Categoria: Sem categoria
O que se odeia no índio
não é apenas o ocupado espaço.
O que se odeia no índio
é o puro animal que nele habita,
é a sua cor em bronze arquitetada.
No início de abril de 1977, Glauber Rocha desembarcou em Brasília. Ele vinha a convite de dois amigos, os jornalistas Oliveira Bastos (editor-chefe) e Fernando Lemos (editor-executivo) do Correio Braziliense. Chegou mais dilacerado do que nunca
Estava ao lado de minha cama
atormentado pelas imagens
do planalto ardendo em chamas
quando tive uma alucinação
senti os pés perderem o chão
e vi os deputados federais
que venderam a alma a satanaz
para anistiar o crime do Caixa dois
se dirigindo à sala de um juiz
presos por algemas no inferno
com listras zebradas de presidiários
nos tailleurs importados e nos ternos.
Um céu que não era esperado
assim como ele foi
naquela tarde
Invasão de todos os céus
congraçamento
longitudinal espanto
formas e cores
rasgando pensamentos
Era tal, foi tal
a plenitude
que tudo quase parou
– pedestres elevaram as cabeças
motoristas desaceleraram
O Museu da República exibe a mostra Ruídos: a coreografia da violência, de Wagner Hermusche, e o Museu dos Correios exibe Lugares e ficções, de Pedro de Andrade Alvim. Duas mostras consistentes, frutos de trajetórias sólidas, que nos impactam de modo totalmente distinto.
O artista plástico Wagner Hermusche está apresentando, no Museu da República, uma mostra de dramática atualidade: Coreografia da violência. Escrevi o texto de apresentação. Republico, neste espaço, com algumas imagens, como um convite a uma visita ao Museu da República. No mundo regido pela velocidade virtual, os acontecimentos se precipitam e se acumulam vertiginosamente. E, não raras vezes, as coisas […]
Caetano Veloso assinou prefácio de edição recente da ficção A máquina de fazer espanhóis (Ed. Biblioteca Azul), do escritor português Valter Hugo Mãe. Ao fim do texto, Caetano manifesta alegria pela menção do autor a uma referência brasileira e, mais do que isso, brasiliense: “Bastar-me-ia registrar quão comovente é para mim – e suponho que o será para muitos brasileiros – saber que a audição de canções da Legião Urbana contribuiu para a formação da sensibilidade de quem realizou com tanta delicadeza trabalho tão potente”.
Entrevistas e croquis atestam que as poltronas da sala de exibição são mesmo de autoria de Sérgio Rodrigues Na semana passada, em debate nas redes sociais, a autoria das cadeiras do Cine Brasília, de Sérgio Rodrigues (1927-2014), foi questionada. Elas foram retiradas e substituídas por novas poltronas em reforma realizada durante o governo de Agnelo Queiroz, em […]



