Para que o combate à corrupção seja mais eficiente, é fundamental que a sociedade organizada contribua na fiscalização e no controle do gasto dos recursos públicos. Ontem, durante o seminário “Contas Públicas são da Nossa Conta”, em homenagem ao centenário de criação do cargo de ministro-substituto do Tribunal de Contas da União (TCU), o debate teve como focos principais a relação entre o serviço público e os contribuintes, a má gestão dos recursos e as alternativas para melhorar o acesso da informação e das inovações tecnológicas oficiais à sociedade. Hoje, as matérias de direito financeiro são destaque nas páginas dos jornais.
O assunto se tornou tão oportuno que os tribunais de contas (federais, estaduais e municipais) já não tem como fazer o seu trabalho sem uma aliança com a população, assinalou o juiz José Maurício Conti, professor de direito financeiro. “O orçamento federal é de R$ 3,5 trilhões e representa apenas uma parte do dinheiro, porque cada ente da federação lida com mais de R$ 5 bilhões. Já não se discute apenas a arrecadação, mas como gastar melhor. Uma peça orçamentária é de imensa complexidade. É importante transformar os dados financeiros em linguagem acessível, para que a sociedade entenda”, destacou. Mais que isso, disse, é necessária uma mudança de cultura do brasileiro, que contamina os governos.
“O Brasil é um país sem planejamento, um transatlântico sem rumo”, disse. A previsão se resume ao plano plurianual, que todos sabem que não é efetivamente seguido, contou Conti. “Um político assume para apagar incêndios do passado. Mas não apresenta indicadores claros e confiáveis. Às vezes até são usados métodos modernos somente para complicar”, destacou. Por isso, os ataques ao sistema de fiscalização, o maior responsável pela identificação dos casos de corrupção, tem se intensificado, principalmente as iniciativas que pretendem tolher e tirar o poder das cortes de contas.