Seleção Brasileira: 18 expulsões neste século. Pode isso, Arnaldo? A coluna Máquinas do Tempo desta sexta no Correio Braziliense

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Enrique Osses expulsa Neymar contra a Colômbia

Foto: Leo Correa/Mowa Press

Você prefere um capitão que senta na bola e chora antes de uma decisão por pênaltis nas oitavas de final de uma Copa do Mundo, ou um dono de braçadeira que deixa a Seleção Brasileira na mão por apagar a marca de spray do árbitro contra o Peru, colocar a mão na bola contra a Colômbia, atirá-la em Armero após o apito final, dar uma cabeçada em Murillo e ser expulso após o apito final? Nem Thiago Silva nem Neymar.

Como diria Nelson Rodrigues, “no futebol, o pior cego é o que só vê a bola”. Não adianta ser pentacampeão do mundo, colecionar jogadores premiados com a Bola de Ouro e não ter o mínimo de controle emocional para suportar com sangue de barata as provocações dos adversários. A Seleção precisa urgentemente de um divã e vou provar isso, a partir de agora, com um levantamento sobre o número de expulsos neste século em amistosos e partidas oficiais.

De 2001 para cá, o Brasil recebeu 18 cartões vermelhos. Só Felipe Melo e Ronaldinho Gaúcho foram mais cedo para o chuveiro duas vezes cada um. Curiosamente, a maior quantidade de expulsões ocorreu sob o comando do atual técnico da Seleção. Na primeira passagem de Dunga pelo cargo, a equipe verde-amarela ficou com 10 em campo sete vezes. Na segunda, Neymar é o primeiro. No fim das contas, oito expulsões na duas eras Dunga.

Não sei o conteúdo das preleções do Dunga, mas duas lembranças da época de jogador dão a dica de que, para ele, um jogo é uma guerra. Logo, o comprometimento precisa ser o de um soldado. Em 1994, Dunga ergueu a taça xingando. Na Copa de 1998, deu cabeçada no companheiro de profissão Bebeto na vitória por 3 x 0 sobre Marrocos. Neymar tinha seis anos. Você tem alguma dúvida de que os times do Dunga entram em campo pilhadinhos da silva?

Neymar é esquentadinho, sim. Falei sobre isso na coluna da semana passada. Alertei para o fato de, ao não ouvir os conselhos de Xavi — que recomendou a ele uma reflexão depois da lambreta na final da Copa do Rei — Neymar correr o risco de se se tornar um dos mais odiados entre os colegas de profissão. Mas Neymar é apenas mais um fio desemcapado. Não há psicólogo da CBF que dê um jeito nos estressadinhos. O problema é antigo e continua sem tratamento. Na primeira era Dunga, o lateral-esquerdo Kleber, o centroavante Luis Fabiano, o volante Felipe Melo (duas vezes), o zagueiro Miranda e até o bom moço Kaká receberam cartão vermelho. Elano foi além e conseguiu ser expulso em um amistoso. Diga-me com quem treinas e direi quem és ou descontrole emocional?

Luiz Felipe Scolari gosta de times de pegada. Foi flagrado algumas vezes por câmeras e microfones mandando bater. Deu até chute no traseiro de Vanderlei Luxemburgo na Copa do Brasil de 1995. Mas, por incrível que pareça, a Seleção era mais controlada nas duas passagens dele pelo cargo. Apenas Roque Jùnior, na Copa América de 2001; Emerson, no mesmo torneio; e Ronaldinho Gaúcho foram expulsos sob a batuta de Felipão.

Calmos, serenos e tranquilos até demais, Carlos Alberto Parreira e Mano Menezes viram menos cartões vermelhos em suas gestões neste século. Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho e Lúcio deixaram Parreira com 10 jogadores no trabalho realizado de 2003 a 2006. De 2011 a 2012, Mano perdeu Ramires, Lucas Leiva, Daniel Alves e Marcelo.

Depois do jogo, Dunga, Neymar e Daniel Alves tiveram a cara de pau de culpar o árbitro Enrique Osses pela expulsão. Mal sabe ele que expulsou o 18º jogador da Seleção neste século. Violentos na América somos nós!

Uma Seleção de expulsos neste século…

Nenhum goleiro recebeu vermelho

Daniel Alves (amistoso 2011)

Lúcio (eliminatórias 2005)

Roque Júnior (Copa América 2001

Roberto Carlos (amistoso 2003)

Felipe Melo (eliminatória 2009 e Copa 2010)

Ramires (amistoso 2011)

Ronaldinho Gaúcho (Copa 2002 e Copa das Confederações 2003)

Kaká (Copa 2010)

Luis Fabiano (eliminatórias 2009)

Neymar (Copa América 2015)

Eles também levaram vermelho

Emerson (Copa América 2011)

Elano (amistoso 2007)

Kleber (eliminatórias 2008)

Miranda (eliminatórias 2009)

Lucas Leiva (Copa América 2011)

Marcelo (amistoso 2012).