CSA Serie C dministração de Rafael Tenório levou o CSA ao título da Série C em 2017: time está no G-4 da B. Foto: Ascom/CSA Administração de Rafael Tenório levou o CSA ao título da Série C em 2017: time está no G-4 da B.

A caminho da Série A, CSA alavanca presidente do clube a suplente do senador Renan Calheiros

Publicado em Esporte

Trampolim para prefeitura, governo e até a presidência da República, o politizado Centro Sportivo Alagoano (CSA), terceiro colocado na Série B do Campeonato Brasileiro, conseguiu catapultar mais um dirigente ao poder. O presidente Cícero Tenório Rafael da Silva (Podemos-AL), o Rafael Tenório, foi eleito, no último domingo, primeiro suplente do senador Renan Calheiros (MDB-AL).  A segunda cadeira reserva pertence a Silvana Barbosa (PRTB). Membro do Conselho Deliberativo do clube, o vereador Sílvio Camelo também saiu vitorioso nas urnas. O vereador ganhou mandato de quatro anos para deputado estadual.

Diretor-presidente do Grupo Rafael Tenório (RT), o empresário paulista, do ramo de logística e distribuição de gêneros alimentícios,  surfou na onda do CSA, campeão da Série C no ano passado, e chegou a se lançar candidato ao Senado. No entanto, recuou e compôs chapa com Renan Calheiros. Há quem diga que o maquiavélico político precisou de uma conversa de 30 minutos para convencer Rafael Tenório a jogar no time dele. Em tese, o sucesso do cartola à frente do CSA o levaria ao senado e poderia deixar Renan Calheiros fora do Congresso Nacional. Rodrigo Cunha (PSDB) teve 34,42% de votos contra 23,88% de Calheiros, ou seja, se concorresse sozinho, o cartola poderia ter beliscado uma das vagas.

O presidente do CSA foi o mais rico das eleições de Alagoas. Segundo o DivulgaCand do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o total de bens dele chega a R$ 71.251.493,33. Eleito presidente do CSA, pela primeira vez, em 2015, o cartola é o maior responsável pelo sucesso do clube. Assumiu na Série D, a última do futebol brasileiro, e está prestes a alçá-lo à primeira divisão. No ano passado, o time conquistou o título da Série C.

Curiosamente, no ano passado, o CSA mudou o estatuto justamente para evitar dirigentes com fins eleitoreiros na administração do clube. O artigo 30, parágrafo quinto, diz: “Não serão aceitas inscrições de pessoas filiadas a partidos políticos detentoras de mandato eletivo para qualquer dos cargos citados no caput deste artigo”. Em entrevista à imprensa alagoana, Rafael Tenório até comentou a mudança. “O CSA foi bastante utilizado para fins políticos. Nós conseguimos mudar o estatuto do clube para evitar isso”.

Quando foi reeleito presidente do CSA, em 2017, Rafael Tenório não era suplente de senador. Os “estepes” de Renan Calheiros na atual legislatura  são Fábio Luiz Araújo Lopes de Farias e José de Macedo Ferreira. A partir de fevereiro, se necessário, Rafael Tenório poderá acumular a direção do clube e o cargo legislativo, como faz, por exemplo, o deputado federal Andrés Sanchez, do Corinthians. O mandato no CSA é de 2018 a 2021. A suplência de Renan Calheiros no Senado começará vai de fevereiro de 2019 a 2027.

O CSA costuma ser um cabo de guerra entre a esquerda e a direita. Antes de assumir a presidência da República, Fernando Collor de Mello foi mandatário do clube, de 1973 a 1974, ou seja, no início da carreira política. O clube serviu de trampolim para a prefeitura de Maceió, o governo de Alagoas e ao Palácio do Planalto. Filho de Collor, Arnon comandou o CSA de 1999 a 2001, e chegou a se candidatar a deputado federal, mas fracassou. Primo de Collor, Euclydes Mello é outro com passagem por cargos diretivos do clube.

A cadeira de presidência do CSA também foi ocupada pelo ex-deputado Augusto Farias, em 1989-1990, e pelo irmão dele, Cláudio Farias, de 1991 a 1992, antes de ser eleito vereador por Maceió. Ambos são irmãos de Paulo César Farias. Ex-tesoureiro de campanha de Collor, PC Farias foi assassinado em 1996.

Outros políticos jamais foram presidentes do CSA, mas ocupam (ou ocuparam) posições estratégicas. O ex-governador de Alagoas, Geraldo Bulhões, comandou o Conselho do CSA  de 1991 a 1996. Ronaldo Lessa passou pelo Conselho do Azulão.  Renan Calheiros e a ex-prefeita de Maceió, Kátia Born, já fizeram parte cúpula do clube mais popular de Alagoas.

O Partido dos Trabalhadores também teve o seu período de influência no CSA. Ricardo Coelho, ex-presidente do Diretório Municipal do PT, já foi presidente do Conselho Deliberativo. Filiado desde 1986, Abel Duarte assumiu o clube alagoano em 2008.

 

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