VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Um dos requisitos principais para uma capital que tem a responsabilidade em hospedar, em seu território, todas as representações diplomáticas do globo, onde estão situadas também as sedes do governo federal, além das dos poderes Legislativo e Judiciário, é que essa capital possua uma excelente força de segurança, capaz de fazer frente a quaisquer situações que coloquem em risco essa atribuição.
Pelo que se sabe, a questão da segurança deve ser sempre vista pelo lado da prevenção. É com prevenção e vigilância que se pode fazer uma segurança eficaz. Tendo essa premissa como balizadora da questão, o que se pode notar, logo de saída, é que, com exceção da Península dos Ministros, no Lago Sul, e de pouquíssimas outras áreas dentro do Distrito Federal, como a Residência do Governador, o Palácio do Alvorada e do Jaburu, o restante da cidade se encontra entregue à própria sorte, à espera de algum acontecimento ruim, que, cedo ou tarde, poderá ocorrer.
É sabido também que Brasília, mesmo contrariando o parecer de inúmeros experts no assunto segurança, passou a ser sede de um presídio de segurança máxima que tem albergado boa parte dos mais perigosos líderes de facções criminosas do país. A transferência desses líderes para as proximidades da capital trouxe uma significativa leva de outros criminosos que passaram a residir nas áreas do entorno, onde comandam o banditismo local. Além disso, é praticamente impossível a um cidadão circular com segurança em todas as áreas do Plano Piloto, principalmente à noite.
Não é segredo para ninguém que, não somente a área tombada, mas todo o Plano Piloto o Plano Piloto hospeda hoje uma multidão de pessoas em situação de rua, e alguns passam o dia e a noite toda dando trabalho e intimidando abertamente os moradores. A polícia conhece essa realidade e pouco faz ou pode fazer contra essa situação. Os assaltos, furtos e roubos tornaram-se uma rotina. O consumo de drogas se espalhou por toda a área central da cidade. Os lojistas sofrem com a falta de segurança. As ligações pedindo socorro entopem as centrais de telefonia da polícia. O atendimento às muitas chamadas é feito de maneira seletiva, por falta de pessoal ou de combustível. A noite não se vê um policiamento sequer.
O fato é que, a poucos metros da Praça dos Três Poderes, um outro poder vai ganhando força. O poder do crime tem mostrado sua face bem no coração da cidade, que é a Rodoviária. A segurança da capital, que deveria ser uma obrigação primordial dos governos distrital e federal, parece aquém de suas responsabilidades.
O certo seria que o governo local cuidasse o mais rapidamente possível de cadastrar cada uma dessas pessoas em situação de rua com fotos e impressão digital, como é exigido hoje de qualquer cidadão. É preciso que o GDF e o governo federal conheçam quem são esses indivíduos que lotam os espaços públicos. Também é preciso confeccionar documentos para cada um deles, saber suas origens, seus problemas de saúde. Enfim, ter em mãos um registro oficial dessa população de modo a garantir um mínimo de informações, dando aos moradores da cidade uma certeza de que as autoridades conhecem essa população, sabem por onde transitam, o que têm feito.
Entre esses moradores de rua, encontram-se indivíduos com débitos com a Justiça, dependentes químicos, pessoas com enfermidades sérias. A situação já escalou para um patamar de grande aflição, com a população achacada e com medo de sair às ruas. Nada, nem ninguém está seguro. Tudo o que é possível carregar é levado, desde vasos de plantas, fraldas, bicicletas ou o que quer que seja. Áreas, como as 700 da W3 Norte, vivem sob ameaças constantes. As quadras perto do parque Olhos d’Água têm os moradores em constante aflição.
Quando a madrugada chega, bebedeiras, drogas e arruaças são comuns. Latas de lixo são reviradas na rua, pichações e vandalismos são perpetrados sob o olhar de pavor dos habitantes locais. Quem mais sofre com essas hordas de vândalos à solta são os mais idosos e as crianças. As vias públicas de Brasília tornaram-se propriedades privadas desses indivíduos.
Aos pagadores dos mais altos impostos de taxas do planeta resta se esconder desses bandos. As autoridades fazem cara de paisagem para essa calamidade, pois, nesses tempos sombrios, não é politicamente correto incomodar pessoas em situação de rua mostrando a presença e a vigilância do Estado. Será?
A frase que foi pronunciada:
“A população que não pode andar tranquilamente nas ruas é a mesma que paga altos impostos para que os necessitados possam ter atendimento digno em educação e saúde. Mas eles não têm.”
Dona Dita
História de Brasília
A Novacap está limpando a Superquadra 306, para urbanizá-la o quanto antes. A seguir, o trabalho se estenderá à 305, desde que o IAPI entregue a área livre de construções. (Publicada em 27/4/1962)