Série documental sobre João de Deus estreia no Globoplay

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Em nome de Deus traz relatos inéditos de vítimas de João de Deus. Primeiro capítulo será exibido na TV aberta, após Fina estampa

No fim de 2018, um escândalo abalou Abadiânia e outras cidades do Entorno do DF: o programa Conversa com Bial trazia denúncias de abuso sexual contra João de Deus. O talk show foi o pontapé inicial para a derrocada do médium, que acabou condenado a 40 anos de prisão. Os bastidores dessas denúncias serviram como mote para Em nome de Deus, série documental em 6 episódios que estreia nesta terça-feira (23/6) no catálogo do Globoplay. O primeiro episódio vai ao ar também na Globo, após Fina estampa. A obra ainda será exibida pelo Canal Brasil, a partir do dia seguinte à estreia, de quarta a segunda, às 20h50.

Pedro Bial e Camila Appel assinam o roteiro, que contempla bastidores, trazendo a repercussão do programa, quando vários outros casos começaram a ser denunciados. Em nome de Deus acompanha a história de João de Deus desde a infância em Itapaci (GO), até a prisão por crimes sexuais. A série mescla trechos de matérias e entrevistas exclusivas, feitas especialmente para a minissérie com a filha do médium e com admiradores, como Xuxa.

O ponto alto da série deve ser a reunião de 7 vítimas dele numa espécie de catarse no estúdio onde é gravado o Conversa com Bial. Elas não se conheciam e toparam se encontrar para conversar sobre o crime, a necessidade de denunciar, mas o medo de fazê-lo e sobre como seguir a vida depois do abuso.

“Ficamos mais de oito horas ali, em dois dias diferentes. Foi uma experiência emocionante e, apesar do nível de terror de tudo aquilo, uma experiência muito mais bonita do que triste. De esperança”, conta Camila Appel, no material de divulgação da minissérie.

Em nome de Deus é a história de mulheres e de sua coragem de reagir. Mais do que resistir, de agir, a partir do sofrimento, da humilhação e do massacre que sofreram. É um documentário sobre a voz das mulheres”, completa Pedro Bial.

Três perguntas// Pedro Bial*

Foto: Globo/Mauricio Fidalgo.

A edição do Conversa com Bial que denunciou João de Deus já entrou para a história e a repercussão do programa foi responsável pela prisão do curandeiro, além das denúncias de tantas outras vítimas que sofreram os abusos sexuais cometidos pelo médium. Qual foi a necessidade de dar origem a uma obra ainda mais profunda sobre os crimes e a vida de João de Deus? A escolha de fazer um documentário nasceu durante ou após o programa de denúncia?
Toda reportagem e investigação tem um começo, mas não necessariamente tem um término ou, pelo menos, um término em um horizonte imediatamente visível. Quando pusemos no ar o programa que expôs as denúncias relatadas pelas mulheres em relação ao João de Deus, ainda não sabíamos, mas começamos a perceber, logo após a exibição, que a história tinha outros capítulos e outros episódios, e que a atividade criminosa de João de Deus não se restringia ao abuso sexual de pessoas vulneráveis. Então, o documentário surgiu como uma consequência natural do trabalho de reportagem, que continuou. Quando você começa a cavar um túnel, você vai percebendo que vai chegando em algum lugar e vai descobrindo também novos caminhos, e a história vai crescendo…Foi isso que aconteceu e essa história está contada no documentário.

Em nome de Deus é sobre as vítimas, João de Deus, a casa de Dom Inácio ou práticas religiosas? Nas palavras de Pedro Bial, como é definida a obra que está sendo lançada?
Basicamente, Em nome de Deus é a história de mulheres e de sua coragem de reagir. Mais do que resistir, de agir, a partir do sofrimento, da humilhação e do massacre que elas sofreram. Não só de uma pessoa, no caso, o João de Deus, mas da sociedade e da comunidade que permitiu que esse homem existisse da forma que existiu e perpetrasse os crimes que perpetrou. É um documentário sobre a voz das mulheres.

Em 2018, você chegou a declarar que a verdade bateu à sua porta, sem talvez imaginar a série de outros crimes cometidos por João de Deus, como lavagem de dinheiro, tráfico e homicídio. Teve algo que te chamou mais a atenção e que gostaria de destacar?
No momento em que a nossa investigação se aprofunda, me chamou a atenção o fato de que já havia indícios e evidências claras de que João de Deus tinha um pé, ou os dois pés e as duas mãos, no crime. Era um homem que já tinha um histórico totalmente manchado e várias acusações. Me surpreendeu como ele conseguiu ser acobertado e poupado durante tanto tempo, quando tanta gente já sabia, ou no mínimo desconfiava seriamente, de suas atividades criminosas. Quer dizer, o silêncio que permitiu que ele continuasse praticando a sua falsa medicina, a sua falsa solidariedade e o seu verdadeiro mal.

*Entrevista concedida ao Globoplay

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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