento dentro das próprias universidades, ao se recusar enxergar o óbvio, lança mais gasolina na fogueira, querendo, a todo o custo, reerguer o Muro de Berlim, ou retornar mais longe ainda, a maio de 1968, época em que os estudantes franceses, ao protestarem contra a reforma de ensino proposta pelo governo Charles De Gaulle, conseguiram paralisar todo o país e parte da Europa, numa greve geral que reuniu mais de 9 milhões de pessoas. A questão, como muitos tentam justificar, não é a falta de recursos.
O Brasil é o país que mais gasta com ensino superior público. Estudos mostram que o custo do estudante da faculdade pública brasileira está entre os mais altos do mundo. O problema maior é justamente com a gestão desses recursos. Nessas instituições de ensino, os recursos públicos são absorvidos integralmente pela folha salarial, restando absolutamente nada para outras áreas. O rombo nas contas das universidades tem sido uma constante.
Em 2016, a universidade de Brasília (UnB) apresentava um déficit de mais de R$ 100 milhões. O rombo nas maiores universidades do país ultrapassa hoje os R$ 400 milhões e sem perspectivas de solução. Na Universidade de São Paulo (USP), por muito tempo a melhor em todos os quesitos, a folha de pagamentos ultrapassa os 105% dos recursos. Todo o dinheiro é gasto com pagamento de pessoal da ativa e de aposentados. O orçamento furado das universidades, contudo, não é o maior problema dessas instituições.
A universalização do ensino superior é uma falácia. De fato, as universidades públicas do país têm perpetuado o modelo excludente presente em outras esferas do Estado. Em seus quadros, com as exceções de regra, estão as elites, quer ensinando ou aprendendo e que, das agruras de lutas de classes, conhecem apenas o que está escrito em livros de história ou sociologia. Se voltam contra o Estado opressor e em favor dos oprimidos, mas se indignam quando têm que se abaixar para apanhar um papel no chão ou dar o lugar para um idoso dentro do ônibus.
Não possuem, de fato, uma “vida acadêmica”, permanecendo na academia apenas o tempo necessário para cumprir tarefas. Não participam de atividades extraclasses e não prestam serviços gratuitos à comunidade, o que seria o mínimo como contrapartida pelos estudos sem ônus, bancados pela sociedade.
Alunos e professores se sentem no Olimpo, dotados de uma áurea especial e, portanto, se sentem desobrigados a meter a mão na massa e construir um ambiente de harmonia dentro e fora das universidades. A partir dos anos 2000, essa situação passou a adquirir um aspecto mais sinistro ainda.
A frase que foi pronunciada:
“ Hoje em dia, a universidade é o local onde a ignorância é levada às últimas consequências.”
Millôr Fernandes
Alta tensão
Novamente a Câmara Legislativa pode prestar um desserviço à comunidade. Terça–feira, o Projeto da Lei do Silêncio, do deputado Ricardo Vale, terá algumas alterações discutidas. De um lado, moradores em busca de sossego. De outro, poluição sonora que rouba a paz.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O lamentável disto é que seja uma repartição pública, a infratora, e não é possível que o Delegado do Iapfesp em Brasília alegue ignorância deste fato. (Publicado em 17.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Com a ascensão das esquerdas, principalmente aquelas de matiz praticista, na qual o Estado é transformado numa grande vaca leiteira, as universidades públicas acabaram se transmutando em filiais dessas siglas, lançando uns contra os outros, contaminando o ambiente. Uma vista recente, captada no interior do prédio da UFRJ, dá uma mostra desse ambiente que tomou conta das universidades públicas brasileiras. Na foto aparecem as instalações internas de um amplo saguão, completamente pichado, com cadeiras e portas quebradas e lançadas ao chão, com cartazes e sujeira por toda a parte, como se um furacão houvesse revirado o ambiente.
Neste ambiente “acadêmico”, alunos de short, alguns sem camiseta, todos invariavelmente maltrapilhos, parecem ensaiar uma das milhares de manifestações, alheios ao mundo em redor. Apenas pela comparação dessa imagem com outras mostrando os principais recintos de universidades como Oxford, Cambridge ou o Instituto de Tecnologia da Califórnia, Harvard, Princeton e outras do primeiro time, dá para perceber quantos anos luz nos separam dessas instituições.
Não é por outro motivo que, no ranking da Times Higher Education, das 200 mais prestigiosas universidades do planeta, nenhuma instituição brasileira é sequer mencionada. Sobra política do tipo partidária e ideológica e faltam pesquisas e outras realizações próprias à essas instituições.
Sobra agitação e falta concentração. Dispersada e sem fôlego, nossas universidades se esmeram em debates e fecham os olhos à realidade do país. Médicos e outros doutores, formados graças ao empenho de muitos brasileiros que sequer sabem ler, não se dão ao trabalho de colocar seus conhecimentos, adquiridos de forma gratuita, à serviço da população. O razoável, num país razoável, seria exigir dos formandos trabalhos comunitários e gratuitos pelo mesmo tempo de formação. Seria muito mais útil ao país. Nem mesmo o Estado subsidiador possui vontade própria para cobrar esta dívida. O que se vê são doutores recém-formados instalarem seus gabinetes e consultórios privados, cobrando consultas que a maioria da população simplesmente não pode pagar.
Dentro das instituições, a vida não é fácil também para quem não se alinha, de primeira hora, a chamada do establishment, principalmente nas áreas ditas “humanas”. O que se verificam são disputas intestinas pelo controle das universidades por parte do pessoal ligado às esquerdas.
A animosidade e mesmo as disputas físicas tornam-se normais dentro dessas academias. Reproduzem-se no ambiente interno das faculdades o mesmo irracionalismo burro que antepõe partido contra partido. Para as minorias, que não se deixam enganar pelo canto de sereias dessa turma, que saúda a Venezuela e Cuba como modelos de democracia, restam o alijamento, as ameaças, o bullying e o assédio psicológico e físico.
Houvesse antes uma verdadeira agitação cultural nesses ambientes, a história seria outra. Da forma como se encontram na atualidade, nossas universidades vão ficar cada vez mais desprestigiadas e sucateadas. Para alguns, inclusive, essa parece ser a tática embutida nesses movimentos que agitam as universidades e que buscam, na verdade, a destruição da instituição, tomada por esses grupos, como uma invenção da burguesia e que tem como função secreta, perpetuar o controle dos trabalhadores pelo monopólio do saber.
