HAMILTON FERRARI
Endividados e com o orçamento apertado, os brasileiros correram para sacar os recursos liberados das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Segundo a Caixa Econômica Federal, foram sacados mais de R$ 41,8 bilhões por 24,8 milhões de trabalhadores. O valor pago até 12 de julho equivale a 96% do total disponível para saque, de R$ 43,6 bilhões.
O número de trabalhadores que sacaram os recursos das contas do Fundo de Garantia representa 82% dos 30,2 milhões beneficiados. O prazo para saques termina em 31 de julho. Não há perspectivas de que o governo prorrogue esse prazo. Técnicos da equipe econômica dizem que os saques superaram em muito as estimativas. O governo esperava liberação total de R$ 35 bilhões.
Para os técnicos do governo, a corrida pelo FGTS mostra o quando o endividamento estava sufocando as famílias. Por isso, não houve tanto estímulo ao consumo. A expectativa era de que o FGTS desse um impulso ao comércio. Até houve um movimento maior nas lojas, mas não o suficiente para incrementar o nível de atividade. O Banco Central mostrou, nesta sexta-feira, 14, que a economia teve retração de 0,51% em maio.
Na avaliação dos especialistas, a opção das famílias pelo pagamento de dívidas foi uma ótima decisão. Além de reduzir o estresse das pessoas, a redução dos débitos abre espaço para o consumo futuro. Isso indica que o segundo semestre pode ser melhor para o varejo.
Não por acaso, os shoppings centers já admitem elevar as perspectivas de vendas para os últimos seis meses deste ano, apesar da crise política. A projeção de crescimento do setor deve passar de 5% para 7%, um salto importante se levado em conta o tamanho da recessão na qual o país mergulhou desde o fim de 2014.