Quando um ator está no ar numa novela, nem sempre é possível que ele acompanhe a trama diariamente, dado o tanto de cenas gravadas. E se ele assiste à performance, é preciso muito trabalho para se distanciar do que vê e fugir da autocrítica.
Por isso, Karen Junqueira só tem a comemorar a reprise de Haja coração na faixa das 19h da Globo. Agora, a intérprete da vilã Jessica pode se dedicar à novela de Daniel Ortiz exibida originalmente em 2016. “Hoje não me cobro, tento assistir sempre com um olhar de telespectadora mesmo e tem sido ótimo”, afirma a atriz ao Correio. De quebra, a personagem ainda participou ー mesmo que representando o que não deve ser aceito — na discussão do preconceito contra cadeirantes.
Como é se rever em Haja coração? Você se cobra, teria feito alguma coisa diferente?
É muito gostoso, fiquei super feliz em poder rever a novela e relembrar a Jessica. Hoje não me cobro, tento assistir sempre com um olhar de telespectadora mesmo e tem sido ótimo.
Não faria nada de diferente, até porque foi um trabalho que me trouxe um retorno e foi bem importante pra minha carreira.
Qual é a importância da Jéssica na sua carreira?
A Jéssica foi um grande desafio e um papel muito importante na minha carreira, me trouxe resultados incríveis com o retorno do público. Além disso, foi um papel que promoveu um debate necessário em relação ao preconceito com os portadores de deficiência. Sou muito grata de ter feito o papel.
A Jéssica tentava separar a Shirley e o Felipe, casal mais popular da trama. Como era a reação do público com você à época da novela?
Na primeira exibição da novela, cheguei a receber algumas mensagens ofensivas. Parte do público acaba misturando as coisas. Mas isso me mostrou o quanto o trabalho estava dando resultado. Afinal nosso papel como artista é dar vida ao personagem, fazer com que o público embarque naquela história.
Como é a experiência de viver uma vilã?
Foi uma experiência incrível. Viver vilã te exige muito. E por ser uma personagem bem distante de quem eu sou, tive que me dedicar bastante nos estudos e pesquisas de referências para fazer o papel, principalmente uma vilã como a Jéssica, que cometia todo tipo de maldade. Sentia uma carga forte de energia quando terminava as cenas em que ela maltratava a Shirlei. Usei muito a respiração pra me ajudar a tirar aquela energia. Mas quando você vê o resultado e o retorno tudo vale a pena.
Mesmo sua personagem sendo má, ela teve participação na discussão que a novela trazia sobre acessibilidade e respeito às diferenças. Como foi para você tocar nessas temáticas?
Saber que posso usar a minha arte para levantar um debate tão necessário e não muito falado me deixa feliz e orgulhosa. Levantar debates desse tipo contribui para a quebra de preconceitos e isso é gratificante na minha profissão.
Você interpretou Rita Cadillac em Chacrinha. Como foi a preparação para interpretar uma pessoa que está viva? Vocês chegaram a se encontrar?
Acho que desde o teste tive um início de preparação. Sempre pesquiso a época, a personagem. Neste caso, como era uma história real, uma pessoa existente, assisti a muitos vídeos para ter a referência da época do Chacrinha, Chacretes, como se vestiam e dançavam. Fiz também preparação com uma coreógrafa onde pude aprender muitas coisas sobre como se portavam no programa.
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