A matriz socialista de aspecto tropical, parece dominar nossas universidades públicas. Dentro de um ambiente com esse índice de sectarismo, professores, de fato, que têm no mister de educar seu objetivo principal, são alijados da vida acadêmica, não participam das discussões internas, levando uma vida de pária dentro dessas instituições. Incrivelmente são esses agitadores catedráticos os primeiros a desejar complementar suas graduações em instituições estrangeiras de boa reputação.
O estrago que essa geração de professores e alunos, ditos engajados, vem perpetrando contra as universidades públicas brasileiras ainda está por ser descrita com minúcias. O fato é que pelo desprestígio interno e externo, pelo sucateamento dessas instituições, sua pouca produção científica e outros parâmetros correlacionados, torna-se óbvio que esse não é caminho correto a seguir. Talvez, mais importante do que seguir por um caminho acertado seja pensar melhor que rotas haveremos de traçar para o futuro, se o futuro for mesmo uma preocupação daqueles que pensam.
A frase que foi pronunciada:
“É porque eu odeio a classe média. A classe média é um atraso de vida. A classe média é a estupidez. É o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista… A classe média é uma abominação política, porque ela é fascista. Ela é uma abominação ética porque ela é violenta. Ela é uma abominação cognitiva porque ela é ignorante…”
Marilena Chauí
Resposta
Esta nuvem de desinformação favorece preconceitos contra a mineração e suas contribuições ao ser humano. Exemplo mais claro dessas contribuições é que as Nações Unidas reconhecem publicamente que a mineração empresarial é decisiva para o cumprimento dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ainda mais em países como o Brasil. O setor trabalha, no momento, para aperfeiçoar indicadores nesse sentido, o que será fundamental para atuar em conjunto com o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) na implantação de programas voltados ao cumprimento dos ODS. (Leia no Blog do Ari Cunha a íntegra dos esclarecimentos de Walter Alvarenga, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração, sobre o título publicado nesta coluna: Mineração: o lucro que traz prejuízos irremediáveis
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
A fiscalização da Prefeitura precisa saber que na superquadra 304, do Iapfesp, estão sendo levantadas construções de alvenaria no canteiro de trabalho. Várias já estão prontas, e outras, em conclusão. (Publicado em 17.10.1961)
O OUTRO LADO – IBRAM- Mineração: o lucro que traz prejuízos irremediáveis
Recebemos um e-mail esclarecendo pontos abordados na coluna do Ari Cunha publicada no dia 27 de fevereiro sob o titulo
Mineração: o lucro que traz prejuízos irremediáveis.
Segue aos leitores, a missiva do amigo Walter Alvarenga em posições contrárias à coluna.
Esclarecimento
Mineração rudimentar X mineração moderna e sustentável
A mineração rudimentar que era praticada no período colonial não pode ser comparada à moderna indústria da mineração, que ocorre sob rígidos padrões internacionais tanto ambientais quanto governança corporativa. São atividades distintas.
A mineração pode apresentar polêmicas, muito em fruto do desconhecimento desta atividade e suas características pela maior parte da população. Nos livros escolares, a mineração que geralmente é ensinada é basicamente a rudimentar praticada nos séculos anteriores ao século XX. A evolução do setor mineral ao longo dos séculos é praticamente ignorada nos livros escolares.
Apenas uma pequena parcela dos brasileiros tem verdadeiro contato íntimo com a mineração empresarial. De outro lado, muitos acreditam que a mineração empresarial é semelhante ao garimpo (atividade mais rudimentar e precária), o que está bem longe da realidade. Isso é retratado até em novelas da atualidade, o que é um desserviço educacional.
Nações Unidas reconhecem mineração como fundamental para ODS
Esta nuvem de desinformação favorece preconceitos contra a mineração e suas contribuições ao ser humano. Exemplo mais claro dessas contribuições é que as Nações Unidas reconhecem publicamente que a mineração empresarial é decisiva para o cumprimento dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ainda mais em países como o Brasil. O setor trabalha, no momento, para aperfeiçoar indicadores nesse sentido, o que será fundamental para atuar em conjunto com o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) na implantação de programas voltados ao cumprimento dos ODS.
O “Atlas: Mapeando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na Mineração” foi lançado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), em 2017. Apresenta a agenda da sustentabilidade na mineração. O documento traz as contribuições de iniciativas brasileiras e destaca a atuação do setor na Agenda 2030, com informações sobre como as atividades de mineração podem contribuir para cada um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
O Atlas foi produzido em parceria com o Fórum Econômico Mundial, o Centro de Investimento Sustentável da Universidade de Columbia, a Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável e o PNUD, com apoio da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ).
Mineração no Brasil: apenas 2% de grandes empresas
No Brasil a mineração empresarial está representada majoritariamente por micro, pequenas e médias empresas (98%) e não por “conglomerados poderosíssimos” – imagem a seguir.
Mineração é a ‘indústria das indústrias’
Negar a importância da mineração é como se contrapor a setores importantes como o agronegócio. Sem alimentos não sobrevivemos; sem minérios, a vida seria muito cara e difícil para todos. A mineração é considerada “a indústria das indústrias”, pois fornece matérias-primas para todas elas. Os minérios estão em quase tudo o que nos cerca. Sem os minérios em larga escala não haveria pavimentação, construção de moradias, medicamentos, automóveis, celulares, computadores, fertilizantes, aviões etc.
A coluna menciona o estudo da CETEM, mas não especifica qual. O CETEM possui mais de 2,5 mil estudos sobre o setor e para comentar, o IBRAM precisaria de mais informações.
FGV mapeou importância da mineração
Mas há outros estudos de entidades renomadas, como FGV, que produziu o “Panorama da Mineração em Minas Gerais”. Ali está reunido um conjunto de informações e indicadores que mostram que a mineração tem sido decisiva para a evolução socioeconômica daquele estado, o principal produtor de minérios do País.
Sobre a mineração do ouro, que a Coluna afirma ser explorado até a exaustão, a FGV lista a produção corrente de ouro em 29 municípios mineiros. O IBRAM dispõe de muitos estudos técnicos, sérios, que podem ser comentados posteriormente.
O texto da Coluna também trata a exploração mineral de ouro, ferro e outros minerais – tão necessária para obter os minérios que a indústria da transformação precisa para produzir os bens que nos dão conforto, acesso a novas tecnologias e, portanto, ao desenvolvimento – como se fosse algo negativo. É, na verdade algo necessário, fundamental para o ser humano evoluir. E para isso é preciso intensificar a pesquisa geológica para localizar novas jazidas e assegurar o suprimento de minérios.
