Montillo Montillo (D) comemora o primeiro gol com a camisa do Botafogo. Foto: Divulgação/Botafogo

10 pitacos sobre futebol candango, brasileiro e internacional no fim de semana da bola

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1. Vamos, vamos, Chape
Passei uma semana e meia em Chapecó com o amigo repórter fotográfico Breno Fortes nos dias posteriores ao acidente aéreo da Chapecoense. Assistir pela tevê a a emoção da torcida na Arena Condá duante a entrega da taça da Copa Sul-Americana aos sobreviventes Alan Ruschel, Jackson Follmann e Neto; ouvir o colega jornalista Rafael Henzel narrar os gols do novo time na primeira partida após a tragédia; e testemunhar as lágrimas de tantos familiares com quem conversei recebendo a medalha do título inédito foi forte. A tragédia da Chapecoense marcou minha vida como jornalista. Foram dias intensos de cobertura. Torço muito, muito, mesmo, para que o clube se fortaleça. Vagner Mancini deu um belo passo ao tentar manter o pensamento de Caio Júnior, um time organizado no sistema tático 4-3-3. Isso não vai ser possível durante toda a temporada, óbvio, ele vai achar variáveis, mas é um começo. No aspecto humano, que as famílias não sejam esquecidas. Temo, por exemplo, por um Engenhão vazio no Jogo da Amizade desta quarta-feira. Talvez, melhor seria o amistoso entre Brasil e Colômbia ter sido marcado para Medellín. Aguardemos…

2. Jesus amado!
Impressionante a estreia de Gabriel Jesus no Manchester City. Torci muito para o moleque entrar em campo. Quando entrou, não desgrudei os olhos da telinha um segundo. O menino quase deu assistência para gol. Quase fez gol de cabeça. Quase decidiu o jogo ao balançar a rede em impedimento. Maldito bandeira. Poderia ter piscado na hora do lance e validado o gol em impedimento, mesmo. Quando vi Gabriel Jesus tocando a bola para a rede e saindo para comemorar, fiquei em pé sozinho na sala de casa e aplaudi. Entrevistei Gabriel Jesus uma vez para o Correio Braziliense na véspera da vitória do Palmeiras por 2 x 1 sobre o Flamengo no Mané Garrincha, no primeiro turno do Brasileirão do ano passado. Jesus é 10. Estamos carentes de protagonistas lá na Europa. Que ele seja mais um, como o excelente Neymar, do Barcelona, que balançou a rede na goleada por 4 x 0 sobre o Eibar neste domingo, pelo Espanhol, e igualou o número de gols de Ronaldinho Gaúcho com a camisa do Barça (94 x 94). Iluminado, Gabriel Jesus já mostrou que é.

3. Sir Wayne Rooney
Subestimado por muitos, Wayne Rooney continua escrevendo sua história sem sair do Manchester United. A de sábado foi, talvez, a página mais bela. O cara já foi o mais jovem a fazer gol na Premier League, quebrou invencibilidade do Arsenal, conquistou a Champions League de 2008 ao lado de Cristiano Ronaldo, e no sábado simplesmente desbancou Bobby Charlton. Ao salvar o Manchester United da derrota para o Stoke City, Rooney chegou aos 250 gols com a camisa dos Diabos Vermelhos, um a mais do que Bobby Robson. Tem que respeitar!

4. Zagueiros-artilheiros
Impressionante a temporada de Sergio Ramos. O cara tem oito gols, mais do que os astros Gareth Bale e Neymar na temporada. Mais impressionante ainda é o senso de colocação de Sergio Ramos. Aí, quando se tem um volante como Toni Kroos, que coloca a bola aonde quer, fica mais fácil ainda. Brilhante também a exibição do zagueiro Cahill na vitória do Chelsea sobre o Hull City. É outro fenômeno na bola aérea. Real Madrid e Chelsea mostram o quanto é importante ter um zagueiro-artilheiro no time titular. Quando o calo aperta, eles são capazes de deixar o jogo menos enroscado. O Palmeiras tirou proveito disso com Vitor Hugo e Mina no Brasileirão. O Atlético-MG venceu muitos jogos graças a Leonardo Silva. Dedé era brilhante no tempo em que defendia o Vasco. Repito: é importantíssimo ter beques goleadores.

5. Valentões
Sei não, os clássicos do Campeonato Paulista prometem muita polêmica dentro de campo em 2017. Felipe Melo já avisou que tapinha não dói e vai meter a mão na cara de uruguaio na Libertadores se for preciso. E no Paulistão? Lugano é uruguaio! Na final da Florida Cup, em Orlando, o valentão Maicon deixou o campo gritando “o que é teu tá guardado” para Camacho, do Corinthians. Brigas à parte, Rogério Ceni começou a carreira de técnico com sorte de campeão. Venceu o River Plate e Corinthians nos pênaltis para conquistar o título. O primeiro tempo contra o River deu sinais do que pensa Rogério Ceni após 15 sessões de treinamento. O goleiro Sidão é quem mais sai fortalecido do torneio. Quanto ao Corinthians, Jadson e Drogba são imprescindíveis para fortalecer o grupo. Terceiro colocado ao vencer o River Plate no sábado, o Vasco continua o mesmo. Refém das bolas paradas de Nenê e das maladragens do zagueiro Rodrigo para cavar faltas e pênaltis. Muito pouco para quem está de volta à Série A.

