Greco Jailson defende o pênalti cobrado por Diego. Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação

A invencibilidade de Jailson, o desperdício de Diego e a imunidade de Zé Ricardo

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Diego não perdia um pênalti desde 27 de dezembro de 2014. Vestia a camisa do Fenerbahçe, da Turquia. Teve no pé a chance de ampliar a vitória sobre o Mersin, pelo Campeonato Turco, mas o goleiro búlgaro Mihaylov defendeu a cobrança.

Na noite de quarta, o aniversariante do dia Jailson viveu uma noite de Mihaylov na Ilha do Urubu. Mais do que pegar o pênalti de Diego, o goleiro do Palmeiras ampliou uma estatística impressionante na carreira: jamais perdeu uma partida da Série A no papel de titular da equipe alviverde. Ao garantir o placar de 2 x 2, Jailson atingiu a incrível marca de 15 vitórias e 5 empates em 20 partidas pelo Palmeiras em Brasileiros. Foram 19 exibições em 2016 e apenas uma em 2017.

Uma noite muito louca na carreira do paulista de São José dos Campos. Afinal, dois goleiros com potencial de Seleção estavam no estádio e não participaram do clássico nacional. Cuca apostou em Jaílson e mandou Fernando Prass para o banco no Palmeiras. O veterano de 36 anos honrou a escalação. Último reforço do Flamengo, Diego Alves viu a partida de camarote, lá onde também estava o técnico da Seleção Brasileira, Tite.

Jailson foi o herói da noite na Ilha do Urubu, mas, acredite se quiser, Diego também. O meia perdeu pênalti! Entretanto, saiu de campo aplaudido e o técnico Zé Ricardo é quem foi vaiado. A vida de um técnico pode ser decidida em um lance. Geuvânio entrou em campo no lugar de Everton Ribeiro e sofreu pênalti. Se Diego tivesse acertado, Zé Ricardo também seria o cara por ter mexido certo, o tal do dedo do treinador. O vilão Diego saiu de campo como herói e Zé Ricardo — que não sofreu pênalti e muito menos pegou a bola para fazer a cobrança — ficou com o papel de vilão.

A torcida pediu “fora Zé Ricardo”. O treinador acumula 47 vitórias, 24 empates e 13 derrotas. Sob o seu comando, o rubro-negro fez 140 gols e sofreu 73. Os números são bons, mas a verdade está com a posição na classificação o resultado em competições eliminatórias. O time ocupa o quarto lugar, 12 pontos atrás do Corinthians. Foi eliminado da Libertadores, sofreu horrores para superar o Atlético-GO nas oitavas de final da Copa do Brasil, tem um mata-mata aberto com o Santos nas quartas do mata-mata nacional e só tem a vida resolvida no duelo com o Palestino, pela Sul-Americana.

Não adianta o presidente Eduardo Bandeira de Mello detonar arbitragem, ironizar o técnico Cuca ou mandar recado para a CBF insinuando que o Palmeiras — time do coração do presidente Marco Polo Del Nero — está sendo beneficiado. Os erros do Flamengo estão dentro do próprio Flamengo. Se estamos em julho e a diretoria ainda não teve a capacidade de detectá-los, o insucesso não é culpa do Jaílson, que pegou o pênalti, ou do do Diego, que errou. Talvez, seja da insistência em Zé Ricardo. Talvez, da teimosia. Talvez, da falta de cobrança a um elenco milionário que recebe em dia, desfruta de uma baita estrutura construída para atendê-los, aparentemente recebe em dia e tem a única obrigação de jogar futebol. Mas é a velha história: apontar o dedo para os próprios equívocos é sempre mais difícil.