Mineração é atividade de altíssimos custo e risco
São necessários 1000 sondagens para ter um “potencial” caso de sucesso que venha a se transformar em um projeto mineral. Para chegar a isso é preciso investir recursos humanos, tecnológicos e financeiros de grande monta. O ciclo de maturação de um projeto de mineração é de no mínimo 10 anos. É um setor de altíssimo risco para quem investe e se dedica a ele (imagem a seguir).
Minerador não controla preços dos minérios e, portanto, seu lucro
Os preços das commodities minerais são regulados pelo mercado internacional e não pelo minerador. O poder público detém alto controle sobre o setor mineral privado. Os custos são altíssimos, como a carga tributária – estudo da Ernst&Young (EY) comprova que o Brasil está entre as nações que cobram os maiores tributos das mineradoras entre 20 países concorrentes.
Brasil ‘desaba’ em termos de atração de investimentos para a mineração
O ambiente para negócios no setor mineral deteriorou nos últimos anos acentuadamente. A intenção de investir na mineração brasileira em 2012 era de US$ 75 bilhões para o período de 5 anos; o mais recente levantamento demonstra que este valor baixou para US$ 18 bilhões (imagem a seguir).
A mineração não tem incentivos para operar, como outros setores industriais. A legislação brasileira é altamente inibidora da atividade minerária legalizada. As empresas sérias sempre concordaram que a legislação ambiental, por exemplo, precisa ser rígida, porém, as regras para licenciamento ambiental têm afugentado novos negócios aos montes. E não só no setor mineral.
O texto da Coluna, no entanto, faz afirmações contestáveis que “os incentivos são generosos e a legislação, regulando todo o processo, é leniente, permissiva e branda. Sempre foi assim”. O IBRAM discorda frontalmente dessas informações. Caberia aqui ouvir o Ministério de Minas e Energia e suas autarquias, que certamente têm elementos para contestar tais afirmações.
Heranças negativas da mineração: lições aprendidas para melhorar sempre
O IBRAM reconhece – e sempre reconheceu – que há heranças negativas de algumas operações minerais (nem todas legalizadas) em pontos do território e que geraram impactos negativos nas comunidades ao longo das décadas. O setor não fecha os olhos para estas marcas do passado – pelo contrário, aprende as lições para evitar que se repitam.
Este é um fato que passou a ser enfaticamente combatido pelas indústrias sérias, realmente comprometidas com a sustentabilidade empresarial.
O compromisso da moderna indústria de mineração é mitigar seus riscos, planejar cada etapa de sua operação até o fechamento da mina e preservar e conservar o meio ambiente dentro das possibilidades e do que for acordado previamente com autoridades e sociedade. A atividade mineral é a única mencionada na Constituição Federal como aquela obrigada a fazer a recuperação das áreas onde atua (art. 225, §2º).
O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), foi um episódio lamentável e que apesar dos danos causados, tem gerado oportunidades diversas para o setor mineral e o poder público aperfeiçoarem seus sistemas de atuação em prol de maior segurança nas operações. Há resultados concretos que podem ser detalhados à parte, como a melhoria da legislação sobre barragens.
É possível fazer um paralelo com o setor aéreo de passageiros: a cada queda de um avião, não se deixa de autorizar o voo de aeronaves, mas há compromisso das empresas, profissionais e das autoridades em criar condições para minimizar os riscos de novas quedas.
Em termos de reparação dos danos causados pelo rompimento, as mineradoras envolvidas se dedicam, como nunca visto no Brasil inclusive em outros setores, para cumprir os acordos que foram e vêm sendo fechados com a sociedade. A burocracia estatal, no entanto, tem prejudicado uma maior velocidade na implantação das soluções acordadas. O Rio Doce, mencionado, deverá estar recuperado em alguns anos, de acordo com o cronograma divulgado pela Fundação Renova, que está alià frente dos trabalhos.
Caso Hydro, em Barcarena, não ocorreu em uma planta de mineração
O alegado (ainda está sendo investigado) vazamento de rejeitos em Barcarena (PA) não ocorreu em uma planta de mineração, mas sim em uma indústria de alumina – é equivocado atribuir este fato ao setor mineral.
Esclarecimentos adicionais
A mineração é um elo fundamental da cadeia produtiva brasileira para que o desenvolvimento nacional ocorra. O desenvolvimento de uma nação e o bem-estar de sua população não existem sem o uso de bens minerais.
Da mesma forma que contribui para o progresso dos centros urbanos por meio do fornecimento de insumos, a mineração leva melhorias para locais remotos. Ao se estabelecer em uma cidade, a atividade estimula o surgimento de polos de investimento regionais, investe em infraestrutura e equipamentos públicos e capacita comunidades locais. A atividade mineral é uma das principais geradoras de empregos diretos e indiretos do Brasil. Há cerca de 2 milhões de trabalhadores envolvidos direta e indiretamente com a mineração nacional.
Respeito ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável são princípios que norteiam o setor empresarial mineral no Brasil. A indústria da mineração é líder em reuso de água na atividade produtiva, que também se caracteriza por ser de baixa emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), e está sempre em busca das melhores práticas para atuar de maneira cada vez mais sustentável.
A indústria mineral se destaca, ainda, por contribuir decisivamente para gerar superávits à balança comercial brasileira. A indústria extrativa também tem participação fundamental no Produto Interno Bruto (PIB) e representa 4,2% de todo o PIB Brasil e 16,7% do PIB Industrial brasileiro, de acordo com dados IBGE 2017.
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, dizia o poeta português Luís de Camões, no século XVI. Mais do que as vontades, mudam-se até os referenciais de riqueza de uma Nação. Se no passado era o acúmulo de metais preciosos, como o ouro, que indicava o nível de riqueza de um país, com o passar do tempo esse critério foi cedendo lugar aos outros indicativos mais ajustados à evolução da economia. Com o aperfeiçoamento e emprego, em larga escala, da máquina à vapor no século XVIII, a aceleração da produção e o encurtamento no tempo de viagem acabaram por revolucionar a economia, transformando e tornando ricos aqueles países que introduziram as novas máquinas no processo de produção.
