ARI CUNHA – In memoriam
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
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Timing, uma expressão da língua inglesa, ganhou, entre nós, um significado além daquela proposta pela palavra em sua origem. Entre os brasileiros, a expressão passou a significar aquele que age no tempo certo, em sintonia com as demandas do momento. Foi justamente o que aconteceu agora com a eleição de Jair Bolsonaro. Não se sabe se consciente dessa atitude ou não. O fato é que apresentou sua candidatura à presidência mesmo contra todas as probabilidades e contra a previsão dos principais órgãos de pesquisa de opinião e de grande parte da imprensa televisiva, radiofônica e impressa.
Venceu com um discurso direto e sem rodeios, falando exatamente o que os eleitores queriam ouvir naquele momento. Pode ser que os ventos mudem, mas até lá terá feito seu trabalho. Nesse sentido, Bolsonaro teve o timing preciso e se destacou dos demais concorrentes e quase sendo eleito ainda no primeiro turno.
Se de certa forma foi uma vitória fácil e de baixo custo, o desafio que terá pela frente será ciclópico. Bolsonaro sabe, e já disse, que se falhar nessa missão, as chances do Partido dos Trabalhadores, ou mais precisamente o lulismo, retornar são imensas e ele voltará ainda mais assanhado e arrasador. O futuro presidente sabe também que serão feitas todas as tentativas possíveis, lícitas ou não, para desestruturar sua gestão nos próximos anos. É do seu conhecimento também que a imensa rejeição ao lulismo, empurrou boa parte do eleitorado ao encontro de sua pregação.
Dos enormes desafios que terá pela frente, um se destaca como o fundamental e que poderá garantir, inclusive, sua reeleição. Trata-se de uma tarefa por demais delicada e que pode acarretar muitas críticas e dissabores, mas que se faz premente, se quisermos, algum dia, ocupar um lugar de destaque no mundo das ciências. Para tanto, terá que contar com a assessoria dos melhores e mais bem preparados auxiliares.
A reforma das universidades públicas é hoje o maior e mais sensível desafio de todos. Já se sabe que o conhecimento científico é um dos principais referenciais de riqueza de uma nação. País rico é aquele que produz hoje ciência e tecnologia. O problema maior nesse caso, e mais urgente, é descontaminar ideologicamente as universidades públicas, livrando-as dos grilhões obtusos de uma esquerda anacrônica, que usa essas instituições como braços avançados de partidos radicais. Deixando claro que há exceções.
Quem visita hoje qualquer universidade pública no país se depara com o caos, com a depredação, com as invasões, com as paralisações constantes dos trabalhos, com alunos semianalfabetos que só sabem repetir refrães gastos e sem sentido.
Ademais, é preciso reforçar, lembrar e cobrar o fato de que essas instituições são bancadas pelos contribuintes. Obviamente que não se trata aqui de retirar das universidades a pluralidade de pensamento, necessária e fundamental para o desenvolvimento de toda e qualquer ciência. Que não venham com inversão dos sentidos semânticos. Sugestão de leitura: A corrupção da inteligência, de Flávio Gordon.
Quem viaja pelo mundo, e mesmo os estudantes bolsistas, se assusta com a qualidade das universidades estrangeiras, principalmente com a ordem interna adotada pelas reitorias. Não há depredação do patrimônio, não há evasivas para não assistir aulas. Professores e alunos produzem e são constantemente cobrados.
Não surpreende, pois, que esses países ostentem altos níveis de ensino e são detentores da maioria dos prêmios Nobel do mundo. Tristemente, o Brasil, pelo seu tamanho e importância, não sabe o que é e qual a importância dessa premiação.
De saída, uma boa medida seria o estabelecimento de um novo teto salarial, que passaria a ter como referência o salário de um professor ou pesquisador universitário, com dedicação exclusiva e no final de carreira. É um parâmetro justo para quem orientou e instruiu nossas autoridades e líderes.
Quando o país passar a adotar esse novo referencial, as coisas vão mudar, com todos voltando a desejar e respeitar a profissão de educador. Antes, contudo, é preciso fazer uma faxina geral nessas instituições, demitindo e jubilando professores e alunos que não fazem jus ao que recebem. Dispensar aqueles que os contribuintes desembolsam para bancar os privilegiados.
Ou é isso ou continuaremos patinando na lama por mais um século, vendendo milho e soja como feirantes do planeta, isso em pleno século XXI.
A frase que foi pronunciada:
“Se então um fim prático deve ser atribuído a um curso universitário, eu digo que é o de treinar bons membros da sociedade… É a educação que dá ao homem uma visão clara e consciente de suas próprias opiniões e julgamentos, uma verdade em desenvolvê-los, uma eloquência em expressá-los e uma força em exortá-los. Ensina-o a ver as coisas como elas são, ir direto ao ponto, desenredar um misto de pensamento para detectar o que é sofista e descartar o que é irrelevante ”.
– John Henry Newman, a ideia de uma universidade
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
PS.: A Embaixada de Israel quer saber a razão do título da nota “Atiradores”, na coluna do dia 04/11/2018. Eu não sei porque o título não foi dado por mim.
E mais: os parafusos da chapa são por conta do proprietário do carro. Então acontece isto: ou a chapa é presa com arame, ou o proprietário do carro terá que procurar o Paraguaio para lhe vender seis parafusos, que custam 60 cruzeiros. (Publicado em 04.11.1961)