Projeto pessoal do professor é voltar à Seleção: o forte elenco tricolor ajudaria
Vanderlei Luxemburgo é torcedor do Flamengo. Não há dúvida. No clube do coração, ganhou apenas estaduais. Fato. Ele andava esquecido depois de ser demitido pelo Flu e passar um tempão desempregado e o rubro-negro estendeu a mão. Sim. Tudo isso é verdade. Mas o ambicioso professor tem duas dívidas com o próprio currículo. Entre os principais treinadores do Brasil, é o único sem título da Libertadores. Porém, o projeto pessoal do treinador é de um voo ainda mais alto: voltar à Seleção Brasileira.
A curto prazo, o Flamengo oferece ao projeto pessoal de Luxemburgo apenas visibilidade. Ele está de volta à mídia devido ao ótimo trabalho à frente do modesto elenco do Fla e por estar focado no que mais sabe fazer e nas últimas semanas contou até com o apoio de quem o odeia na guerra contra a censura da Federação de Futebol do Estado do Rio.
O Flamengo oferece visibilidade, mas falta elenco para Luxemburgo conquistar títulos relevantes — que não sejam o Estadual — a curto prazo. Uma Libertadores ou até mesmo o Brasileirão à frente do São Paulo, dono do melhor elenco do país, colocaria Luxemburgo na disputa com Tite, do Corinthians, em uma possível sucessão de Dunga na Seleção.
Luxemburgo e Tite sabem. O capitão do tetra foi escolhido pelo presidente por José Maria Marin. Ele está prestes a deixar a CBF. Março Polo Del Nero assume no próximo dia 16. Político novo adora trocar nome de praça… Dunga está invicto há oito jogos, mas, depois do 7 x 1, qualquer resultado que não seja o título da Copa América será inaceitável. A tendência se isso acontecer é que Dunga balance no cargo.
Raposa velha, Luxemburgo sabe que precisa estar no lugar certo no momento em que pintar a oportunidade. E pode estar achando que o lugar certo é o São Paulo. Imagina se ele ressuscita as carreiras de Paulo Henrique Ganso e de Alexandre Pato! Imagina se ele se impõe em duelos à parte com Tite — melhor técnico do país e bola da vez em caso de emergência na Seleção Brasileira. Levar o Flamengo ao título brasileiro com o elenco atual teria o triplo da repercussão de um excelente trabalho no São Paulo, mas Luxemburgo está velho demais para quebrar a cabeça com time limitado. Mostrou isso na eliminação da Copa do Brasil diante do Atlético-MG. Não tinha banco de reservas para peitar o Galo. A carreira de Luxa é marcada por grandes trabalhos à frente de elencos caros, badalados, altamente técnicos. Bom, bonito e barato não é muito a dele.
Entre o projeto de austeridade financeira do Flamengo para sanar dívidas e ser maior do que já é em breve e o imediatismo da ambição pessoal de retornar à Seleção Brasileira e apagar a péssima impressão deixada na primeira passagem pelo cargo, o rubro-negro de coração pode optar pela segunda opção. Se está certo ou errado na escolha do atalho só o futuro dirá.