Dando um salto para o presente, o que se verifica hoje é que a alta tecnologia, empregada em todos os setores da economia, transformou-se no grande referencial de riqueza de um país. Mas para que uma nação atinja esse ponto de excelência é preciso antes um longo trabalho de educação da população. O consenso atual entre os economistas é que um país rico não é aquele que apenas resolveu, de modo satisfatório, o problema da pobreza e da miséria, mas, sobretudo, é aquele em que os níveis de educação oferecidos à população são considerados avançados e de ótima qualidade. Desse modo o indicativo de riqueza deixou de ser um bem material e passou a ser representado por algo aparentemente abstrato, mas cujos efeitos são palpáveis, concretos e duradouros.
Rico é um país educado. No ranking dos dez países mais ricos do mundo, absolutamente todos apresentam excelentes níveis de educação oferecidos a população. Neste sentido, causa grande preocupação que, repetidamente, o Brasil venha aparecendo nas derradeiras posições sempre que são apresentados os resultados da avaliação de estudantes em qualquer área do conhecimento.
Pelos dados que agora chegam do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), uma prova coordenada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aplicado ainda em 2015, entre os 35 membros desta entidade, mais 35 países parceiros, o desempenho dos estudantes brasileiros em ciências, leitura e matemática mostrou uma queda acentuada, colocando o país na 63ª posição em ciência, 59ª em leitura e na 66ª posição em matemática. Praticamente os últimos lugares. É um vexame e uma vergonha, para todos nós, que nossos alunos apareçam colocados nessa posição, o que demonstra que temos muito o que fazer se quisermos, algum dia, retirar o país da condição de subdesenvolvido e fornecedor de matérias-primas baratas.
Relatório apresentado pelo Banco Mundial demonstra que o Brasil, a continuar nesse passo lento em educação, necessitará de, ao menos, 260 anos para atingir o nível educacional de países desenvolvidos em leitura e 75 anos em Matemática. Para os especialistas, existe uma crise de aprendizagem que afeta grande parte do Ocidente, mas no Brasil esse problema assume contornos de um verdadeiro flagelo, capaz de tolher o futuro de milhões de jovens. Análises desse Relatório mostram ainda que cidadãos mais bem educados tendem a valorizar mais a democracia.
A frase que foi pronunciada:
“O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.”
Immanuel Kant
Leitores
Nossa leitora, Regina Ivete, lendo sobre a notícia da Biblioteca de Portas Abertas, lembrou que até hoje a Biblioteca Demonstrativa de Brasília está inativa. Então nem vamos tocar no assunto Teatro Nacional.
Sem cultura
Gerida pela Secretaria de Educação, a Escola de Música de Brasília paga pela ignorância administrativa. Para ensaiar uma ópera, por exemplo, é preciso de um pianista, do regente e do cenógrafo. A pergunta dos burocratas. Mas três professores para 30 alunos? Sim. Um pianista não rege e um cenógrafo não toca piano.
Atualização
Uma resolução da Adasa, daquelas que ninguém entende para quê e para quem, vige em salas comerciais da seguinte forma. Há um valor mínimo a pagar pela água. Consumida ou não, o comerciante deve desembolsar o equivalente a 10 metros cúbicos de água, por volta de R$ 70, o que traz dois problemas. O primeiro é pagar pelo que não consumiu (o que é um abuso inquestionável) e o segundo é gastar a água abundantemente, já que está pagando por ela (é direito, mas estamos em crise hídrica). Por isso, está na hora de repensar esse lucro pelo desperdício e o consumidor pagar apenas o que gasta.
Leitor
Estilo inconfundível, Vicente Limongi Netto nos pede para registrar o aniversário da grande figura humana e profissional, Laércio Gomes Gonçalves. Médico dos mais conceituados em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Goiás, Laércio tem clínica no Lago Sul, onde recebe amigos e pacientes com competência, fidalguia e carinho.
História de Brasília
As informações acima, foram ouvidas de um deputado, uma das vozes tradicionais do parlamento. Agora, a nossa opinião: é uma vergonha, um deputado fazer a chantagem da apresentação de um voto de censura condicionado a imposições políticas, dependendo de nomeações de apadrinhados. (Publicado em 14/10/1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Na visão do filósofo grego Aristóteles, o homem seria um animal político por natureza. Em outras palavras, o que esse pensador parecia considerar como fundamental era o fato de que a administração da sociedade e do Estado deveria ficar à cargo daqueles cidadãos que, por sua aptidão intelectual, acima da média, favorecida ainda pelos atributos de uma razão esclarecida, demonstravam capacidade real e prática de organizar a vida em sociedade, estabelecendo não apenas limites nessa convivência em conjunto, mas sobretudo buscando a harmonia e o equilíbrio entre todos, com o propósito único: o bem comum. Analisando sob esse ponto de vista dá para entender a razão pela qual persistimos tateando, depois de cinco séculos, em busca de uma política de Estado que, ao menos, atenda às necessidades básicas dos cidadãos. É fato que a ausência de verdadeiras lideranças políticas, comprometidas diretamente com os destinos e o futuro da nação, tem sido uma constante ao longo de toda a nossa história. Temos visto, isso sim, ao longo de todo esse tempo, líderes de facções políticas e ideológicas, com vínculos estreitos apenas entre si e seus grupos políticos, distantes e indiferentes à realidade da população.
A bem da verdade, não se tem nem como falar ou diferenciar esses grupos por suas matizes ideológicas, sendo impossível classificar esse ou aquele agrupamento como de “esquerda’ ou de “direita”. Infelizmente nossa formação histórica e política, com as características que nos são próprias, nos aproxima muito mais da definição de Estado de Max Weber, na qual o Estado é visto como uma “empresa institucional de caráter político”, onde o aparelho administrativo, incluindo aí as empresas nacionais, são controlados diretamente pelos partidos, com vistas a manutenção e o domínio do poder.
Para esse intento, tudo vale, inclusive fomentar falsos antagonismos no seio da sociedade, de modo a dispersar hegemonias e enfraquecer grupos de oposição. Nesse sentido a coerção física, com vistas ao cumprimento das leis, também não está descartado, seja qual for o partido com assento no poder. Por detrás das bandeiras agitadas dos partidos, o que se desenha e se almeja é tão somente um Estado repleto de oportunidades materiais, capaz de tornar ainda mais poderosas, pessoas e grupos políticos, que reunidos no afã da riqueza fácil, garimpada sem o esforço ético do trabalho, amealham o que não lhes pertence. De posse dos recursos abundantes, o que os partidos políticos passam a exercitar é tão somente o uso da força, tanto no sentido físico como sob o aspecto da propaganda excessiva, neste caso, buscando o doutrinamento das massas – das ruas e até dentro das escolas.
