8551_e7327468eb5cc36 Escalação da final contra a Espanha foi a mesma na estreia no Mundial 2014. Foto: Edison Vara/Mowa Press Este foi o time campeão da Copa das Confederações, o mesmo que estreou no Mundial 2014.

Do tetra contra a Espanha ao 7 x 1: as mudanças na Seleção campeã da Copa das Confederações 2013

Publicado em Esporte

Poucas edições da Copa das Confederações foram tão traiçoeiras quanto a de 2013. A final da penúltima edição do torneio extinto pela Fifa, que reunia sete campeões continentais e o detentor do título mundial, será reprisada pela tevê Globo neste domingo em mais um “vale a pena ver de novo” no horário nobre do futebol, às 16h.

Tetracampeão do torneio no Maracanã, ao derrotar a Espanha por 3 x 0, gols de Fred (2) e Neymar, o Brasil foi eliminado da Copa em 2014 protagonizando o maior vexame da história  ao ser humilhado por 7 x 1 pela Alemanha nas semifinais da Copa. Vice, a Fúria foi eliminada pelo Chile na segunda rodada da fase de grupos ao ser superada pelo Chile por 2 x 0.

Mais mentirosa do que a edição de 2013? Talvez, a última, em 2017, na Rússia. A Alemanha deu adeus à Copa do Mundo na fase de grupos em 2018. O empolgante futebol do Chile — bicampeão da Copa América em 2015 em 2016 — foi incapaz de se classificar para ir à Rússia.

O Brasil jogou como nunca e conquistou como sempre a Copa das Confederações. Foi uma grande exibição em 30 de junho de 2013, não há como negar. Suficiente para cometer o velho erro de considerar que a Seleção estava pronta para ser hexa dentro de casa no ano seguinte.

Consolidada como a melhor do mundo, a Espanha vivia uma fase incrível. Turbinada pelo tiki-taka do Barcelona, La Roja empilhava títulos. Ergueu a Eurocopa 2008 contra a Alemanha sob a batuta de Luis Aragonés; e viu o sucessor Vicente del Bosque consolidar o período dourado com  o título inédito da Copa do Mundo em 2010 diante da Holanda, na África do Sul; e o tri da Euro em 2012 com uma apresentação cinematográfica nos 4 x 0 em cima da Itália.

Sucessor de Mano Menezes numa polêmica troca de comando, os experientes Luiz Felipe Scolari e seu coordenador Carlos Alberto Parreira ignoraram o histórico de frustrações do Brasil pós-título de Copa das Confederações. Por sinal, Parreira havia experimentado o fracasso, em 2006, um ano depois de desbancar a Argentina por 4 x 1 na campanha do bi.

 

Campeões da Copa das Confederações 2013

Em vermelho quem ficou fora da Copa e em azul quem ganhou a posição e foi ao Mundial

Goleiros

  • Julio Cesar, Jefferson e Diego Cavallieri (Victor)

Laterais

  • Daniel Alves, Jean (Maicon), Marcelo e Filipe Luís (Maxwell)

Zagueiros

  • Thiago Silva, David Luiz, Réver (Henrique) e Dante

Volantes

  • Luiz Gustavo, Paulinho, Fernando (Fernandinho) e Hernanes

Meias

  • Oscar, Jadson (Willian), Lucas Moura (Ramires) e Bernard

Atacantes

  • Neymar, Hulk, Fred e Jô

Técnico

  • Luiz Felipe Scolari

 

Uma prova de que Felipão e Parreira confiaram cegamente no time do título contra a Espanha é a escalação da estreia na Copa do Mundo 2014. O Brasil entrou em campo com a mesmíssima formação: Julio Cesar; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo e Paulinho; Hulk, Oscar e Neymar; Fred. Esse time não era mais o mesmo dos 3 x 0 sobre a Espanha. Demandava mudanças escancaradas nos amistosos pré-Copa contra o Panamá e, principalmente, diante da Sérvia, no Morumbi. A teimosia prevaleceu.

 

  • Brasil contra Espanha na final: Julio Cesar; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo e Paulinho (Hernanes); Hulk (Jadson), Oscar e Neymar; Fred (Jô)
  • Brasil contra Croácia na abertura da Copa 2014: Julio Cesar; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo e Paulinho (Hernanes); Hulk (Bernard), Oscar e Neymar (Ramires); Fred
  • Brasil no 7 x 1 contra Alemanha: Julio Cesar; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo e Fernandinho (Paulinho); Hulk (Ramires), Oscar e Bernard; Fred (Willian).

 

O salto também. Aliás, marcas registradas da Seleção nos Mundiais seguintes às conquistas da Copa das Confederações de 2005 e 2009. Por que seria diferente em 2014? O coordenador técnico Parreira arrotou empáfia na apresentação da Seleção Brasileira na Granja Comary, em Teresópolis. “O time campeão da Copa se apresentou hoje na Granja Comary. Chegou e bem chegado. Não temos a obrigação de ganhar, mas somos favoritos”, cravou.

A favorita — e campeã — cruzou o caminho do Brasil em 8 de julho de 2014. Dos 11 titulares nos 3 x 0 sobre a Espanha no tetra da Copa das Confederações, três não entraram em campo no 7 x 1. O contundido Neymar, o suspenso Thiago Silva e o barrado Daniel Alves. O atacante deu lugar a Bernard, “o menino com alegria nas pernas”, como definia Felipão. Dante foi o escolhido para ocupar a vaga de Thiago Silva. Maicon havia ganhado a posição na lateral direita desde a vitória por 2 x 1 sobre a Colômbia nas quartas de final. Daniel Alves perdeu moral depois da classificação nos pênaltis contra o Chile nas oitavas.

 

“O time campeão da Copa se apresentou hoje na Granja Comary. Chegou e bem chegado. Não temos a obrigação de ganhar, mas somos favoritos”

Carlos Alberto Parreira, coodenador técnico, na apresentação da Seleção na Granja Comary para a Copa do Mundo 2014

 

Dos 14 jogadores que entraram em campo contra a Espanha, um ficou fora da Copa do Mundo: Jadson. O meia substituiu Hulk durante a partida. Perdeu a vaga para Willian. Ele não foi o único campeão da Copa das Confederações 2013 ausente na Copa 2014. Filipe Luís, Fernando, Lucas Moura, Jean, Réver e Diego Cavalieri ficaram pelo caminho. Coincidência: todos os sete nomes trocados eram reservas. Mais uma prova de que o time dos 3 x 0 sobre a Espanha estava no caminho certo, rumo ao hexa nas cabeças de Felipão e Parreira.

Só que não!

Depois do 7 x 1, com direito a leitura de carta da dona Lúcia, teve o 3 x 0 para a Holanda na decisão do terceiro lugar. Virou 10 x 1. Ou melhor, virou passeio, diria Galvão Bueno no jogo que merece ser reprisado no próximo domingo: Brasil 1 x 7 Alemanha. Ainda temos muito a aprender com o nosso maior vexame — o jogo que absolveu Barbosa; Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo e Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico; e os transformou em heróis nacionais 64 anos depois do Maracanazo no quadrangular final da Copa de 1950.

 

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