6. E agora, Zé?
O Flamengo começa a temporada com velhos problemas. Impressionante como a defesa dá espaço para chutes de fora da área. Wallyson teve tempo para ajeitar a bola, pensar, calcular e acertar o ângulo de Muralha no primeiro gol do Vila Nova. O gol da vitória do time goiano mostrou outra velha deficiência rubro-negra. Cruzou para a área é meio gol. Foi um golaço de Wallyson, é verdade, mas a defesa precisa ficar atenta aos cruzamentos. A velha mania de contratar estrangeiros sem saber a posição do jogador é outra mania feia do Flamengo. Zé Ricardo segue tentando descobrir a posição de Mancuello usando o método do erro e acerto. Uma hora, desgasta de vez a imagem de um bom jogador. Vale o mesmo para Cuéllar. Zé Ricardo tem muito trabalho pela frente. Ah, e o Leandro Damião, hein? Finalmente fez gol com bola rolando pelo Flamengo. Em 2016, os dois foram de pênalti. O passe belíssimo foi de um menino da base que tem mais um ano para decolar: Adryan.

7. Maestros
Os camisas 10 vão ser uma atração à parte no Campeonato Carioca. O Flamengo tem Diego e os lesionados Conca e Ederson — o dono da 10 até o fim do ano passado. O Vasco conta com Nenê. O Fluminense vai de Gustavo Scarpa. O 10 do Botafogo veste a 7 e mostrou ontem que chegou para ser o dono do time na goleada por 4 x 0 sobre o Rio Branco-ES, em Cariacica. Foi dele o passe que originou o cruzamento de Jonas para o gol de Pimpão. O terceiro foi do maestro Montillo, depois de um passe de Pimpão. Posso estar enganado, mas esse time do Botafogo promete em 2017. E Montillo está muito a fim de jogo. Olho no argentino…

8. Tchau, Aubameyang
Pela primeira vez, em 23 anos, o anfitrião do torneio de seleções mais importante da África está eliminado na fase de grupos. Nem mesmo o badalado centroavante Aubameyang, do Borussia Dortmund, foi capaz de impedir a queda precoce do Gabão. Burkina Faso e Camarões avançaram neste domingo às quartas de final. O último dono da casa a dar um vexame desses havia sido a Tunísia, na edição de 1994. O Gabão empatou por 1 x 1 com Guiné-Bissau na estreia, pelo mesmo placar com Burkina Faso na segunda rodada e não saiu do  0 x 0 com Camarões neste domingo. O Gabão fez dois gols na competição. Todos eles de Aubameyang. Mais uma prova de que uma andorinha só não faz verão.

9. Copinha e Sul-Americano Sub-20
Pela segunda vez, em três anos, a final da Copa São Paulo de Futebol Júnior é paulista. Campeão em cima do Botafogo, de Ribeirão Preto, em 2015, o Corinthians eliminou o Juventus por 3 x 0 neste domingo e vai tentar o deca na manhã desta quarta-feira contra o Paulista, carrasco do Batatais. A decisão é uma revanche da edição de 1997, quando o Paulista — chamado à época de Lousano Paulista —, derrotou o Corinthians nos pênaltis por 4 x 3, no Estádio do Canindé. Tem tudo para ser um jogão. Aposto no Corinthians. O Timãozinho deu uma baita prova de força ao eliminar o Flamengo, um dos favoritos, nas quartas de final. Ah, por falar em divisão de base, o Brasil, de Rogério Micale, está matematicamente classificado para o hexagonal final do Sul-Americano Sub-20 depois de vencer o Paraguai por 3 x 2. O time é bom. Os gramados, principalmente dos dois primeiros jogos, em Riobamba, são horríveis. O centroavante Felipe Vizeu voltou a marcar e é o artilheiro do time. Escrevi aqui outro dia. Em 2001, Adriano, o Imperador, era o camisa 9 da Seleção, no mesmo torneio, no mesmo local. Foi artilheiro da competição ao lado de Ewerton, com seis gols. Vizeu tem pelo menos mais seis jogos pela frente para igualar o Imperador. Antes que você atire a primeira pedra, não estou dizendo que Vizeu é o novo Imperador. Longe disso. Mas está brilhando com a mesma camisa 9 que Adriano vestiu em 2001, no mesmo Sul-Americano Sub-20, novamente no Equador. Coincidências…

10. Candangão
Os amistosos para a abertura do campeonato deste ano continuam. Atual vice-campeão, o Ceilândia perdeu por 1 x 0 para o Anápolis. O Goiás derrotou o Brasília, por 2 x 0. Semifinalista no ano passado, o Brasiliense passou pelo Sobradinho, por 2 x 0. No meio de semana, o Real (ex-Dom Pedro) empatou por 1 x 1 com o Vila Nova. O mesmo Vila que, no sábado, ganhou do Flamengo por 2 x 1, no Serra Dourada. O leitor Henrique Ulhoa acrescenta que o Paracatu venceu o Mamoré por 1 x 0, em Patos de Minas.