Entre nós, tem sido apenas na forma como exercitam o poder e a coerção física que os espectros políticos, formados por uma esquerda e uma direita, de fundo falso, expõem suas diferenças fundamentais, embora, nem uma e nem outra abra mão de agir ferozmente quando ameaçada. A duras penas a sociedade brasileira vai despertando para fatos como esses e começa a ver que o monopólio da política não está centrado nos partidos e muito menos nas lideranças que se apresentam como tal, mas, tão somente na mobilização e independência dos cidadãos, contra a vontade hegemônica e corporativa desses grupos que, em épocas de eleição, se juntam afoitos para, através do passe livre do voto, pilharem os brasileiros.
A frase que foi pronunciada:
“Ninguém é suficientemente competente para governar outra pessoa sem o seu consentimento”.
Abraham Lincol, ex-presidente americano
Release
Neste fim de semana, será a vez da família se divertir com palhaços, mágicos, pernas de pau, malabaristas, música e, de quebra, um pouco de futebol. O projeto que leva o show circense “Palhaço Peteleco – A Mala Véia Novinha” aos parques públicos do DF começa no domingo, na Asa Norte, no Parque Olhos D’Água, às 16h. Tudo de graça. Até maio, o projeto vai passar pelo parque “Saburo Onoyama”, em Taguatinga Sul, e “Parque Três Meninas”, em Samambaia.
Boa nova
Dr. Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, recebe Medalha de Mérito Oswaldo Cruz como reconhecimento pelos serviços prestados à saúde pública brasileira. A solenidade foi no Palácio do Planalto.
Haja segurança
Divulgadas pela agência Reuters as imagens das cópias dos passaportes brasileiros emitidos para o então ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-il, e seu filho – o atual ditador, Kim Jong-un. O de Kim Jong-un foi expedido pela Embaixada do Brasil em Praga, com o nome de “Josef Pwag”, nascido em São Paulo em 1º de fevereiro de 1983.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Assim é o parlamentarismo. Todos falam contra, mas todos votam a favor. (Publicado em 14.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Desde que passou a ser explorado pelo colonizador europeu no século XVI, o Brasil vem tendo suas terras brutalmente revoltas numa ganância insana e desenfreada em busca de minerais e dos grandes lucros que eles proporcionam para indústrias extrativas, na sua grande maioria, ainda pertencentes a conglomerados multinacionais poderosíssimos. Tomando apenas essas características, é possível compreender porque esse tipo de atividade econômica, passados tantos séculos, é ainda tão repleto de polêmicas de toda a ordem. Estudo levado a cabo pelo Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), do Ministério da Ciência e Tecnologia, realizado nos últimos anos em mais de 100 territórios, em 22 estados do país submetidos a atividade intensa de mineração, revelaram que esse tipo de exploração, além de extremamente impactante para essas regiões, deixa um passivo de consequências ambientais e socioeconômicas de dificílima reparação.
Primeiro foi o ouro, explorado à exaustão até os dias de hoje. Seguiram-se a extração do ferro, da bauxita, do manganês e, mais recentemente, do nióbio, mineral utilizado para a fabricação de equipamentos de tecnologia de ponta como os foguetes, na qual o Brasil é o maior produtor mundial com mais de 38 toneladas por ano.
Para as empresas e indústrias envolvidas neste trabalho extrativo e de processamento dos minérios, os lucros são fartos, os incentivos são generosos e a legislação, regulando todo o processo, é leniente, permissiva e branda. Sempre foi assim.
Para a saúde dos trabalhadores e das populações residentes nessas áreas, para a fauna e a flora do entorno, além do ar e a água, trata-se de um pesadelo que vem se estendendo por centenas de anos, sem uma solução razoável à vista. O modelo exportador, focado apenas na geração de divisas a qualquer custo, ainda seguido por nosso país, continua sendo o maior causador desse flagelo.
A contaminação e a destruição do meio ambiente têm ação nociva sobre a saúde dos brasileiros. Incrivelmente, não se tem ainda uma medida exata dos impactos socioeconômicos e ambientais decorrentes dessas atividades. O que as pessoas tomam conhecimento chega sobretudo através da imprensa.
Câncer, silicose, envenenamentos por metais pesados, pneumonias e outras enfermidades sérias são comuns nas áreas de mineração. A assistência à essas comunidades é feita como o último recurso, já com o trabalhador seriamente enfermo e sem muitas chances de cura.
O mesmo é feito com relação a contaminação do meio ambiente: as providências vêm depois, quase sempre muito tarde. Casos recentes e de grandes impactos dão uma mostra desse Brasil primitivo e injusto que as autoridades fazem questão de fechar os olhos.
Exemplo inquestionável foi o rompimento da barragem de Fundão em Mariana. Trata-se de um dos maiores crimes ambientais do planeta, que carreou 50 milhões de metros cúbico de lama tóxica do interior do pais até o litoral, afetando toda a importante bacia do Rio Doce e as populações ao redor. Essa catástrofe sem precedentes ainda está por ser resolvida. A punição que deveria ser exemplar não foi sentida pelos responsáveis.
A esses flagelos seguem-se tantos outros, como o caso da contaminação por arsênio em Paracatu e agora pelo vazamento na mineradora norueguesa Hydro Alunorte, que contaminou com rejeitos tóxicos o município de Barcarena no Pará. São tantos os acidentes neste tipo de atividade, e por tanto tempo, que a cada novo acontecimento, os antigos casos vão se perdendo de vista na poeira do esquecimento, tal como as muitas cruzes que assinalam as sepulturas dos inúmeros trabalhadores e moradores dessas áreas exploradas à exaustão, sob a benção indiferente das autoridades.
A frase que foi pronunciada:
“Quantas toneladas exportamos/ De ferro?/ Quantas lágrimas disfarçamos/ Sem berro?”
Carlos Drummond de Andrade sobre o Rio Doce
Atenção professores
Na capital do concurso público, toda biblioteca é bem-vinda. Em homenagem a Semana do Bibliotecário, o projeto Bibliotecas de Portas Abertas promoverá visitas guiadas começando na segunda-feira, dia 12 de março, às 13h30, na Biblioteca Pedro Aleixo, na Câmara dos Deputados. Veja a programação completa e o link com a matéria produzida pelo Senado no Blog do Ari Cunha.
