O que se odeia no índio, segundo Reynaldo Jardim

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14/08/2009. Crédito: José Varella/CB/D.A. Press. Brasil. Brasília - DF. O jornalista, poeta e artista plástico Reynaldo Jardim, 82 anos, durante entrevista exclusiva sobre seu novo livro Sangradas Escrituras.
Crédito: José Varella/CB/D.A. Press.

 

Reynaldo Jardim

 

 

O que se odeia no índio

não é apenas o ocupado espaço.

O que se odeia no índio

é o puro animal que nele habita,

é a sua cor em bronze arquitetada.

A precisão com que a flecha voa

e abate a caça; o gesto largo

com que abraça o rio; o gosto de

afagar as penas e tecer o cocar;

O que se odeia no índio

é o andar sem ruído; a presteza

segura de cada movimento; a eugenia

nítida do corpo erguido

contra a luz do sol.

Índios da etnia Munduruku durante protesto em frente ao Palácio da Justiça, na Esplanada dos Ministérios.
Crédito: Janine Moraes/CB/D.A Press.

 

 

O que se odeia no índio é o sol.

A árvore se odeia no índio.

O rio se odeia no índio.

O corpo a corpo com a vida

se odeia no índio.

O que se odeia no índio

é a permanência da infância.

E a liberdade aberta

se odeia no índio.

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