Alienação ambiental 3

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Severino Francisco

Estamos assistindo a cenas estarrecedoras de uma reprise ampliada do que ocorreu no ano passado Rio Grande do Sul. Chuvas inclementes expulsando famílias de casas, pontes levada pela avalanche de água em segundos, barragens transbordando. Até agora, 24 pessoas morreram e 14 municípios foram atingidos pelas chuvas.

No ano passado, além da tragédia humana, as tempestades provocaram prejuízos de R$ 2 bilhões para o agronegócio. Enquanto isso, o que se viu na Amazônia foram desertificados, com os leitos reduzidos a um caminho de areia de onde subiam nuvens de fumaça.

E, neste ano, a dengue também proliferou de uma maneira jamais imaginada, chegando ao plano de uma epidemia, que quase provoca o colapso do sistema de saúde público e privado. As formas da enfermidade se tornaram muito mais severas.

Amigos, colegas e conhecidos adoeceram ou morreram pela doença. O Brasil foi o primeiro país do mundo a adotar a vacina contra o mosquito que causa o flagelo. Mesmo assim, ficamos e ainda estamos perigosamente sitiados pelo Aedes.

No momento em que escrevo, vejo na tevê que uma barragem estourou em Bento Gonçalves e o governo do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública. Por quê está acontecendo isso no Rio Grande do Sul? Segundo os metereologistas, as causas são a intensidade dos ventos, a umidade que se desprende da Amazônia e o bloqueio atmosférico que concentra a seca no centro do país e leva a chuva para os extremos do mapa.

Mas tudo isso é agravado pelas mudanças climáticas. O aquecimento dos oceanos acelera os fenômenos climáticos. E, de fato, eles têm acontecido com uma frequência cada vez mais perturbadora, ensejando cenas apocalípticas. Chega a constituir uma ironia trágica o fato de que as populações das regiões mais atingidas continuem a votar em excelências negacionistas das mudanças climáticas.

Enquanto isso, o Congresso Nacional vive um estado de completa alienação ambiental. Em vez de convocar cientistas para debater o que está acontecendo, querem urdir PECs com o objetivo de cercear o STF em reação às investigações contra golpistas ou à decisão de declarar a inconstitucionalidade do Marco Temporal, chicana jurídica para invadir a terra dos índios.

Como disse uma antropóloga, o futuro dos índios se confunde, neste momento da história, com o futuro da humanidade. Não sei em que planeta vive esse segmento porque parece ser acometido de uma alienação ambiental monstruosa. Não consegue ver nem perceber o que está acontecendo no Brasil e no planeta.

Os indígenas estão protegendo as florestas não apenas para o próprio deleite, mas também para as pessoas que vivem nos centros urbanos e para os agricultores. Sem a preservação das nossas matas a vida nas cidades se transformará em um inferno, o ciclo das chuvas será afetado e não haverá água para plantar no campo.

Basta olhar para as tevês para vislumbrar um trailer do que acontecerá no futuro se não forem tomadas decisões urgentes para uma realidade que avança em dramática contagem regressiva. É preciso votar em candidato que tenham consciência do meio ambiente e pressionar as excelências que já se elegeram.

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