#Entrevista com o general Paulo Chagas
#Entrevista com o general Paulo Chagas Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press #Entrevista com o general Paulo Chagas

Incomoda a insegurança jurídica, diz Paulo Chagas após ser alvo do STF

Publicado em CB.Poder

Coluna Eixo Capital/Por Ana Maria Campos

Quarto colocado na corrida ao Palácio do Buriti em 2018, o general da reserva Paulo Chagas surpreendeu ao concluir a campanha com mais votos que políticos, como o ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM) e a ex-distrital Eliana Pedrosa (Pros). Até poucos meses antes do registro das candidaturas, Chagas era desconhecido da grande maioria da população, um outsider. Depois das eleições, ele intensificou sua participação nas redes sociais, sempre com críticas fortes ao STF e a petistas. Chegou a ficar suspenso do Twitter ao xingar o comediante Gregorio Duvivier e o deputado Zeca Dirceu (PT/PR). Ontem, tinha mais de 122 mil seguidores. Não é pouca coisa. A repercussão da busca e apreensão na casa dele, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, por supostamente propagar fake news, vai deixá-lo ainda mais conhecido. Suas manifestações terão mais impacto.

Solidariedade

O general Paulo Chagas passou o dia recebendo manifestações de solidariedade. Entre os que telefonaram está o senador José Antônio Reguffe (Sem partido/DF), que depois fez um pronunciamento em que criticou a decisão do ministro Alexandre de Moraes. “Foi um abuso de poder inaceitável”, afirma Reguffe, um dos defensores da criação da chamada CPI da Lava-Toga.

À QUEIMA-ROUPA

General Paulo Chagas

O que sentiu ao ser alvo de mandado de busca e apreensão autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, por divulgar fake news?
Quem diz o que quer ouve o que não quer. Quem está na chuva é para se molhar. O que ocorre é que um cidadão comum tem direito de se expressar e está sendo investigado como alguém que está atentando contra a Suprema Corte.

Considerou a medida exagerada?
Hoje de manhã, um advogado meu amigo de Araxá, me perguntou se tinha voltado o Estado Novo. “Voltou Getúlio?” Por enquanto, só quero conhecer o inquérito.

O senhor não estava em casa?
Minha filha estava. Policiais bateram na porta e se identificaram. Falei com um delegado. Eles foram educados. Não vasculharam nada. Deram uma olhada e levaram meu laptop. Fui arrolado nesse processo pelas coisas que publico. O que interessa são as coisas que estão na rede. Pelo que minha família disse, o pessoal da Polícia Federal não estava muito à vontade. Talvez achando uma arbitrariedade ou uma bobagem.

Por que criticar o Supremo? O que o incomoda?
Incomoda é o que incomoda muita gente: a insegurança jurídica. Dão uma decisão e depois mudam. Isso não é bom para a democracia. O Supremo tem uma importância muito grande. É uma brincadeira de vaidades. E a disciplina e a jurisprudência? Onde ficam? Quem é que manda? Quem manda é a instituição, é o resultado do julgamento de 11 ministros.

O senhor ficou assustado?
Num primeiro momento, sim. Mas depois que soube do que se tratava, vi que era uma bobagem. O delegado estava de terno. Os demais estavam com uma pistola e não com fuzis. Sinal de que não sou tão perigoso. (Risos)

O senhor pretende disputar novamente eleições no DF?
Se eu tiver que decidir hoje, a chance é zero.

Mas tem quatro anos pela frente…
Pois é….

Na campanha, o senhor respondeu tanto sobre ditadura militar…
Nossa Constituição é horrível, mas pior é sem ela. Precisamos mudá-la. Hoje tudo pode e nada pode. Depende da eloquência de quem acusa e de quem defende. Quem for mais eloquente vai ganhar a discussão.

 

A pergunta que não quer calar….

Quando censura uma reportagem, o STF acaba criando mais polêmica em torno do assunto?

Só papos

“O objeto deste inquérito é claro e específico, consistente na investigação de notícias fraudulentas (fake news), falsas comunicações de crimes, denunciações caluniosas, ameaças e demais infrações revestidas de animus caluniandi, diffamandi ou injuriandi, que atinjam a honorabilidade institucional do Supremo Tribunal Federal e de seus membros”
Ministro Alexandre de Moraes, do STF

“O que começa errado tende a complicar. O que começou errado? A instauração do inquérito pelo presidente do tribunal, e logo após o outro ato, que foi a designação de um relator ao invés de fazer sorteio. E agora esse ato que não compreendi, do ministro Alexandre de implantar uma censura”
Ministro Marco Aurélio Mello, do STF