Programação: http://www.senado.leg.br/senado/hotsites/Transformando%20Bibliotecas/VersaoMobile/biblio_portas_abertas.htm
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Um outro deputado, interviu, e sustou a ideia. Esta ideia, então, foi negociada. Se for nomeado o presidente do Banco do Nordeste, o Superintendente da SPVEA e outros apadrinhados políticos, o “Premier” terá, então, o voto de censura suspenso. Caso contrário, voto de censura. (Publicado em 14.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Pesquisas sobre a desigualdade, apresentadas aqui no país e por institutos ao redor do mundo, mostram claramente que, em nosso caso, 30% da renda dos brasileiros está concentrada em mãos de pouco mais de 1% da população, o que faz do nosso país o campeão disparado da concentração de renda em todo o planeta. Não é pouca coisa. Nossos ricos deixam para trás até os endinheirados do petróleo do Oriente Médio.
Diversos fatores contribuem para este fato, sendo o principal deles justamente a falta de um regime claro de tributação progressiva, onde se incluem um aumento sobre os impostos de herança e, obviamente, uma maior rigidez na questão do controle das evasões fiscais.
Em nosso caso particular, esse problema é ainda agravado com as transferências brutais de patrimônio público para o setor privado. Todo esse mecanismo desigual é aumentado ainda pelos casos de descontrole da corrupção.
No caso de países como o Brasil, que adota regime de um livre mercado exacerbado, onde os mais ricos acabam se beneficiando mais até em questões de tributação, esse problema se eleva ainda mais, ganhando contornos de uma verdadeira injustiça. Em qualquer cenário aqui dentro, o que salta aos olhos é a evidência de que esse sistema só persiste a tantas décadas graças à atuação, muitas vezes até repressiva, da Receita Federal.
Embora haja um aumento consistente da riqueza nacional, o patrimônio público continua, invariavelmente, ou próximo de zero, ou negativo. É pela atuação desse órgão, que age como uma trincheira avançada, que os governos conseguem manter uma política arrecadatória, que, ao fim, ao cabo, contribui para a manutenção do status quo, arrancando recursos dos mais pobres para dar aos mais ricos.
A injustiça tributária está por trás não só da concentração de renda, mas sobretudo, do aumento sistemático da desigualdade e, por conseguinte, da pobreza.
Alguns especialistas na área de tributação falam abertamente que a Receita acaba funcionando, por obrigação de ofício, é claro, e por força da legislação draconiana, como um órgão meramente arrecadatório para bancar não apenas projetos perdulários dos diversos governos, mas para garantir a continuidade de fluxos de recursos para o topo da pirâmide social que afinal compõe o próprio governo.
Neste sentido, as mudanças operadas no Imposto de Renda de 2018 só vêm confirmar essas constatações históricas. A incipiente cobrança sobre o patrimônio das classes mais ricas, somadas as outras facilidades e renúncias fiscais, têm levado ao que os economistas chamam de tributação regressiva, fazendo com que ricos e pobres acabem pagando sempre os mesmos tributos.
Neste ano a RF optou por exigir dados mais precisos sobre a vida e os bens dos contribuintes e seus dependentes. As informações abrangerão desde inscrição de imóvel e Renavam de veículo, fornecimento de CNPJ das instituições financeiras onde o contribuinte possui conta corrente, passando inclusive pelo fornecimento obrigatório do CPF de dependentes com mais de oito anos.
Em 2019, os recém-nascidos deverão ter também o documento fornecido. Com as novas medidas da malha oficial, o governo espera receber cerca de 30 milhões de declarações, mesmo sem ter corrigido a tabela de Imposto de Renda. Quem não prestar contas a esse Leão, cada vez mais faminto, terá que pagar 1% ao mês do imposto devido ou 20% do imposto total devido.
Impressiona que nessa ânsia fiscalizadora e arrecadatória, onde nenhum detalhe parece escapar, a Receita Federal e outros órgãos do Estado não tenham, em nenhum momento, ao longo de mais de uma década, notado qualquer movimentação mais suspeita nos bilhões de reais que voaram de um lado para outro, em malas, aviões, cuecas, rumo a paraísos fiscais, a contas secretas, apartamentos transformados em cofres gigantescos ou levados em jatinhos particulares para outras partes do mundo.
A frase que foi pronunciada:
Significado de Imposto de Renda: “Pagamento que se deve fazer ao governo pelos serviços prestados.”
Dicionário Criativo
Sem voto
Além da 216 Norte, moradores da 416 Norte, 712 Norte e 114 Sul, São Sebastião, Águas Claras e Sobradinho também plantaram uma horta comunitária. A iniciativa é aproveitar a área pública para o bem público, com o tempero da amizade, acolhimento e trabalho em mutirão, além de nenhum dinheiro circulando. O que não dá para entender é a implicância do síndico do bloco H da 216 Norte com o Jardim Medicinal Aromático semeado pelos moradores. Senhor Jader Luciano, pare de exalar suspeitas e aproxime-se dos seus vizinhos. Ter voto de quem não mora no local, apenas por procuração, é absoluta falta de reconhecimento.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Aliás, para lembrar, estamos aqui. Um deputado queria apresentar um voto de censura ao Primeiro-Ministro, a propósito de usa ausência perante os principais assuntos do Brasil. (Publicado em 14.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Descrédito parece ser a palavra que melhor traduz, hoje, o sentimento que a maioria dos cidadãos nutre com relação às lideranças políticas. Não apenas no Brasil, mas em grande parte dos países do Ocidente. De fato, há um misto de desencanto e frustração que parece permear a maioria das sociedades modernas com relação aos seus governantes.
No Brasil, essa sensação é elevada, ainda, com as denúncias de corrupção generalizadas que eclodem a cada dia. No nosso caso particular, a situação parece caminhar para um ponto de inflexão de tal ordem, que muitos brasileiros já se declaram, abertamente, a favor de uma intervenção militar e de um endurecimento institucional.
Para uma democracia que mal começou a se firmar de pé, seria um enorme retrocesso. Os próprios comandantes das Forças Armadas, já se apressaram, mais de uma vez, em afastar essa possibilidade. Do ponto de vista histórico, dizem os especialistas, parece haver uma repetição dos acontecimentos que varreram o país no início dos anos sessenta. Obviamente que essa impressão é falsa.
De toda a forma, o que parece ser semelhante não é igual. Mas uma coisa não mudou neste meio século que nos separam daquele março de 1964: a vocação da nossa classe política e civil para entornar o caldo das crises.
