Seu Valdir Valdir Joaquim de Morais morreu neste sábado, aos 88 anos, em Porto Alegre. Foto: Palmeiras Valdir Joaquim de Morais morreu neste sábado, aos 88 anos, em Porto Alegre. Foto: Palmeiras

O adeus a Valdir Joaquim de Morais, o ídolo do Palmeiras que se sentiu injustiçado na Copa de 1966 e virou precursor na preparação de goleiros

Publicado em Esporte

Jogos Pan-Americanos do Mèxico-1956. Jogadores do Rio Grande do Sul receberam a missão de representar a Seleção Brasileira no torneio. Um dos goleiros convocados atuava no Renner: Valdir Joaquim de Morais. Ali o ídolo do Palmeiras e precursor do trabalho de preparador de goleiros no país começava a ficar famoso. Aos 88 anos, o craque das taves morreu neste sábado, em Porto Alegre, vítima de falência múltipla dos órgãos.

Valdir Joaquim de Morais ajudou o Brasil a conquistar a medalha de ouro. Jogou, entre outros, com o Ênio Andrade e Chinesinho sob a batuta do treinador Teté. Evoluiu e teve a oportunidade de se firmar na Seleção principal. Contratado pelo Palmeiras em 1958, ganhou status de mestre da posição. Quando jogava, dizia que tinha 1,75m. A aposentadoria mostrou que ele tinha 5cm a amenos. Alegava que “encolheu” com a idade.

Pelo Palmeiras, Valdir conquistou três títulos do Campeonato Paulista (1959, 1963 e 1966), três Campeonatos Brasileiros (1960 e dois em 1967) e um Rio-São Paulo em 1965 e virou professor. Adorava dar conselhos aos alunos. “O segredo de um bom goleiro é estar sempre bem colocado. Não precisa ser muito alto. Eu tinha uma colocação perfeita e uma grande noção do tempo de bola. Aonde a bola ia, eu estava lá”, contou em 2004 aos escritor Paulo Guilherme, autor do livro Goleiros, herois e anti-heróis da camisa 1.

 

Valdir Joaquim de Morais nos tempos de dono das traves do Palmeiras

 

Um dos orgulhos do torcedor do Palmeiras é a histórica foto do time com a camisa da Seleção Brasileira no amistoso de 1965 contra o Uruguai, no Mineirão. Valdir era o goleiro. Aparece com a bola debaixo do braço. A maior frustração foi ter ficado fora da lista dos convocados para a Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra. Vicente Feola convocou 44 jogadores na confusa preparação. Cinco goleiros foram testados: Gilmar, Valdir de Morais, Manga, Ubirajara e Fábio. Valdir amargou o corte a menos de duas semanas da estreia do Brasil na Copa. As vagas ficaram com Gilmar e Manga.

“Eu tinha sido eleito o melhor goleiro do Campeonato Paulista e acho com sinceridade que deveria ter ido para a Copa inclusive como titular”, desabafou Valdir de Morais.

Ele era filho de goleiro. Herdeiro de seu Hilário Morais, dono das traves do Concórdia de Porto Alegre nos anos 1920. O pai era amigo de Eurico Lara, o goleiro lendário do Grêmio. Hilário e Lara eram parceiros nas modas de banjo e viola. Valdir jogava bola nos campos de várzea no bairro Floresta. Espelhou-se no pai e virou referência na posição.

No papel de preparador de goleiros, virou um dos grandes amigos do goleiro Waldir Peres. Trabalhou com ele na Copa do Mundo de 1982, na Espanha, ao lado do técnico Telê Santana. Ensinou o ídolo do São Paulo a manter a calma em situações totalmente adversas. Jamais mencionou a palavra frango. Considerava falha. Defendia que o goleiro jamais deveria demonstrar que errou. Waldir Peres coloca as mãos na cintura depois de virar vilão no gol de empate da União Soviética na estreia do Brasil na Copa de 1982. Coloca as mãos na cintura e observa os companheiros darem a saída de bola. Por dentro, estava arrasado.

Zetti também foi aluno de Valdir. Com ele, virou titular do Palmeiras. Ficou 1.238 minutos sem ser vazado no Campeonato Paulista de 1987. Falhou na hora errada, a semifinal contra o São Paulo. A bola passou debaixo das pernas ao tentar defender falta cobrada por Neto.

 

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