A distância que nos separa daquele 31 de março permite-nos analisar, com clareza, o desenrolar dos fatos. Naquela ocasião, como hoje, o laboratório das crises institucionais permaneceu no mesmo lugar, ou seja, no coração dos partidos. No caso atual, nos mais de trinta partidos que envolvem como moscas uma república carcomida por dentro.
Neste sentido, os acontecimentos do passado, induzidos pela classe política, são os mesmos que parecem nos empurrar para o beco sem saída do caos atual. A crise, que faz com que muita gente sonhe com a volta do passado, irradia seus gases mortíferos, por obra e graça das atuais lideranças políticas. Algumas delas, inclusive, processadas e presas.
Não há, como alguns irresponsáveis querem fazer crer, uma agitação nos quartéis. Há, isso sim, um contínuo mal comportamento dos dirigentes políticos, boa parte flagrada em malfeitorias. Para onde se volte a vista, a Leste ou Oeste, esquerda ou direita, há sinais claros de desarranjo.
Para aqueles que tem seus nomes inscritos nesse vendaval de ilicitudes, revelados por Operações como a Lava Jato, a saída dos militares dos quartéis, ao empurrar o país ladeira abaixo numa crise sem precedentes, ajudaria a desviar atenção de todos e acabaria por colocar todos no mesmo balaio de gatos.
De semelhante tem-se o fato de ontem, com o hoje, a sociedade assiste a tudo de camarote, meio atônita, meio indiferente. Criativa, prefere criar piadas novas pelo WhatsApp ou Facebook do que engendrar uma saída cidadã. Mudando-se os slogans, temos que a marcha pela família com Deus pela Liberdade, ocorrida entre março e junho de 1964, possui similaridades com as gigantescas manifestações de rua havidas em 2013. Lá, como agora, o alvo eram os traidores da legalidade, os embusteiros de sempre, os milagreiros, os Odoricos Paraguaçu que teimam em nos ameaçar com suas prestidigitações políticas.
Se ontem coube aos militares o papel de promover uma faxina necessária, impedindo que o país seguisse o sendero cubano, hoje essa tarefa já pode ser desempenhada com maestria pelos xerifes da lei, com o Ministério Público à frente.
A frase que foi pronunciada:
“Os verdadeiros artistas e criadores constituem sempre contra-governos, governos nas sombras a partir das quais vão impugnando as certezas, as retóricas, as ficções ou verdades oficiais e recordando, no que pintam, compõem, interpretam ou fabulam que, contrariamente ao que sustém o poder, o mundo vai muito mal, e que a vida real estará sempre abaixo dos sonhos e dos desejos humanos.”
Mario Vargas Llosa
Sem soberania
Sem punição exemplar e sem a necessidade de revitalizar o estrago feito. Depois do Rio Doce e de Paracatu, agora é a vez da mineradora Barcarena, no Pará. Poluição na água potável que servia a população. O Ministério Público já iniciou o trâmite para impedir estragos maiores.
Visual
Tristeza profunda ver que, até hoje, no Paranoá Parque, nem moradores, nem governo tiveram a preocupação de plantar árvores para dar frutos e mais vida ao local. Trator, cimento, caixa d’água e muito barro. Casa própria em lugar sem vida.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Enfraquecida, a posição do Primeiro-Ministro, ao sugerir a instalação de um gabinete no Rio e outro em Brasília. (Publicado em 14.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
“A literatura exaltou, até hoje, a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e o soco. Nós afirmamos que a magnificência do mundo enriqueceu-se de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo… um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia. Nós queremos entoar hinos ao homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada também numa corrida sobre o circuito da sua órbita.”
Marinetti. Manifesto Futurista 1909.
Com uma frota de veículos beirando 2 milhões de unidades, Brasília, a capital futurista, erguida em plena expansão da indústria automobilística brasileira, numa época em que se acreditava que modernidade era, sobretudo, sinônimo de velocidade e do predomínio inconteste das máquinas, chega ao século XXI literalmente paralisada, presa num engarrafamento diário gigantesco. Surge daí a ameaça de transformar o sonho do homem hodierno num pesadelo em que ele se torna refém das próprias máquinas que criou e que acreditava ser o seu salvo-conduto para um mundo perfeito colocado sob seu comando total.
Do Manifesto Futurista, ficou hoje, a sensação de que esse amanhã, que ansiavam nossos antepassados, veio também de forma veloz, numa espécie de avalanche, que desabou sobre todos, sufocando, nossas cidades e nossas vidas com os subprodutos de um progresso que, nem mesmo nos maiores desatinos pudemos suspeitar existir.
Queríamos a velocidade, e eis que ela cruzou sobre nossos corpos, deixando-nos estendidos no asfalto, com o sangue ainda quente a escorrer pelo canto das narinas. Queríamos a beleza da velocidade e a temos sobre o cadáver da própria beleza. Queríamos cantar o perigo, o hábito da energia e do destemor. E temos tudo isso e, acima e de tudo, tememos por tudo isso que temos.
A Brasília que se orgulhava de ser dividida em cabeça, tronco e rodas, hoje se arrasta com dificuldade e parece seguir como numa cadeira de rodas. Com uma frota espantosa circulando como numa procissão de penitentes. A capital é hoje um arremedo do que pretendia ser. Com um transporte coletivo deficitário, sem conforto, sem higiene, sem segurança, sem horário e sem itinerário certo, o dia a dia dos brasilienses rumo ao trabalho ou de volta à casa é sempre uma penitência sem fim.
A cada ano, a situação piora um pouco mais, com mais carros nas ruas, mais pessoas espremidas nos coletivos, mais acidentes e mais atrasos diários, mais descasos, mais reclamações, mais obras viárias a passo de tartaruga, mais poluição e, lógico, muito mais multas, mais pardais, mais taxas e cobranças, menos áreas verdes, menos estacionamentos, menos paciência.
Se é esse o futuro que temos, melhor esquecer. Prefiro ir a pé ou de bicicleta. O futuro que vá para o diabo lhe carregue. De preferência, no rabo de um foguete.
A frase que foi pronunciada:
“Pensar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez por isso tão poucos se dediquem a ele”.
Henry Ford
Para adultos
Regina Lopes continua a luta e nos envia o seguinte recado: Se você conhece alguém que queira se alfabetizar ou melhorar a leitura, indique! Estão abertas as inscrições. As aulas são gratuitas, dadas por professoras voluntárias às 2as feiras e 4as feiras, das 18h às 20h, em uma sala da Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em frente ao Gilberto Salomão, do Lago Sul. Ligar para: Regina (9 8407-3396), Vânia (9 8111-1477) e Áurea (9 8127-6144). Para outros endereços, falar com Emílio (9 9956-5750).
Envenenados
Mesmo com a obrigatoriedade de identificar os ingredientes contidos nas embalagens, os produtos para diabéticos são os mais perigosos. O pão preto, por exemplo, que deveria ser feito absolutamente sem açúcar, vem com o componente descrito com letra menor. Melhor ler com cuidado! A dica é do leitor José Rabello.
Gotas de horrores
Outro leitor, que se identificou como Fecofi, nos envia uma sequência de absurdos pela cidade. Veja as fotos no blog do Ari Cunha. Vão desde uma calçada no Paranoá, feita provavelmente por quem nunca ouviu falar em mobilidade urbana, até o primeiro semáforo do Lago Norte, onde todos os motoristas param na faixa da direita, que é livre.
Patrimônio
Nos primeiros anos de Brasília, um candango queria a ajuda de um colega para construir uma banca de revistas como um sebo, que trocava, comprava livros e revistas. O pioneiro era o senhor Antonio Ferreira de Araujo. Até hoje, seu sonho resiste ao tempo como um acervo respeitável. Trata-se do Sebo Cultural, na 511 Sul. O filho do candango, Carlos Barata, é quem mantém o patrimônio e busca parceria para incrementar o local. É só conversar com ele na banca. Veja as fotos no Blog do Ari Cunha.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Estas coisas, e outras mais, vindas do nordeste, é que possibilitarão o movimento de revolta que os Estados nordestinos estão guardando nos silos de sua capacidade de paciência. (Publicado em 14.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
“Não houve uma reposta à altura para o problema da corrupção, esta palavra não aparece nos discursos oficias do presidente da República ou em qualquer projeto de lei ou agenda do Congresso. É como se o problema não existisse.” Quem afirma é o representante da Transparência Internacional no Brasil, Bruno Brandão, ao analisar o último ranking publicado pela entidade nesta quarta-feira e que mede o índice de percepção da sociedade com o combate à corrupção em 180 países em 2017.
Nesta nova amostragem, o Brasil despencou da 79ª para a 96ª posição, ficando com 37 pontos, numa escala que vai até 100. Para os analistas, esta foi uma das maiores quedas já registradas na história deste ranking, o que, para a sociedade e para o país, representa não só uma enorme frustração, mas sobretudo assinala que o combate à corrupção, que vinha numa boa trajetória, encontra-se hoje numa encruzilhada de grande risco.
Essa percepção indica, entre outras variantes, que está em andamento um conjunto de forças que estão atuando sistematicamente em todos os níveis para sabotar esse processo de saneamento tão necessário e urgente. A situação ganha ainda maior gravidade quando se analisa que o Brasil vem perdendo posições, inclusive, com relação aos países com condições similares de desenvolvimento, como é o caso dos BRICS. Até mesmo no continente, o Brasil aparece em posição desfavorável, atrás da Argentina e de outros países.
Para um ambiente de negócios, a atual posição ocupada pelo nosso país é péssima e indica que o setor público é avaliado como impregnado ainda de corrupção, o que dificulta até mesmo as transações mais simples. Colocado sob lupa rigorosa, necessitamos nos livrar desse rótulo negativo o quanto antes, pois está sendo analisado de perto pelo Banco Mundial, Fórum Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e outros organismos internacionais.
Para os estudiosos, os elementos que mais pesaram na recaída do Brasil no ranking de percepção de combate à corrupção foram, além das denúncias que pesaram sobre o presidente Temer e grande parte do seu ministério, o fato do Congresso Nacional ter agido de modo condescendente, impedindo o prosseguimento das investigações, mesmo após a condenação e prisão de alguns desses figurões que ocupavam os altos escalões da república.
Contribuiu também para essa recaída o fato de o Legislativo não ter avançado, no sentido de apreciar e votar as propostas apresentadas pelo Ministério Público, condensadas no pacote com as dez medidas de combate à corrupção e que haviam recebido grande apoio popular.
A frase que foi pronunciada:
“A corrupção deforma o sentido republicano da prática política.”
Celso de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal
Inscrições
Além dos esportes, o Iate Clube de Brasília abriu vagas para o estudo da Arte. Quem aprecia o tema vai poder compartilhar a experiência de Manoel de Andrade, arquiteto, jornalista, escultor e professor.
Galeria dos Estados
Incalculável o prejuízo para os comerciantes da Galeria dos Estados. Dona Maria Inês Fontenele Mourão, presidente da Associação dos Lojistas, quer fazer como indicam os orientais. Da crise criar uma oportunidade de crescimento. Como a galeria estava abandonada pelo governo, chegou a hora da revitalização que ela merece. Autoridades já foram contatadas. A primeira dama, Marcia Rollemberg, não escondeu o entusiasmo. Agora é aguardar a caneta do Dr. Sérgio Sampaio, da Casa Civil.
Rastro
Inacreditável como os golpes são frios e desumanos. Com a família vulnerável, tendo um ente querido internado no hospital, toca o telefone. É um aviso que o exame de sangue apontou uma bactéria super-resistente e que o tratamento será feito imediatamente mediante transferência bancária. E o valor ultrapassa os R$ 4 mil reais. Vários hospitais da cidade alertam os acompanhantes sobre golpes dados por telefone. O que não dá para entender é que toda conta de banco tem um titular. Qual a dificuldade para encontrar o estelionatário?
Aula Magna
“Golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”. Tema de um curso que será ministrado no Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília. O objetivo é analisar o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a sucessão de Michel Temer. Algo como “agenda de retrocesso nos direitos” e “restrição de liberdades”. Difícil mesmo vai ser entender a proposta sob o ponto de vista dos votos. Dilma e Temer tiveram os mesmos eleitores.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Diz o deputado Ferro Costa, em seu discurso: “Provocada, assim, a falência da Sociedade de maioria de capital brasileiro, o insaciável trust americano abriria para si a oportunidade de açambarcar a empresa brasileira através da licitação, em hasta pública, do patrimônio da falida. A partir de então, a” Battes do Brasil “seria senhora única do mercado nacional e estaria livre para ditar os seus preços”. (Publicado em 14.10.1961)